"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



sábado, 5 de junho de 2010

BATALHA NAVAL DO RIACHUELO – 11/06/1865



A Batalha Naval do Riachuelo é considerada, pelos historiadores, como uma batalha decisiva da Guerra da Tríplice-Aliança contra o Paraguai (1864-1870), o maior conflito militar na América do Sul, somente superado em vítimas no Novo Mundo pela Guerra Civil Americana (1861-1865). A importância da vitória nessa batalha está ligada ao fato que, até aquela data, o Paraguai tinha a iniciativa na guerra e ela inverteu a situação, garantiu o bloqueio e o uso pelo Brasil dos rios, que eram as principais artérias do teatro de operações de guerra.


Cenário político

Logo após sua independência, o Paraguai procurou manter-se afastado dos frequentes conflitos que ocorriam na Região do Prata. Quando Francisco Solano Lopez assumiu o poder em 1862, após a morte de seu pai, Carlos Antônio Lopez, passou a exercer uma política externa mais atuante do que a do seu pai, tentando fazer sua presença sobressair na região.

O Brasil, agindo de acordo com sua política externa, foi o primeiro país a reconhecer a independência do Paraguai. Isso se devia ao fato do império não ser favorável à almejada anexação do território paraguaio, pela Confederação Argentina.

Entre o Brasil e o Paraguai, havia questões de limites, mas era improvável que tais divergências levassem a um conflito armado. A intervenção brasileira no Uruguai, em 1864, no entanto, contrariou os planos políticos e as alianças de Solano Lopez. Ele considerou que a invasão do Uruguai, por tropas brasileiras, era um ato de guerra do Brasil contra os interesses do Paraguai e iniciou as hostilidades.

Como lhe fora negada a permissão para que seu exército atravessasse o território argentino para atacar o Rio Grande do Sul, Lopez invadiu a Província de Corrientes, envolvendo a Argentina no conflito.

O Paraguai estava se mobilizando para uma possível guerra desde o início de 1864. Lopez se julgava mais forte e acreditava que teria o apoio do Partido Blanco uruguaio e dos partidários argentinos de Justo José de Urquiza, que exercia o poder na província argentina de Entre Rios. Tal não ocorreu. Sua derrota em Riachuelo acabou com a possibilidade de uma vitória rápida. Seus possíveis aliados não aderiram. Ele, também, superestimou o poder econômico e militar do Paraguai e subestimou o potencial e a disposição do Brasil para a luta.


As esquadras oponentes

No início da Guerra da Tríplice Aliança, a Esquadra brasileira dispunha de 45 navios armados. Destes, 33 eram navios de propulsão mista, a vela e a vapor, e 12 dependiam exclusivamente do vento. O Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (Arsenal da Corte) passara por uma modernização em meados do século XIX. Diversos dos navios do início da guerra foram projetados e construídos no país.

Os navios brasileiros eram adequados para operar no mar e não nas condições de águas restritas e pouco profundas que o teatro de operações nos rios Paraná e Paraguai exigia; a possibilidade de encalhar era um perigo sempre presente. Além disso, esses navios possuíam casco de madeira, o que os tornava muito vulneráveis à artilharia de terra, posicionada nas margens.

A Esquadra paraguaia possuía 32 navios, incluindo os que eles apresaram do Brasil e da Argentina, dos quais 24 eram navios de propulsão mista a vapor e vela e oito eram navios exclusivamente a vela. Todos os navios de propulsão mista, exceto um deles, eram de madeira, com rodas de pás. Embora todos eles fossem adequados para navegar nos rios, somente o Taquari era um verdadeiro navio de guerra.

Os paraguaios desenvolveram, então, a chata com canhão como arma de guerra. Era um barco de fundo chato, sem propulsão, com canhão de seis polegadas de calibre, que era rebocado até o local de utilização, onde ficava fundeado. Transportava apenas a guarnição do canhão, e sua borda ficava próxima da água, deixando à vista um reduzidíssimo alvo. Via-se somente a boca do canhão, acima da superfície da água.


Antecedentes

Coube ao Almirante Joaquim Marques Lisboa, Visconde de Tamandaré, depois Marquês de Tamandaré, o comando das Forças Navais do Brasil em Operações de Guerra contra o Governo do Paraguai. A Marinha do Brasil representava praticamente a totalidade do Poder Naval presente no teatro de operações. O Comando-Geral dos Exércitos Aliados era exercido pelo Presidente da República da Argentina, General Bartolomeu Mitre. As Forças Navais do Brasil não estavam subordinadas a ele, de acordo com o Tratado da Tríplice-Aliança.

Chefe-de-Divisão Francisco Manoel Barroso da Silva, comandante da força naval brasileira

A estratégia naval adotada pelos aliados foi o bloqueio. Os rios Paraná e Paraguai eram as artérias de comunicação com o Paraguai. As Forças Navais do Brasil foram organizadas em três Divisões - uma permaneceu no Rio da Prata e as outras duas subiram o Rio Paraná para efetivar o bloqueio.

Com o avanço das tropas paraguaias ao longo da margem esquerda do Paraná, Tamandaré resolveu designar seu Chefe do Estado-Maior o Chefe-de-Divisão (posto que correspondia a Comodoro, em outras Marinhas) Francisco Manoel Barroso da Silva, para comandar a força naval que estava rio acima. Barroso partiu de Montevidéu em 28 de abril de 1865, na Fragata Amazonas, e se juntou à força naval em Bela Vista.

A primeira missão de Barroso foi um ataque à Cidade de Corrientes, que estava ocupada pelos paraguaios. O desembarque ocorreu, com bom êxito, em 25 de maio. Não era possível manter a posse dessa cidade na retaguarda das tropas invasoras e foi preciso, logo depois, evacuá-la. Ficou evidente que a presença da força naval brasileira deixaria o flanco dos invasores sempre muito vulnerável. Era necessário destruí-la, e isso motivou Solano López a planejar a ação que levaria à Batalha Naval do Riachuelo.


A Batalha

A Força Naval Brasileira comandada por Barroso, estava fundeada no Rio Paraná próximo à cidade de Corrientes, na noite de 10 para 11 de junho de 1865.

O plano paraguaio era surpreender os navios brasileiros na alvorada do dia 11 de junho, abordá-los e, após a vitória, rebocá-los para Humaitá. Para aumentar o poder de fogo, a força naval paraguaia, comandada pelo Capitão-de-Fragata Pedro Ignácio Mezza, rebocava seis chatas com canhões. A Ponta de Santa Catalina, próxima à foz do Riachuelo, foi artilhada pelos paraguaios. Havia, também, tropas de infantaria posicionadas para atirar sobre os navios brasileiros que escapassem.

Cena da Batalha do Riachuelo.  Pode ser vista a fragata Amazonas com o sinal de comunicação visual hasteado: “Sustentar o fogo que a vitória é nossa”

No dia 11 de junho, aproximadamente às 9 horas, a força naval brasileira avistou os navios paraguaios descendo o rio e se preparou para o combate. Mezza se atrasara e desistiu de iniciar a batalha com abordagem. Às 9 horas e 25 minutos, dispararam-se os primeiros tiros de artilharia. A força paraguaia passou pela brasileira, ainda imobilizada, e foi se abrigar junto à foz do Riachuelo, onde ficou aguardando.

Após suspender, a força naval brasileira desceu o rio, perseguindo os paraguaios, e avistou-os parados nas proximidades da foz do Riachuelo.

Desconhecendo que a margem estava artilhada, Barroso deteve sua capitânia, a Fragata Amazonas, para cortar possível fuga dos paraguaios. Com sua manobra inesperada, alguns dos navios retrocederam, e o Jequitinhonha encalhou em frente às baterias de Santa Catalina. O primeiro navio da linha, o Belmonte, passou por Riachuelo separado dos outros, sofrendo o fogo concentrado do inimigo e, após passar, encalhou propositadamente, para não afundar.

Corrigindo sua manobra, Barroso, com a Amazonas, assumiu a vanguarda dos outros navios brasileiros e efetuou a passagem, combatendo a artilharia da margem, os navios e a chatas, sob a fuzilaria das tropas paraguaias que atiravam das barrancas.

Completou-se assim, aproximadamente às 12 horas, a primeira fase da Batalha. Até então, o resultado era altamente insatisfatório para o Brasil: o Belmonte fora de ação, o Jequitinhonha encalhado para sempre e o Parnaíba, com avaria no leme, sendo abordado e dominado pelo inimigo, apesar da resistência heróica dos brasileiros, como o Guarda-Marinha Greenhalgh e o Marinheiro Marcílio Dias, que lutaram até a morte.

O Imperial-Marinheiro Marcílio Dias lutou heroicamente até a morte defendenso seu navio - o Parnaíba - contra a abordagem dos marinheiros paraguaios


Então, Barroso decidiu regressar. Desceu o rio, fez a volta com os seis navios restantes e, logo depois, estava novamente em Riachuelo.

Tirando vantagem do porte da Amazonas, Barroso usou seu navio para abalroar e inutilizar navios paraguaios e vencer a Batalha. Quatro navios inimigos fugiram perseguidos pelos brasileiros.

Antes do pôr-do-sol de 11 de junho, a vitória era brasileira. A Esquadra paraguaia fora praticamente aniquilada e não teria mais participação relevante no conflito. Estava, também, garantido o bloqueio que impediria que o Paraguai recebesse armamentos do exterior, inclusive os encouraçados que encomendara na Europa.

Foi a primeira grande vitória da Tríplice-Aliança na guerra e, por isto, muito comemorada.

Com a vitória em Riachuelo, com a retirada dos paraguaios da margem esquerda do Paraná e a rendição dos invasores em Uruguaiana, a opinião dos aliados era de que a guerra terminaria logo. Isso, porém, isso não ocorreu. O Paraguai era um país mobilizado e Humaitá ainda era uma fortaleza inexpugnável para os navios de madeira que venceram a Batalha Naval do Riachuelo. A guerra foi longa, difícil e causou muitas mortes e sacrifícios. Foi nela, que brasileiros de todas as regiões do País foram mobilizados conheceram-se melhor e trabalharam juntos para a defesa da Pátria.

Consolidou-se, assim, a nacionalidade brasileira.


Fonte: Marinha do Brasil 

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quinta-feira, 3 de junho de 2010

PENSAMENTO MILITAR - GUERRA E PACIFISMO


"Todos nós somos pacifistas entre uma guerra e outra. É como ser vegetariano somente entre o almoço e o jantar."

Colman McCarthy, jornalista norte-americano

MAR DEVOLVE UM CAÇA P-38 LIGHTNING DA 2ª GUERRA MUNDIAL

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Permaneceu escondido sob as areias e ondas desde que caiu na costa de Gales em 1942. Mas agora os destroços de um raro caça da 2ª Guerra Mundial podem em pouco tempo estar em terra seca.

Descrito como “um dos mais importantes achados militares da história recente”, a localização do Lockheed P-38 Lightning está sendo mantida em segredo para sua segurança.

Lockheed P-38 Lightning da Força Aérea do Exército dos EUA


Apelidado como a “Senhora de Harlech”, o caça da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos caiu na costa de Gwynedd quando participava de treinamentos e seus motores cortaram.

Incrivelmente, o piloto Tenente Robert Elliott saiu andando do local da queda sem nenhum arranhão, mas tragicamente morreu três meses depois em ação durante da Campanha da Tunísia, no Norte da África.

As imagens mostram o antes escondido Lightning que apareceu de repente na costa galesa em 2007. A maré moveu a areia que o escondia há 60 anos e revelou o fantástico achado.

Agora, uma organização anunciou planos de resgatá-lo no ano que vem. O International Group for Historic Aircraft Recovery (IGHAR) está procurando por apoio e um museu inglês que aceite o fascinante caça americano como presente.

A organização é a única sem fins lucrativos de seu tipo no mundo, e trabalha incessantemente para recuperar destroços de importância histórica e doá-los para exibição em museus.

A "Senhora de Harlech" na costa de Gales

Liderada por Ric Gillespie, a equipe está se preparando para ir à Ilha Gardner, no Pacífico, para procurar pistas no avião perdido de Amelia Earhart. Logo depois, irão se dedicar ao P-38. Eles discutem desde 2007 se é realmente seguro retirar a aeronave da água sem que ela se desintegre depois.

As praias, baías e oceanos do mundo são ricos repositórios de aeronaves raras, mas estas permanecem quase intocadas por causa dos efeitos corrosivos da imersão em água salgada. Museus têm içado aeronaves históricas da água salgada em boas condições e a grande custo, somente para vê-las virar farinha nos meses seguintes. Técnicas para conservar e estabilizar metais recuperados de ambientes aquáticos estão sendo desenvolvidas e testadas, mas nunca foram aplicadas a uma aeronave completa”, disse Gillespie.

Um dos processos comprovados envolve o desmonte parcial da aeronave e sua submersão em uma solução especial na qual passa uma pequena corrente elétrica. A desintoxicação pode levar um ano ou mais, mas no fim o resultado é um artefato histórico relativamente estável que do contrário poderia ser perdido”.

“Estamos construindo uma parceria entre grupos de arqueologia aeronáutica ingleses e americanos que irá tornar possível o financiamento, realizar o resgate e começar o processo de conservação antes que a natureza mais uma vez exponha sua força destrutiva sobre a aeronave. Encorajamos todos que compartilham dos nossos objetivos a juntar-se a nós”, concluiu.


Fonte:  Daily Mail, de 7 de maio de 2010

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CASTELO DO QUEIJO

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O Forte de São Francisco Xavier foi erigido junto à foz rochosa do rio Douro, sobre o penedo do Queijo, cuja topografia acabaria por dar origem ao nome pelo qual a fortaleza é habitualmente conhecida, Castelo do Queijo.

Integrada no plano de defesa da costa marítima portuguesa, levado a cabo no período pós-Restauração, a construção da fortaleza foi inicialmente delineada em 1561 pelo engenheiro francês Lassart, responsável por "inspecionar as fortificações existentes e projetar as que fossem necessárias" no norte do país. No entanto, o escasso interesse estratégico da zona do Queijo fez com que a edificação fosse adiada, iniciando-se somente em 1661, segundo plano do engenheiro Miguel de L'École.


De planta trapezoidal, baseada num triângulo equilátero cujo vértice aponta ao mar, o forte possui muralhas rodeadas por fosso, com canhoneiras e guaritas arrematadas por cúpulas. O grande portal de acesso ao interior, com a ponte, é encimado pelo escudo real português, permitindo o acesso ao átrio da praça, onde se edificou a Casa do Governador e espaços de aquartelamento de um piso. Uma rampa, colocada numa das extremidades da praça, dá acesso à bateria.

A obra, dirigida pelo capitão Carvalhais Negreiros, foi edificada pela população local, que ficou também responsável pela sua manutenção, o que desagradou em muito aos vereadores da cidade do Porto. Estes acabariam por pedir ao rei D. João V, em 1717, que desativasse as funções defensivas da fortaleza e extinguisse a sua companhia, por considerarem que o Castelo do Queijo era "inútil e supérfluo, que nenhuma utilidade é a dele, pois aquela costa por si se defende". No entanto, apesar dos argumentos apresentados, o monarca manteve a fortificação ativa.



Em 1804, o Forte de São Francisco de Xavier foi considerado ultrapassado, pela sua antiguidade de quase 150 anos, não preenchendo os requisitos para enfrentar um conflito segundo as táticas da época. Se durante as Invasões Francesas ele não teve qualquer papel, já durante a Revolução Liberal foi ocupado pelos miguelistas. E, quando estes o abandonaram, o Castelo do Queijo foi inteiramente saqueado, não sendo poupadas portas, janelas e até mesmo algumas pedras dos seus muros.

O Castelo do Queijo passou por diversas tutelas ao longo dos séculos XIX e XX, até que, em 1978, foi entregue à Associação de Comandos. Com a estrutura primitiva restaurada, o Forte de São Francisco Xavier serve atualmente como espaço cultural e museológico, abrigando um museu  militar.

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quarta-feira, 2 de junho de 2010

REVISTA BRASILEIRA DE HISTÓRIA MILITAR - EDIÇÃO DE LANÇAMENTO

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A Revista Brasileira de História Militar é uma publicação eletrônica, independente, com periodicidade quadrimestral, destinada à divulgação de artigos de historiografia militar, produzidos por pesquisadores brasileiros ou estrangeiros, elaborados dentro dos padrões de produção científica reconhecidos pelos meios acadêmicos. Destina-se também a publicação de trabalhos de pesquisa e de metodologia, além da divulgação de eventos acadêmicos, desde que relacionados à História Militar e aprovados por seu conselho editorial.

Clique no link abaixo para acessar a revista e sua edição especial de lançamento:

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IMAGEM DO DIA - 02/06/2010

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Durante a Guerra do Coreia, no ano de 1951, um depósito de munições norte-coreano, localizado no porto de Wonsan, explode após ter sido atingido por uma bomba lançada por B-26 Invader da Força Aérea dos EUA

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A BATALHA DE NARVA (1700)

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A Batalha de Narva aconteceu no início da Grande Guerra do Norte, em 30 de novembro de 1700. O exército sueco sob o comando do rei Carlos XII derrotou forças russas quatro vezes mais numerosa, comandada por Pedro, o Grande. Narva marcou o ponto alto do poderio sueco no continente, com a Rússia obtendo posteriormente vitórias decisivas no final do conflito.

A guerra começou com um ataque não-provocado sobre a Suécia por uma coligação composta pela Polônia, Rússia e Dinamarca, com o objetivo de diminuir a influência sueca no Báltico. Carlos XII da Suécia havia recém assumido trono em 1697, com a idade de quatorze anos, e a Suécia não lutava uma guerra desde que sofrera uma séria derrota na Guerra Scania (1674-1679). A coligação aliada esperava uma vitória fácil.

Carlos XII, rei da Suécia

Carlos XII reagiu, isolando a Dinamarca e colocando-a fora da guerra com a invasão da Zelândia (Tratado de Travendal, de 18 de agosto de 1700). Os suecos, então, puderam se concentrar a leste a fim de lidar com a ameaça russa. Pedro, o Grande, liderou um exército de 35 mil homens na direção de Ingria, sitiando a cidade de Narva (atualmente situada na Estônia). O bombardeio russo teve início em 31 de Outubro.

Carlos XII respondeu com um contra-ataque agressivo, uma marca registrada no exército sueco. Com um exército de apenas 8.000 homens, tomou a iniciativa e avançou na direção de Narva, eliminando pequenos destacamentos russos no caminho. Confrontado com o avanço do exército sueco, Pedro decidiu deixar Narva, e passou o comando de seu exército a Charles Eugène de Croy.

Apesar da saída de Pedro do comando, os russos ainda estavam em posição confortável. Pelo menos 26 mil deles guarneciam as trincheiras de circunvalação que cercavam Narva, o que significa que Carlos teria de atacar um inimigo entrincheirado que ultrapassava seu exército em 3 por 1.


Os suecos responderam com um movimento rápido. Sob a proteção de uma repentina tempestade, lançaram um ataque contra as linhas russas, rompendo-a em dois lugares. A poderosa força de cavalaria russa, composta por 5.000 veteranos, fugiu na primeira carga, enquanto de Croy foi surpreendido pelas pequenas dimensões do exército sueco, o qual pensava ser apenas uma guarda avançada.

Com sua linha dividida em três e com a neve bloqueando a visibilidade, o exército russo entrou em colapso e Carlos XII foi capaz de combater as três partes da linha russa separadamente. Um grande número de soldados fugiu, muitos se afogando no rio Dvina. Pelo menos 20 mil infantes foram capturados pelos suecos para, em seguida, serem liberados após terem entregado seus mosquetes. A Suécia perdeu 667 homens no combate, enquanto que o exército russo perdeu cerca de 15.000 homens, e a maioria do exército restante foi capturada. Muitos foram mortos pelo ataque sob a proteção da nevasca, que deixou as tropas russas sem reação. Outros tantos morreram ao tentar escapar do combate, atravessando as águas geladas do rio Narva. Os suecos também apreenderam uma grande quantidade de mosquetes russos.

Soldados russos entregam suas armas diante de oficiais suecos.  Grande quantidade de material bélico foi capturada ao término da Batalha de Narva


A rendição russa trouxe para o exército de Carlos XII todos os canhões de Pedro, mosquetes e suprimentos militares. Isto deixou o que restou das forças armadas da Rússia sem praticamente nenhum equipamento. Caso a Suécia, ou qualquer outro agressor, tivesse invadido a Rússia logo após a batalha de Narva, Pedro teria sido quase impotente para detê-los.

O próximo movimento dos suecos após Narva permanece controverso até os dias atuais. Ao invés de perseguir Pedro, o Grande, através da Rússia, Carlos XII decidiu convergir seu exército para o sul em direção à Polónia e à Lituânia, onde obteve uma série de vitórias. No entanto, tal movimento deu a Pedro o tempo para recuperar e reforçar o exército russo e, quando Carlos XII voltou-se para o leste a fim de enfrentar os russos, em 1708-9, foi decisivamente derrotado na batalha de Poltava e forçado a fugir em direção ao Império Otomano. A própria cidade de Narva caiu nas mãos da Rússia em 1704, enquanto Carlos XII estava ausente na Polônia.

A eficiência do exército russo em Narva também era controversa. A má qualidade do seu exército em 1700 contrastava com a propaganda realizada por Pedro, o Grande, deliberadamente exagerada para possibilitar a reforma do exército diante da corte russa. Os soldados russos foram qualificados como inexperientes, uma horda de bárbaros e que “lutavam como gado”. Na verdade, apenas o Regimento de Lefortovskii era constituído por tropas veteranas, enquanto os dois regimentos de guardas só tinham visto em ação em Azov.

Tropas suecas em ação durante a Grande Guerra do Norte

Outros observadores mais imparciais, contudo, sugerem que o exército russo de 1700 em Narva foi muito melhor do que isso, contendo um núcleo de infantaria bem treinado e conduzindo operações de cerco de forma bem organizada. O cerco a Narva durava apenas quatro semanas quando Carlos XII chegou e expulsou o exército russo. A Rússia vinha se envolvendo em constantes conflitos em sua fronteira sul, o que deve ter dado a alguns dos homens presentes em Narva a experiência militar necessária. As táticas agressivas de Carlos XII, na verdade, seriam bem sucedidas contra quaisquer exércitos ocidentais de qualidade comprovada.

Narva foi uma esmagadora derrota para a Rússia, mas a Suécia não soube tirar proveito, deixando de explorar todo o seu potencial. Como Carlos XII acabou se envolvendo em conflitos mais perto de casa, Pedro foi capaz de fazer avançar suas capacidades militares de maneira como ele tinha sempre almejado. Estas melhorias nas tropas russas acabariam por vencer os suecos na Batalha de Poltava, terminando com o predomínio militar do Império Sueco e marcando o surgimento do Império Russo.

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BOMBA DA 2ª GUERRA EXPLODE E MATA TRÊS NA ALEMANHA


Berlim, 2 jun (EFE) - A explosão de uma bomba da 2a Guerra Mundial matou três pessoas nesta terça-feira e deixou outras seis feridas em Gotinga, no centro da Alemanha, no momento em que um grupo de especialistas tentava desativá-la.

A bomba, de 500 quilos, foi encontrada no centro de Gotinga, a 7 metros de profundidade. Segundo os bombeiros, todos os mortos e feridos eram especialistas em desarmar explosivos.

As causas da explosão ainda não foram determinadas. O porta-voz da Prefeitura de Gotinga não confirmou os rumores de que outra explosão teria levado à detonação da bomba.

A explosão aconteceu às 21h30 locais (16h30 pelo horário de Brasília) na terça-feira, em pleno centro da cidade, de tradição universitária. Dois dos feridos foram levados a um hospital em estado grave, mas já estão livres de perigo.

Mais de 7 mil pessoas tiveram que deixar suas casas e locais de trabalho nos edifícios próximos depois que a bomba foi encontrada, e o procedimento de evacuação ainda não tinha terminado no momento da detonação.

Segundo o porta-voz municipal, Detlef Johannson, o processo de desativação acontecia como previsto. "Tudo estava acontecendo normalmente, e a equipe de trabalho estava muito satisfeita com o andamento dos trabalhos", garantiu.

Ainda de acordo com Johannson, a mesma equipe, composta por 13 especialistas, já tinha desativado a poucos metros do local outra bomba, que foi encontrada na última quinta-feira.

O procedimento é feito por um robô teleguiado de última geração, que usa uma serra de alta potência refrigerada a água que corta o detonador a uma distância segura, mas aparentemente ele não chegou a ser utilizado.

O descobrimento de bombas da Segunda Guerra Mundial no subsolo das cidades alemãs é um fato quase cotidiano, e acontece quase diariamente, quase sempre causando evacuações. 



Fonte: Yahoo Notícias

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terça-feira, 1 de junho de 2010

PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR - MARECHAL PATRÍCIO JOSÉ CORREIA DA CÂMARA


* 12/10/1744 – a bordo de navio com destino a Portugal

+ 28/05/1827 – Rio Pardo-RS



Patrício Corrêa da Câmara, filho de Gaspar José Correia da Câmara e Isabel Inácia Correia James, nasceu em 12 de outubro de 1744 em viagem marítima, quando sua família transferia-se da Ilha Terceira para Lisboa.

Sentou praça em Portugal, servindo na Índia e depois no Brasil, onde chegou como capitão e naturalizou-se brasileiro. Dedicou sua vida militar, de capitão a tenente general graduado - de 1771 a 1827 - à fronteira do Rio Pardo. Neste período ajudou a dilatar a fronteira primitiva que incorporou, em 1801, o território dos Setes Povos das Missões, e, de 1812 a 1821, incorporou o Distrito de Entre Rios, entre os rios Santa Maria, Quaraí, Uruguai e Ibicuí.

Durante a Guerra da Restauração do Rio Grande, teve papel destacado como major. No comando dos Dragões do Rio Grande, empreendeu ao forte espanhol Santa Tecla. Em 25 de março de 1776, após 26 dias de cerco, a guarnição espanhola capitulou e o forte foi evacuado e destruído dois dias depois.

Nas campanhas da Divisão de Observação na Banda Oriental, de 1811 a 1812, liderou tropas no setor entre São Diogo e Bagé. Seus 67 anos de idade, contudo, pesavam e foi forçado a repousar em Rio Pardo. No exercício de suas funções na Fronteira de Rio Pardo, deslocava-se em carretas, quando impedido de caminhar ou cavalgar em função de ataques de gota.

D. Diogo de Souza, governador militar da Cisplatina, comunicou ao Rei que os serviços prestados por mais de meio século pelo Marechal de campo efetivo Patrício José Corrêa da Câmara, constituíam um padrão de lealdade e de glória para o Exército de Portugal.

Durante a Guerra contra Artigas, como comandante da Fronteira do Rio Pardo, impossibilitado de combater em função da idade avançada, providenciou do Rio Pardo o apoio logístico e administrativo necessário às tropas, por intermédio de seu filho Brigadeiro Bento Corrêa da Câmara.

Patrício Corrêa da Câmara recebeu o título de primeiro Visconde de Pelotas e foi agraciado comendador da Imperial Ordem de São Bento de Avis. Era fidalgo cavaleiro da casa imperial brasileira e da casa real portuguesa, esta por alvará de 16 de novembro de 1808.

Foi casado com Joaquina Leocádia da Fontoura.

O Marechal Patrício Corrêa da Câmara faleceu em 28 de maio de 1827, sendo sepultado no portal da igreja matriz de Nosso Senhor dos Passos, em Rio Pardo, sua terra de coração. É considerado o patrono da 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada do Exército Brasileiro, com sede em Bagé-RS.

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sábado, 29 de maio de 2010

CONDECORAÇÕES - MEDALHA POUR LE MÉRITE



A medalha Pour le Mérite foi a mais alta condecoração militar da Prússia até o final da 1ª Guerra Mundial.

Instituída em 1740 por Frederico II, embora prussiana era nomeada em francês, pois esta era a língua oficial da corte real. Até 1810 a condecoração era uma honraria tanto civil quanto militar, mas, em janeiro do mesmo ano, o rei da Prússia Frederico Guilherme III decretou sua exclusividade ao meio militar.

Em 1842, Frederico Guilherme IV estabeleceu uma classe civil, a Orden Pour le Mérite für Wissenschaften und Künste (Ordem Pour le Mérite para as Ciências e as Artes), dividida em três níveis: humanidades, ciências naturais e belas artes.

Durante as Guerras Napoleônicas, após o Exército Prussiano ocupar Paris, em 1814, 1.662 Pour le Mérites foram distribuídas, inclusive a soldados russos que atuavam como aliados contra Napoleão.

Foi que A Pour le Mérite, no entanto, notabilizou-se durante a 1ª Guerra Mundial, quando recebeu o apelido informal de Blue Max. Embora pudesse ser entregue a qualquer oficial militar, seus mais famosos recipiendários foram os aviadores alemães, os quais eram indicados à condecoração após abaterem oito aviões inimigos, sendo que esse número aumento ao longo da guerra. Max Immelmann e Oswald Boelcke foram os primeiros pilotos galardoados.

A medalha foi abolida após a abdicação do Kaiser Guilherme II em 9 de novembro de 1918, por ocasião do fim da 1ª Guerra Mundial, contudo, em 1952 o presidente da Alemanha Ocidental, Theodor Heuss, reinstituiu a classe civil da condecoração, criando a Bundesverdienstkreuz.


Manfred von Richthoffen -o Barão Vermelho - ostentando sua Pour le Mérite

Dentre os agraciados da Pour le Mérite figuram os principais comandantes e soldados prussianos e alemães, dentre os quais, destacam-se:

• Otto von Bismarck

• August von Gneisenau

• Erich von Ludendorf

• August von Mackensen

• Lothar von Arnauld de la Perière

• Manfred von Richthofen

• Oswald Boelcke

• Hermann Göring

• Paul von Hindenburg

• Erwin Rommel

• Werner von Blomberg

• Fedor von Bock

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quinta-feira, 27 de maio de 2010

IMAGEM DO DIA - 27/05/2010

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Durante a Guerra de 1812, travada entre os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, o USS Constitution ataca a fragata inglesa HMS Guerriere ao largo de Boston.  Após trinta e cinco minutos de combate, o navio inglês foi capturado e, posteriormente, incendiado.

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PRIMEIRA GUERRA ANGLO-BIRMANESA (1824-1825)

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A partir do final do século XVIII, o rei da Birmânia Bodawpaya (1782-1817), expandiu seu reino firmemente para oeste. Ao mesmo tempo, os ingleses ganharam o controle territorial sobre Bengala e no resto da Índia. Em 1784 Bodawpaya atacou e anexou o reino de Arakan, na costa da baía de Bengala e trouxe sua fronteira para o que se tornaria a Índia britânica. Rebeldes Arakaneses, operando a partir do território britânico, criaram uma situação tensa na fronteira anglo-birmanesa, dando início a frequentes conflitos de fronteira. A Birmânia ameaçou invadir a Índia britânica se estes não conseguissem impedir as incursões dos rebeldes a partir de seu território.

A partir do século XVIII o reino de Assam, ao norte de Bengala, estava em declínio. O reino se estendia do vale do Brahmaputra, no Himalaia, até a foz do rio na planície de Bengala. Grupos rivais na corte de Assam solicitaram assistência tanto para os britânicos quanto para os birmaneses, o que motivou a realização de uma expedição britânica em 1792. Em 1817, um tumulto na corte de Assam levou a outro pedido de assistência e, desta vez, Bodawpaya enviou um exército invasor. As tropas de Assam foram derrotadas e um primeiro-ministro pró-Birmânia foi instalado no governo.

Tropas britânicas e birmanesas enfrentam-se em Assam

Duas décadas antes, Bodawpaya invadira Manipur, um reino situado num pequeno vale a oeste do rio Chindwin, e lá instalou um principado fantoche. Em 1819, o príncipe de Manipur afirmou sua autonomia em relação à corte birmanesa e não participou da coroação de Bagyidaw, sucessor do Bodawpaya. Os birmaneses invadiram novamente e uma guarnição permanente foi instalada em Manipur, a partir da qual mais expedições militares birmaneses foram lançadas contra Assam. Em 1821, após anos de instabilidade local, Bagyidaw enviou um exército de 20.000 homens através das montanhas, comandado pelo General Mahabanula, com o objetivo de consolidar o poderio da Birmânia em Assam. Em 1823, com a resistência assamesa em grande parte solapada, Mahabandula montou sua base em Rangpur e lançou ataques contra Cachar e Jaintia. Os britânicos, por sua vez, declararam Cachar e Jaintia um protetorado. Os bengaleses britânicos ficaram, dessa forma, confinados às suas fronteiras e espremidos ao norte e ao leste pelo império birmanês.

Em janeiro 1824, Mahabandula assumiu o comando no Arakan e iniciou uma campanha contra Chittagong, com o objetivo final de capturar a Bengala britânica. Em resposta, em 05 de março de 1824, os ingleses declararam guerra à Birmânia, a partir de seu QG de Fort William, em Calcutá. O plano britânico consistia em afastar as forças birmanesas de Mahabandula da fronteira Bengalesa, realizando uma invasão anfíbia em larga escala na baixa Birmânia. O ataque a Rangun, liderado por Sir Archibald Campbell, surpreendeu completamente os birmaneses e a cidade foi tomada em 10 de maio de 1824, sem qualquer prejuízo para os invasores. Diante da notícia da queda de Rangun, Mahabandula foi forçado a uma retirada rápida. A força britânica em Rangun, entretanto tinha sido incapaz de proceder para o interior, pois não dispunha de transportes fluviais adequados. Depois de terem sido abastecidos, após a monção o exército britânico de Campbell continuou as operações e, em 1825, na batalha de Danubyu, Mahabandula foi morto. No mesmo ano Arakan, a Baixa Birmânia e Tenasserim foram conquistados.
Forças britânicas desembarcam na baixa Birmânia para atacar Rangun


Após uma segunda batalha, o caminho para a capital da Birmânia, Amarapura, estava aberto. Campbell já possuía o transporte fluvial adequado e foi feito rápido progresso até o rio Irrawaddy. Após a paz de Yandabo os birmaneses tinham cedido ao Arakan britânico, Tenasserim, Assam, Manipur e pago uma indenização em rúpias - o equivalente a 1.000.000 libras esterlinas - para garantir a retirada das tropas britânicas da baixa Birmânia.

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terça-feira, 25 de maio de 2010

IMAGEM DO DIA - 25/05/2010


O dia é 15 de julho de 1865, durante a Guerra da Tríplice-Aliança.  Tropas da 3ª Divisão de Infantaria do Exército Imperial - a Divisão Encouraçada - transpondo o arroio Juqueri Grande com o auxílio de uma passadeira improvisada sobre navios de transporte argentinos.  À testa da divisão segue, a cavalo, o Brigadeiro Sampaio que desfila com seus homens diante do Marechal Osorio, o qual permanece observando junto a dois ajudantes-de-ordens.

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PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR – BRIGADEIRO ANTÔNIO DE SAMPAIO



* 24/05/1810 – Tamboril, CE

+ 06/07/1866 – a bordo do vapor Eponina



No último dia 24 de maio, comemorou-se em todo o Brasil o bicentenário do Brigadeiro Antônio de Sampaio, o patrono da arma de Infantaria do Exército Brasileiro e um dos maiores soldados brasileiros do período Imperial.

A homenagem do Blog História Militar ao Brigadeiro Sampaio e aos infantes de todo o Brasil.

Antônio de Sampaio nasceu em 24 de maio de 1810 no pequeno povoado do Tamboril, localizada na então Capitania do Ceará-Grande. Era filho de Antônio Ferreira de Sampaio, ferreiro, e de D. Antônia de Souza Araújo Chaves. O local de nascimento, paupérrimo e encravado em pleno sertão, deixava supor que somente um prodigioso esforço pessoal poderia fazer com que o jovem Antônio saísse daquele recanto distante para atingir o posto de Brigadeiro do Exército Imperial brasileiro.

Em 1830, ao completar 20 anos, fugindo de pistoleiros contratados para matá-lo pelo pai de uma jovem pela qual tinha se apaixonado, Sampaio deixa o Tamboril e assenta praça como voluntário no 22º Batalhão de Caçadores de 1ª linha do Exército, com sede no Forte - hoje cidade de Fortaleza. Em menos de dois anos, recebia seu batismo de fogo no violento combate de Icó, travado para debelar rebelião que se opunha à abdicação de D. Pedro I. O general e historiador Paulo de Queiroz Duarte relata a bravura de Sampaio em seu batismo de fogo:

O combate nas ruas e casario de Icó assumiu feição desesperadora, tendo a duração de seis horas; nessa ação uma força comandada pelo furriel Antônio de Sampaio teve saliente ação, conduzida com determinação por seu comandante e se empenhou na luta corpo-a-corpo contra numerosos adversários.

O combate de Icó foi um marco na vida de Sampaio. Com apenas 22 anos de idade, experimentou o sabor da batalha e, praticamente, não parou de combater até o final de sua vida, dando início a uma carreira de lutas que iria extrapolar as fronteiras nacionais.

Durante a Cabanagem, na Província do Pará, Sampaio participou da expedição que, em 1835, atacou e tomou Turiaçu. Depois, na Província do Maranhão, lutou com denodo na repressão à Balaiada: de 1839 a 1841, tomou parte em 40 combates, tendo exercido o comando em 36 deles. Mercê de sua competência, dedicação e bravura, Sampaio ascendeu rapidamente na hierarquia militar. Em 1844, já capitão, foi destacado para o exército do Barão de Caxias, em operações contra os farroupilhas da Província do Rio Grande do Sul. Combateu sempre na linha de frente e ali permaneceu até a paz do Poncho Verde. Em seguida, tomou parte na pacificação da Revolução Praieira, em 1848, na Província de Pernambuco. Em ordem do dia, Sampaio foi citado “pela inteligência, zelo e circunspecção com que desempenhou suas funções”.

Em 1850, Sampaio retornou ao sul do País e, dois anos depois, atuou na decisiva e gloriosa jornada de Monte Caseros, que restituiu a justiça e a liberdade ao povo argentino, jogando no exílio o ditador Rosas. Em 1861, era promovido a coronel e passava a comandar a 5ª Brigada, pertencente ao Exército do Sul.
Sampaio inspecionando a instrução da tropa durante a Guerra da Tríplice-Aliança

Nessa época, a guerra civil entre blancos e colorados grassava no Estado Oriental do Uruguai trazendo tensão à fronteira meridional do Brasil. Com o fracasso da ação diplomática junto ao governo blanco de Aguirre, o Império do Brasil foi levado a outro confronto. O Brigadeiro João Propício Mena Barreto, designado comandante-em-chefe do Exército do Sul, dispunha de divisões comandadas pelos Brigadeiros Manoel Luís Osório e José Luís Mena Barreto. Em 1865, a brigada comandada pelo Coronel Sampaio, integrante dessa última divisão, exerceu papel de destaque na vitória brasileira em Paissandu. Após esse combate, Sampaio e sua brigada tomaram parte no cerco e na capitulação de Montevidéu. A brilhante atuação na Campanha do Uruguai rendeu-lhe, naquele mesmo ano, as dragonas de Brigadeiro.

Mas seria na Guerra da Tríplice-Aliança contra a República do Paraguai que a glória cobriria definitivamente a figura do estóico sertanejo do Tamboril e o consagraria como grande soldado do Império.

Em 1866, Sampaio rumou para o Paraguai. À frente da 3ª Divisão - a Divisão Encouraçada  - o Brigadeiro Sampaio lutou nas operações de transposição do Rio Paraná, conduzidas pelo legendário Marechal Osorio, e nas batalhas da Confluência e do Estero Bellaco. Na marcha para Tuiuti, coube-lhe o comando da vanguarda, oportunidade na qual o 26º Batalhão de Infantaria, integrante de sua divisão, foi duramente castigado pelo fogo paraguaio. Na véspera da batalha, coordenou o perigoso e bem-sucedido reconhecimento na Linha Negra, de onde provieram preciosas informações de combate e grande número de prisioneiros.

Tuiuti: foi a maior batalha campal já travada na América do Sul. A Divisão Encouraçada detém várias vagas de assalto inimigas, mas, em certo momento, esquadrões paraguaios valem-se de uma brecha aberta na frente argentina e investem contra ela. A despeito da extrema dificuldade imposta pelo terreno pantanoso, os infantes da Encouraçada resistem ao violento embate sem ceder um palmo. Sampaio, no entanto, é ferido duas vezes, um dos quais com gravidade.

Osório, confiante na combatividade da Divisão Encouraçada, envia um de seus ajudantes-de-ordens ao encontro do Brigadeiro, a fim de encorajá-lo a resistir a qualquer custo. Sampaio, coberto de poeira e sangue, fala ao oficial: “Capitão, diga ao Marechal Osório que estou cumprindo meu dever, mas, como já perdi muito sangue, seria conveniente que me mandasse substituir”. No momento em que o ajudante-de-ordens se retirava, Sampaio sofre mais um ferimento, mas, antes de perder os sentidos, ainda se dirige ao oficial: “Diga ao marechal que este é o terceiro!”

Antes de terminar o dia, a posição de Tuiuti estava assegurada e os paraguaios repelidos. A tenacidade e a valentia de Sampaio e de sua Encouraçada fizeram com que fracassasse o bem planejado ataque de Solano Lopez.

Evacuado do campo de batalha, Antônio de Sampaio faleceu no dia 6 de julho de 1866, a bordo do transporte de guerra “Eponina”, pouco antes deste atracar em Buenos Aires.

Seu corpo foi sepultado na capital argentina dois dias mais tarde. Seus restos mortais foram repatriados em 1869, para o Rio de Janeiro, sendo depositados na Igreja do Bom Jesus da Coluna, no Asilo dos Inválidos da Pátria, onde permaneceram até 14 de novembro de 1871, quando foram novamente trasladados para sua terra natal - o Ceará.

Atualmente os restos mortais do Brigadeiro Sampaio repousam no Panteão Brigadeiro Sampaio, erguido na parte frontal da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, sede do Quartel-General da 10ª Região Militar.

Sampaio só foi consagrado Patrono da Arma de Infantaria do Exército em 1962, mas o 1º Regimento de Infantaria (atual 1º Batalhão de Infantaria Motorizado-Escola)– unidade originária do Terço Velho de Mem de Sá e “cuja fama se perde distante, no silêncio dos tempos passados” –, ostenta com orgulho, desde 1940, o nome do bravo líder.

Panteão do Brigadeiro Sampaio em Fortaleza-CE

Na 2ª Guerra Mundial, quando a Medalha Sangue do Brasil foi instituída para condecorar os feridos em ação, a saga de Sampaio também foi lembrada. Na comenda, três estrelas esmaltadas em vermelho representam os três ferimentos recebidos pelo brigadeiro durante a Batalha de Tuiuti.

Estandarte do Regimento Sampaio

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quarta-feira, 19 de maio de 2010

SEMINÁRIO SAMPAIO 200 ANOS - CORAGEM E DETERMINAÇÃO

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Será realizado em 20 de maio de 2010, no auditório do Colégio Militar do Recife, o seminário Sampaio 200 anos - coragem e determinação, onde será apresentada e debatida a trajetória do Brigadeiro Antônio de Sampaio - patrono da Infantaria do Exército Brasileiro.

O seminário contará com os seguintes trabalhos, apresentados pelos historiadores militares que se seguem:

- A vida de Sampaio: do nascimento aos primeiros anos no Exército Imperial
          Major Carlos Roberto Carvalho Daróz

- As campanhas militares de Sampaio: de Icó até a Guerra da Tríplice Aliança
          Major Haroldo Galvão

- Batalha de Tuiuti: o último combate de um soldado
          General-de-divisão Aureliano Pinto de Moura



Local: Auditório do Colégio Militar do Recife
End: Av. Visconde de São Leopoldo n° 198
         Engenho do Meio
         Recife-PE

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sexta-feira, 14 de maio de 2010

ENCONTRADA MINA DA 2ª GUERRA MUNDIAL EM ALAGOAS

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Aconteceu esta semana na bela cidade de Maragogi-AL, aqui perto do Recife ...

Uma mina flutuante foi encontrada nesta terça-feira durante a escavação de uma obra de saneamento e reurbanização do centro e da orla de Maragogi, litoral norte de Alagoas. A descoberta deixou tensos os moradores da região. O artefato bélico foi detonado por uma equipe especializada da Polícia Militar à tarde.

Trabalhador mostra a mina semi-enterrada em Maragogi

O artefato foi encontrado por trabalhadores que quebravam parte do calçamento da Avenida Senador Rui Palmeira, a principal da praia. Eles esbarraram na bomba, usada pela Marinha do Brasil na época da 2ª Guerra Mundial para afastar os navios inimigos.

- Eram artefatos usados na 2ª Guerra soltados em alta profundidade. Quando as embarcações se aproximavam, as minas explodiam e destruíam parte dos navios - detalhou o subcomandante da Capitania dos Portos.

Mina flutuante em operação, semelhante a que foi encontrada em Alagoas

Os militares levaram a bomba para uma área reservada, a dois quilômetros do Hotel Salinas e a enterram em uma vala de aproximadamente dois metros de profundidade. Com a detonação, que foi sentida num raio de três quilômetros, o buraco causado pela bomba passou dos quatro metros de diâmetro. Moradores da região próxima afirmam que algumas casas foram danificadas pela força da explosão.



Fonte: O Globo

domingo, 2 de maio de 2010

CARRO DE COMBATE COM AS CORES DO EXÉRCITO BRASILEIRO EM BOVINGTON

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O Museu do Tanque de Bovington, Inglaterra, possui  um dos maiores acervos de carros de combate no mundo.  Dentre os muitos modelos existentes, destaca-se um exemplar do carro de combate leve M-3 A1 Stuart com as cores do Exército Brasileiro, onde recebeu de suas guarnições o apelido carinhoso de perereca.

O blindado, pintado com a matrícula EB 11-209, traz em sua placa descritiva a inscrição "Este é um de diversos importados recentemente do Brasil para o mercado de colecionadores".

A seguir, algumas fotos do perereca brasileiro em Bovington ...





IMAGEM DO DIA - 02/05/2010


Tração animal:  bateria de artilharia de montanha do exército indiano utilizando elefantes para tracionar seus canhões em 1897

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XXVII SEMANA DE HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

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A XXVII Semana de História  da UFJF tem como tema:

O Brasil em Conflitos Armados: guerras, revoltas e revoluções.

O evento, cujo tema foi escolhido pelos acadêmicos do curso de História da UFJF por via de pleito eleitoral no ano de 2009, acontecerá nas dependências do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Juiz de Fora entre os dias 24 e 28 de maio de 2010.

Mais informações referentes ao evento podem ser encontradas no site:
 http://www.ufjf.br/semanadehistoria


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sábado, 1 de maio de 2010

"O FANTASMA DA MORTE" – O TREM BLINDADO PAULISTA DE 1932

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A década de 1930, asseguram os especialistas,  foi o princípio do fim das ferrovias. Curiosamente, também foi um período em que elas se destacaram como coadjuvantes de acontecimentos que marcaram aqueles tempos. Um dos mais lembrados pelos estudiosos prende-se à participação do trem no transporte de tropas na Revolução de 1932, que colocou São Paulo contra o resto do Brasil, uma guerra civil travada em nome das eleições e da Constituição.

São Paulo podia se dar a esse luxo: era dono de uma malha formada por cinco importantes estradas de ferro que haviam propiciado a integração do estado, ainda no século passado, em favor da cafeicultura.

O "fantasma da morte" em sua configuração de combate com pintura camuflada


Além de levar os soldados para as frentes de batalha, o trem foi adaptado pelos paulistas para, no palavrear do então coronel Euclides Figueiredo, um dos comandantes do levante, "fazer incursões diabólicas nas linhas inimigas". Ele se referia ao trem blindado, ou "Fantasma da Morte", como foi apelidado pelos combatentes, uma composição formada por dois carros, um de cada lado da máquina e revestidos de aço (duas placas de aço entremeadas de pranchões de cerne de peroba duríssima).

Camuflado - era pintado com listas de diversas cores - o trem era armado com canhão de 75 milímetros e metralhadoras pesadas nos flancos, e carregava dois potentes holofotes na parte superior. "Quando ele entrava nas posições inimigas, fazia funcionar os holofotes, iluminando as trincheiras adversárias", escreveu Samuel Baccarat, autor do livro "Capacetes de aço". De acordo com o relato de Baccarat, "os soldados inimigos, desafeitos a essas coisas, tomavam-se de pânico, desabando pelos morros, inteiramente descobertos. Era o momento do trabalho infernal das metralhadoras".


Guarnição do trem blindado paulista posa para uma fotografia durante uma parada de abastecimento

Essa couraça invulnerável, segundo depoimento de Figueiredo feito em 4 de agosto de 1932, dia da estréia do aterrorizante blindado, "causou pavor entre os ditatoriais, que abandonaram as suas posições". Fernando Penteado Medici, autor do livro "Trem blindado", descreveu assim a ação da composição: "Dois quilômetros e o inimigo à vista. Os homens avançavam, certos de que era um trem de mercadoria, ou de víveres (realmente, como estava disfarçado), e, em posição de atirar, ajoelhavam pelos trilhos. As nossas metralhadoras picotaram os inconscientes. A primeira impressão foi dolorosa. Pungente mesmo. Presenciar umas cenas destas".

Apenas duas composições do trem blindado foram fabricadas, em Sorocaba-SP, especialmente para atender às tropas paulistas,  na revolução de 1932.

Fonte: Portal Railbuss



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