"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



sábado, 28 de fevereiro de 2015

INVASÕES BRITÂNICAS NO RIO DA PRATA

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Causou enorme espanto e sentimento de impotência entre os sul-americanos o deslocamento da Royal Navy, a Marinha Real Britânica, em direção às frias águas do Atlântico Sul durante a Guerra das Malvinas, no ano de 1982. Reproduziu-se, naquela ocasião, o que fora um grande tormento um século e meio antes para as então jovens nações sul-americanas logo depois do Movimento da Independência - a "diplomacia das canhoneiras". A todos veio à memória que aquele tipo de operação punitiva permeou por várias vezes as relações das potências europeias com os povos sul-americanos durante o século XIX.




Ingleses no Rio da Prata


Para os argentinos, a ameaça de uma intervenção naval britânica não trazia nada de inusitado. Na verdade, a Guerra das Malvinas, ocorrida em 1982, foi o quarto enfrentamento entre os súditos de Sua Majestade e os habitantes do Prata desde os tempos colônias. Nesta rememoração, selecionamos dois desses confrontos: o primeiro deles ocorrido entre 1806 e 1807, conhecido como as Invasões Inglesas, e o segundo, aquele que se deu com a ocupação das ilhas Malvinas, em 1833.


Descontando-se as constantes ações de corsários ingleses na bacia do Prata, a primeira e mais séria demonstração de interesse britânico em se apossar de Buenos Aires ocorreu quando Sir Home Popham, atrás de "lucro e glória", como ele mesmo escreveu, organizou em 1806 uma expedição naval com fins da sua conquista, sem que para tanto tivesse recebido qualquer autorização oficial para isso.


Ele fora informado por um negociante norte-americano que a cidade de Buenos Aires, muito mal defendida, possuía uma considerável reserva em dinheiro avaliada em US$ 27 milhões, o que imediatamente fez crescer-lhe a cobiça.

Sir Home Popham, o invasor de Buenos Aires



Visualizou, por igual, a possibilidade de furar o protecionismo mercantil do decadente império espanhol, esperando fazer com que as mercadorias vindas de Londres penetrassem em definitivo no interior do continente Sul-Americano. Quem ocupasse a embocadura do Rio da Prata faria cair todo o cone sul em suas mãos.




Sir Home Popham, primeiro invasor de Buenos Aires



Tomando Buenos Aires, Popham desejava ter acesso direto a um desconhecido e exótico mercado. Contudo, os mercadores ingleses se frustraram mais tarde com o fato de que o hinterland do Cone Sul, formado pelas províncias de Entre-Rios, Corrientes e do Paraguai, era praticamente despovoado, estando longe das expectativas de formar um público consumidor relevante. Mas isso foi mais tarde.


O almirante inglês organizou então um comboio naval que transportaria 1,6 mil soldados e que teria como ponto de partida a recém-conquistada Cidade do Cabo, na África Austral, ocupada pelos britânicos em 25 de julho de 1805, e também a Ilha de Santa Helena, no Atlântico.


Num primeiro momento, a força expedicionária inglesa não teve dificuldades em tomar a capital do então Vice-Reino do Prata em 25 de junho de 1806, tendo em vista que a principal autoridade espanhola, o vice-rei Sobremonte, retirou-se para Córdoba sem resistir, levando consigo 9 mil onças de ouro do seu patrimônio.


Para surpresa dos britânicos, os portenhos não demoraram em reagir. Uma aliança entre comerciantes espanhóis, burocracia estatal-militar e estancieiros crioulos, representados, respectivamente, por Alzaga, Liniers e Pueyrredón, retomaram a cidade com certa facilidade.



Fonte: Terra

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domingo, 22 de fevereiro de 2015

EUROPA CRIA ACERVO PARA LEMBRAR 1ª GUERRA

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  No centenário do conflito, instituição ligada à UE roda o continente em busca de objetos de quem fez parte da história.  Coleção inclui carta do então combatente Hitler a colega de trincheira.



Por Rodrigo Vizeu
Quando era pequeno, o alemão Markus Geiler, 46, sempre ouvia que só existia graças à Bíblia. No caso, um exemplar específico, atravessado por um estilhaço de obus e que salvou seu avô na Primeira Guerra Mundial.  A guerra eclodiu há cem anos, quando o herdeiro do trono austro-húngaro, Francisco Ferdinando, foi morto por um nacionalista sérvio, levando à escalada que envolveu a Europa e o mundo.

Aos 23 anos, o avô de Markus, o soldado alemão Kurt Geiler, lutava em Verdun (França), uma das batalhas mais mortíferas do conflito. Dormia, usando a Bíblia como travesseiro, quando os franceses jogaram o explosivo dentro do abrigo alemão. Todos morreram, exceto Geiler.  "Essa Bíblia é um memorial antiguerra, mostra como ela é cruel e sem sentido", conta o neto do soldado. 

Markus tornou a história conhecida por meio de um projeto da fundação holandesa Europeana, ligada à União Europeia, que roda o continente para catalogar e fotografar objetos e documentos da época da guerra. A ideia é tornar público e de fácil acesso um material que se manteve restrito às famílias por cem anos. A entidade já digitalizou mais de 125 mil itens privados, além de reunir outros 400 mil antes espalhados em bibliotecas, centros culturais e arquivos audiovisuais.

Em outubro, o site com todos esses documentos (http://europeana1914-1918.eu), hoje em inglês e outras dez línguas, estará em português, marcando a campanha de coleta em Portugal. Uma coleta no Rio de Janeiro está planejada para março de 2015, em parceria com o arquivo da cidade.

Uma descoberta de grande repercussão, via doação anônima, foi um cartão postal enviado em 1916 pelo então cabo do Exército alemão e futuro ditador Adolf Hitler. Após ter sido ferido em combate na França, Hitler foi para Munique, na Alemanha, e de lá enviou o postal a um amigo de trincheiras, Karl Lanzhammer. Aquele que seria o pivô da Segunda Guerra Mundial diz estar sob tratamento dentário e demonstra ansiedade para voltar a combater na Primeira: "Vou me apresentar como voluntário para o front imediatamente".

 
Brasil

Apesar da participação marginal do Brasil na Grande Guerra, duas histórias trágicas recolhidas pela Europeana têm ligação com o país.  

O jovem italiano Ernesto Pascotto emigrara com a família para o Brasil e decidiu visitar a terra natal em 1915.  Ao chegar lá, a Itália entrou na guerra ao lado da França e do Reino Unido. Pascotto acabou obrigado a se alistar e enviado para um campo de treinamento.  Nas cartas divulgadas por um parente, o soldado reclama de ser obrigado a lutar e diz esperar que a guerra acabe antes que ele esteja pronto para o combate.  No entanto, o desejo não se cumpriu. Pascotto acabou morto em combate em dezembro do mesmo ano em que foi alistado.  

Cartão postal enviado por Adolf Hitler em 1916


Outra história com final triste é a dos Davroux, uma família francesa que vivia em São Paulo e decidiu voltar quando a guerra eclodiu porque o pai, Jacques, se achava no dever de defender a pátria, contra os conselhos dos parentes que haviam permanecido na França.  Ele embarcou num navio com a mulher, Marthe, e os dois filhos. A bordo, conviveram civilizadamente com alemães que viajavam com o mesmo propósito.  Já no front, em março de 1915, Davroux relata a falta de avanços militares, típica da guerra de trincheiras, e reclama da proibição de ir ao funeral da mãe e do desinteresse de seus superiores em fornecer roupas e equipamentos para as tropas, o que o obrigava a usar um uniforme de bombeiro parisiense.  Quatro meses depois, ao atacar com seu pelotão uma bem armada trincheira alemã, Davroux, que chegara a oficial, foi baleado na barriga, morrendo na hora.

Em uma carta de caligrafia torta e tremida, diferente de suas demais, a recém-viúva Marthe relata a morte.  "Não posso imaginar infelicidade igual. Parece que ele ainda está ao meu lado, meu desafortunado Jacques! Nunca me recuperarei de tamanha dor."

A última carta digitalizada é de 1921. Seis anos após a morte, o corpo do militar, enfim, foi transferido do cemitério do front para Paris.  Marthe, que nunca se casaria novamente, afirma: "Eu esperava incessantemente o corpo de meu pobre Jacques".

Fonte: Folha de São Paulo

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terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

"HERÓI OCULTO" É CONDECORADO AOS 105 ANOS POR TER SALVO MAIS DE 600 CRIANÇAS DO NAZISMO

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Um inglês que salvou mais de 600 crianças dos nazistas no início da Segunda Guerra Mundial foi condecorado na República Tcheca com a mais alta honraria do país – a Ordem do Leão Branco.


Nicholas Winton, de 105 anos, tinha apenas 29 anos em 1939 quando conseguiu oito trens para levar 669 crianças – a maioria delas judias – da Tchecoslováquia quando eclodiu a Guerra. Elas foram conduzidas para a Inglaterra e para a Suécia, onde ficaram livres das ações dos nazistas.

Setenta e seis anos depois, o britânico participou de uma cerimônia no Castelo de Praga, onde recebeu o prêmio.  Em seu discurso, ele agradeceu aos britânicos que aceitaram receber as crianças em suas casas.

"Quero agradecer a todos vocês por essa tremenda expressão de agradecimento por algo que aconteceu comigo há quase 100 anos", disse Winton. "Fico muito contente que algumas das crianças ainda estejam aqui para me agradecer."

"Eu agradeço aos britânicos por dar uma casa para eles, por aceitá-los e, claro, a enorme ajuda dada por muitos tchecos que fizerem o que puderam para lutar contra os alemães e tentar tirar as crianças do país", finalizou.

'Sem medo'

A missão notável do homem apelidado de "Schindler britânico" veio à tona somente no final de 1980. Mas tudo começou em 1938, após a ocupação nazista da região dos Sudetos - nome usado para as áreas de pré-guerra na Tchecoslováquia.  Winton visitou campos de refugiados fora de Praga e decidiu ajudar as crianças a conseguirem licenças britânicas, da mesma forma como as crianças de outros países foram resgatadas no "kindertransport".

Na época, ele era um corretor de ações em Londres, e vinha de uma família judia alemã, então estava bem consciente da urgência da situação.

"Eu sabia do que estava acontecendo na Alemanha mais do que muita gente e, com certeza, mais do que os políticos", disse à BBC. "Nós tínhamos pessoas ficando conosco que eram refugiados da Alemanha naquela época. Alguns que sabiam que suas vidas estavam em perigo."

Mas ele ressaltou que não teve medo de ajudar. "Não houve nenhum medo pessoal envolvido."  Winton conseguiu lotar oito trens com crianças que saíram da Tchecoslováquia, antes da eclosão da Guerra. Mas um nono trem, o que estava ainda mais cheio – com 250 crianças – não conseguiu cruzar a fronteira antes do conflito tomar conta do país.

A atitude de Winton ficou 'oculta' por 50 anos – ele não contou a ninguém o que fez – até que sua mulher encontrou um livro de recordações e descobriu.  Quando questionado pela BBC sobre o que achava que tinha mudado daquela realidade de 70 anos atrás para a que vive hoje, o homem de 105 anos não foi muito otimista. "Acho que não aprendemos com os erros do passado", disse.  "O mundo hoje está em uma situação mais perigosa do que jamais esteve e considerando que agora temos armas de destruição em massa que podem acabar com qualquer conflito, nada está seguro mais."

Fonte: BBC Brasil

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terça-feira, 13 de janeiro de 2015

MUDANÇA DE QG DO BLOG HISTÓRIA MILITAR - CARLOS DARÓZ

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Depois de cinco anos muito produtivos, o nosso Blog deixa seu quartel-general no Recife e segue para Niterói, de onde continuaremos a divulgar e estimular o conhecimento da História Militar.  

Em função da viagem faremos um breve recesso no Blog e retornaremos com novidades a partir de fevereiro.

Um feliz 2015 para todos.

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domingo, 4 de janeiro de 2015

FORTE DE ÓBIDOS

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O Forte de Santo Antônio dos Pauxis de Óbidos localiza-se à margem esquerda do rio Amazonas, dominando o estreito de Óbidos, no estado do Pará.

A importância da posição estratégica de Óbidos, trecho onde o rio Amazonas possui sua menor largura foi determinado desde a expedição do Capitão-mor Pedro Teixeira (1637-1639), visto que, uma vez dominada, poderia impedir a entrada de navios inimigos no rio:

"O maior estreito, onde este rio recolhe [as] suas águas, é de pouco mais de um quarto de légua, na altura de 2º 40', lugar que, sem dúvida, destinou a Divina Providência, estreitando ali este dilatado mar doce, para que ali se construísse uma fortaleza para impedir a passagem a qualquer armada inimiga, por maiores forças que traga, entrando pela principal boca deste grande rio, porquanto, entrando pelo rio Negro, ali deveria ser posta a defesa."[i]


O estreito de Óbidos, trecho de menor largura do rio Amazonas. Pedro Teixeira já identificara sua importância estratégica

 

O Forte dos Pauxis


Erguido por determinação do Governador e Capitão-general do Estado do Maranhão, Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho, foi um dos quatro fortes (os outros foram o Forte do Paru de Almeirim, o Forte de São José da Barra do Rio Negro, e o Forte dos Tapajós de Santarém) erguidos pelo maranhense Capitão Francisco da Mota Falcão, às próprias custas, nos locais que lhe fossem indicados, em troca de receber o governo vitalício de uma delas.  Por motivo de falecimento deste empreiteiro, as obras foram concluídas por seu filho Manoel da Mota Sequeira em 1698, em taipa de pilão, artilhado com quatro peças de pequeno calibre e guarnecido por um destacamento. Foi denominado como Presídio dos Pauxis, nome da tribo indígena que habitava a área, descida pelos frades franciscanos da Piedade juntamente com indígenas do rio Trombetas para a sua construção, e para esse fim ali agora aldeados.

Recebeu a denominação de Forte de Óbidos quando a aldeia dos Pauxis foi elevada à categoria de vila com o nome de Óbidos, em 25 de março de 1758. Além de defesa estratégica, essa estrutura funcinou como um Registro, atendendo à fiscalização para cobrança dos dízimos da Coroa Real, das embarcações que percorriam o grande rio, de ou para a Capitania de Mato Grosso e Capitania de São José do Rio Negro.
Já em 1749, sob o comando do Capitão Balthazar Luiz Carneiro, necessitava de reparos mais sérios:

"(...) suposto tenha só a cortina da parte do mar arruinada e que só desta reedificação careça, e de emboço e reboco; contudo esta Fortaleza se acha edificada sobre uma alta ribanceira, a qual o tempo tem demolido, de sorte que dificilmente pode passar qualquer homem entre a beirada da dita ribanceira e a Fortaleza, e achando-se assim esta no princípio de cair nas primeiras invernadas, parece que seria mais acerto fazer-se a dita Fortaleza de novo, por se não pôr no perigo de perder-se o dispêndio, recuando-a para dentro, o que fosse necessário."[ii]

Na falta de recursos do Governo, o Capitão Ricardo Antônio da Silva Leitão, comandante da praça, procedeu-lhe reparos, louvados pelo governador e Capitão-general do Estado do Grão-Pará e Maranhão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado (1751-1759) àquele oficial por Ofício de 9 de março de 1753. Naquele momento, o forte contava apenas com três canhões, sete balas de artilharia, 2 arrobas e 18 libras de pólvora, 20 libras de chumbo, 46 libras de balas de mosquetaria, cinco baionetas, reduzindo-se o efetivo ao capitão comandante, um tenente, um sargento ajudante e seis praças.

Canhões do Forte de Óbidos apontados para o rio Amazonas

Em 1758, a aldeia dos Pauxis foi elevada à categoria de vila com o nome de Óbidos. A fortificação encontrava-se em mau estado de conservação, por notícias anteriores do Mestre de Campo José Miguel Aires, e posteriores, de Henrique José de Vasconcelos.

Anos mais tarde, o efetivo estava reduzido a um soldado e a um sargento, sendo que, à falta de soldados, a esposa deste já havia dado guarda mais de uma vez.[iii]

Em 1784 a fortificação constituía-se em um pequeno quadrado de muralhas, os ângulos reentrantes e dois meio-baluartes.


O forte imperial


Apesar de recomendações para a sua reconstrução durante o período colonial (1749-1784), desabada a cortina pelo lado do rio, apenas no Segundo Império é que a praça foi recuperada, com a elevação da vila a cidade, em 2 de outubro de 1854. Nesse ano, o governo imperial iniciou a reconstrução, sob a orientação do Major de Engenharia Marcos Pereira de Salles, na forma de um reduto semicircular com parapeitos à barbeta, artilhado com dez peças de diferentes calibres, entre as quais quatro canhões Armstrong.

No Relatório do Ministério da Guerra de 1858, o Brigadeiro Jerônimo Francisco Coelho informava terem se despendido nas obras, até à data, 72 000$000 réis, sendo necessário gastar ainda mais:
·                     12:000$000 réis em obras de arremate;
·                     68:000$000 réis para erguer uma bateria complementar, ao lume d'água;
·                     21:000$000 réis para novas baterias, no sopé da serra da Escama, a cavaleiro, e de uma Capela;
·                     88:000$000 para a fortificação da margem oposta do estreito de Óbidos

Em 1860, a fortificação foi visitada em passagem pelo Tenente-Coronel Hilário Maximiniano Antunes Gurjão, herói da batalha de Itororó, que acompanhava o então presidente da Província.

Canhões coloniais com seus projéteis preservados diante do Forte de Óbidos

O incidente com os navios a vapor peruanos "Morona" e "Pastazza" (1862), que desobedecendo ordens de Belém, forçaram a sua passagem em frente a Óbidos, recebendo o primeiro apenas um tiro inofensivo no costado, demonstrou a fragilidade da fortificação, bem como a necessidade dessas obras complementares de defesa, para as quais o Ministro da Guerra, Ângelo Moniz da Silva Ferraz, chamava a atenção em 1866.  O padre Francisco Bernardino de Souza, referindo-se ao discurso de um deputado amazonense, cita:


"Construiu-se há pouco tempo um fortim na raiz da serra; esse fortim parece mais um brinquedo de criança do que um complemento de fortificação; monta três peças sem ter o necessário espaço para o seu recuo, nem para conter as respectivas guarnições."[iv]


Em 1868, sendo titular da pasta da Guerra João Lustosa da Cunha Paranaguá, foram procedidas obras como: a construção de uma plataforma corrida em cantaria de Lisboa, arrecadação (armazém) de armamento e quartel, ficando fechada por duas cortinas, uma a Leste e outra a Oeste, e protegida pela margem do rio. Montaram esses reparos a 13:000$000 réis. Pequenos reparos foram procedidos em 1875, e em 1889, quando se encontrava classificada como fortificação de 2ª Ordem.[v]


O forte na República


O forte sofreu novas intervenções de reparos em 1909 e 1911. No auge da Questão do Acre (1902-1903) foi guarnecido com um contingente de ocupação. De 1902 a 1911 uma nova estrutura foi levantada, na serra da Escama, para complemento da sua defesa (Forte Gurjão). À época da 1ª Guerra Mundial, este conjunto defensivo estava guarnecido pelo 4º Batalhão de Artilharia (1915), tendo caído nas mãos dos revolucionários tenentistas de 1924, no Amazonas. A partir de 1930, ambos os fortes foram desarmados, permanecendo o quartel guarnecido por um destacamento da 8ª Região Militar.

Canhão Vickers-Armstrong de 152,4mm rodeado pela floresta no Forte Gurjão

Durante a 2ª Guerra Mundial, foi ocupado sucessivamente por uma bateria de Artilharia e por uma Companhia de Infantaria. Com o fim do conflito, o forte ficou guarnecido por um pequeno contingente militar, tendo ali funcionado uma estação de rádio do Exército Brasileiro, de grande utilidade para a população. Em 1967 tudo foi retirado, tendo a Prefeitura de Óbidos se esforçado para manter o acervo material que restou.[vi]

A partir de 2012, o Forte de Óbidos teve iniciadas obras de restauração, no contexto do Programa de Aceleração do Crescimento das Cidades Históricas, patrocinado pelo Ministério da Cultura.  As obras ainda estão em andamento. Atualmente o Forte de Óbidos está aberto ao público no centro histórico da cidade, bem como as ruínas do Forte Gurjão. 

Fonte: adaptado da Wikipedia







[i] ACUÑA, Cristóvão d'. Novo descobrimento do grande rio das Amazonas. 1641. RIHGB. Rio de Janeiro: Tomo XXVIII, Vol. XXX, Parte I, 2º Trim/1865. p. 187.
[ii] Relatório do Capitão de Ordenanças José Miguel Ayres acerca do estado das fortificações mantidas ao longo do Amazonas datado de 4 de janeiro de 1749
[iii] D. frei João de São José. Viagem e Visita do Sertão em o Bispado do Grão Pará em 1762 e 1763.
[iv] SOUZA, Pe. Francisco Bernardino de (Relator). Comissão do Madeira (3ª parte). 1874. apud: op. cit., p. 66
[v] GARRIDO, Carlos Miguez. Fortificações do Brasil. Separata do Vol. III dos Subsídios para a História Marítima do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Naval, 1940, p.19-20.
[vi] OLIVEIRA, José Lopes de (Cel.). "Fortificações da Amazônia". in: ROCQUE, Carlos (org.). Grande Enciclopédia da Amazônia (6 v.). Belém do Pará, Amazônia Editora Ltda, 1968, p.745.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

IMAGEM DO DIA - 02/01/2014

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O kaiser Guilherme II vestindo uniforme de marechal do Império Otomano por ocasião de sua visita a Constantinopla e a Galipoli, em outubro de 1917.


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sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

GUERRA FRANCO-PRUSSIANA: MOLTKE E O PENSAMENTO MILITAR




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A Guerra Franco-Prussiana remodelou a Europa e preparou o caminho para a 1ª Guerra Mundial. Desenrolou-se de 19 de Julho de 1870 a 10 de Maio de 1871, tendo como adversários o Império Francês e o Reino da Prússia. O conflito marcou o clímax das tensões entre as duas potências após o crescente domínio da Prússia sobre a Alemanha, na época ainda uma federação de territórios quase que independentes.

Esta guerra sinalizou o crescente poderio militar e o imperialismo da Alemanha. Foi provocada por Otto von Bismarck, o chanceler prussiano, como parte do seu plano de criar um Império Germânico unificado. No campo militar, o papel de Helmuth von Moltke foi da maior importância, na preparação e condução da guerra com o trabalho de estado maior

A Guerra Franco-Prussiana foi o principal conflito armado da Europa no final do século XIX, teve como objetivo maior a unificação alemã, e segundo algumas interpretações de analistas, ela somente foi prolongada além do necessário, com o objetivo de propiciar o tempo para que alguns dos pequenos estados alemães se unissem em torno da Prússia contra um inimigo comum.

O conflito foi, de certa forma, a última guerra napoleônica, em relação à tática, e a primeira guerra industrial, em relação aos recursos logísticos e tecnologia. Este panorama se evidencia, primeiramente, pelo uso de novas, mas também das tradicionais táticas pela infantaria e artilharia, pelo papel secundário da cavalaria nos combates (que deveria ser repensado diante do novo tipo de guerra). Em segundo lugar, pela introdução do fuzil de retrocarga, das metralhadoras, canhões pesados de retrocarga e alma raiada, transporte maciço de tropas por ferrovias, comunicações por telégrafos, navios blindados à vapor, dentre outras inovações.

Helmuth von Moltke

No conflito surgem como grandes personagens, o chanceler Bismarck e o General Helmuth von Moltke, que comandou o exército prussiano na vitória contra os franceses, mas permaneceu como chefe do Estado-Maior durante 30 anos. Para ele, as guerras possuíam um fator fundamental que era sua capacidade de mobilização nacional, e não suas manobras no terreno. Ele não acreditava que houvesse um conjunto rígido de regras que poderiam ser seguidas pelos estrategistas, dessa forma, a estratégia era uma arte e seria fundamental saber agir sob pressão nas condições presentes. Moltke ainda afirmava que para se conquistar a vitória, era imprescindível ter capacidade de colocar um exército armado superior ao do inimigo, antecipar-se ao seu desdobramento e envolvê-lo pelos flancos, visando a sua retaguarda.

Moltke instituiu a função principal do Estado-Maior através da coordenação e apoio logístico, que exigiria oficiais altamente habilitados e treinados para a exploração das novas técnicas e das ferrovias, tendo poderes para realizar interferências diretamente sobre os comandantes nas batalhas. Ele implementou novas medidas como o sistema de “diretivas gerais” no lugar da rigidez das “ordens de operação”, garantindo liberdade de ação aos subordinados e a dispersão dos exércitos durante os deslocamentos, para somente se agruparem na hora do combate, aumentando a rapidez destes deslocamentos.

Estes conceitos e ideias de Moltke foram colocados em prática na Guerra Franco-Prussiana e, somados a ação efetiva do Estado-Maior, propiciaram a vitória do Exército Prussiano. Através de esmerada organização e planejamento, houve a mobilização rapidamente de quase 400 mil homens do Exército Alemão para os lugares dos combates. Havia uma superioridade numérica das tropas, mas também superioridade logística e da artilharia quanto a sua organização e mobilidade.


Tropas francesas sob fogo da artilharia prussiana


Durante a Batalha de Wörth, por exemplo, o Exército Alemão envolveu e derrotou o flanco direito francês, porém com muitas baixas. Já nas batalhas sangrentas de Vionville e Gravelotte, não houve vencedores, e após a reorganização do exército por Moltke, abandonando a tripartição e dividindo o exército alemão em dois grupos iguais, ocorreu a vitória esmagadora e decisiva na batalha de Sedan, onde as tropas francesas foram cercadas na fronteira belga pelo fogo cerrado da artilharia, e pelo ataque das tropas de infantaria e cavalaria alemãs.

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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

IMAGEM DO DIA - 04/11/2014

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O USS Holland, aqui fotografado em 1900, foi o primeiro submarino comissionado na Marinha dos EUA


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domingo, 30 de novembro de 2014

PENSAMENTO MILITAR

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"Se existe uma coisa que aprendi durante meus longos anos de experiência é que, se quiséssemos resolver corretamente os problemas do presente e fazer o esboço de um rumo seguro para o futuro, deveríamos estudar, pesar e entender as muitas lições das quais a História é o grande - certamente o único – mestre competente. Como Cícero disse 80 anos antes do nascimento de Cristo: 'Não saber o que aconteceu antes do seu nascimento é ser para sempre criança'”.

(General Douglas MacArthur)