"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



segunda-feira, 1 de novembro de 2021

DIÁRIO DE GUERRA NARRA O SOFRIMENTO DE PRISIONEIROS AMERICANOS

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Os escritos revelam a vida de prisioneiro de guerra, a angústia das famílias e a determinação de dois homens de preservar a história que viveram


Uma iniciativa chamada Projeto de História dos Veteranos publicou os escritos e a história de dois soldados norte-americanos na Segunda Guerra Mundial. George Washington Pearcy e Robert F. Augur se conheceram num campo de prisioneiros de guerra nas Filipinas.

Pearcy mantinha um diário, escrito atrás de rótulos de latas ou qualquer outro pedaço de papel. Em setembro de 1944, depois de dois anos neste campo, ele ia ser transferido para o Japão. No entanto, a travessia de navio nunca chegou ao destino final. Antes de Pearcy ser obrigado a embarcar, ele confiou seu diário a Augur, que continuaria no campo. Pearcy, na época com 29 anos, foi morto semanas depois quando o navio japonês Arisan Maru foi atingido por um torpedo de um submarino americano. Augur, que na época tinha 34 anos, sobreviveu à guerra, voltou para casa e levou o diário de Pearcy. Quase 75 anos depois, a Biblioteca do Congresso americano adquiriu os escritos dos dois companheiros de guerra e publicou na internet, junto com a correspondência da família.

Os escritos revelam a vida de prisioneiro de guerra, a angústia das famílias e a determinação de dois homens de preservar a história que viveram. Pearcy descreveu seus companheiros de campo. Eles estavam magros como esqueletos, comiam sapos e caramujos e se vestiam com trapos. Pearcy também documentou suas doenças: malária, diarreia crônica e beribéri. Além disso, fazia listas das pessoas que conheceu, do que comeu e do que faria quando voltasse para casa.

Augur e Pearcy haviam sido capturados em 1941, quando o Japão atacou as forças norte-americanas nas Filipinas. O Projeto de História dos Veteranos recebeu os escritos de Pearcy em dezembro de 2015, de familiares. Era o único diário original de prisioneiro de guerra no Pacífico. Quando o projeto divulgou online o diário, em fevereiro, e mencionou o papel de Augur, a família dele reconheceu a história e ofereceu seus escritos também.

George Washington Pearcy nas Filipinas em 1941

Antes de ser capturado, Augur já tinha sido condecorado por heroísmo na luta que lhe custou uma perna, a Batalha de Corregidor em 1942. Augur escreveu num pequeno caderno preto o nome de seus companheiros, seus endereços e, em alguns casos, seus destinos. Ao lado do nome de Pearcy, estava a data que ele havia embarcado para o Japão: setembro de 1944.

Quando Augur foi solto, ele enviou o diário de Pearcy para os pais dele: Frances e Claude Pearcy. “Eu espero e rezo que tenham recebido notícias dele… ou que em breve recebam uma mensagem sobre sua chegada em segurança”. Nem Augur nem os pais de Pearcy sabiam que Pearcy já tinha morrido havia cinco meses.

A tripulação do submarino norte-americano não sabia que a embarcação japonesa levava 1.775 prisioneiros de guerra, incluindo Pearcy. O navio naufragou em 24 de outubro de 1944, no Mar do Sul da China. Os pais de Pearcy só saberiam do destino de seu filho sete meses depois. Eles continuaram a escrever para o filho e, em 25 maio de 1945, a mãe escreveu que tinha recebido notícias de Augur. Quatro semanas depois, o Departamento de Guerra escreveu aos pais de Pearcy, informando que ele havia morrido.

O corpo de Pearcy nunca foi encontrado. Mas em outubro de 1945, dois meses depois que a Segunda Guerra Mundial terminou e um ano depois que Pearcy morreu, seus pais receberam uma correspondência atrasada do filho, dizendo que ele amava os dois e desejando parabéns pelo aniversário do pai.

Fontes: 
- The Washinton Post-2 POWs, 2 World War II diaries tell a story of friendship, suffering and death
- Library of Congress-George Washington Pearcy collection 1915-1949



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