sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

POR QUE HITLER USOU SUA ARMA MAIS MORTÍFERA CONTRA QUATRO POVOADOS ESPANHÓIS?

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Em 1938, aviação nazista experimentou sua arma mais mortal em uma área longe da frente de batalha. Após a guerra, o franquismo escondeu a história que um documentário revela agora

 Por Josep Grau

No dia 26 de abril de 1937 Guernica (cidade do País Basco) sofreu um bombardeio que serviu para que a aviação alemã experimentasse seus novos armamentos aéreos. Morreram 126 pessoas e o fato é lembrado como um ícone da luta pela liberdade... Mas poucos sabem que em maio de 1938 houve outro Guernica no El Maestrat, região da província de Castellón, que é parte da Comunidade da Valência.

Um ano antes do fim da Guerra Civil Espanhola, a Legião Condor da Alemanha nazista bombardeou Benassal e outras cidades do interior de Castellón causando 38 mortes e destruindo as cidades pequenas e tranquilas do Maestrat. Seus habitantes nunca entenderam o motivo. Agora, 75 anos depois, sabem que foram vítimas de um experimento nazista.

Naquela época ninguém soube explicar por que os alemães lançaram bombas de 500 quilos sobre aquelas pessoas que viviam tão longe da frente de batalha e de qualquer enclave estratégico. Ninguém até que um morador de Benassal, Óscar Vives, visitou o arquivo militar de Friburgo depois de ler em um livro de um historiador britânico uma breve referência a Benassal que chamou sua atenção.

No Bundesarchiv-Militärarchiv, encontrou um relatório de 50 páginas com muita documentação gráfica sobre os bombardeios de sua cidade, mas também de Albocàsser, Ares del Maestrat e Vilar de Canes. No relatório estava claro que o ataque foi uma experiência para testar os Junkers 87 Stuka, os novos aviões nazistas que mais tarde se tornariam as aeronaves mais temidas durante a Segunda Guerra Mundial.

Agora, uma produtora de Valência está fazendo um documentário que recuperou o material gráfico que ficou guardado na Alemanha, reconstruiu o bombardeio e entrevistou sobreviventes e parentes das vítimas. Experimento Stuka quer reviver aquele episódio macabro de uma história sem memória, resgatar do esquecimento esse Guernica valenciano, a quem ninguém, ainda, fez justiça.

Esquadrilha de Stukas da Legião Condor no ceu da Espanha


"Entrevistamos uns vinte sobreviventes, testemunhas diretas do bombardeio. Na época eram crianças. Viram a morte de irmãos, parentes e vizinhos... Quando a guerra terminou, a ditadura enterrou o caso e nunca julgaram os responsáveis" conta Rafa Molés, diretor do documentário. "Essas crianças nunca tinha visto um avião em sua vida e praticamente não sabia nada da guerra. Quando ouviram os aviões chegando todas as pessoas saíram para vê-los. Alguns acreditaram que as bombas de 500 quilos que atiraram eram apenas fardos de palha".

Segundo Rafa Molés, o que aconteceu em El Maestrat pode ser comparado ao bombardeio de Guernica. "Em Guernica, Hitler testou o poder destrutivo de seus aviões de guerra. Em Castellón experimentou uma arma absolutamente secreta. Nem Franco a conhecia", acrescenta. "Depois do escândalo de Guernica, Franco pediu à Legião Condor para não atacar alvos civis, por isso Hitler escolheu quatro pequenas cidades de Castellón, alvos indefesos, ignorantes do que estava acontecendo. A Legião Condor não informou nunca o que fez lá".

O documentário, em fase em produção, já foi selecionado entre 250 projetos de todo o mundo, no mercado do Festival Internacional de Documentários DocsBarcelona e conta com uma proposta de ajuda da Generalitat Valenciana, além da colaboração da Universitat Jaume I de Castellón.

O projeto de longa-metragem, produzido por SUICAfilms, é dirigido por Rafa Molés, nascido em Castellón, e Pepe Andreu, nascido em Elche, outra cidade da Comunidade Valenciana. Além disso, Núria Tirado participa do roteiro. A produtora executiva é Natalia Maestro e a fotografia é de José Luis González.

Fonte: El País

 

IMAGEM DO DIA - 29/01/2016

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Durante a Batalha de Plateia (479 a.C.), uma falange grega ataca tropas persas na planície.




quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

"A GUERRA DO AÇÚCAR" - OS HOLANDESES DESCONFIAM DA INSURREIÇÃO

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Com a saída de Nassau e a adoção de medidas impopulares, o Alto e Secreto Conselho colocou em risco a segurança da colônia e as boas relações entre as Províncias Unidas e Portugal. No princípio de 1645, os governantes do Brasil Holandês menosprezavam a capacidade dos moradores, mas, ao mesmo tempo, reconheceram a possibilidade de uma rebelião, sentimento que foi registrado em despacho para o Conselho dos XIX:

"Os portugueses desta terra, como estão de tal modo endividaddos que, na sua maioria, não podem ter qualquer esperança de pagar as dívidas, por mais que vivam [...] trazem noite e dia no pensamento a ideia de se revoltar, como fizeram no Maranhão e no próprio Portugal, e de assim se libertarem do nosso governo e fugirem ao pagamento das dívidas que têm conosco. [...] enquanto as crenças deles são para nós motivos de escárnio, [...] de modo que é de temer que façam muito em breve alguma coisa contra nós." 

No final de 1644, o judeu Gaspar Francisco da Cunha denunciou ao Alto e Secreto Conselho o verdadeiro propósito da visita de Vidal de Negreiros ao Recife, que era articular a rebelião. Em consequência, em janeiro de 1645, foram enviados a Salvador dois emissários, o conselheiro Gisbert de Witt e o major Dirk van Hoogstraten, com a missão de protestarem contra uma possível insurreição, pelo fato de os portugueses estarem abrigando na Bahia senhores-de-engenho que deviam à Companhia das Índias Ocidentais.

André Vidal de negreiros, um dos líderes da Insurreição Pernambucana, viajou pela Capitania de Pernambuco para articular a rebelião. Os holandeses desconfiaram.


O governador-geral Antônio Teles da Silva respondeu com evasivas, afirmando que “continuaria, como até então, dando provas de obediência e fidelidade ao seu rei”. Os emissários da WIC, então, pediram que não fosse dado abrigo a desertores, e que estes fossem enviados ao Recife, ao que o governador solicitou, com toda autoridade, que os holandeses divulgassem o nome dos desertores que chegaram à Bahia. Não houve resposta.
Sem que seu companheiro de missão soubesse, o major Hoogstraten, que exercia o comando do Forte de Nazaré no Cabo de Santo Agostinho, ofereceu ao governador os “serviços que pudesse ofertar” no caso de uma guerra de restauração em Pernambuco. Parecia que nem os holandeses confiavam na manutenção da colônia. Mais tarde o major Hoogstraten venderia aos portugueses o forte, inclusive os serviços de sua guarnição.

Engenho localizado na Várzea do Capibaribe. A cobrança de dívidas impagáveis levou os senhores de engenho pernambucanos a deflagarem a insurreição. A "Guerra da Liberdade Divina" iria começar.


Conheça essa e outras histórias lendo
"A guerra do açúcar: as invasões holandesas no Brasil"

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segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

1975: COMEÇA A GUERRA CIVIL NO LÍBANO




 
No dia 10 de abril de 1975, começaram os conflitos armados entre cristãos e muçulmanos no Líbano por causa de controvérsias sobre mudanças na Constituição.




Guerra em Beirute


Oficialmente, o 13 de abril é considerado o primeiro dia da guerra civil no Líbano. Mas como os conflitos não costumam começar com data marcada, é difícil falar em dados precisos, a não ser em alguns números desta guerra, que terminou em setembro de 1976, com um saldo de 30 mil mortos, pelo menos 60 mil feridos e mais de meio milhão de desterrados.


Estes números, porém, não refletem a destruição da florescente economia do país, que chegou a servir de exemplo ao mundo árabe. Já em janeiro de 1975, ocorreram os primeiros confrontos armados entre milícias cristãs e muçulmanas e seus aliados palestinos, aumentando lentamente as tensões entre as facções políticas e religiosas, até culminar na guerra civil em larga escala, em abril.


Os antecedentes do conflito remontam à guerra civil de 1958, quando grupos sunitas muçulmanos e drusos apoiaram o movimento pan-arábico do presidente egípcio Gamal Abdel Nasser, base de uma aliança firmada entre o Egito e a Síria. Sob inspiração dos regimes nacionalistas pró-soviéticos, esses grupos desencadearam uma série de insurreições contra o presidente libanês Camille Chamoun (maronita e pró-americano). Somente a intervenção de tropas americanas pôde impedir a tomada do poder pelos muçulmanos e salvar o difícil "pacto nacional", que garantia a hegemonia dos cristãos sobre os demais grupos étnicos e religiosos no Líbano.





Acúmulo de conflitos


Nos anos seguintes, a luta interna pelo poder foi reprimida. Com uma nova derrota árabe na Guerra dos Seis Dias contra Israel, em 1967, e o massacre dos palestinos na Jordânia em 1970, aumentou para mais de 300 mil o número de refugiados palestinos no Líbano. A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) começou a atacar Israel a partir do território libanês. Israel respondia, bombardeando cidades libanesas, inclusive a capital, Beirute.


Com o aumento das tensões entre os cristãos e a OLP, os maronistas liderados por Pierre Gemayel temiam a perda da hegemonia interna e o envolvimento do Líbano nos conflitos do Oriente Médio, dos quais o país se mantinha afastado desde 1948.


Quartéis do exército libanês foram atacados pela OLP e os palestinos refugiados no Líbano passaram a sofrer cada vez mais. O exército intensificou o controle na fronteira do Sul do Líbano com Israel. Na cidade portuária de Saida, ocorreram violentos confrontos entre o exército e os sunitas, depois da morte do líder deste grupo – Maruf Saad – ferido por uma patrulha militar.
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 Militante da OLP durante combate de rua em Beirute



Em Beirute, transformada numa bomba-relógio, a OLP controlava principalmente o bairro Fakhany, onde Iasser Arafat mantinha seu quartel-general. Os preparativos para o conflito corriam a todo vapor, no dia 10 de abril. Três dias mais tarde, vários guarda-costas de Gemayel foram assassinados na porta de uma igreja cristã, enquanto o líder dos maronitas participava de uma missa.



A gota d'água


Embora até hoje não se tenham provas, os palestinos foram responsabilizados pelos tiros. E a vingança foi terrível: um ônibus palestino a caminho de uma festa da OLP foi interceptado e todos os passageiros fuzilados. A partir daquele momento, explodiu a guerra civil, opondo uma coalizão de esquerda druso-mulçumana a uma aliança maronita de direita.


Em setembro de 1976, a Síria invadiu o território libanês para impor ordem no país, mas também acabou sendo envolvida. O prosseguimento da luta levou à desagregação da sociedade libanesa, abrindo caminho para a invasão israelense em 1982 e a expulsão da OLP.

Fonte: DW

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sábado, 23 de janeiro de 2016

MITSUBISHI PEDE DESCULPAS A PRISIONEIROS DE GUERRA AMERICANOS

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A empresa japonesa Mitsubishi fez um pedido de desculpas histórico por explorar a mão de obra de prisioneiros americanos na Segunda Guerra Mundial.


Em uma cerimônia no Centro Simon Wiesenthal, em Los Angeles, um alto executivo da companhia, Hikaru Kimura, lamentou que prisioneiros tenham sido forçados a trabalhar em minas operadas pela Mitsubishi. Acredita-se que seja o primeiro pedido de desculpas do tipo feito por uma empresa japonesa.



Na cerimônia, um dos poucos ex-prisioneiros sobreviventes aceitou o pedido de desculpas. James Murphy, de 94 anos, disse que é "um dia glorioso... quisemos isso por 70 anos.  Eu ouvi com muita atenção o pedido de desculpas de Kimura e achei que foi muito sincero, humilde e revelador", afirmou.  "Esperamos prosseguir e ter um maior entendimento, uma maior amizade e laços mais estreitos com nosso aliado, o Japão."

Cerca de 500 prisioneiros de guerra americanos foram forçados a trabalhar em minas sem comida, remédios ou roupas




Familiares de outros ex-prisioneiros também estavam presentes. Há cinco anos, o governo japonês fez um pedido formal de desculpas aos prisioneiros americanos.Segundo funcionários do governo, o gesto da Mitsubishi é importante diante do aniversário de 70 anos do fim da Segunda Guerra, em agosto.





'Escravidão de todas as formas'


As minas, em quatro locais diferentes, eram operadas pela companhia Mitsubishi Mining, que deu origem à montadora de carros.  Somente dois sobreviventes foram localizados para aceitar o pedido e apenas Murphy conseguiu fazer a viagem até Los Angeles, segundo a imprensa local.


Cerca de 500 prisioneiros de guerra americanos foram forçados a trabalhar nas minas japonesas em meio a milhares de prisioneiros aliados, filipinos, coreanos e chineses.

Murphy disse à imprensa americana que passou um ano em uma mina de cobre perto de Hanawa, uma experiência que descreveu como "um completo horror".



"Era escravidão de todas as formas: sem comida, sem remédios, sem roupas, sem saneamento", disse.  Ele afirmou que era ainda pior para os americanos saber que, com o produto das minas, a Mitsubishi construía aviões usados para lutar contra as forças americanas.



Segundo correspondentes, ainda não está claro o motivo de a empresa ter se desculpado tanto tempo depois da guerra.



Fonte: BBC