segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

1975: COMEÇA A GUERRA CIVIL NO LÍBANO




 
No dia 10 de abril de 1975, começaram os conflitos armados entre cristãos e muçulmanos no Líbano por causa de controvérsias sobre mudanças na Constituição.




Guerra em Beirute


Oficialmente, o 13 de abril é considerado o primeiro dia da guerra civil no Líbano. Mas como os conflitos não costumam começar com data marcada, é difícil falar em dados precisos, a não ser em alguns números desta guerra, que terminou em setembro de 1976, com um saldo de 30 mil mortos, pelo menos 60 mil feridos e mais de meio milhão de desterrados.


Estes números, porém, não refletem a destruição da florescente economia do país, que chegou a servir de exemplo ao mundo árabe. Já em janeiro de 1975, ocorreram os primeiros confrontos armados entre milícias cristãs e muçulmanas e seus aliados palestinos, aumentando lentamente as tensões entre as facções políticas e religiosas, até culminar na guerra civil em larga escala, em abril.


Os antecedentes do conflito remontam à guerra civil de 1958, quando grupos sunitas muçulmanos e drusos apoiaram o movimento pan-arábico do presidente egípcio Gamal Abdel Nasser, base de uma aliança firmada entre o Egito e a Síria. Sob inspiração dos regimes nacionalistas pró-soviéticos, esses grupos desencadearam uma série de insurreições contra o presidente libanês Camille Chamoun (maronita e pró-americano). Somente a intervenção de tropas americanas pôde impedir a tomada do poder pelos muçulmanos e salvar o difícil "pacto nacional", que garantia a hegemonia dos cristãos sobre os demais grupos étnicos e religiosos no Líbano.





Acúmulo de conflitos


Nos anos seguintes, a luta interna pelo poder foi reprimida. Com uma nova derrota árabe na Guerra dos Seis Dias contra Israel, em 1967, e o massacre dos palestinos na Jordânia em 1970, aumentou para mais de 300 mil o número de refugiados palestinos no Líbano. A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) começou a atacar Israel a partir do território libanês. Israel respondia, bombardeando cidades libanesas, inclusive a capital, Beirute.


Com o aumento das tensões entre os cristãos e a OLP, os maronistas liderados por Pierre Gemayel temiam a perda da hegemonia interna e o envolvimento do Líbano nos conflitos do Oriente Médio, dos quais o país se mantinha afastado desde 1948.


Quartéis do exército libanês foram atacados pela OLP e os palestinos refugiados no Líbano passaram a sofrer cada vez mais. O exército intensificou o controle na fronteira do Sul do Líbano com Israel. Na cidade portuária de Saida, ocorreram violentos confrontos entre o exército e os sunitas, depois da morte do líder deste grupo – Maruf Saad – ferido por uma patrulha militar.
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 Militante da OLP durante combate de rua em Beirute



Em Beirute, transformada numa bomba-relógio, a OLP controlava principalmente o bairro Fakhany, onde Iasser Arafat mantinha seu quartel-general. Os preparativos para o conflito corriam a todo vapor, no dia 10 de abril. Três dias mais tarde, vários guarda-costas de Gemayel foram assassinados na porta de uma igreja cristã, enquanto o líder dos maronitas participava de uma missa.



A gota d'água


Embora até hoje não se tenham provas, os palestinos foram responsabilizados pelos tiros. E a vingança foi terrível: um ônibus palestino a caminho de uma festa da OLP foi interceptado e todos os passageiros fuzilados. A partir daquele momento, explodiu a guerra civil, opondo uma coalizão de esquerda druso-mulçumana a uma aliança maronita de direita.


Em setembro de 1976, a Síria invadiu o território libanês para impor ordem no país, mas também acabou sendo envolvida. O prosseguimento da luta levou à desagregação da sociedade libanesa, abrindo caminho para a invasão israelense em 1982 e a expulsão da OLP.

Fonte: DW

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