terça-feira, 20 de abril de 2021

CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS DE PORTUGAL COMPLETA 400 ANOS

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Os Fuzileiros, força anfíbia da Marinha Portuguesa, comemoraram no último domingo 400 anos de história, afirmando-se "sempre prontos para cumprir as missões que Portugal exigir", numa cerimônia simbólica nas instalações de instrução, em Vale de Zebro, Barreiro.


"É uma marca que os Fuzileiros têm e fazem questão de vincar, de respeito pelas gerações que os antecederam em quatro séculos de História, e assumir a responsabilidade também para o futuro, de fazer parte de um grupo bem treinado, motivado, sempre pronto para cumprir as missões que Portugal exigir", resumiu o chefe do departamento de operações do Corpo de Fuzileiros, comandante Clemente Fernando Gil, em resposta aos jornalistas.

O responsável revelou-se confiante de que "o papel dos Fuzileiros, em prol da sociedade - olhando para trás e para as sucessivas evoluções -, vai continuar a ter a relevância do passado, afirmando-se no futuro".

"Os tempos são sempre de preparação. Ou estamos numa condição de empenhados em fazer qualquer coisa ou, não estando numa missão específica, temos sempre o empenhamento que nos obriga preparar para responder da forma mais profissional quando a necessidade surgir. É esta a postura dos Fuzileiros", disse.

Os "Fuzos" caracterizam-se pela "grande flexibilidade, mobilidade, poder de combate e capacidade de projetar poder em terra", incluindo trabalho conjunto com outras forças nacionais ou multinacionais, assim como "operações de assistência humanitária, proteção e evacuação de cidadãos nacionais residentes no estrangeiro, além da manutenção, imposição e consolidação da paz".

Operações de combate ao tráfico de droga, pirataria marítima, contra terrorismo e crime organizado ou apoio a autoridades civis, nomeadamente em situações de catástrofe, calamidade ou acidentes graves, são outras das missões desempenhadas pelos Fuzileiros.

No Vale de Zebro, o cerimonial foi presidido pelo Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) e da Autoridade Marítima Nacional, almirante Mendes Calado, e incluiu a "homenagem aos mortos em defesa da pátria", com uma coroa de flores no monumento ao Fuzileiro, um minuto de silêncio e uma breve oração antes do içar da bandeira comemorativa 400 anos. Durante o próximo ano estão previstos diversos eventos de comemoração, como conferências e exercícios diversos.

Os "Fuzos" descendem do "Terço da Armada Real da Coroa de Portugal", primeira unidade militar constituída com caráter permanente (1621) e teve diversas designações até à atual, registada (1961) para os teatros de operações de Angola, Guiné e Moçambique, durante a guerra colonial: "Regimento do Príncipe" (1668), "Brigada Real da Marinha" (1797) ou "Batalhão Naval" (1836).

Fonte: Diário de Notícias


quarta-feira, 14 de abril de 2021

ARTILHEIROS NA TOMADA DE MONTESE - 14 DE ABRIL DE 1945


Por Israel Blajberg


As três maiores vitórias da FEB - Força Expedicionária Brasileira - na Itália foram Monte Castelo, Montese e a captura da 148ª Divisão de Infantaria da Wermacht. Montese custou 574 baixas entre mortos e feridos. Milhares de tiros foram disparados pela Artilharia em apoio aos combates urbanos de Montese.

Na impossibilidade de citar todos, aqui recordamos dois dentre muitos Artilheiros que estiveram presentes em Montese, e que em vida costumavam abrilhantar as reuniões da Ordem dos Veteranos Artilheiros (OVArt), nos tempos em que era conduzida pelo saudoso General Cesar Montagna de Souza. Dois Heróis de Montese e da libertação da Itália do domínio nazifascista.


Marechal Waldemar Levy Cardoso (1900-2008)


Da Turma de 1921 da Escola Militar do Realengo, nascido no dia de Santa Bárbara, 4 de dezembro, ultimo marechal do Exercito Brasileiro, sua carreira militar foi vasta e profícua, servindo em diversas unidades de Artilharia, tendo sido Comandante do 1º Regimento de Obuses Autorrebocado, unidade da Força Expedicionária Brasileira em campanha na Itália – 1944-45, a convite do General Cordeiro de Farias, Comandante da Artilharia Divisionária. 

Sua unidade teve desempenho destacado na conquista de Monte Castelo, Castelnuovo e Montese. Foi agraciado com a Estrela de Bronze, Estados Unidos (EBr, EUA) – Bronze Star (EUA) – 1946, Cruz de Combate 2ª Classe (CZC2) – 1947, entre muitas outras.


Coronel Salli Szajnferber (1923–2010)


Da Turma de 1944 da Escola Militar do Realengo, Salli combateu em dois grandes momentos da FEB, a tomada de Monte Castelo e Montese, nas funções de Comandante de Linha de Fogo, e Observador Avançado da Artilharia. Em Montese foi levemente ferido, quando Observador Avançado junto à 9ª Companhia do III Batalhão do 11º Regimento de Infantaria. Pela sua bravura em ação na tomada de Montese, foi agraciado pelo Presidente da República com a Cruz de Combate de 1ª Classe. 

O diploma assinado pelo Ministro da Guerra, General Pedro Aurélio de Goes Monteiro, destaca sua grande coragem, sangue frio e capacidade de ação, durante os encarniçados combates de 14 e 15 de abril de 1945. Progredindo em terreno minado severamente batido por fogo de artilharia, morteiro e armas automáticas, o Tenente Salli cumpriu a sua missão de observador avançado ajustando com precisão os tiros da nossa artilharia.




segunda-feira, 12 de abril de 2021

IMAGEM DO DIA - 12/4/2021

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Um canhão Bofors AAe britânico protegendo as colunas de artilharia e transporte durante o avanço dos Aliados em direção à Linha Gótica, no norte da Itália em 1944.


sexta-feira, 9 de abril de 2021

QUANDO HOLLYWOOD FOI À GUERRA



O papel de diretores como Ford ou Capra condicionou o envolvimento dos Estados Unidos no conflito de 1939-1945


Por Toni García

Em 1945 George Stevens, diretor de filmes como Shane, Um lugar ao sol e O Gigante, e considerado um dos grandes cineastas norte-americanos da história, se encontrava na Europa, documentando os esforços bélicos dos aliados ao longo do continente para desarmar o Terceiro Reinado. No início de abril daquele ano o realizador acompanhava os soldados que libertaram o que parecia ser uma série de prisões em Dachau, a poucos quilômetros de Munique. Stevens não sabia que aquele campo de concentração mudaria para sempre sua vida e a dos voluntários que o acompanhavam.

Ele nunca mais foi o mesmo. Se você for ao Arquivo Nacional de Washington e assistir a esse filme, várias horas onde aparecem montanhas de cadáveres, prisioneiros esqueléticos, fumaça que sai das entranhas da terra… Todas as câmeras da equipe de Stevens deixaram de filmar: alguns se puseram a ajudar, outros simplesmente foram embora. Ele foi o único que seguiu gravando até quase não se aguentar em pé”. Conta Mark Harris, de Los Angeles. Este jornalista veterano acaba de publicar nos Estados Unidos o livro Five Came Back (Penguin Press/Canongate), um impressionante relato que conta, através da história de cinco legendários diretores, o impacto que a Segunda Guerra Mundial teve em Hollywood.

Teresa Wright e Dana Andrews, em 'Os melhores anos das nossas vidas'


John Ford, Frank Capra, John Houston, William Wyler e o próprio Stevens são fundamentais para entender como a postura de Hollywood para o conflito virou desde a suposta neutralidade até um envolvimento total”, conta Harris. O mais ativo de todos estes cineastas foi Ford. O mítico diretor de Depois do Vendaval, As Vinhas da Ira e Centauros do Deserto, foi o primeiro nas colinas de Los Angeles a pedir o apoio do mundo do espetáculo para os republicanos que lutavam na Espanha em inumeráveis atos, públicos e privados, para depois converter na voz da razão quando alguns nos grandes estúdios de Hollywood faziam questão de dizer que a II Guerra Mundial era apenas um conflito interno europeu. “Ford era um convencido e de fato deixou tudo para se alistar na Marinha e ajudar, à sua maneira, a documentar o que estava passando. Também foi o primeiro a introduzir cenas reais de combate em um filme (A Batalha de Midway, em 1942) e o que mais e melhor entendeu a importância de seu trabalho para conscientizar o público norte-americano do que estava passando”, diz Harris, cujo exaustivo trabalho recebeu os louvores da crítica anglo-saxã.

De todos os que dedicaram seu tempo (e, muitas vezes, seu dinheiro) para levar a guerra aos palcos dos teatros e convencer os norte-americanos de que aquilo era uma causa nobre, o caso mais curioso é o de Frank Capra. O diretor de Como é Belo Viver e Este Mundo é um Hospício era conhecido em Hollywood por suas veleidades ideológicas. Em 1935, em uma viagem a Roma, elogiou Mussolini (diziam que o realizador tinha uma foto do caudilho italiano em seu criado-mudo) e era muito conhecida a sua aversão aos sindicatos e a qualquer coisa que cheirasse a esquerda.

Cartaz do filme A batalha de Midway

De fato, Mussolini, grande admirador de Capra, ofereceu a ele um milhão de dólares se rodasse a sua biografia. Felizmente, Harry Cohn, o presidente de Columbia tirou a ideia da cabeça do realizador: “Sou judeu, esse cara está aliado com Hitler”, disse Cohn para acabar com o assunto. No entanto, Capra mudou quando conheceu Franklin D. Roosevelt, o presidente dos Estados Unidos a quem detestava. A cercania e a clareza de ideias deste, junto ao fato de que os desmandos dos alemães na Europa começavam a ser preocupantes, convenceram o diretor de que tinha que fazer algo e rápido. “Não teve coisa mais confusa na história do cinema do que a ideologia de Frank Capra. Um anarquista? É possível, eu acho que era um homem que funcionava por impulsos. Mas se algo está claro é que Why we fight (a série de documentários propagandísticos impulsionada por Capra) foi um instrumento imprescindível para acabar com qualquer reticência que a sociedade do país pudesse ter contra a entrada dos EUA na guerra".

Wyler, diretor de clássicos como Ben-Hur, entrou no conflito de uma forma bem mais humana, seguramente por causa da quantidade de amigos que ele tinha no Reino Unido ou a própria Alemanha. Seu retrato dos tripulantes do bombardeio Memphis Belle ou seu filme da invasão da Itália são algumas das peças mais conhecidas do gênero bélico. “Ele levava seu trabalho muito a sério e a prova disso é que ele renunciou a rodar um documentário sobre os soldados negros porque o Alto Mando quereria adoçá-lo e isso não entrava em seus planos”. O efeito que a guerra teve em Wyler se solidificou em sua preciosa Os melhores anos das nossas vidas, drama sobre a volta para a casa dos soldados que viviam das lembranças do próprio diretor.

Para Harris, “Houston foi —provavelmente— o mais arrojado de todos eles, porque para ele a câmera era como um escudo, achava que de algum modo lhe protegia”, mas o mais relevante foi Stevens: “Voltou para a casa, montou e editou o que rodava em Dachau e o envio aos promotores de Nuremberg: esse filme foi decisivo para que naqueles julgamentos os criminosos fossem condenados e uma das poucas vezes em que os nazistas tiraram os olhos da tela. Acho que isso o diz tudo”.

Fonte: El País


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terça-feira, 6 de abril de 2021

SIMPÓSIO TEMÁTICO - PLANO DE VERA CRUZ



A Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército (DPHCEx), por intermédio do seu Centro de Estudos e Pesquisas de História Militar do Exército (CEPHiMEx) e em parceria com a Academia de História Militar Terrestre do Brasil (Brasília-DF), está promovendo o Simpósio Temático sobre o Plano de Vera Cruz, na modalidade virtual. 

O evento acontecerá no dia 21 de abril, das 16h às 17h45, pelo horário de Brasília. Para outras informações e inscrições, acesse o site:

https://www.sympla.com.br/simposio-tematico-sobre-o-plano-de-vera-cruz__1172983


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domingo, 4 de abril de 2021

HUSSARDOS, TROPA DE ELITE DA RÚSSIA IMPERIAL

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Como no resto da Europa, na Rússia os hussardos tinham a reputação de serem os homens mais ousados de todo o exército


Por Gueórgui Manáev


Os hábitos diários dos hussardos, de beber a lutar, devem muito a suas funções profissionais. Comte de Lassale, o famoso "general hussardo" do exército francês, disse: "Qualquer hussardo que não esteja morto aos 30 anos de idade é um salafrário".

A descrição faz sentido quanto aos hussardos russos. Corajosos ao ponto da insanidade, foram elas, muitas vezes, que iniciaram as batalhas. Eles eram os primeiros também em contra-ataques e ataques rápidos.

Armados e usando proteções leves, eles sofriam graves baixas. É por isso que, durante os tempos de paz, os hussardos se esforçavam muito, defendiam a honra e estavam sempre prontos a lutar até a morte. Como diziam os comandantes militares russos, os hussardos e os guardas reais eram o tipo de militares que precisavam do estilo de vida de fanfarrão para elevar o espírito.


Entornar para ser hussardo

Os primeiros regimentos de hussardos russos surgiram durante os tempos de Pedro, o Grande, e não duraram muito tempo. O desenvolvimento genuíno dos hussardos no exército russo ocorreu na segunda metade do século XVIII. Então, o exército cossaco ucraniano tinha sido reformado por Catarina a Grande, transformando-se em cinco novos regimentos de hussardos, assim como um regimento de hussardos da guarda real. Eles eram, em grande parte, cossacos, usavam seu sistema de comando e tomavam por inspiração suas arrojadas tradições.

Um homem podia se tornar hussardo totalmente por acaso, sendo devidamente recrutado pelo exército, mas qualquer jovem saudável podia se juntar aos regimentos. Para tanto, era preciso ir a cidades como Minsk ou Moguilev (atualmente, na Bielorrússia), onde, em certos momentos, aconteciam recrutamentos improvisados.


Esses recrutamentos pareciam rixas de bêbados - soldados hussardos ébrios comandados por suboficiais corriam pelas ruas servindo vinho aos rapazes que por acaso estivessem por perto. O vinho era pago pelos fundos do regimento - cerca de oito rublos por pessoa, uma quantia imponente naqueles dias em que 16 quilos de pão custavam um rublo.

Os rapazes apinhavam-se para beber de graça, e quase todos os dias os hussardos levavam com eles um monte de moradores locais totalmente espremidos de volta para os quartéis do regimento.

Os hussardos eram cavaleiros rápidos armados com sabres, carabinas e pistolas. Eles usavam uniformes cheios de detalhes, um conjunto diferente para cada regimento, e que eram inspirados nos uniformes dos primeiros hussardos húngaros.

A principal característica dos hussardos era sua velocidade e a brusquidão de seus ataques, que exigiam coragem e até imprudência. Obviamente, um hussardo tinha que estar fisicamente em forma, o que era obtido com treinos impiedosos.


Encher a cara de manhã até de noite

Carregar uma pistola é uma tarefa meticulosa, mas é ainda mais difícil quando feita ao entardecer, durante uma chuva torrencial, montado em um cavalo em movimento. Os hussardos eram ensinados a fazer isso, e eles eram duramente punidos (com 200 batidas nas costas com uma barra de ferro, por exemplo) se fossem lentos no carregamento ou se a arma disparasse um tiro no nada. Este é apenas um dos exemplo da severidade do serviço de hussardos.

Eles se levantavam às 5 da manhã para limpar e alimentar seus cavalos - e só depois a si próprios. O dia era dedicado a exercícios e treinamento em equitação - esta terminava às 18h. O tempo era contado pelos trompetistas, que eram obrigatórios em todo regimento de hussardos. Eles eram apelidados de "aristocracia dos hussardos". Durante o combate, ficavam no calor da batalha emitindo sinais para que se alterassem as formações, atacassem ou recuassem. No total, havia mais de 50 sinais de trombeta diferentes, e eles eram ainda mais difíceis de se executar durante o galope, mas os trompetistas hussardos conseguiam fazê-lo.


Viver intensamente e morrer jovem

Em primeiro lugar, a bebida: "Parecia tudo muito militar: o chão coberto de tapetes, no centro, uma panela, o açúcar queima embebido em rum; ao redor, em fila, os vendedores estão sentados segurando pistolas nas mãos... Quando o açúcar derrete, o champanhe é adicionado e o zzhenka pronto [uma bebida feita de rum, champanhe e açúcar derretido] é despejado nas pistolas - é assim que a farra começa... ”, escreveu o conde Osten-Sacken.
Beber sozinho era considerado um “comportamento totalmente obsceno”, mesmo pelos hussardos. Entre suas bebidas favoritas estavam champanhe, o rum, o ponche e a vodca mentolada. Era obrigatório ingerir uma bebida de escolha própria por um ou mês ou dois e depois trocar por outra coisa.

Então, vinham as escapadas: "Bêbados, fomos para a Ilha Krestovski, em São Petersburgo. Era um feriado de inverno e muitos alemães estavam lá descendo as colinas. Nós nos dividimos em dois grupos e estávamos assistindo à multidão. Assim que um cara ou uma moça alemã sentava-se em um trenó, nós o chutamos debaixo deles, o que os fazia descer o morro de bunda... Balashov, o governador geral de São Petersburgo, me chamou mais tarde e transmitiu uma reprimenda do próprio czar...”, escreveu Serguêi Volkonski, um dos futuros dezembristas, mas se tais reprimendas pudessem pelo menos deter os hussardos!

Serguêi Volskônski

“Nós detestávamos o embaixador francês de Caulaincourt [isto ocorreu durante as guerras napoleônicas] ... Muitos de nós pararam de visitar as casas que ele frequentava. Entre nossas explosões de raiva, uma se passou assim. Sabíamos que na sala de estar de Caulaincourt, havia um busto de Napoleão em cima de uma espécie de cadeira em forma de trono, e que não tinha nenhuma outra mobília lá - e considerávamos isso um insulto à Rússia. Em uma noite de inverno, alguns de nós passamos de trenó passando por sua casa e jogamos pedras pesadas na sala, quebrando as janelas. No dia seguinte houve reclamações e investigações, mas, até hoje, ninguém sabe quem estava no trenó”, relembrou Volkonski.

Oficiais hussardos frequentavam bailes e, às vezes, os realizavam - mas só os que eram mais nobres e ricos. Durante um baile, centenas de velas de cera eram acesas. Os bailes eram caros - isso sem contar as quantias consideráveis gastas em comida e bebida.

"Recebemos uma ordem jocosa... de torturar as garotas alemãs com danças. Com fervor, cumprimos a ordem - dançamos até começarmos a cair. As lindas garotas alemãs se deliciaram! Depois do generoso jantar, às três da manhã, após uma poderosa bebedeira em nome dos antigos deuses Baco e Afrodite, começou a mazurca, que terminou apenas às 7 da manhã... Ordenamos nossos soldados que tomassem as roupas quentes dos convidados de seus servos e mandassem suas carruagens para casa - então quase todos tiveram que ficar até o amanhecer...”, relembrou Faddey Bulgarin.

O grande número de alemães na Rússia pode ser explicado pelo fato de que durante as guerras napoleônicas muitos deles fugiram para a Rússia, onde buscavam refúgio. Em uma nação governada por pessoas etnicamente alemãs, eles se sentiam seguros.

Para dizer a verdade, os hussardos adoravam se deixar levar. Jovens cheios de energia, eles aproveitavam todas as oportunidades para gastar seu tempo de maneira útil. O hussardo Serguêi Marin escreveu a um amigo dizendo que seu batalhão trocava de hobbies como de luvas: no inverno todo mundo jogava xadrez; na primavera, bilhar; depois, no verão, faziam fontes e cascatas; e, no outono, todo mundo ia caçar.


(Não) brincar com a morte

A ética militar no século XIX exigia que se tratasse da morte como parte normal da vida e, se necessário, aceitá-la placidamente. “Quando uma bala assobiar, não pisque. Quando na batalha, lutar corajosamente. Ao atacar, não segure o cavalo, confie sua alma a Deus e, se preciso, morra” - assim ia uma alegre canção de hussardos explicando a atitude desses em relação à morte.

Hussardos em ação durante as Guerras Napoleônicas

Em tempos de paz, os hussardos não hesitavam em mostrar sua coragem - a qualidade era considerada primordial para um soldado, especialmente um hussardo. Houve duelos. E muitos. Duelos por tudo.

Um cornette hussardo tinha o apelido de “Buianov” (“Desordeiro”), e isso tinha um motivo. Seu primeiro duelo aconteceu em Moscou, quando um oficial da guarda real disse que o regimento de Buianov era defeituoso. Buianov feriu o oficial de guarda levemente, foi rebaixado e enviado ao Cáucaso.

Três anos depois, ele adquiriu o posto de cornette novamente e retornou a seu regimento. Em um ano, ele desafiou um governador da província a um duelo por insultar a esposa de um oficial colega de Buianov.

Ele foi rebaixado novamente para soldado regular e retornou ao regimento após quatro anos - só para entrar em duelo com um colega oficial. Após o terceiro rebaixamento, o destino de Buianov se perdeu.

A atitude dos oficiais hussardos em relação à morte era bastante extrema. Eles estavam prontos a defender a honra mesmo sem pistolas. Em 1807, o regimento Grodno de hussardos estava na Prússia lutando contra Napoleão ao lado do exército prussiano. Durante um jogo de cartas em uma pousada, um oficial prussiano ofendeu o hussardo russo tenente-general Conde Podgoritchani.

O prussiano era bom de tiro e escolheu as pistolas como arma. O conde respondeu que não tinha pistolas, mas que apostaria sua vida num lance de cartas: quem ganhasse o lance mataria o oponente.

Eles começaram a jogar e o conde ganhou. Todos os oficiais seguiram os duelistas até o jardim; o oficial prussiano achou que a decisão do conde era uma piada, mas Podgorichani pegou um rifle do estalajadeiro e matou sem rodeios o prussiano, dizendo: “Não brinco com a morte. Se eu tivesse perdido o lance, ficaria em seu lugar e o faria me matar".

Fonte: Russia Beyond


quinta-feira, 1 de abril de 2021

O BRASIL PERDE UM DOS GRANDES ENTRE OS GRANDES – MORRE O JORNALISTA RONALDO OLIVE, ÍCONE DE TODA UMA GERAÇÃO DE PESQUISADORES

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O Brasil perdeu na noite de ontem o jornalista Ronaldo Olive, vitimado  por prolongada doença que o acometeu. 


No país onde poucos profissionais se dedicam seria e profissionalmente ao estudo dos assuntos de Defesa, Ronaldo Olive se destacou pela qualidade de suas reportagens e pelo conhecimento demonstrado ao longo de mais de três décadas de carreira.

Durante minha adolescência e juventude, como toda uma geração inteira que labuta no estudo e na pesquisa da história militar, das ciências militares e da tecnologia dos armamentos, Olive foi um mestre.

Em atividade há muitas décadas nos principais veículos de comunicação do país, desde os anos 1980 editou e publicou reportagens magníficas na revista Tecnologia & Defesa versando sobre as forças armadas brasileiras e estrangeiras, e sobre a tecnologia militar.

Ronaldo Olive, jornalista especializado nas reportagens militares e de Defesa, ajustando seu capacete com câmera antes de um salto de paraquedas. Foi um pioneiro nessa modalidade, em uma época que não havia câmeras Go-Pro.

Ontem mesmo, em um grupo de WhatsApp do qual participávamos, interagi com ele e desejei os melhores votos de saúde e recuperação. Ele estava otimista e confiante, postando, inclusive, notícias da aviação.

Seu legado é imenso, sua contribuição pode e poderá ser avaliada futuramente.

Ronaldo Olive em uma das inúmeras reportagens sobre as Forças Armadas brasileiras


Neste momento de dor, o Blog Carlos Daróz-História Militar rende uma sincera homenagem ao mestre Ronaldo Olive e deseja à sua família os  votos de pêsames. Que Deus possa confortar o coração de todos os familiares.

Muito obrigado, mestre Ronaldo Olive, missão cumprida, descanse em paz.

Seguimos seu trabalho por aqui...