.
Ex-militar acreano de 91 anos estava a bordo do cruzador destacado para socorrer sobreviventes do Bahia, que afundou perto dos Rochedos São Pedro e São Paulo
Mesmo 68 anos depois do ocorrido, o naufrágio do cruzador Bahia ainda
está marcado na memória do ex-militar Raymundo Leite, de 91 anos, que
mora no Ibura, Zona Sul do Recife. Assim que viu a foto publicada na
edição de domingo passado do (no alto à direita), em reportagem sobre a
história da tragédia, reconheceu o momento retratado.
“Essa foto foi feita do navio em que servi durante a Segunda Guerra, o
cruzador Rio Grande do Sul, que era gêmeo do Bahia. Ela retrata o
momento em que resgatamos quatro marinheiros de uma barca que estava à
deriva na região do naufrágio”, relembra Raymundo. O navio afundou perto
dos Rochedos de São Pedro e São Paulo, no Oceano Atlântico, ao norte de
Fernando de Noronha.
O ex-militar acreano conta que, apesar de a barca conter quatro
tripulantes do Bahia (que vitimou 346 pessoas), só dois marinheiros
retornaram ao Recife com vida. “Um deles já estava morto quando
encontramos o barco. Os outros estavam muito fracos, e um deles morreu
ainda no nosso navio”, conta. Além da fome e da sede, os náufragos ainda
sofriam com outro perigo: os tubarões. “O barco deles estava cercado
quando os encontramos. Uns colegas mataram alguns dos bichos a tiros de
rifle, mas o sangue só atraiu mais tubarões.”
Raymundo ganhou das Forças Armadas uma medalha de duas estrelas pelos
200 dias de participação no conflito, todos eles à bordo do Rio Grande
do Sul.
Como o cruzador era idêntico ao Bahia, o militar da reserva discorda
da teoria defendida pelo escritor pernambucano Paulo Afonso Paiva, em
seu livro O porto distante, de que o navio teria sido afundado
por submarinos alemães. “Acredito que tenha sido um acidente. Os canhões
antiaéreos dos cruzadores realmente tinham uma proteção que impedia
que se alvejasse o convés, mas só foi instalada posteriormente”, explica
Raymundo.
Além disso, pela experiência do ex-militar, um torpedeamento não
teria atingido a popa do cruzador. “O Bahia estava muito exposto, e
certamente teria sido atingido de lado. Acertar um torpedo na popa é
mais difícil, e as bombas de profundidade ficam justamente lá, e
poderiam muito facilmente terem sido atingidas por acidente”.
Comentário do escritor pernambucano Paulo Paiva:
ResponderExcluirAcabo de ler a transcrição que v. fez da reportagem do JC de 25/8, em que o ex-tripulante do Cruzador "Rio Grande do Sul" fez a reportagem publicada no domingo anterior (18/8). Nela, demonstro que o "Bahia" não foi vítima de "disparos acidentais de metralhadora do próprio navio que atingiu bombas de profundidade que estavam no convés". Na verdade o navio foi vítima do submarino alemão U530 e o porquê do encobrimento do crime, pelos americanos, é descrito no meu livro.
Sr. Raymundo diz "que os contgeradores são forma colocados nas metralhadoras depois do acidente". Não é verdade, as metralhadoras Oerlikon de 20mm - produzidas originalmente na Suíça - tinham um dispositivo que impedia que ela baixasse além de uma certa angulagem, justamente para impedir acidentes.
Pesquiso o assunto há mais de 10 anos.
Paulo Paiva