Depois de um arrefecimento na estratégia alemã, em 1916 o bloqueio submarino, desencadeado pelos U-boats, tornou-se mais intenso
Em março de 1916, o almirante Von Tirpitz foi substituído no comando da Marinha Imperial por defender a guerra submarina irrestrita a fim de romper o impasse na frente ocidental. Por ordem do kaiser, a campanha havia sido suspensa temporariamente desde o afundamento do RMS Lusitania, que chocou a opinião pública mundial e provocou a ira dos norte-americanos. O chanceler Theobald von Bethmann-Hollweg, temendo a entrada dos EUA na guerra, manobrou para que Tirpitz fosse destituído da Secretaria de Estado para Marinha. No entanto, o experiente almirante conseguiu articular para que fosse nomeado como seu sucessor o almirante Eduard von Capelle, também favorável à guerra submarina irrestrita. Capelle, então, trabalhou para convencer o kaiser sobre a importância de ampliar a campanha submarina, e finalmente, em 1º de fevereiro de 1917, Guilherme II a autorizou sem restrições geográficas.
O almirante Von Tirpitz (ao centro) defendia a guerra submarina irrestrita. Sua postura custou-lhe o comando da Marinha Imperial alemã.
Defendendo seu posicionamento em favor do bloqueio e criticando as dissensões internas no Governo alemão sobre a questão, Tirpitz registrou em suas memórias seus argumentos:
“Longo e triste capítulo o da guerra submarina! Nosso regime político, nos últimos anos, era tão desorganizado que só trazia confusão e incoerência. A declaração de bloqueio pela qual começou a guerra submarina foi prematura e mal concebida. [...] Nossas hesitações reforçaram as assertivas inglesas sobre a imoralidade da guerra submarina. Ninguém falava dos atos desumanos que a Inglaterra cometia. É que ela os fazia com resolução, crueza e tinha habilidade em divulgá-los. O povo alemão, crédulo, suportou pacientemente o bloqueio da fome que a Inglaterra lhe infligiu. E que teve como consequência a bancarrota do país, a doença, a miséria e a morte.”
O almirante Eduard von Capelle sucedeu Tirpitz no comando da Marinha Imperial. Influenciado pelo velho chefe naval, convenceu o kaiser a empreender a guerra submarina irrestrita contra os Aliados
O conde Johann von Bernstorff, embaixador alemão em Washington, alertou ao Secretário de Estado dos EUA Robert Lansing, em um comunicado diplomático, sobre os perigos que corriam os navios de países neutros:
"[...] Os navios neutros que navegam nestas zonas de bloqueio o fazem por sua própria conta e risco. Embora cuidados tenham sido tomados para que navios neutros que estão a caminho de portos das zonas de bloqueio em 1º de fevereiro de 1917, [...] é altamente recomendável avisá-los com todos os meios disponíveis, a fim de fazer com que regressem. Os navios neutros que, em 1º de fevereiro, estiverem nos portos das zonas de bloqueio poderão, com a mesma segurança deixá-los. As instruções dadas aos comandantes de submarinos alemães prevêem um período suficientemente longo, durante o qual é garantida a segurança dos passageiros em navios de passageiros inimigo desarmado. [...]"
U-boat alemão observa sua presa afundando ao largo de Liverpool: o mercante britânico Linda Blanche
Ao tomar conhecimento do anúncio do bloqueio, o Brasil não poderia aceitar passivamente os seus termos, pois sua economia dependia essencialmente das exportações de café para a França e para a Grã-Bretanha. Embora o país não considerasse o café como produto de guerra, e, com isso os navios brasileiros que o transportavam estariam, em tese, livres de ataques, a Alemanha julgava o transporte de café para seus inimigos como contrabando, o que tornaria qualquer ataque justificável.
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