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No início desta semana tivemos o privilégio de conhecer Florianópolis, sem dúvida uma das mais belas cidades brasileiras e um rico sítio de história militar. Em nossa visita, pudemos visitar, por intermédio de nosso amigo Major Bombeiro Militar César, a quem agradecemos imensamente, o Forte de Santana e o Museu de Armas Major Antônio de Lara Ribas, da Polícia Militar do Estado de Santa Catarina (PMESC).
Eis um pouco de sua história ...
O Forte de Santana do Estreito – ou simplesmente Forte Santana - foi construído pelos portugueses entre 1761 e 1763, junto ao estreito de união das Baías Norte e Sul da ilha de Santa Catarina, ponto no qual mais se aproxima do continente (cerca de 400 metros). A fortificação tinha a função de proteger o antigo ancoradouro da Vila de Nossa Senhora do Desterro - atual Florianópolis - de embarcações inimigas que tentassem adentrar pela Baía Norte.
Construção
Atendendo a uma ordem do ministro Marquês de Pombal, em 1760 o governador e capitão-general da Capitania do Rio de Janeiro Gomes Freire de Andrade determinou ao Tenente-coronel engenheiro militar José Custódio de Sá e Faria que elaborasse um projeto para melhorar as existentes defesas na ilha de Santa Catarina, organizadas anteriormente pelo Brigadeiro José da Silva Paes. Após estudar a região e analisar o sistema defensivo existente, o Tenente-coronel Sá e Faria concluiu que a vila do Desterro ficaria sem defesa ante um invasor no caso de um invasor desbordar as fortalezas da barra Norte da ilha e propôs a contrução de duas baterias fortificadas, uma na praia de Fora, ao norte da vila - o Forte de São Francisco Xavier da Praia de Fora - e outra na ponta da ilha mais próxima ao continente - o Forte de Santana do Estreito.
A construção do Forte de Santana foi concluída em 1763 e seu primeiro comandante do qual existem registros foi o Alferes Rodrigo José Brandão. A fortificação foi erguida em alvenaria de pedra e cal, sobre um único terrapleno, protegida por muralhas com 1,20 metro de espessura. O projeto original do forte possuía forma de um hexágono irregular e uma única guarita cilíndrica posicionada no vértice da muralha vigiando o canal da baía norte. O forte era de concepção bastante simples, de dimensões reduzidas para os padrões da engenharia militar portuguesa setecentista e compreendia apenas as instalações e edificações necessárias a seu funcionamento, tais como: corredor de acesso com portada; plataforma ou terrapleno, com sete canhoneiras dispostas; alojamento da tropa; cozinha; casa dos oficiais; corpo da guarda; casa da palamenta (material de artilharia) e casa da pólvora (paiol de pólvora).
A fortificação foi artilhada, inicialmente, com nove peças de artilharia, mas, por ocasião de um inventário realizado em 1786 pelo Alferes José Correia Rangel a mando da Coroa Portuguesa, o forte contava com dez canhões de diferentes calibres: seis de ferro e quatro de bronze. O sistema defensivo do estreito foi reforçado a partir de 1793, com a construção do Forte de São João do Estreito, erigido do lado oposto do estreito, no continente, para cruzar fogos com o Forte Santana.
O forte em ação
Quando os espanhóis tomaram a ilha de Santa Catarina dos portugueses, em 1776, o Forte Santana foi uma das instalações militares capturadas pelo Exército Espanhol. Um ano depois, contudo, a ilha voltou ao domínio português pelo Tratado de Santo Ildefonso (1777) com o compromisso da não utilização dos fortes pelos portugueses, o que ocorreu em parte, pois os portugueses mantiveram a bateria artilhada.
Em 1857 o Forte de Santana passou a abrigar a Escola de Aprendizes-Marinheiros de Santa Catarina e, após ser parcialmente reformado, recebeu, em 1876, Companhia dos Inválidos, formada por soldados incapacitados pelos combates da Guerra da Tríplice-Aliança. Na ocasião o Duque de Caxias, então Ministro da Guerra, mandou fornecer ao forte quatro canhões raiados La Hitte, calibre 12 antecarga.
Em 1880 o Forte de Santana passou a ser sede da Polícia Marítima. Já no período republicano, por ocasião da Revolução Federalista, em setembro de 1893 o forte foi novamente artilhado para combater os navios da esquadra federalista que atuavam nas imediações da ilha. No intuito de proteger a ilha de um ataque naval, o Alferes Hermínio Coelho dos Santos, do 25º Batalhão de Infantaria, reuniu no Forte de Santana uns poucos canhões antigos de ferro, do tipo antecarga já obsoletos, utilizados como enfeite à época, enterrados invertidos pela metade em logradouros públicos na ilha. Apesar da precariedade de sua artilharia improvisada, o forte chegou a trocar tiros com navios rebeldes: o cruzador República e o vapor Palas. Os navios permaneceram prudentemente fora do alcance dos antiquados canhões – cerca de trezentos metros - e responderam ao fogo bombardeando o forte e forçando seu comandante, ferido na ocasião com mais um soldado, a ordenar o cessar-fogo.
O editor do BLOG HISTÓRIA MILITAR junto a um dos canhões do Forte de Santana
Decadência e restauração
No final do século XIX, em 1898, o comandante do forte à época, apresentou um relatório informando que seria necessária uma grande restauração no conjunto da fortificação, em função do desgaste provocado pelo tempo de uso. Todavia, o Forte de Santana foi posto fora de serviço pelo Exército a partir de maio de 1907 e cedido ao Ministério da Agricultura, que nele instalou uma estação meteorológica.
Apesar de ter sido tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1938, o forte permaneceu um longo tempo abandonado e dervindo como moradia para população de rua e “sem-tetos”. Entre 1969 e 1970, contudo, o forte foi restaurado definitivamente pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e teve suas formas originais restituídas. A restauração do Forte de Santana representou o início do processo de redescoberta e recuperação das fortificações catarinenses, durante anos abandonadas e arruinadas.
O forte hoje
Do conjunto de edifícios originais, somente a casa da pólvora não existe mais. Situado sob a atual Ponte Hercílio Luz, que liga a ilha de Santa Catarina ao continente desde a década de 1920, o Forte de Santana encontra-se é administrado, atualmente, pela PMESC mediante convênio com o IPHAN.
Acervo do Museu de Armas Major Antônio de Lara Ribas
Em 1975 o Forte de Santana passou a abrigar, em um prédio anexo, o Museu de Armas Major Antônio de Lara Ribas, da PMESC, cujo acervo é composto por armas históricas usadas pela Polícia Militar, armas selecionadas pelo próprio Major Lara Ribas, entre os anos de 1938 a 1945, peças de fardamentos, fotografias e insígnias, dentre outros objetos expostos permanentemente em uma área de exposição de 122 m².
O Forte de Santana e o museu podem ser visitados diariamente, na Avenida Beira-Mar Norte, sob a Ponte Hercílio Luz, no centro de Florianópolis-SC, distante apenas poucos metros da Rodoviária Rita Maria. A entrada é franca e o conjunto possui estacionamento próprio.
Uniforme histórico do Acervo do Museu de Armas Major Antônio de Lara Ribas
Vale a pena uma visita.
Endereço:
Avenida Osvaldo Rodrigues Cabral, 525 (Beira Mar Norte)
CEP: 88015-710 - Centro - Florianópolis – SC(Localizado sob a cabeceira insular da Ponte Hercilio Luz)
Fone: (48) 3229-6263
e-mail: museu@pm.sc.gov.br
Horário de visitação:
De terça-feira a domingo das 9hs às 17hs
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Oi Daroz!!!
ResponderExcluirGostou então da minha cidade?!! Eu conheço o forte do Estreito e é muito legal mesmo. Santa Catarina é um ótimo lugar para quem se interessa pelo turismo militar...
bjs
Vânia
Oi Vânia,
ResponderExcluirTudo bem? Realmente gostei muito de conhecer Floripa, certamente uma das mais belas cidades do Brasil.
um abraço,
Daroz
Boa tarde! Se possível favor informar lista de todos os comandantes do Forte.
ResponderExcluirAtenciosamente,
Paulo Baltazar da Rosa