"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



sexta-feira, 5 de julho de 2013

ARMAS - OS CANHÕES OTOMANOS

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No século XV, época em que a artilharia era ainda incipiente, o canhão tornou-se numa das armas mais temíveis do império otomano.

Com efeito, a tomada de Constantinopla pelos Turcos em 1453 apenas foi possível graças ao uso intenso de canhões que destruíram as suas inexpugnáveis muralhas. Mas os turcos otomanos não possuíam tradições no uso de artilharia e, se não fosse um irónico episódio, aparentemente insignificante, talvez a História tivesse seguido outro rumo...

O canhão que veio a ser conhecido como Bombarda Turca, Basílica, Canhão Real ou Canhão de Mehmed foi na verdade trazido da Hungria. O seu inventor, um engenheiro de nome Orban, apresentou-o ao sultão Mehmed II após uma tentativa falhada junto do então imperador do Império Bizantino, Constantino XI, que a recusou. É esta a grande ironia da História.

Ao invés do seu adversário, o sultão viu naquele engenho grandes potencialidades e dispôs-se a financiar a construção de um protótipo. Deve dizer-se que o projecto era extremamente complexo e oneroso. Terá sido este último aspecto, aliás, que desinteressou Constantino. Durante meses, na cidade de Edirne, um exército de operários trabalhou sob a orientação de Orban, consumindo quantidades enormes de bronze e outras matérias primas necessárias à fundição das duas peças que compunham o canhão. Quando ficou pronto, o sultão pôde enfim contemplar o enorme monstro que tinha encomendado...

O grande canhão otomano pode ser visto com suas duas seções

Ligadas, as duas peças formavam um tubo cilíndrico com 5,20 m de comprimento - uma dimensão colossal para a época. O conjunto pesava cerca de 19 toneladas e possuía um calibre de 75 cm (o que quer dizer que podia disparar bolas de pedra com este diâmetro) pesando cerca de 600 Kg, a uma distância superior a 2 Km. Era necessário testá-lo e, primeiro, conseguir tirá-lo dali.

Com a ajuda de 60 bois e 400 homens, dos quais metade prepararam um piso capaz de suportar tamanho peso, o canhão foi deslocado até um local de testes. Aí, foi carregado com pólvora e uma enorme esfera de pedra que foi projetada a mais de 1500 metros e se enterrou no solo quase 2 metros! Pouco preciso mas de efeito devastador. Vários destes canhões foram então preparados e colocados em frente às muralhas de Constantinopla. Bastou algumas horas de fogo para que as defesas fossem literalmente desbaratadas e as tropas otomanas tomassem a mítica capital do Império bizantino.


Fonte: Obvious

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