Comemora-se hoje o centenário de nascimento do sanfoneiro Luiz Gonzaga, consagrado como o Rei do Baião. Além de músico, Luiz Gonzaga pertenceu ao Exército Brasileiro. A seguir, um pouco dessa história.
Luiz Gonzaga do
Nascimento nasceu em 13 de dezembro de 1912, no município de Exu (Pernambuco), e
faleceu em 2 de agosto de 1989. Foram 76 anos de vida marcados por muita música
e obstinação, no intuito de alcançar seus objetivos.
A fim de traçar seu destino, Luiz Gonzaga, aos 17
anos, mudou-se para Fortaleza, onde sentou praça no 23º Batalhão de Caçadores
(23º BC), atual Batalhão Marechal Castelo Branco, a 5 de junho de 1930, sendo
conhecido pelos colegas de farda como “Recruta 122”.
Logo depois, estourou a Revolução de 1930 nos
Estados do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais e da Paraíba. Luiz foi transferido para o 22º
Batalhão de Caçadores, em João Pessoa, para combater os revoltosos na cidade de
Sousa (PB) e, em seguida, movimentado para o 25º Batalhão de Caçadores, em
Teresina, para lutar na revolução no interior do Ceará e Teresina.
No Piauí, conseguiu engajamento e foi para o
centro-sul do País: Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Campo Grande e, finalmente,
Juiz de Fora, no então 10º Regimento de Infantaria, onde ganhou fama no
Exército e o apelido de “bico de aço”, pela habilidade como corneteiro.
O Soldado Luiz Gonzaga (o segundo, a partir da esquerda) na banda do 10º Regimento de Infantaria, de Juiz de Fora, já com sua inseparável sanfona
“Eu fui soldado durante nove anos e eu sentia
naquele meio um engrandecimento muito grande para com a minha pessoa. Eles me
chamavam para cantar para eles e eu me apresentava diante de vinte, trinta
generais, cantando coisas do sertão, porque militar gosta muito de música que
decanta o trabalho, a força, a coragem, a capacidade de desenvolver a terra,
tudo que minha música cantava. Uma vez eu cantei para Castello Branco numa festa grande que houve em Fortaleza. No
final, ele me cumprimentou e disse: ‘gosto muito de você, Luiz’”, narrou Luiz Gonzaga, no livro da jornalista Regina Echeverria, Gonzaguinha e Gonzagão, Uma História
Brasileira.
Em seu livro Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, o
autor José de Jesus Ferreira
relata alguns trechos marcantes da passagem do sanfoneiro pelo Exército. “Sua
permanência nas fileiras do Exército foi pontilhada de constantes
movimentações. Nos princípios de julho de 1930, ainda com as insígnias da
unidade cearense cingidas na túnica, participou, sob o comando do coronel Pedro Ângelo, de algumas incursões a
municípios sertanejos, como Princesa e Cajazeiras, na Paraíba, e Cariri, no
Ceará. A partir de outubro daquele ano, com a explosão do movimento
revolucionário, liderado pelos Estados do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais e
da Paraíba, e a consequente deposição do presidente Washington Luís, o pracinha Gonzaga, já militarmente aprimorado, deixou as fronteiras
cearenses".
Em 27 de março de 1939, entretanto, recebeu a sua
baixa no Exército, depois que foi sancionada uma lei que impedia o
reengajamento de cabos e soldados com mais de dez anos de atuação. Por conta
disso, partiu rumo ao Rio de Janeiro, com a intenção de poder voltar para casa.
Luiz Gonzaga ficou no
Batalhão de Guardas do Rio de Janeiro, enquanto aguardava um navio para
Pernambuco, e foi aconselhado por um soldado sobre a possibilidade de ganhar
dinheiro por sua habilidade.
Em 1940, passou a apresentar-se em programas de
rádio como calouro. Com repertório variado, que ia desde músicas estrangeiras,
que lhe renderam críticas, às músicas populares brasileiras. Mas foi a partir
de suas músicas, algumas compostas em parceria, que o “Lua”, apelido dado pelo
então radialista Paulo Gracindo,
que o sanfoneiro arretado conseguiu sucesso. Em 1949, Luiz
Gonzaga é consagrado o Rei do Baião, gênero que praticamente introduziu
e divulgou no centro-sul do País.
A partir dos anos 80 do século XX, algumas
iniciativas foram adotadas no intuito de reconhecer o homem e a arte de Luiz Gonzaga do Nascimento, insigne
brasileiro nordestino. O Exército Brasileiro, em 1982, lhe concede a
Medalha do Pacificador, em 2001, in memorian, o homenageia com uma
placa, com a réplica da corneta usada à época no 23º BC e com a cópia do
Boletim de Incorporação pelo Comando Militar do Nordeste, e, em 2006, por
proposta do Comando Militar do Nordeste, o Comandante do Exército lhe outorga, post
mortem, a Medalha da Ordem do Mérito Militar, que foi entregue a irmã, Francisca Gonzaga.
Fonte: EB
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Esse foi o cara.
ResponderExcluirMuito obrigado por nos brindar com essa história!
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