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No início da 1ª Guerra Mundial, a ideia vigente era baseada nos conceitos prussianos de ataque frontal e decisivo contra o inimigo. Ambos os contendores procuraram tal ação, no entanto o aparecimento de novas tecnologias no campo de batalha, como a metralhadora e a artilharia de alma raiada, provocaram uma situação de estagnação, a partir do fim de 1914, devido à impossibilidade de se progredir no terreno e alcançar as posições inimigas para desalojá-las.
Esse fato provocou o estabelecimento de frentes defensivas quase imutáveis no terreno, onde qualquer tentativa de desaferramento, ataque ou conquista de territórios resultava ineficiente e com elevado grau de letalidade. As pesadas baixas deslocaram o pensamento estratégico para a concepção da guerra de desgaste. Ao fim do primeiro ano da guerra, podia-se constatar a ausência de dois importantes princípios da guerra no campo de batalha: a surpresa e a mobilidade.
A "guerra de trincheiras" representou o impasse na Frente Ocidental. Novas tecnologias iriam vencer o imobilismo
A solução para esse impasse mórbido, pois acarretava alto índice de mortes por causas alheias ao combate em si, incluindo doenças originadas nas precárias condições de higiene nas trincheiras, foi vislumbrada inicialmente pelos alemães com o uso de gases venenosos em 1915, mas os resultados não foram contundentes e, também, estavam à mercê das condições climáticas. Outras duas soluções surgidas iniciaram a extrema mudança futura na estratégia militar. Com maior importância e poder decisivo no campo de batalha o carro de combate e, com menor valor durante a 1ª Guerra e gradual aumento de importância posterior à guerra, o avião.
Esquadrão de caças alemão durante a 1ª Guerra Mundial
O carro de combate, por sua vez, apesar de seu desenvolvimento ainda primitivo, conseguiu influir decisivamente no resultado final da batalha. Podia avançar sob o fogo das metralhadoras e tinha relativa proteção contra as granadas da artilharia. Foi usado pela primeira vez, de forma reduzida, com apenas 46 carros, em setembro de 1916 na aldeia de Fleur-Courcelette na campanha do Somme. No decorrer do ano de 1917, os carros continuaram sendo usados em pequeno número, como apoio à infantaria e com êxito variável. Nesse mesmo ano, em junho, os britânicos criaram o primeiro Corpo de Tanques da história, tendo como comandante o General Hugh Elles e como planejador de operações o então Maj J. F. C. Fuller. Esse embrião começou a mudar o panorama, ao se pensar como uma arma independente e com poder de choque e surpresa.
A prova de fogo veio em 20 de novembro de 1917, quando o Corpo de Tanques fez um ataque em massa com 476 carros, na batalha de Cambrai, com enorme sucesso, no entanto uma decisão equivocada do estado-maior britânico mudou o plano inicial de Fuller, fazendo com que se perdesse a conquista inicial. Mas a prova de fogo valeu, ficava comprovado o potencial decisivo dos tanques se usados planejadamente.
Com o fim do conflito, os planos de desenvolvimento dos carros se estagnaram entre os ingleses e franceses, que defendiam o conceito de defesa. No entanto os alemães aprenderam com a derrota e passaram a dar elevado valor a esses dois vetores – o carro e o avião – iniciando os estudos que originaram a “blitzkrieg”, avassalador conceito responsável pelas esmagadoras vitórias nos anos iniciais da Segunda guerra Mundial.
Esse novo conceito baseado nessas novas armas, era de velocidade, ação de choque e potência de fogo. Suplantou e extinguiu a cavalaria a cavalo e foi o alvorecer da nova cavalaria dos blindados. Criou a aviação e abriu possibilidades, desde o lançamento de tropas, passando pelos bombardeios e culminando com as missões de caça.
O leque de opções agora era bem maior, diretamente proporcional ao poder de letalidade dos combates futuros.
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