"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



sábado, 3 de novembro de 2012

BERLIM, CENÁRIO DE GUERRA

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Capital alemã foi invadida, destruída e dividida

Por Gustavo Heidrich

A região às margens do rio Spree, ao norte do Danúbio e rumo ao mar Báltico, sempre foi alvo de disputas e refregas. Os registros mais antigos dão conta da presença de populações vivendo da exploração das florestas e da caça, no século III a.C. Mas até o século I, o que se sabe dessas tribos é que eram boas de agricultura, de caça e de guerra. Os romanos, que não se arriscavam muito por ali, chamavam a região – que incluía as atuais Rússia e Ucrânia – de Germânia, conforme aparece nos mapas do historiador Cornélio Tácito.

De lá, muitas dessas tribos saíram, no século IV, para colocar fim ao império de Tacitus. Com a migração dos germânicos, a região foi ocupada por povos eslavos vindos do leste. O território somente voltaria às mãos germânicas no ano de 948, com Oto I, imperador do Sacro Império Romano-Germânico, mas não por muito tempo. Em 983, os eslavos recuperaram o local, dominando-o por mais 150 anos.

Guerreiros germânicos que ajudaram a pôr fim ao Império Romano no século IV


No século XI, germânicos restabeleceram seu poderio, quando o guerreiro saxão Albrecht cristianizou os povos da região e tornou-se o primeiro duque de Brandemburgo. O primeiro documento histórico berlinense é de 1237 e fala sobre as povoações de Kolln e Berlim, situadas uma em cada margem do Spree. Em 1307, as duas localidades aliaram-se e constituíram uma só cidade: Berlim. Mas foi somente no século XV, com a intervenção do Sacro Império, que a cidade cresceu e se tornou sede da dinastia dos Hohenzollern, que a governaria por 500 anos.

A reforma protestante do século XVI dividiu o país, colocando-o na alça de mira das grandes potências da época – Suécia, Áustria, Dinamarca, Boêmia e França. Em nome da fé, católicos e protestantes travaram a Guerra dos Trinta Anos. Ao fim dos combates, em 1648, Berlim contabilizou seus prejuízos: um terço das casas fora destruído e 40% da população, morta. A Alemanha devastada tornou-se uma colcha de retalhos de 234 reinos, 51 cidades autônomas e um sem número de minirreinos, principalmente em sua porção ocidental. No leste, consolidaram-se Estados poderosos, como Baviera, Saxônia e Brandemburgo.

Em 1701, Brandemburgo uniu-se a territórios vizinhos e se proclama o reino da Prússia, com sede em Berlim. A cidade torna-se um pólo cultural, artístico e científico da Europa, rivalizando com Viena, na Áustria, pelo predomínio entre as cidades de língua germânica.

Em 1806, Napoleão derrota o exército prussiano e, como símbolo da vitória, leva para Paris a Quadriga, escultura que adornava o topo do Portão de Brandemburgo, construído em 1788 pelos prussianos. A invasão francesa e a natural reação a ela, no entanto, tiveram um efeito inesperado: unificaram os pequenos reinos do oeste sob influência prussiana.

A reação contra a invasão de Napoleão em 1806 fortaleceu a união entre os estados germânicos


A Prússia – e Berlim – se tornaria sede da revolução industrial na Alemanha. Em 1837 surge a primeira fábrica de locomotivas e, no ano seguinte, a primeira linha férrea ligando Berlim a Potsdam. Otto Von Bismarck, chanceler da Prússia, lidera o país em guerras contra a França, Áustria e Dinamarca, unifica as nações germânicas sob a liderança da Prússia e cria, em 1871, o Império Alemão. Berlim torna-se sua capital.

O novo império, no entanto, dura até 1918, quando, na Alemanha derrotada na 1ª Guerra Mundial, é proclamada a República de Weimar. As indenizações impostas pelos vencedores geram 450 mil desempregados em Berlim, resultado da hiperinflação que empobrece seus 4 milhões de habitantes. Em 1933, em meio à crise econômica, Adolf Hitler é eleito chanceler da Alemanha e conquista o apoio da maioria dos alemães. Berlim torna-se a capital do III Reich e a Alemanha mergulha na 2ª Guerra Mundial. Após seis anos de luta, entre abril e maio de 1945, os exércitos soviéticos invadem a cidade com 2,5 milhões de soldados, 6.300 carros de combate e 7.500 aviões, deixando a cidade praticamente destruída.

O Muro de Berlim, erguido pelos soviéticos em 1961, foi o símbolo da Guerra Fria na Europa


Com a queda do nazismo, a Alemanha é dividida em duas e Berlim é repartida entre os países vencedores da 2ª Guerra Mundial. Em 1961, um muro é erguido pelos soviéticos que, separando a cidade em dois territórios, é o símbolo da Guerra Fria entre soviéticos e norte-americanos. O muro foi derrubado em 1989 e a Alemanha reunificada no ano seguinte.

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