"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



segunda-feira, 29 de setembro de 2014

REINAUGURAÇÃO DO MONUMENTO AOS PERNAMBUCANOS QUE MORRERAM NA 2ª GUERRA MUNDIAL

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Por Francisco Miranda

Pernambuco sempre se orgulhou de seu passado de lutas. Não por acaso, a célula inicial dos preceitos pátrios de nosso País tem sua origem nas “terras dos altos coqueiros”, com expulsão dos flamengos nas memoráveis Batalhas dos Guararapes de 1648. Este mesmo ímpeto de luta e senso de justiça social retorna nas revoluções de 1817 e 1824, com objetivos de formar uma nova nação, um novo País, sendo um dos primeiros movimentos separatista a declarar independência do Império que se formava. Esse é o povo pernambucano, sempre disposto a lutar por sua terra e defender sua gente.

Em 1943, quando na formação da Força Expedicionária Brasileira, divisão militar que iria ser enviada para o Teatro de Guerra, nosso Estado contribuiu com 681 militares pernambucanos compondo a Divisão do General Mascarenhas de Morais. E eles lutaram bravamente. Infelizmente 13 perecerem em combate ou em decorrência da guerra.

Infelizmente, assim como todos os outros soldados da Força Expedicionária Brasileira, o esquecimento foi o flagelo que a política impôs a geração que lutou na Itália. Os 13 pernambucanos mortos na Itália, não teriam seus nomes assemelhados aos nomes como Felipe Camarão, Fernandes Vieira ou Frei Caneca, seus nomes estavam destinados ao esquecimento, estavam…

O veterano Alberides, presidente da ANVFEB-PE descerra a placa e reinaugura o monumento


No meio do mar do esquecimento eis que surge uma lâmpada de esperança para o Brasil. Desde 2010 a Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira (ANVFEB-PE) vem estruturando um projeto de reforma e destaque do único memorial para os pernambucanos que morreram na campanha da Itália. Esse monumento foi inaugurado em 1971 no Parque 13 de maio, no centro do Recife, na gestão do Prefeito Geraldo Magalhães. Década depois, não havia qualquer referência ao monumento, anos de abandono e descaso. As placas que foram afixadas por ocasião da inauguração inexistem, e ninguém da administração pública sabia informar do que se tratava. Realizamos um projeto de resgate histórico e, com o apoio irrestrito do Comando Militar do Nordeste, a Prefeitura do Recife entrou no processo de restruturação do monumento.

Hoje, 27 de setembro de 2014, os mesmos veteranos que participaram da inauguração em 1971, puderam presenciar em vida a lembrança dos companheiros que tombaram na guerra que insistimos em esquecer.

Que outros 27 de setembro cheguem para iluminar nosso povo e nossa passado, para um futuro que possa sempre valorizar as gerações que viveram e morreram por nossa terra.




Fonte: Blog do Chico Miranda

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domingo, 21 de setembro de 2014

A CRIAÇÃO DO DISTINTIVO DA FEB - A COBRA FUMANDO

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Existem muitas versões e controvérsias a respeito da criação do distintivo da Força Expedicionária Brasileira (FEB), a tradicional "cobra fumando".  

Como a controvérsia é inerente à História e esta é uma ciência que se baseia em fontes, deixo registrado aqui o relato do próprio comandante da FEB, o Marechal João Baptista Mascarenhas de Moraes, extraído de seu livro de memórias.

(MORAES, João Baptista Mascarenhas. Memórias. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército / Livraria José Olympio Editora, 1969, v.1, p.189).

"Quando de sua visita à linha de frente, o General Dutra, observando que as divisões americanas usavam um distintivo de braço que as diferençava, sugeriu que a tropa brasileira também adotasse aquele sistema.  Surgiu, assim, a ideia de se representar em desenho a frase 'A cobra está fumando', motivo originário da tropa, já conhecido na gíria militar.  Incumbi, então, o Tenente-coronel Aguinaldo José Sena Campos, chefe da 4ª Seção do Estado-Maior da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, de traduzi-la em desenho sob a forma de distintivo.

Aprovado por mim o projeto, foi ele apresentado ao General Mark Clark, comandante do V Exército, também interessado em que a tropa brasileira tivesse seu distintivo, tendo-o julgado bem escolhido, por já ser de seu conhecimento a expressão popular brasileira, que dessa forma se incorporava indelevelmente à vida da FEB.  Posteriormente, o ministro da Guerra confirmou esse meu ato."


Meu avô, 1º tenente Pefani Daróz, ostentando o distintivo da FEB na Itália


Com o novo distintivo, os soldados da FEB representaram muito bem o valor do soldado brasileiro e a cobra efetivamente fumou na Itália.


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REINAUGURAÇÃO DO MONUMENTO DOS MORTOS DA 2ª GUERRA MUNDIAL NO RECIFE

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Para você que mora em Pernambuco, Paraíba e arredores, venha homenagear nossa Força Expedicionária Brasileira.


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terça-feira, 16 de setembro de 2014

BIBLIOTECA NACIONAL INAUGURA EXPOSIÇÃO SOBRE A 1ª GUERRA MUNDIAL

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Com o início oficial em 1914, a I Guerra Mundial completa 100 anos. Para relembrar este episódio que moldou o mundo que hoje vivemos, a Biblioteca Nacional realiza uma mostra, com itens de seu acervo, dividida em sete módulos:
  • Notícias dos principais fatos da guerra;
  • Guerra global;
  • Tecnologia e inovação;
  • Cartografia;
  • Participação brasileira;
  • Literatura e artes em torno da guerra;
  • O cotidiano da guerra.
Os módulos percorrem desde o assassinato de Francisco Ferdinando, arquiduque da Áustria, até a assinatura do Tratado de Paz. Estão expostos periódicos da época, caricaturas, ilustrações, mapas, atlas, documentos sobre o envolvimento do Brasil no conflito e livros de arte e literatura.

A exposição foi aberta ao público dia 16 de setembro a partir das 9h.

Local: Biblioteca Nacional – Av. Rio Branco 219 – Centro – Rio de Janeiro
Funcionamento: De segunda a sexta das 9h às 20h, sábados das 9h as 15h.
 
Entrada Franca.


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domingo, 14 de setembro de 2014

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

DOIS FORTES DE SALVADOR VÃO VIRAR MUSEUS

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O prefeito ACM Neto e o comandante da 6ª Região Militar do Exército, general Artur Costa Moura, assinaram ontem, o termo de cessão de uso dos fortes de Santa Maria e de São Diogo, localizados na Barra, pela Prefeitura do Salvador.

Além da preservação do patrimônio histórico com a reforma das construções, a ação possibilitará ainda a instalação de dois equipamentos de lazer: os museus em homenagem ao pintor argentino Carybé (São Diogo) e ao fotógrafo francês Pierre Verger, que viveram na capital baiana por muitos anos e ajudaram a retratar e divulgar a cidade para o mundo.

De acordo com general Costa Moura, a ação do município vai de encontro à política cultural do Exército brasileiro. "Preservar a história, o passado, é dever de todos nós. Esta ação da Prefeitura vai possibilitar o resgate dos fortes e a oportunidade de as pessoas conhecerem a história do Brasil e a história militar. É uma satisfação muito grande do Exército brasileiro em estabelecer essa parceria".

Para o prefeito ACM Neto, este é um momento especial, principalmente pelo país estar celebrando a Semana da Pátria: "Já temos as parcerias da Aeronáutica, com a construção da praça em Ondina, e da Marinha, no apoio aos festejos do Réveillon e da negociação que estamos tendo para cessão do Forte Santo Antônio (Farol da Barra), e agora vem esta ação com o Exército. A região da Barra agora passou a ser bastante especial com o crescente interesse da população em voltar a frequentar o local e, desde a construção do projeto de requalificação da orla, já considerávamos também a manutenção do conteúdo histórico e cultural da região", afirmou.

O prefeito também destacou que os editais para reforma dos equipamentos devem ser lançados agora em setembro, com obras a serem iniciadas em janeiro e abertura para visitação em junho de 2015.

Também no próximo ano, deverão ser assinados os termos de cessão do Forte São Marcelo, em parceria com o Iphan, e do Forte de Monte Serrat, também administrado pelo Exército.  A intenção da Prefeitura é montar o Roteiro dos Fortes, tendo os principais equipamentos da cidade recuperados e abertos à visitação tanto dos soteropolitanos quanto dos visitantes.

Também estiveram presentes na cerimônia o secretário de Desenvolvimento, Turismo e Cultura, Guilherme Bellintani, e o superintendente substituto do Iphan na Bahia, Bruno Tavares, dentre outras autoridades.

Fonte: Tribuna da Bahia 


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segunda-feira, 8 de setembro de 2014

HÁ CEM ANOS TÁXIS PARISIENSES AJUDARAM OS FRANCESES A DEFENDER A CIDADE-LUZ

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Numa manobra improvável, há cem anos, um general francês requisitou os táxis de Paris para levar soldados ao front. A ação salvou a cidade de uma invasão na Primeira Guerra

Por Wilson Machado
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Uma frota de centenas de táxis requisitados por soldados armados nas ruas de Paris – quase todos os veículos de aluguel da cidade – começou a se acumular no Boulevard des Invalides às 22h de 6 de setembro de 1914, para alarme dos parisienses. “Táxis em uma hora daquelas?”, perguntavam alguns habitantes da cidade enquanto se preparavam para deixá-la, temendo uma invasão alemã na Primeira Guerra. Os carros, porém, eram preparados para seguir na direção inversa. Iriam ao front, revitalizar a defesa francesa com 6 mil militares, tentar deter os invasores a 60 km da capital e salvar a França. “Pelo menos não é um lugar comum”, disse, divertido, o autor da ideia, o governador militar de Paris, general Joseph Gallieni. Não foi só questão de originalidade: a vitória francesa na Primeira Batalha do Marne marcou a virada do conflito e ajudou a prolongá-lo até a derrota alemã em 1918, colocando o motor a explosão no centro da arte da guerra.

Em setembro de 1914, a Alemanha estava a ponto de vencer a França com o Plano Schlieffen, uma estratégia de 1905. O objetivo era resolver um pesadelo que assombrava os alemães desde o século XIX: enfrentar uma guerra em duas frentes, na França e na Rússia. Chefe do Estado-Maior alemão no início do século XX, Alfred von Schlieffen calculara que os russos levariam seis semanas para mobilizar as tropas. Planejara derrotar nesse tempo os franceses.

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Os alemães entrariam pelo nordeste francês, conduziriam 90% de seus homens rumo ao sul, fariam uma curva e surpreenderiam pela retaguarda a parte do exército da França que seguia para a Alsácia e Lorena.

O avanço alemão foi rápido, derrotando os belgas e empurrando britânicos e franceses para dentro da França. Os alemães chegaram aos arredores de Paris, no que parecia uma repetição de conflitos europeus anteriores, resolvidos rapidamente. O 5º e o 6º Exércitos da França, além da Força Expedicionária Britânica, depois de empreender um recuo de dez dias, basearam-se no sul do Rio Marne. O governo francês deixou Paris, junto com 100 mil pessoas.


Soldados franceses embarcando em um táxi

A cidade preparou-se para o cerco e provável rendição. “Nossa intenção é forçar os franceses na direção sudeste, a partir de Paris. O 1º Exército será responsável pela proteção de flanco”, determinou o Comando Supremo alemão em mensagem às tropas em território francês.

O general Alexander von Kluck, que comandava o 1º Exército alemão, porém, considerava a manobra difícil e arriscada. Para a efetiva proteção do flanco da tropa e garantir as comunicações com o 2º Exército, comandado pelo general Karl von Bulow, von Kluck avaliava ser preciso ter, pelo menos, quatro divisões na ala direita alemã – o que não havia.

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Pagos pela corrida
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Foi essa a chance que Gallieni – um improvável candidato a herói – agarrou. Aos 65 anos, ele nem deveria estar ali. Passara à reserva em abril de 1914 e foi reconvocado em agosto, depois que a guerra eclodiu. Idoso, com bigodes grossos, espetados e brancos, óculos metálicos redondos e conhecido pela falta de elegância, circulava com o uniforme largo desabotoado.

Naquele setembro de 1914, parecia destinado ao papel de general da humilhação, o comandante que entregaria Paris aos invasores. O reconhecimento aéreo, feito por pioneiros biplanos, convenceu Gallieni que poderia atacar as tropas alemãs pelo mal protegido flanco e deter seu avanço. O general tentou convencer os britânicos da viabilidade da manobra, mas ninguém queria levar a sério o “comediante”, como alguns o chamavam. Mesmo o comandante-chefe do Exército francês, general Joseph-Cesáire Joffre, já avaliava a retirada para o sul, deixando Paris quase sem defesa. Um telefonema do governador ao chefe o convenceu a contra-atacar. “Mon coup de téléphone” (meu golpe de telefone), diria, mais tarde, Gallieni.

A contraofensiva foi convencional, ainda sem os táxis. Cento e cinquenta mil homens, sob comando do general Michel-Joseph Maunoury, atacaram o flanco direito das tropas alemãs, em 6 de setembro, e abriram uma brecha nas linhas do inimigo. No corredor criado entre o 1º e o 2º Exércitos alemães, penetrou a Força Expedicionária Britânica. O 5º Exército da França atacou o 2º Exército alemão. A manobra francesa parecia prestes a dar certo, quando reforços alemães, recém-chegados, ameaçaram fazer os alemães triunfar sobre Maunoury. Os franceses tinham tropas de reserva, mas o sistema ferroviário estava desmantelado, e não haveria tempo de marcharem até o front. Aparentemente, tudo acabara.

Não para Gallieni. O velho general, em seu quartel no Boulevard des Invalides, por volta de 20h de 6 de setembro, lembrou-se da frota de táxis que mandara reservar para a eventualidade de uma retirada. Por que não usá-la para levar soldados ao front em vez de fugir dele? Ordenou então que todos os táxis em circulação fossem requisitados – os números variam de 600 a 3 mil. Militares foram para as ruas, pararam os veículos onde passavam, solicitaram aos passageiros que descessem e ordenaram que fossem para o Invalides. Antes, explicaram que as corridas seriam pagas.

Táxi Renault G7 preservado no Musée de l'armée, em Paris


Duas horas depois, o Boulevard des Invalides estava lotado de táxis. O primeiro comboio foi para Tremblay-Les-Gonesse, pequena cidade próxima. Na manhã seguinte, mais carros foram para Gagny. Ao longo do dia 7, os veículos se agruparam em outros pontos e, à noite, sob comando do próprio Gallieni, rumaram em grupos para o front – em alta (para a época) velocidade – e cobrando pelo taxímetro. Chegaram na madrugada do dia 8 ao ponto onde as tropas alemães ameaçavam retomar o seu avanço. A batalha teve 250 mil baixas da França, cerca do mesmo número entre os alemães e mais de 12 mil entre os britânicos. Em 9 de setembro, os alemães iniciaram a retirada.

Joffre saudou a vitória em telegrama ao Ministério da Guerra: “Em toda parte o inimigo recua. Os alemães estão abandonando prisioneiros, feridos e material”. Na mensagem, não havia uma palavra sobre os “Táxis do Marne” ou sobre Gallieni. Os motoristas voltaram a Paris e receberam pela corrida.


Fonte: Aventuras na História
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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

COLÉGIO MILITAR DO RECIFE PROMOVE ENCONTRO COM OS VETERANOS DA FEB

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Dando continuidade às comemorações dos 70 anos do término da 2ª Guerra Mundial, o Colégio Militar do Recife (CMR), em parceria com a Associação Nacional dos Veteranos da FEB - Seção Pernambuco, realizou dois encontros dos veteranos da Força Expedicionária Brasileira com seu efetivo profissional e seus alunos.

Estiveram presentes ao evento os Veteranos Rigoberto, Alberides, Souza e Otaviano.

Cada encontro foi estruturado em três etapas: palestra ministrada pelo pesquisador Francisco Miranda, conversa com os Veteranos e exposição de material.

Nas duas jornadas memoráveis, os integrantes do CMR tiveram a oportunidade de interagir com os verdadeiros heróis de nosso país e conhecer o contexto histórico que envolveu a participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial.

Acima de tudo, uma intensa transmissão de valores e amor à Pátria. 

A seguir, algumas imagens dos encontros. 

 O pesquisador Francisco Miranda ministrando a palestra



Veterano Capitão Souza falando sobre sua experiência em combate no Monte Castelo



Alunos do CMR interagindo com os Veteranos da FEB



Veterano Alberides com o Coronel De Souza, Comandante do CMR, na exposição de material



O editor do Blog História Militar com os Veteranos Rigoberto e capitão Souza



Os alunos do CMR abraçam os veteranos da FEB




A cobra continua fumando!


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domingo, 31 de agosto de 2014

O FIM DO IMPÉRIO ASSÍRIO

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A casa era a cara do dono. Escavadas nas paredes de pedra, cenas de tirar o fôlego: armadas com couraças, elmos, escudos côncavos, lanças e arcos, as tropas reais encurralam os inimigos e os empurram para um rio. Homens e cavalos, crivados de flechas, afogam-se na correnteza. Em triunfo, um soldado passeia pelo campo de batalha exibindo a cabeça de um rei adversário. Sim, tais cenas de terror faziam parte da decoração do palácio de Assurbanipal (668-631 a.C.), o temido e cruel soberano da Assíria. O emblemático painel, no entanto, tem dois significados históricos. Representa, ao mesmo tempo, a vitória de Assurbanipal sobre reino do Elan em 650 a.C. – e o começo do fim da Assíria. Com o conflito contra os seus mais antigos vizinhos, os assírios incendiaram a velha rixa com os aliados dos elamitas, os babilônicos, e ainda deixaram suas fronteiras expostas aos bárbaros que habitavam o atual Irã. A região virou um barril de pólvora. E o início da guerra total foi uma questão de tempo. O embate com a Babilônia, apoiada pelas tribos iranianas, pôs um ponto final na história do primeiro grande império da humanidade.

Sem dúvida, a habilidade militar foi tanto a força quanto a fraqueza da Assíria. Desde o ano 1200 a.C., o reino de Assurbanipal brigou pelo domínio da Mesopotâmia, hoje Iraque, com a vizinha Babilônia. Entre os assírios, a guerra era um dos principais deveres do soberano. “Havia uma tradição anual de campanhas militares, programadas para afirmar a autoridade assíria e prevenir ataques nas fronteiras. Os reis, ao subirem ao trono, faziam um juramento de estender os domínios do deus Assur, que dava nome à capital”, escreveu o arqueólogo inglês John Curtis, curador de antiguidades da Mesopotâmia e do Irã no Museu Britânico, em Londres. Segundo Curtis, ao longo do século 9 a.C., a autoridade assíria começou a se estender além das fronteiras próximas aos vales dos rios Tigre e Eufrates e começou a alcançar as regiões montanhosas próximas ao Irã, e partes da Síria, da Palestina e da Turquia. Por trás do sucesso das conquistas territoriais, aconteceu a organização do exército. “É um tema que tem gerado debates, mas uma coisa certa é que eles desenvolveram um exército regular”, diz o historiador John Brinkman, da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos. “Antes os camponeses tinham de ser recrutados periodicamente para lutar e, depois, desmobilizados. Agora, no entanto, o exército funcionava o ano todo e tinha se profissionalizado.”


Rei assírio Assurbanipal

A dimensão do poder de fogo das tropas assírias ganha realidade nas esculturas e baixos-relevos da época. Usando capacete cônico de ferro e colete coberto de escamas metálicas, os arqueiros do rei de Assur jogavam uma chuva de flechas sobre as cidades inimigas, enquanto eram protegidos por outros soldados, carregando grandes escudos de madeira. Parte dos guerreiros especializava-se em cortar os suprimentos de água do inimigo ou, com a ajuda de armaduras pesadas e a cobertura dos arqueiros, abria buracos nas muralhas de proteção dos reinos inimigos. Os assírios contavam até com “tanques” de guerra, veículos cobertos com pesado couro e equipados com aríete que arrebentava os portões das cidades atacadas. Em tempos de alta tecnologia de guerra, não é fácil imaginar o poder de fogo desses rudimentares equipamentos. Mas era essa parafernália que fazia a fama dos reis da Assíria, temidos por todo o Oriente Médio.


A formação do império

Temidos fora de casa, ameaçados internamente. A partir de 827 a.C., os nobres se rebelaram, seguindo-se um longo período em que os soberanos perderam a autoridade. A situação só mudou com a chegada de Tiglat-Falasar III ao trono, em 741 a.C. Ele pode ser considerado o pai do Império Assírio: esmagou os revoltosos e não se contentou em só arrancar tributos dos vencidos, mas impôs governadores nomeados e anexou as terras conquistadas aos seus domínios, fazendo nascer, assim, a noção de império como conhecemos hoje. Os reis que vieram depois dele – Sargão II, Senaqueribe e Assaradon – deram continuidade à política expansionista. No caminho dos vorazes reis assírios, no entanto, estavam as tribos caldéias, no sul da Mesopotâmia. Na tentativa de arrebanhar o poder na Babilônia, eles se aliaram aos elamitas para frear a ambição assíria. Originalmente os caldeus eram nômades do deserto da Arábia. Séculos antes, fixaram-se nas cidades, tornando-se poderosos comerciantes.


Expansão do Império Assírio


Ao longo do século VII a.C., os caldeus conseguiram estabelecer forte pressão contra os assírios. Contando com a aliança dos elamitas, os caldeus procuraram pôr fim ao domínio assírio naquela região. Os caldeus, apoiados pelos elamitas, chegaram a assassinar o herdeiro do rei Senaqueribe, que tinha sido nomeado governador da Babilônia. Em represália, o monarca mandou destruir a cidade. Durante o reinado de Assurbanipal, os elamitas ajudaram novamente os babilônicos, liderados pelos caldeus, a se rebelar. Mas acabaram aniquilados pelos assírios. A vitória, no entanto, assinou a sentença de morte do grande império. “Parece haver um consenso entre os estudiosos de que, quando os assírios destruíram o Elam, removeram um estado-tampão importante que os protegia dos iranianos”, diz Brinkman. Na época, os habitantes da região onde hoje está fincado o Irã viviam sob o domínio dos ferozes medos, povo de origem iraniana, que contava com poderosos exércitos. Aliando-se aos babilônicos, os medos conseguiram dar fim à hegemonia do Império Assírio. Em 612 a.C., depois da captura da cidade de Assur, medos e caldeus atacaram juntos Nínive, a capital do império, e a arrasaram em três grandes batalhas. O profeta judeu Naum, cujo povo também tinha sofrido a pressão assíria, comemorou a derrota com versos presentes na Bíblia: “Todos os que ouvem tua história [a de Nínive] batem palmas ao ouvi-la; pois sobre quem tua crueldade não passou continuamente?”. Os herdeiros do império, agora, eram os babilônicos.



O mundo sem os assírios

A decadência do Império Assírio é um somatório de acontecimentos: guerra civil, campanhas militares internas para manter os domínios e, principalmente, a guerra contra os medos, os líderes das tribos iranianas. Acostumados à vida nômade, eles tinham a vantagem de uma liderança fortemente centralizada e de um exército simples, mas eficaz, composto por lanceiros e arqueiros. Quando a cidade de Assur foi destruída, o rei dos medos, Ciaxares, jurou amizade e aliança ao chefe caldeu sobre as ruínas da cidade. Tal acordo dividiria o mundo antigo entre os dois povos. O rei Nabopolassar e seu filho, Nabucodonosor, ficaram com o sudeste: Mesopotâmia, Síria, Palestina. Já os medos se expandiram por todo o Irã, pelas montanhas do Cáucaso e por parte da atual Turquia. Mais tarde os persas, vassalos dos medos, herdaram o império e o expandiram sob o comando do rei Ciro, o Grande.



Fonte: Aventuras na História
 
 
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domingo, 24 de agosto de 2014

EXPOSIÇÃO COM IMAGENS INÉDITAS DA REVOLUÇÃO DE 1932

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Imagens fazem parte do precioso acervo do Instituto Moreira Salles e retratam cenas desse importante episódio da história de São Paulo e seus desdobramentos na cidade de Itapira. As fotos pertenceram à Candida de Campos Teixeira, presidente da Federação Paulista dos Voluntários de Itapira e foram doadas ao IMS sendo tratadas e digitalizadas. Agora, numa parceria do Núcleo MMDC de Itapira e o Instituto Moreira Salles, parte desse rico acervo estará à disposição do público à partir deste sábado 23/08 até 02/10/2014.

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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

MUSEU AEROESPACIAL RECEBE SEA KING

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O SH-3 Sea King foi utilizado pela Marinha do Brasil em seus porta-aviões Minas Gerais e São Paulo


O Museu Aeroespacial, localizado no Rio de Janeiro, recebeu da Marinha do Brasil, em agosto, um helicóptero SH-3 Sea King. A aeronave irá passar por um período de preparo e em breve estará em exposição.
 
A Marinha do Brasil recebeu seus primeiros Sea King em 1970 e com essas aeronaves cumpriu missões de busca e combate contra submarinos e navios. Desenvolvido pela empresa americana Sikorsky, o Sea King era equipado com radar e sonar, além de ser armado com torpedos e com o míssil anti-navio AM-39 Exocet. A frota de 16 aeronaves operou a bordo dos porta-aviões A-11 Minas Gerais e A-12 São Paulo.

O SH-3D Sea King foi utilizado pela Marinha do Brasil entre 1970 e 2012 


Em 2012, a Marinha recebeu novos helicópteros MH-16 Sea Hawk para substituir os SH-3 Sea King.


Musal
 
O Museu Aeroespacial está localizado na Avenida Marechal Fontenelle, 2000, Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro. Com entrada franca, está aberto das 9h às 15h de terça a sexta-feira. Aos sábados, domingos e feriados está aberto das 9h30 às 16 horas. 

O Sea King chegando ao hangar do MUSAL

 
Mais informações no site www.musal.aer.mil.br
 
Fonte: Portal FAB


terça-feira, 19 de agosto de 2014

LOCALIZADO NO FUNDO DO MAR DE JAVA O CRUZADOR USS HOUSTON

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Mergulhadores da Marinha dos EUA concluíram na última segunda-feira, que o navio naufragado no sudeste da Ásia e recentemente localizado é o cruzador pesado USS Houston (CA-30), afundado pelos japoneses durante a 2ª Guerra Mundial, que serve como o túmulo para cerca de 700 marinheiros e fuzileiros navais.

O Houston, apelidado de “The Galloping Ghost of the Java Coast”, afundou no Mar de Java durante a Batalha do Estreito de Sunda em 28 de fevereiro de 1942. O navio transportava 1.068 tripulantes, mas apenas 291 marinheiros e fuzileiros navais sobreviveram ao ataque, se tornando prisioneiros de guerra.

O presidente Franklin Roosevelt a bordo do USS Houston em 1938


A sobrevivência desses homens foi uma surpresa chocante, embora bem-vinda, em agosto de 1945, quando a guerra na Ásia terminou com a rendição dos japoneses.  Em um artigo publicado no Los Angeles Times, sob o título “Os homens de USS Houston retornam da morte”, um oficial disse que cinco homens haviam escapado de um campo de prisioneiros de guerra na Tailândia, e confirmado, havia cerca de 300 outros sobreviventes. Até então, 42 meses haviam se passado desde o desaparecimento do cruzador.

Nos últimos meses, os arqueólogos da Marinha trabalharam com mergulhadores da Marinha da Indonésia para inspecionar os destroços ao longo de 19 buscas subaquáticas, disse o comandante da Frota do Pacífico dos EUA, Almirante Harry Harris.

O Comando de História e Tradições da Marinha dos EUA (US Navy History and Heritage Command) confirmaram que os dados gravados é consistente com a identificação do USS Houston.

O capitão Albert H. Rooks, comandante do Houston, afundou com seu navio e ganhou a Medalha de Honra do Congresso postumamente


As provas documentais mostraram que o túmulo não estava intocado, observando que os rebites do casco e uma placa de metal foram removidos do navio. Tanto autoridades dos EUA e da Indonésia estão trabalhando para coordenar a proteção do patrimônio histórico, que também é um popular local de mergulho recreativo.

O relatório manifesta a preocupações de segurança pública e de segurança ambiental, alegando “infiltração ativa de petróleo do casco.”


Algumas imagens subaquáticas dos destroços do navio









FONTE: Mail On-line

domingo, 17 de agosto de 2014

ACADEMIA DA FORÇA AÉREA PROMOVE OLIMPÍADA DE HISTÓRIA MILITAR E AERONÁUTICA

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Utilizando o lúdico como ferramenta educacional, nos dias 06 e 07 de agosto de 2014, a Academia da Força Aérea (AFA), em parceria com o Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica (INCAER) e diversas editoras, promoveu uma inédita Olimpíada de História Militar e Aeronáutica entre cadetes.  A vibrante competição de conhecimentos objetivou despertar entre os futuros oficiais o interesse pelo estudo da história e da cultura aeronáutica, reconhecendo valores intelectuais e revelando talentos.  A Olimpíada foi disputada por 104 cadetes, agrupados em 26 equipes. O conteúdo avaliado envolveu conhecimentos da História Militar desde a Antiguidade até a Idade Contemporânea, com destaque para a história do Brasil e da aviação.  A organização do evento exigiu a formação de uma Banca Avaliadora composta de 10 oficiais e professores civis especialmente selecionados pelo notório saber em História Militar e Aeronáutica.

A primeira fase foi constituída de uma prova eliminatória de 60 questões, na qual foram qualificadas 6 equipes. A segunda fase constituiu um quiz escrito de 4 baterias em que foram classificadas apenas as 3 equipes finalistas. Depois de diversas provas que envolveram novas baterias de quiz com perguntas orais e visuais, apresentações temáticas e uma pesquisa relâmpago na biblioteca, a Equipe Lima Mendes, composta pelos cadetes Raul, Lucca, Júnior e Carvalhaes,  foi sagrada campeã. Em 2º  lugar ficou a Equipe Augusto Severo, e em 3º lugar a Equipe Pierre Clostermann. As premiações foram na forma de medalhas e de diversos livros ofertados por editoras parceiras do evento.

 A equipe Lima Mendes, campeã da Olimpíada, junto com o comandante da AFA, Brigadeiro do Ar Carlos Eduardo

O coronel aviador reformando Cutrim, pioneiro no ensino da História Militar na AFA nos anos 1970 e presidente da Banca Avaliadora declarou emocionado aos cadetes: “Outras olimpíadas virão, mas que esta edição entrará para a história, pois  o grande ganhador de tudo o que aconteceu aqui na Academia da Força Aérea, foi eu mesmo... Pois tive o privilégio de depois de tantos anos, continuar trabalhando em prol do formação dos futuros oficiais de  nossa Força Aérea Brasileira".

As equipes finalistas após o recebimento da premiação


 O Blog HISTÓRIA MILITAR parabeniza a Academia da Força Aérea e o INCAER pela iniciativa, os cadetes participantes e o coronel Cláudio Calaza, idealizador da Olimpíada de História Militar e Aeronáutica.

Que venhas novas edições!

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