"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



terça-feira, 4 de junho de 2024

1917: EUA DECLARAM GUERRA À ALEMANHA

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Em 3 de fevereiro de 1917, o presidente americano Woodrow Wilson rompeu relações com a Alemanha em represália à Guerra Submarina ordenada pelo imperador alemão Guilherme II, que ameaçava navios mercantes dos EUA.


Por Gábor Halász


"Quando eclodiu a guerra, eu estava visitando meu irmão em Meissen. Vi os soldados marchando sobre a ponte do rio Elba, com flores nos capacetes", lembrou o veterano Paul Epstein, de Leipzig. Os soldados foram em clima de festa para as frentes de batalha da Primeira Guerra Mundial, acreditando que voltariam para casa em poucas semanas.

O sonho de vitória rápida das potências centro-europeias – Alemanha e Áustria-Hungria – logo se dissipou. A guerra contra a Tríplice Entente, formada pelo Reino Unido, França e Rússia, terminou num beco sem saída.

Os Estados Unidos, por longo tempo, não intervieram no conflito. Apesar de simpatizarem com a Tríplice Entente, mantiveram-se neutros do ponto de vista militar. Financeiramente, porém, já participavam da guerra, com armas, mantimentos e créditos no valor de nove bilhões de dólares. Os navios que traziam as mercadorias para a Europa eram atacados constantemente.

Em 1917, os EUA declararam guerra à Alemanha, alegando lutar contra o autoritarismo e o militarismo. O pretexto para entrar no conflito ao lado da Entente foi o anúncio feito pelo imperador Guilherme II, a 1º de fevereiro de 1917, de que iniciaria uma guerra total com submarinos, ameaçando inclusive afundar sem aviso prévio os navios neutros a caminho dos portos britânicos.


Inverno arrasador

No dia 3 de fevereiro, o presidente norte-americano Woodrow Wilson rompeu relações diplomáticas com o Império Alemão. O gelado inverno de 1917 foi arrasador para a Alemanha. A colheita de batatas caiu à metade e 750 mil pessoas morreram de fome.

Paul Epstein, inicialmente entusiasta da guerra, já não acreditava mais na vitória. "A situação era precária. Quanto mais pessoas eram recrutadas, mais diminuía o número de empregos. A economia estava arruinada", conta. O inverno de fome e as greves na indústria armamentista esmagaram os alemães em seu próprio território.

Tropas norte-americanas desembarcando na França em 1917. O poderio militar dos EUA desequilibrou o balanço de forças na guerra e apressou a derrota da Alemanha


Quando os EUA declararam guerra à Alemanha, começava a Revolução na Rússia. A aliança formada por Alemanha, Áustria-Hungria, Bulgária e Turquia tentou decidir a guerra na Europa Ocidental antes de os americanos desembarcarem na França. Centenas de milhares de soldados morreram nas trincheiras, sem conquistar um só metro de território inimigo. "Era uma guerra tática. Quem olhasse por cima da trincheira era fuzilado", lembra o veterano Epstein.

A intervenção dos EUA decidiu a Primeira Guerra Mundial. Em janeiro de 1918, o presidente Woodrow Wilson apresentou uma proposta de paz de 14 pontos, que só foi aceita pelos alemães quando a derrota já era inevitável. Em julho do mesmo ano, as forças inglesas, francesas e norte-americanas lançaram um ataque definitivo contra a Alemanha, obrigada a retroceder.

A Bulgária e a Áustria retiraram-se do conflito e a Turquia se rendeu. A Alemanha resistiu sozinha, mas a falta de alimentos causada pelo bloqueio aliado e a precária saúde da população colocaram o país à beira da revolução social. A Baviera proclamou-se república e a sublevação alastrou-se por todo o país, até ser anunciada a abdicação do kaiser, exigida pelos EUA.

O líder social-democrata Friedrich Ebert assumiu o poder e negociou a rendição, assinada a 11 de novembro de 1918. Os quatro anos de guerra (1914-1918) deixaram um saldo de 8,7 milhões de soldados mortos e cerca de 20 milhões de feridos.


Fonte: DW

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