"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



sábado, 8 de fevereiro de 2020

A INVASÃO DE CORRIENTES (1865)

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A Invasão de Corrientes foi um episódio ocorrido no início da Guerra do Paraguai, na segunda etapa da ofensiva paraguaia, após a Invasão do Mato Grosso, no início de 1865.

As forças paraguaias buscavam levar apoio aos blancos, no Uruguai, e precisavam para isso atravessar o território argentino. Em março de 1865, López pediu ao governo argentino autorização para que o exército comandado pelo general Venceslau Robles, com cerca de 30 mil homens, atravessasse a província de Corrientes. O exército do sul paraguaio tinha duas colunas: a força principal com 14 mil homens na infantaria, 6000 na cavalaria e 30 peças de artilharia. A força auxiliar, sob o tenente general Estigarribia com 7.000 homens na infantaria, 3.000 da cavalaria e 5 canhões. O presidente Bartolomeu Mitre, aliado do Brasil na intervenção no Uruguai, negou-lhe a permissão. Em resposta a esta negativa, no dia 18 de março de 1865, o Paraguai declarou guerra à Argentina.

General Estigarríbia, comandante das tropas paraguaias


Uma vez declarada a guerra, os paraguaios buscaram evitar que o Exército Argentino detivesse seu avanço, efetuando uma manobra de distração, ao mesmo tempo em que outra frente avançava pela costa do rio Uruguai. Isto foi feito através da ocupação da cidade de Correntes, numa estratégia que também permitiria controlar o curso superior do rio Paraná, deixando aberta a comunicação através da província de Corrientes.

Na sexta-feira de 13 de abril de 1865, uma esquadra paraguaia de cinco belonaves a vapor, com 2.500 homens, sob o comando de Pedro Ignacio Meza se aproximou de Correntes. Os navios passaram pela cidade em direção ao sul, depois retornaram ruma ao norte e atacaram os vapores de guerra argentinos 25 de Mayo e Gualeguay, que estavam sendo reparados no porto da cidade. No 25 de Mayo havia uma tripulação de 80 homens com uma bateria de artilharia, já o Gualeguay estava em terra, desarmado e somente com uma guarda comandada pelo subteniente Ceferino Ramírez. A tripulação de dois dos navios paraguaios atacou aos argentinos, e após uma breve luta com algumas baixas, aprisionou os navios. Em seguida, as tropas do general Robles tomaram a cidade com uma tropa de entre 3 e 4 mil homens, enquanto o governador Manuel Lagraña abandonava a cidade.

Campanha de Corrientes

À tarde do mesmo dia, enquanto uma coluna de cavalaria de 800 homens chegava por terra à cidade, Robles reuniu uma assembleia popular, aparentemente formada exclusivamente por membros do partido federal, e da oposição ao governo central que, por sua vez, nomeou um governo provisório, formado por Teodoro Gauna, Víctor Silvero e Sinforoso Cáceres. Porém na práctica este governo só referendava as ordens da comissão paraguaia de José Bergés, Miguel Haedo e Juan Bautista Urdapilleta.

Ao invadir Corrientes, López pensava obter o apoio do poderoso caudilho argentino General Justo José de Urquiza, governador das províncias de Corrientes e Entre Ríos, chefe federalista hostil a Mitre e ao governo de Buenos Aires. A invasão da Argentina por López, entretanto, teve efeito oposto.

Soldados de infantaria paraguaios

As ações de López deram aos federalistas argentinos apenas duas opções: lutar contra o invasor ou continuar neutros. Urquíza, inicialmente, prometeu lutar contra López. A atitude ambígua assumida por Urquiza, entretanto, manteve estacionadas as tropas paraguaias, que avançaram posteriormente cerca de 200 km em direção ao sul, mas terminaram por perder a ofensiva.

López deixou 12.000 homens guarnecendo a cidade, enquanto 25.000 foram enviados ao rio Paraná para invasão do Rio Grande do Sul.


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