"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



sexta-feira, 8 de junho de 2012

AS BRIGADAS INTERNACIONAIS

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As Brigadas Internacionais foram um conjunto de unidades militares compostas por voluntários estrangeiros que, durante a Guerra Civil Espanhola, lutaram do lado da República.
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Combateram na Espanha mais de 40.000 brigadistas. O maior contigente veio da França e da Alemanha, mas vieram voluntários de todas as partes do mundo, entre os quais portugueses e brasileiros.
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As Brigadas perderam cerca de 10.000 voluntários em combate.

Origem
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Desde o início da luta armada, vários voluntários estrangeiros se apresentavam nas fronteiras espanholas para lutar contra as tropas nacionalistas de Francisco Franco. Em sua maioria, eram integrados nas diversas milícias republicanas, sem nenhum enquadramento especial.
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A forte componente ideológica da guerra civil, atraía um enorme espectro de gente, tão variada na sua experiência de vida e política, como de nacionalidade. Com o envio dos corpos expedicionários italiano e alemão (Corpo Truppe Volontarie e Legião Condor, respectivamente), surgiu na Internacional Comunista, em 1936, a ideia de criar uma unidade onde os estrangeiros pudessem se alistar e lutar na defesa da República; esta oficialmente autoriza a criação de uma unidade de Brigadas Internacionais no dia 22 de outubro de 1936.
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Bandeira das Brigadas Internacionais

Fundada em Albacete, onde iria ter o seu comando-geral e sede, dada a sua localização estratégica equidistante de ambas as frentes (Madrid e Andaluzia), estava igualmente bem servida por uma rede viária e ferroviária tanto com a capital como com os portos de Alicante e Cartagena, facilitando a chegada, e o envio, de homens e material.
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O enquadramento legal das Brigadas é feito pelo decreto do Ministro da Guerra Indalecio Prieto na Gaceta de Madrid, a 27 de Setembro de 1937.
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Os voluntários eram encaminhados por várias instituições, na sua maioria ligadas aos Partidos Comunistas, até Paris, onde eram processados inicialmente, e depois enviados por via terrestre para Perpignan, Figueras e Barcelona. Outra para fazer entrar os voluntário era a maritíma, geralmente a partir do porto de Marselha até Valencia, Alicante e Cartagena. Em ambos os casos o resto da viagem até Albacete era feita por combóio.
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O primeiro grupo oficial de brigadistas chegou a Albacete a 14 de outubro de 1936, que desfilou pela cidade, e foi alvo de uma calorosa recepção. A partir dessa data chegaram nos primeiros tempos cerca de mil brigadistas semanalmente. Este número foi diminuindo ao longo da guerra.
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Os voluntários foram inicialmente albergados em casas particulares, abandonadas pelos seu proprietários, ou requisitadas aos elementos identificados como simpatizantes de Franco. Rapidamente o elevado número de voluntários esgotou a capacidade de alojamento, sendo necessário enviá-los para povoações próximas para receberem a sua formação militar e política.
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Integrantes das Brigadas Internacionais durante treinamento

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À frente das Brigadas Internacionais estava um comitê cosmopolita constituído por Luigi Longo e Giuseppe di Vittorio (italianos), André Marty, Vital Gayman, Rouqués e Robière (franceses); Hans (alemão), Wisniewski (polonês) e Kalmanovitchirían (iugoslavo).
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Em Albacete, além da recepção e formação, funcionavam também os serviços conexos, tais como a Intendência, Serviço de Saúde - com o hospital e ambulâncias para dar apoio aos feridos das duas frentes -, administração, serviço de transportes, serviço de propaganda, correios e justiça militar. Este último organismo teria um papel tristemente célebre.
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Tanto para controlar os eventuais vazamentos de informação militar sensível, como para que não saíssem informações que não fossem de acordo com as diretivas do comitê, o Serviço de Correio criou em Albacete uma direção central, responsável pela censura das cartas enviadas e recebidas. O serviço de Justiça, que criou três prisões próprias e dois campos de reeducação, a par de uma polícia e tribunais internos para controlar e reprimir não só eventuais agentes infiltrados, mas também os próprio Brigadistas. As ações disciplinares, muitas vezes arbitrárias, com execuções sumárias, foram um dos aspectos mais negros da história das Brigadas.
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Se à maioria dos voluntários não faltava a vontade de lutar, seus conhecimentos e treino militares eram, na maioria dos casos, escassos. De uma forma geral, os voluntários germânicos eram os melhores preparados, uma vez que, para além de muitos terem combatido na 1ª Guerra Mundial, vinham de anos de combates de rua com as milícias fascistas e nazistas. Em finais de outubro 1936, havia cerca de 3.000 brigadistas na Base de Albacete. Na realidade estavam distribuídos pela povoações próximas de Casas Ibáñez, Mahora, Madrigueras, Tarazona de la Mancha, Fuentealbilla, Almansa, Chinchilla, La Roda, Valdeganga, Quintanar de la República (atualmente del Rey) e Villanueva de la Jara, onde recebiam a formação militar. Logo no mês seguinte a instrução foi completada, com a criação da Escuela Militar Superior, localizada em Pozo-Rubio, a 20 km de distância, para os oficiais.
 
Em combate
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As primeiras Brigadas Internacionais foram integradas ao Exército Republicano com a numeração que ia da XI à XV Brigada.
A XI Brigada, formada por cerca de 2.200 homens, foi colocada, no final de outubro, em Tarazona de la Mancha (alemães, austríacos e jugoslavos), em La Roda (franceses e belgas), Madrigueras (italianos) e Mahora (búlgaros e polacos). Apesar de sua formação militar deficiente, em pouco mais de uma semana foram enviados para defender Madrid da ofensiva do exército nacionalista de Franco. A XII Brigada, que estava em Madrigueras e La Roda, igualmente mal preparada, marchou para a frente de Madrid em 10 de novembro, à noite. A XIII Brigada, que recebeu formação em Tarazona de la Mancha, Mahora, Villanueva de la Jara e Quintanar de la República, seguiu sob o comando de Gómez para a frente de Teruel. A XIV Brigada foi formada durante dezembro, sob o comando do general Walter, era composta por dois batalhões de infantaria, três companhias de metralhadoras, uma de cavalaria e uma de engenharia. Com base em Madrigueras, Mahora e Casas Ibáñez, recebeu ordens de marcha a 23 de Dezembro para a frente da Andaluzia, para participar nas ações contra a ofensiva nacionalista contra Jaén, que tinha começado poucos dias antes.  A XV Brigada, formada por ingleses, norte-americanas, canadenses, franceses e belgas, reforçada por dois batalhões de espanhóis, estava operacional no final de janeiro de 1937, tendo avançado para a frente do Jarama.
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Cartaz de recrutamento para as Brigadas

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A coragem sob fogo e o espírito combativo das Brigadas foi reconhecido por todos os participantes dos combates, mas com um custo elevado, tanto que a diminuição de voluntários estrangeiros, no decorrer de 1938, não chegava levou a República a alistar também espanhóis.
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As Brigadas participaram nas ofensivas mais importantes de 1938, nas frentes de Teruel e Madrid, e na Batalha do Ebro.
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Dissolução
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No outono de 1938, a República apresentou uma proposta para a saída de todos os combatentes estrangeiros ao Comité de Não Intervenção. A proposta incluía também os estrangeiros do lado franquista, mas só os Brigadistas abandonaram Espanha nesse novembro de 1938.
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Atravessando a fronteira com a França nos Pirineus, foram internados em campos de concentração, antes de serem repatriados. Contudo para a maioria dos ex-combatentes regressar ao seu país de origem não era uma opção, tal como sucedia com os alemães, italianos, e mesmo portugueses, cujos governos desses países apoiavam política e militarmente Franco, e onde seriam, no mínimo, presos. Muitos evadiram-se e regressaram à Espanha para combater.
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Em outros casos, como os suíços, ou norte-americanos, não eram bem vindos, senão mesmo suspeitos de não terem sido bons comunistas, como no caso dos combatentes soviéticos.
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Para os combatentes dos outros países europeus o regresso foi, de forma geral, tranquilo; contudo, em breve com a ocupação alemã da Europa durante a 2ª Guerra Mundial, muitos deles foram posteriormente perseguidos pela Gestapo e as polícias colaboracionistas dos países ocupados. No caso dos alemães e austríacos, muitos encontram a morte no regresso aos seus países de origem quando o Governo de Vichy os extraditou para a Alemanha nazista.
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Em 26 de Janeiro de 1996, as Cortes da Espanha concederam a todos os brigadistas ainda vivos a cidadania espanhola, cumprindo uma promessa feita pela República mais de 60 anos antes.
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Capacete utilizado pelos Internacionais

 

Unidades

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Nos primeiros tempos os voluntários estrangeiros de várias nacionalidades foram agrupados em unidades mistas, sem preocupações de língua. Tal situação revelou-se uma fraqueza para a operacionalidade, pois causava enormes problemas de comunicação. Assim, optou-se por reagrupar os Brigadistas por nacionalidades, ou por língua. Estas unidades rapidamente optaram por se autointitularem com nomes de relativos às suas origem: os americanos criaram o batalhão Lincoln, os alemães a Thaleman, etc. Paralelamente a essa designação, ao serem integradas no Exército Republicano, que à época já tinha X Brigadas Mistas, recebiam a sua designação oficial, que se utiliza na lista seguinte:
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XI BRIGADA (formada em outubro de 1936)
1º Batalhão "Edgar André". Alemães
2º Batalhão "Commune de Paris". Franco-Belgas. Posteriormente passaram para a XIVª
3º Batalhão "Dabrowski". Poloneses, húngaros e iugoslavos. Posteriormente passaram para a XIIª, XIIª e 150ª
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XII BRIGADA (formada em novembro de 1936)
1º Batalhão "Thaelmann". Alemães. Posteriormente passaram para a XIª
2º Batalhão "Garibaldi". Italianos
3º Batalhão "André Marty". Franco-Belgas. Posteriormente passaram para a 150ª, XIIª e XIVª
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XIII BRIGADA (formada em dezembro de 1936)
1º Batalhão "Louise Michel". Franco-Belgas. Posteriormente passaram para a XIVª
2º Batalhão "Chapiaev". Balcánicos. Posteriormente passaram para a 129ª
3º Batalhão "Henri Vuillemin". Franceses. Posteriormente passaram para a XIVª
4º Batalhão "Miskiewicz Palafox". Poloneses
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XIV BRIGADA
1º Batalhão "Nuevas Naciones". Posteriormente passaram para a "Commune de Paris"
2º Batalhão "Domingo Germinal". Anarquistas espanhóis
3º Batalhão "Henri Barbusse". Franceses
4 Batalhão "Pierre Brachet". Franceses
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XV BRIGADA (formada em fevereiro de 1937)
1º Batalhão "Dimitrov". Iugoslavos. Posteriormente passaram para a 150ª como 3º Batalhão e depois para a XIIIª
2º Batalhão. Britânicos
3º Batalhão. "Lincoln", "Washington", "Mackenzie-Papineau". Norte-Americanos e Canadenses
4º Batalhão "6 de Febrero". Franceses. Posteriormente passaram para a XIVª
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150ª BRIGADA (formada em junho-julho de 1937)
1º Batalhão "Rakosi". Húngaros
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129ª BRIGADA
1º Batalhão. "Magaryk". Tchecoslovacos. Adidos à 45ª Divisão
2º Batalhão "Dayachovitch". Búlgaros
3º Batalhão "Dimitrov". Balcânicos.

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