quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O MOTIM DE 1915 EM CINGAPURA

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Em pleno curso da 1ª Guerra Mundial, o Exército Britânico enfrentou um motim de soldados indianos na guarnição de Cingapura, um dos baluartes do Império de Sua Majestade no continente asiático. A rebelião demonstrou a difícil relação entre colonizadores e colonizados, inclusive no seio de suas forças armadas.




Placa alusiva ao motim de 1915 na entrada do  Victoria Memorial Hall

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No meio da tarde do dia 15 de fevereiro de 1915, um segunda-feira, 815 soldados do 5° Batalhão de Infantaria Ligeira do Exército Indiano, juntamente com cem guias malaios da Bateria de Mulas da Artilharia de Montanha se amotinaram contra o comando britânico. Deixando seus quartéis, dispararam contra um grupo de cinco oficiais britânicos, matando três. Os outros conseguiram escapar e fugiram atrás de ajuda, conseguindo reunir forças suficientes junto a outras unidades militares para debelar a rebelião.

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Uma coluna de cerca de cem amotinados segui em direção ao quartel de Tanglin, onde havia 309 prisioneiros de guerra alemães, inclusive os integrantes da tripulação do cruzador SMS Emdem. Sem nenhum aviso prévio, os rebeldes dispararam contra a guarda do quartel, matando todos os seus integrantes, mas não antes que um guarda conseguisse correr por todo o pátio sob fogo pesado para acionar o alarme. Os amotinados tentaram convencer os alemães a se juntarem a eles, mas apenas 17 destes, mais três holandeses, decidiram unir-se ao movimento. Os demais se recusaram e permaneceram onde estavam, por não terem nada a ver com a rebelião e por considerarem um ato desonroso.

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Outros amotinados seguiram para Keppel Harbour e Pasir Panjang, onde mataram muitos homens e mulheres que transitavam pelas ruas, inclusive um juiz. Ao cair da noite, as autoridades começara a organizar uma força efetiva para enfrentar a ameaça. Fuzileiros navais e marinheiros da tripulação do HMS Cadmus desembarcaram e foram mobilizadas outras tropas da guarnição que não tinham se amotinado. Uma mensagem de rádio foi enviada à Índia, além de ter sido solicitado apoio a alguns navios de guerra aliados que estavam nas proximidades.




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O cruzador francês Montcalm, cuja tripulação auxiliou na contenção do motim

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Em suas ações, os rebeldes cercaram o bangalô do Coronel Martin, comandante da guarnição, o qual se interpunha na direção da estrada para a cidade de Cingapura. O coronel e alguns homens permaneceram cercados por toda a noite, até que foram libertados ao amanhecer por voluntários armados e civis. Tal ação foi tão bem sucedida que foi possível capturar boa parte da artilharia que estava em poder dos amotinados, embora custasse aos voluntários um morto e cinco feridos. Os amotinados dispersos, apesar de continuarem inquietando a população e as tropas da guarnição britânica com atiradores isolados.

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Na quarta-feira, 17 de fevereiro, o cruzador francês Montcalm e alguns navios de guerra menores russos e japoneses chegaram ao porto. Essas unidades navais desembarcaram numerosa tropa de fuzileiros que, imediatamente, avançaram sobre os amotinados. A batalha que se seguiu abalou a organização dos rebeldes: um grande número se rendeu de imediato, outros conseguiram fugir e internaram-se na selva. Boa parte desses fugitivos tentou se evadir, atravessando o Estreito de Johore, mas foram cercados e capturados pelas forças do exército do Sultão de Johore. Nesse tempo, alguns rebeldes que permaneceram escondidos na floresta permaneceram inquietando os britânicos e os franceses com fogo de sniper dirigido contra suas tropas.
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Em 20 de fevereiro, seis companhias do 5° Regimento Territorial de Shropshire britânico chegaram de Rangun, na Birmânia, aliviando os marinheiros e fuzileiros navais. O reforço possibilitou eliminar o foco do motim em curto espaço de tempo.

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Dois dias depois, em 22 de fevereiro de 1915, foram instauradas as devidas cortes marciais, que resultaram na condenação à morte por fuzilamento de grande número de soldados amotinados, além de outras penas menores conforme o envolvimento no motim. A maior das execuções públicas ocorreu com uma companhia de 110 homens disparando, de uma só vez, contra 22 amotinados condenados. Os rebeldes que haviam se rendido precocemente foram enviados para lutar na África contra as tropas alemãs do General Von Lettow Vorbeck.
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Além dos militares, o inquérito provou que um comerciante indiano também se envolveu no movimento, enviando mensagens ao cônsul turco em Rangun oferecendo-lhe ajuda e incentivando a guarnição indiana naquela cidade a também se amotinar. Da mesma forma que os principais líderes do movimento, o comerciante também foi fuzilado.
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O saldo do motim: sipaios amotinados são executados em cerimônia pública
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Como balanço final do motim de 1915, foram registradas, entre os britânicos, 47 vítimas fatais (33 militares e 14 civis); um fuzileiro naval francês e três marinheiros russos foram feridos nos combates. O motim levou as autoridades britânicas a determinarem o serviço militar obrigatório para todos os cidadãos britânicos de 18 a 55 anos residentes em Cingapura.

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