"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



segunda-feira, 30 de março de 2020

MORRE O GREGO QUE RETIROU A BANDEIRA NAZISTA DA ACRÓPOLE DURANTE A 2ª GUERRA MUNDIAL

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Herói da resistência grega  Manolis Glezos tinha 97 anos.

Por Helena Tecedeiro


Manolis Glezos tinha apenas 18 anos quando, a 30 de maio de 1941, ele e o amigo Apostolos Santas decidiram subir à Acrópole no meio da noite para retirar a bandeira com a suástica que os nazistas haviam hasteado junto ao Partenon, durante a ocupação da Grécia. Foi nessa noite que o estudante ganhou a aura de herói da resistência grega que o acompanharia até à morte, nesta segunda-feira, aos 97 anos.

O herói de guerra estava já hospitalizado desde o início do mês devido a uma gastroenterite e uma infecção urinária, tendo acabado por não resistir a uma parada cardíaca, anunciou a televisão estatal grega ERT. Em novembro, Glezos já tinha estado no hospital devido a problemas respiratórios.

Tropas alemãs hasteando a bandeira nazista na Acrópole, junto ao Partenon
 
Depois daquela noite de 1941, os nazistas condenaram à morte os responsáveis por retirar a bandeira da Acrópole, à revelia. E se Glezos e Santas terminaram sendo detidos pelos ocupantes em março de 1942, por outras atividades ligadas à resistência, acabaram por ser libertados um mês depois, uma vez que os nazistas desconheciam a identidade de quem tinha retirado a bandeira. Apostolos Santas morreu em 2011.

"Hitler disse num discurso que a Europa é livre. Quisemos mostrar-lhe que a luta estava apenas começando", afirmou Glezos à AFP em 2011, numa entrevista em que recordou como roubou a bandeira com o amigo. E lamentou que depois da guerra a Grécia tenha "conquistado a sua liberdade mas não a sua independência", numa referência à dependência do país de credores estrangeiros durante a crise.

Terminada a 2ª Guerra Mundial, Glezos foi eleito várias vezes para o Parlamento grego, com apoio dos comunistas, dos socialistas e de outros partidos da esquerda, tendo servido como deputado durante mais de seis décadas.

Manolis Glezos e Apostolos Santas

Em 2014, Glezos foi eleito para o Parlamento Europeu pelo Syryza, o partido de esquerda radical do então primeiro-ministro Alexis Tsipras, tornando-se no mais velho eurodeputado, aos 91 anos.

Apesar desse apoio, durante auge da crise económica grega, Glezos não hesitou em criticar as medidas de austeridade extremas impostas pelo governo, por pressão da União Europeia e do FMI, tendo feito campanha para obrigar a Alemanha a pagar à Grécia indenizações de guerra. Um dinheiro que queria ver usado para pagar os empréstimos internacionais que o país teve de fazer.

Fonte: Diário de Notícias


domingo, 29 de março de 2020

PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR - VALYA STUPINA, UMA CORAJOSA BRUXA DA NOITE QUE MORREU POR SUA PÁTRIA

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Nem todas as Bruxas da Noite se destacaram pela grande quantidade de missões de ataque, algumas demonstraram seu valor nas atividades de apoio ao combate e, como Valentina Stupina, perderam suas vidas em decorrência de doenças e ferimentos recebidos.


Valentina Sergeevna Stupina nasceu em 4 de junho de 1920, irmã do meio de três filhos. Seu pai, que trabalhava na floresta, faleceu em 1933, após o que ela se mudou para Samara com seu irmão mais velho, Anatoli, onde aprendeu a saltar de paraquedas em uma escola do Komsomol (União da Juventude Comunista). Depois de morar em Samara por um ano, mudou-se para Stavropol, onde destacou-se como esportista e se formou na escola secundária com honras, em 1937. Após isso, ingressou no Instituto de Aviação de Moscou, onde permaneceu estudando até a invasão alemã da União Soviética em 1941. No começo da guerra, ela deixou a escola para trabalhar cavando fossos antitanques e construindo fortificações defensivas nos arredores da cidade.

Depois de ser encorajada pelo Komsomol para se unir ao regimento de aviação feminina, o 588º de Bombardeio Noturno, fundado por Marina Raskova, Stupina se voluntariou em outubro. Após receber treinamento de navegação na Escola de Aviação Militar de Engels, foi enviada para a Frente Sul em fins de maio de 1942 e foi promovida ao posto de tenente junior. Stupina voou 15 missões de combate antes de ser designada como Oficial de Comunicações do regimento, embora, na oportunidade, tivesse expressado que preferia continuar voando em missões de combate.

Valentina Stupina foi condecorada com a Medalha "Pela Coragem" em novembro de 1942, tornando-se uma das primeiras do regimento a receber o prêmio.  Stupina, apelidada pelas amigas de Valya, morreu em Yessentuki, na Primavera de 1943, em razão de enfermidade provocada pelas duras condições de vida durante a campanha, e depois de se recusar a receber tratamento no hospital por muito tempo, pois queria permanecer junto a suas companheiras.

Medalha Pela Coragem. Stupina foi uma das primeiras garotas do regimento a recebê-la.

O regimento inteiro participou de seu funeral e ela foi enterrada com honras militares completas em um cemitério civil local.  A comandante do regimento, major Yevdokiya Bershanskaya, enviou à sua mãe, Polina Stupina, um telegrama informando-a da morte de Valentina, mas esta só conseguiu chegar a Yessentuki após o sepultamento. Bershanskaya a encontrou na estação de trem e foi com ela ao cemitério. Quando morreu, Valya Stupina tinha apenas 23 anos de idade.

Conheça essa e outras histórias lendo

BRUXAS DA NOITE: AS AVIADORAS SOVIÉTICAS NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL.


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domingo, 22 de março de 2020

UNIFORMES - REGIMENTO DE ARTILHARIA DA CORTE PORTUGUESA

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Exército Português
Regimento de Artilharia da Corte
Fortaleza de São Julião (1764)

 

Suas origens remontam ao Troço de Artilharia de Repartição do Mar, que, pelo Decreto de 23 de Novembro de 1708, deu origem ao Regimento de Artilharia da Corte e da Armada. Por alvará de 9 de Abril de 1762, passou a designar-se Regimento de Artilharia da Corte (ou Regimento de Artilharia de São Julião da Barra). 

Em 1801, por Decreto de 22 de Fevereiro, foram-lhe acrescentadas duas companhias de Artilharia a cavalo e o soldo dos seus oficiais e soldados foi aumentado. Por meio do Decreto de 23 de Junho de 1803, a Bateria de Artilharia Ligeira da Legião de Tropas Ligeiras foi incorporada no Regimento de Artilharia da Corte. Em 1804, o Decreto de 22 de Janeiro dissolveu as três companhias de Artilharia a Cavalo adidas ao Regimento, que passou a ser designado Regimento de Artilharia nº 1. 

Em 1808, foi reorganizado na Torre de São Julião da Barra, passando a designar-se novamente Regimento de Artilharia da Corte. 

O oficial aqui representado veste o uniforme azul padrão da Artilharia portuguesa no século XVIII, e chapéu tricórnio, característico dos exércitos da época.

quarta-feira, 18 de março de 2020

IMAGEM DO DIA - 18/3/2020



Major-general Thomas Watson, do US Marine Corps, posa diante de um carro de combate Type 95 Ha-Go do Exército Imperial japonês, posto fora de ação em Saipan, nas ilhas Marianas. 1944



GRIPE ESPANHOLA DE 1918 FOI UM ASSASSINO MAIS EFICAZ QUE A GRANDE GUERRA

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A epidemia da gripe espanhola, que deixou 50 milhões de mortos entre 1918 e 1920, foi um assassino mais eficaz que a Primeira Guerra Mundial, com seus dez milhões de soldados mortos.


Era espanhola?
 
As origens da epidemia provavelmente não têm nada a ver com a Espanha. Mas então, por que persiste esta denominação?

Sem dúvida se deve ao segredo militar em torno à saúde dos soldados durante a Primeira Guerra Mundial, e por isso os jornais dos países beligerantes não podiam falar que havia uma epidemia que dizimava suas tropas. Por outro lado, a imprensa podia escrever sem filtro sobre a gripe que afetava a Espanha, um país neutro onde não havia censura.


Origens
 
A origem exata da epidemia não pôde ser estabelecida com total certeza. Sabe-se que os primeiros casos detectados foram de soldados americanos no Kansas, no centro dos Estados Unidos, em março de 1918. Desde lá, a doença teria migrado para a Europa, propagando-se junto com as tropas.

A pandemia se expandiu por todo o mundo em três ondas, a primeira na primavera boreal de 1918, que não foi tão mortífera como as duas posteriores, muito mais virulentas provavelmente porque o vírus tinha sofrido mutações, tornando-se mais agressivo.


Vírus

O vírus da gripe que deu origem a esta pandemia é do tipo A(H1N1), assim como o agente responsável da macroepidemia de gripe de 2009 (que deixou 18.500 mortos segundo balanço oficial da OMS e cerca de 200.000 mortos segundo duas estimações posteriores).
Estima-se que todos os vírus da gripe tipo A que circulam hoje entre os humanos são descendentes diretos ou indiretos da cepa do vírus de 1918, mas em uma versão menos virulenta.


 
Jovens

Atualmente as epidemias de gripe sazonal são especialmente perigosas para os idosos e para as crianças pequenas, enquanto a gripe espanhola afetava principalmente os jovens. Suas vítimas preferidas eram pessoas de entre 20 e 40 anos.


Virulência

Este vírus era perigoso sobretudo para os pulmões, já que provocava uma congestão muito grave das vias respiratórias que fazia com que os doentes se asfixiassem.

A gravidade da epidemia também se explica pelo fato de que havia uma guerra. Os movimentos de tropas ajudaram a propagação do vírus e as feridas e as privações afetaram as defesas da população.

Grande Guera: mais mortes pela gripe espanhola do que pelos combates
 

Impacto mundial

Não há um balanço preciso da epidemia. Segundo cálculos antigos, esta praga causou cerca de 21 milhões de mortos. Mas estimações mais recentes situam o número em 50 milhões, depois do vírus infectar um terço da população mundial.

Os pesquisadores Niall Johnson e Juergen Mueller estimaram em 2002 que o "verdadeiro balanço" da epidemia poderia ser em torno de 100 milhões de vítimas. Poucas regiões do mundo escaparam da pandemia. A Austrália foi um dos países menos afetados graças a uma política estrita de quarentena.

A criação, em 1922, do Comitê de Saúde e da Organização de Higiene, antepassadas da Organização Mundial da Saúde (OMS), respondeu em parte a uma vontade de combater melhor este tipo de pragas.


Vítimas famosas

Entre as vítimas conhecidas da gripe espanhola estão o pintor austríaco Egon Schiele, morto em 31 de outubro de 1918, o poeta francês Guillaume Apollinaire (9 de novembro de 1918) e seu compatriota e dramaturgo Edmond Rostand (2 de dezembro de 1918).

Fonte: O Estado de Minas


terça-feira, 17 de março de 2020

1814: TRATADO DE KIEL ENCERRA DOMÍNIO DINAMARQUÊS NA NORUEGA

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Com a assinatura do Tratado de Kiel, em 14 de janeiro de 1814, após uma administração de mais de 400 anos, a Dinamarca perdeu a Noruega para a Suécia.

Por Dirk Kaufmann

O Dia Nacional do Reino da Noruega é comemorado em 17 de maio, data da proclamação da Constituição do país na Assembleia Nacional realizada em Eidsvoll em 1814. Mas o nascimento do Estado deu-se verdadeiramente em 14 de janeiro do mesmo ano, com a assinatura do Tratado de Kiel, que pôs fim ao domínio da Dinamarca sobre os noruegueses.

A Noruega fora administrada pela Dinamarca por mais de 400 anos. Durante mais de um século, as três monarquias escandinavas chegaram a estar unidas, quando a coroa da Suécia foi atribuída à rainha Margarete, dinamarquesa que era também soberana da Noruega. A União de Kalmar, selada em 1397, persistiu até 1521, quando a Suécia a rompeu. A Noruega levou ainda quase 300 anos para se libertar do domínio dinamarquês.


O papel de Napoleão

A independência da Noruega está relacionada com as guerras napoleônicas. Inicialmente, a Dinamarca tentara manter sua neutralidade, mas não resistiu à pressão exercida de um lado pela França e do outro pela Inglaterra. Um acordo de aliança com a Suécia, Prússia e Rússia, assinado em 1800, não foi suficiente para estabilizar a situação na região báltica.

No início do século XIX, a frota inglesa era o único inimigo que Napoleão não conseguia vencer. No entanto, para abastecer seus navios, a Inglaterra dependia de madeira fornecida principalmente pela Finlândia e pela Rússia. Para que os transportes da preciosa matéria-prima passassem a salvo pelo estreito canal que separa a Suécia da Dinamarca, Londres queria atrair para seu lado pelo menos um dos dois países. Em vez de o fazer com diplomacia, preferiu apelar para a pressão militar.

Batalha de Bornhöved, travada em 1813, na qual Um exército composto por unidades russas, prussianas e suecas derrotou os dinamarqueses

No início do mês de abril de 1801, o almirante Horatio Nelson atacou Copenhague com a intenção de obrigar os dinamarqueses a passar para o lado dos ingleses. Um segundo ataque, mais violento ainda, teve efeito oposto e levou a Dinamarca a buscar o apoio da França. Tropas espanholas e francesas instalaram-se na Dinamarca para proteger o país; soldados dinamarqueses passaram a combater ao lado das tropas napoleônicas. Uma aliança militar selada em 31 de outubro de 1807 atou o destino da Dinamarca ao de Napoleão.


Consequência da derrota

Cinco anos mais tarde, quando a sorte começou a se virar contra Napoleão, a Dinamarca encontrava-se do lado dos perdedores. No chamado "inverno dos cossacos" de 1813, o território dinamarquês foi invadido pela primeira vez por tropas inimigas. Um exército composto por unidades russas, prussianas e suecas derrotou os dinamarqueses nas batalhas de Bornhöved e Sehestadt. Quando Glückstadt e Rendsburg foram sitiadas, na passagem de ano 1813-1814, Copenhague cedeu.



As negociações de paz foram iniciadas em janeiro de 1814, em Kiel. De um lado estavam os dinamarqueses, do outro, uma aliança entre prussianos, russos, suecos e ingleses. A Inglaterra recebeu a ilha de Helgoland, ocupada já desde 1807. A Suécia reivindicou a Noruega para compensar a perda da Finlândia para a Rússia.

A Suécia fez questão de colocar a Noruega sob sua administração, mas concedeu amplas liberdades a seus vizinhos nas questões de política interna. Para os noruegueses, o término do domínio dinamarquês, após 400 anos, e a proclamação de sua Constituição representam o nascimento de seu Estado. Foi este o mais notável fato resultante da Paz de Kiel, assinada em 14 de janeiro de 1814.

Fonte: DW

quinta-feira, 12 de março de 2020

M.BOOKS LANÇA "ENIGMA", MAIS NOVA OBRA ABORDANDO A ESPIONAGEM NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

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A verdadeira história da quebra do código secreto e como  ajudou a vencer a Segunda Guerra Mundial


A editora M.Books, que tem em seu portfólio uma extensa linha editorial dedicada à História Militar, acaba de lançar mais uma obre de referência abordando a Segunda Guerra Mundial: ENIGMA.

Ricamente ilustrado e com diagramação primorosa, o livro conta a história do impacto de Bletchley Park sobre a guerra, incluindo a superação da ameaça dos submarinos alemães na Batalha do Atlântico, a ajuda aos Aliados na vitória do Mediterrâneo, com a identificação dos movimentos navais e aéreos do Eixo, o entendimento dos planos e disposições das tropas alemães antes dos desembarques na Normandia e a ajuda para afundar o encouraçado Scharnhorst no norte da Noruega. 

Ao acompanhar esses eventos, o livro também mergulha na história dos principais personagens de Bletchley: gênios como Alan Turing, que construiu a máquina de decifração Bombe e teve grande influência no desenvolvimento da ciência da computação e da inteligência artificial; Gordon Weilchman, um dos primeiros especialistas em análise de metadados; e novatos como Mavis Batey, que decifrou o código Enigma italiano e deu à Marinha Real britânica vantagem estratégica na Batalha do Cabo Matapan, em março de 1941. 

Bletchley Park durante a Segunda Guerra Mundial

Faz um relato histórico do papel dos decifradores que ajudaram os Aliados a vencer a Segunda Guerra Mundial. Apresenta decifradores fundamentais como Alan Turing, Gordon Welchman, Dillwyn “Dilly” Knox, Jane Hughes e Mavis Batey.

Ilustrado com cerca de 180 fotografias, desenhos e mapas, este livro explica o trabalho vital dos decifradores na vitória dos Aliados em muitas batalhas e campanhas importantes daquele conflito.


Sobre o autor

MICHAEL KERRIGAN é autor de Stalin, Hitler: The Man behind the Monster, World War II Plans That Never Happened, World War II Abandoned Places e Dark History of the American Presidents, entre outros. É crítico literário e escritor de artigos para publicações como The Scotman e Times Literary Supplement. Mora em Edimburgo, na Escócia. 


Ficha técnica

Título: Enigma
Subtítulo: A verdadeira história da quebra do código secreto e como ajudou a vencer a Segunda Guerra Mundial
Autor: Michael Kerrigan
Tradutora: Maria Beatriz Medina
Áreas de interesse: 1. História 2. Segunda Guerra Mundial 3. Códigos Secretos  4. Enigma
Páginas: 224
Formato: 17 x 24cm
ISBN: 9788576803300
EAN: 9788576803300



ENIGMA pode ser adquirido na página da M.Books, clicando aqui.

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domingo, 8 de março de 2020

FOTÓGRAFA RETRATA AS MULHERES QUE ESTÃO LUTANDO CONTRA O ESTADO ISLÂMICO NO CURDISTÃO

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Por Gabriela Brina
"No crepúsculo, as feridas da cidade libertada de Kobani parecem quase suaves. Após os ataques do Estado islâmico, os edifícios esfarrapados respiram uma quietude melancólica que lembra ainda mais enfaticamente a destruição." A fotógrafa Sonja Hamad descreve a realidade de Kobani na Síria, momentos após a cessação da guerra. Suas palavras são tão fortes que elas moldam graficamente o desgosto de testemunhar o Estado Islâmico arrasar toda a sua cidade até o chão. Mas Kobani está lentamente ganhando nova vida, tendo sido reivindicada por um partido político feminino lutando pela sua liberdade.

Hamad passou dois anos fotografando o YPJ do Curdistão - um partido político feminino composto por mais de 10 mil mulheres entre 15 e 45 anos que lutam contra o Estado Islâmico para reivindicar o Curdistão. Fisicamente, é uma recuperação da terra curda atualmente dividida entre a Turquia, a Síria, o Irã e o Iraque. Socialmente, é uma busca feminista por liberdade, já que essas mulheres não apenas usam sua autonomia para consumir papéis tradicionalmente masculinos na guerra, mas também se recuperam de um dos opressores mais violentos da história. Uma coleção de seus retratos pode ser encontrada na série de fotografias de Hamad Jin  Jiyan Azadi,Women, Life, Freedom, que nos incita a olhar para além das fotos sensacionalistas dessas mulheres na mídia ocidental, a fim de conhecer as verdadeiras mulheres por trás das armas.

Zilan tem 19 anos. Hamad a conheceu no ponto mais alto das Montanhas Sinjar: um lugar que desempenha um papel muito importante na história recente da luta no Curdistão iraquiano. É onde o ISIS sequestrou centenas de yazidis curdos e os vendeu como escravos nos mercados, os estuprou e até os decapitou. Este era o lugar onde as mulheres tinham que ser mais protegidas. O ponto mais alto de Sinjar é um local de peregrinação. É um local muito seguro, quase como uma fortaleza.


Zilan, 19 anos, Montanhas de Sinjar

Zilan estava com um grupo de 20 mulheres. Zilan conta para que luta por sua convicção de que as mulheres podem assumir um papel poderoso na construção de uma nova sociedade: "Temos que liderar a luta pela liberdade política e social e levar essa luta à cúpula. Devemos democratizar todas as áreas da vida, como é a tarefa concreta de todo revolucionário e é, ao mesmo tempo, a tarefa de todos os seres humanos conscientes."

Zilan parece uma garota normal de 19 anos, mas, ao mesmo tempo, ela tem uma força especial para lutar contra o EI e proteger o seu próprio povo. Sua confiança e convicção pelo movimento de liberdade curdo, nessa idade jovem, fascinaram a fotógrafa. Na foto, ela está vestindo a típica roupa de guerrilha, uma jaqueta larga e uniforme, toda em verde-oliva, e um "Schutik" - um longo cinto de armas que é amarrado em torno de seus quadris.

Além do fato de estar cercada de guerras, e momentos de medo estarem presentes, os momentos de Sonja com essas mulheres, que te receberam de forma muito aberta, dominam suas lembranças da época. O fato de terem compartilhado a mesma língua e a mesma identidade cultural levou a um relacionamento muito próximo que quase a fez esquecer que estava em meio a uma guerra.



 
A fotógrafa viajou para o norte do Iraque sem jornalistas ou pessoas da mídia. Isso a permitiu estabelecer uma conexão profunda e honesta com as pessoas de lá. Quando foi procurar por permissão para passar tempo com as mulheres, não demorou muito para que fosse criado um laço de confiança.

Quando Hamad viu pela primeira vez fotos delas na mídia, ela pensou em como esse não é o jeito certo de retratá-las, agitando suas armas e gritando. Foi muito importante para a fotografa deixar as mulheres contarem suas histórias e pelo o que elas realmente estão lutando. Os meios de comunicação ocidentais são fascinados pelas mulheres curdas que arriscam suas vidas na luta contra o EI e, no entanto, as centenas de manchetes e fotografias dessas mulheres são em grande parte homogêneas: elas retratam-nas como pouco mais que uma pistola glamorosa, divas, precursoras do feminismo "oriental".

"Eu realmente espero que através do meu trabalho o movimento feminino curdo e essas mulheres, em particular, sejam mais reconhecidas pelas pessoas em todo o mundo e que este movimento possa realmente receber mudanças em termos dos direitos das mulheres em todo o mundo."



Fonte: Dazed/Resumo Fotográfico

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HOMENAGEM AO DIA INTERNACIONAL DA MULHER

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O Blog Carlos Daróz-História Militar, homenageia nossas leitoras e amigas pelo Dia Internacional da Mulher. 

Oportunidade para recordar também de todas as mulheres guerreiras que desempenharam importante papel nos conflitos ao longo da história militar.



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segunda-feira, 2 de março de 2020

A REVOLTA DOS CAMPONESES (1524-1525)

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Com a decapitação do teólogo Thomas Müntzer, no dia 27 de maio de 1525, terminava a rebelião dos camponeses contra os senhores feudais, que causou a morte de pelo menos cinco mil pessoas na Alemanha.


Em 1524, os camponeses alemães se revoltaram contra os senhores feudais, para os quais eram obrigados a trabalhar. A crise do sistema feudal havia modificado a situação da população rural. Liderada por Thomas Müntzer, um pastor da Saxônia, a revolta camponesa alastrou-se pelos campos e cidades da Alemanha.

Os revoltosos baseavam-se na Bíblia para afirmar que os camponeses nasceram livres e reivindicavam a livre escolha dos líderes espirituais, a abolição da servidão, a diminuição dos impostos sobre a terra e a liberdade para caçar nas florestas pertencentes à nobreza. Lutero condenou o movimento dos camponeses, apoiando os príncipes e nobres.

Nascido em 1489, Müntzer estudou pelo menos três idiomas na Universidade de Leipzig e, mais tarde, Teologia em Frankfurt do Oder (no leste da Alemanha). A partir de 1514, passou a ter contato com as ideias do reformador Martinho Lutero.


Conflito com Lutero

Como pregador na paróquia de Zwickau, no leste do país, Müntzer passou a divulgar as teorias da Reforma. Ao contrário de Lutero, ele acreditava que as pessoas simples entendiam muito melhor sua pregação que os nobres e ricos. Sua conclusão de que a Igreja sempre estava ao lado dos ricos e poderosos levou ao conflito com Lutero e seus seguidores, sendo afastado da paróquia em 1521.

Thomas Müntzer

Ao lado do estudante Markus Stübner, o pastor Müntzer começou a seguir os passos do "pregador rebelde" Jan Hus, de Praga. Era a época do florescimento da Reforma pregada por Lutero. Usando seu talento de orador, Müntzer tornou-se figura carismática na pregação dessas ideias. Depois que se estabeleceu no pequeno povoado de Allstedt, Müntzer começou a atrair inclusive pessoas de outras localidades.

Sua intenção de falar uma linguagem acessível aos servos representava uma ameaça aos senhores feudais. Seis meses depois da chegada de Müntzer à pequena Allstedt, o conde Ernst von Mansfeld proibiu seus trabalhadores de frequentarem os ofícios religiosos do pastor.

Mas o teólogo e suas ideias ganhavam força. Em 1524, seu movimento secreto Aliança de Allstedt contava com 30 membros. Poucos meses depois, já eram 500. As ideias eram divulgadas em publicações feitas na gráfica de Müntzer.


A batalha final

O movimento das camadas plebeias da população ganhava força também em outras regiões. Os levantes e as inquietações, entretanto, ainda eram localizados, em geral organizados por agricultores e servos dos centros urbanos.

Ainda em 1524, os camponeses do sul da Alemanha se aliaram ao levante. Müntzer começou a migrar por todo o país, apoiando a rebelião. Em fevereiro de 1525, a revolta armada havia se espalhado por todo o sul do país e começava a se alastrar para o norte e leste.

Georg von Waldburg, o "flagelo dos camponeses"
 
Os lavradores, porém, não tiveram chances contra os soldados, armados e experientes. Na batalha de Frankenhausen, em maio de 1525, os camponeses foram cercados e mortos aos milhares. O teólogo acabou preso e, sob tortura, foi obrigado a negar suas teorias. Por fim, ele foi decapitado. Sua cabeça foi pendurada como troféu nos portões de entrada de Frankenhausen.

Os vencidos permaneceram sob o jugo dos senhores feudais e mantidos na condição de servos, reforçada pelo princípio luterano da passiva submissão à autoridade. Os seguidores de Müntzer passaram a ser conhecidos como "anabatistas", por rejeitarem o batismo.

Fonte: DW