quinta-feira, 25 de julho de 2024

O EXÉRCITO NAZISTA CLANDESTINO

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Historiador descobre que 2.000 oficiais criaram um grupo de defesa depois da guerra. O coronel Schnez montou o exército à sombra do Governo, mas quando o chanceler Adenauer soube, consentiu.


Por Klaus Wuegrefe

A Alemanha acaba de descobrir um surpreendente capítulo inédito de sua história recente. Depois da II Guerra Mundial, antigos oficiais da Wehrmacht, as forças armadas da Alemanha nazista, e da Waffen-SS, o braço armado das SS, formaram um exército secreto para proteger o país de um suposto ataque da União Soviética. O projeto, descoberto casualmente, poderia ter provocado um grande escândalo naquela época. Durante quase seis décadas, os documentos que mostram sua existência permaneceram ocultos nos arquivos do Serviço de Inteligência da Alemanha (BND).

Cerca de 2.000 veteranos nazistas decidiram formar um exército em 1949 escondidos do Governo federal e dos Aliados. O objetivo dos oficiais era defender a recém-criada República Federal da Alemanha da agressão do Leste nas primeiras etapas de uma guerra fria e, na frente nacional, mobilizar-se contra os comunistas em caso de uma guerra civil.

O chanceler alemão Konrad Adenauer não ficou sabendo da existência de uma conspiração às escondidas até 1951, mas não tomou medidas claras contra esta organização ilegal. De acordo com a documentação encontrada, em caso de uma mobilização, o exército contaria com 40.000 soldados. O principal organizador era Albert Schnez, que havia servido como coronel na II Guerra Mundial. No final dos anos cinquenta formou parte da equipe entorno do ministro de Defesa Strauss e posteriormente foi chefe do Estado-Maior no mandato de Willy Brandt. 

As declarações de Schnez citadas nos documentos sugerem que o projeto de criação de um exército clandestino também foi apoiado por Hans Speidel que se tornaria o comandante supremo da OTAN do Exército Aliado na Europa Central em 1957 e por Adolf Heusinger, primeiro inspetor geral do Bundeswehr (Exército federal).

Albert Schnez aqui fotografado em 1968, no posto de marechal.


O historiador Agilolf Kesselring encontrou os documentos que pertenciam à Organização Gehlen, o Serviço de Inteligência anterior, enquanto investigava para o BND. Kesselring tem especial interesse pela própria história militar de sua família. Seu avô foi marechal de campo durante a II Guerra Mundial e comandante no Terceiro Reich, com Schnez como subordinado. Em seu estudo, Kesselring desculpa com frequência Schnez. Nada menciona sobre seus vínculos com a extrema direita e descreve seus trabalhos de espionagem sobre supostos esquerdistas como “controles de segurança”.

O projeto começou durante a pós-guerra na Suabia, uma região que rodeia Stuttgart, onde Schnez comercializava madeira, têxteis e artigos para o lugar ao mesmo tempo que organizava reuniões noturnas para veteranos da 25ª Divisão de Infantaria, onde ele havia servido. Mas seus debates sempre giravam ao redor da mesma pergunta: o que devemos fazer se os russos e seus aliados da Europa do Leste nos invadirem?

Para dar resposta a essa ameaça potencial, Schnez pensou em fundar um exército. E ainda que não tenha respeitado as ordens dos Alidos – as organizações militares ou “de tipo militar” estavam proibidas -, rapidamente se tornou algo muito popular. Seu exército começou a tomar forma em 1950. A rede de Schnez arrecadou doações de empresários e de antigos oficiais de ideias afins, entrou em contato com grupos de veteranos de outras divisões e fez acordo com empresas de transporte para a entrega de veículos.

Anton Grasser, antigo general de Infantaria, se ocupou do armamento. Começou sua carreira no Ministério do Interior supervisionando a coordenação da polícia alemã. Queria utilizar seus ativos para equipes das tropas em caso de conflito. Não há nenhum sinal de que o então ministro do Interior, Robert Lehr, estivesse informado destes planos.

Schnez queria criar um exército com unidades formadas por antigos oficiais pertencentes a corpos de elite da Wehrmacht, que poderia mobilizar-se com rapidez em caso de um ataque. De acordo com os documentos desclassificados, a lista incluía empresários, representantes de vendas, um comerciante, um advogado de direito penal, um instrutor técnico e inclusive um prefeito. É de supor que todos eles eram anticomunistas e, em alguns casos, estavam motivados por um desejo de aventura. Um exemplo: o tenente geral aposentado Hermann Hölter “não se sentia feliz trabalhando somente em um escritório”.

Ficava por determinar onde poderiam se realocar em caso de emergência. Schnez negociou com algumas grupos suíços, que mostraram “sua desconfiança”. Mais tarde planejou um possível translado para a Espanha, que utilizaria como base para combater ao lado dos norte-americanos.

O chanceler Konrad Adenauer, o segundo à direita, inspeciona uma unidade do Bundsweehr em 1956


Em sua busca por financiamento, Schnez solicitou a ajuda dos serviços secretos da Alemanha Ocidental no verão de 1951. Durante uma reunião realizada em 24 de julho de 1951, Schnez ofereceu os serviços de seu exército clandestino a Gehlen – chefe do serviço de inteligência - para “uso militar” ou “simplesmente como uma força potencial”, fora do Governo alemão no exílio ou dos aliados ocidentais.

Uma anotação nos documentos da Organização Gehlen afirma que Gehlen e Schnez “mantiveram durante muito tempo relações de caráter amistoso”. O texto também indica que os serviços secretos já conheciam a existência de um exército clandestino.

É provável que o entusiasmo de Gehlen pela oferta de Schnez tivesse sido maior se fosse feito um ano antes, quando estourava a guerra da Coreia. Naquele momento, Bona e Washington haviam considerado a possibilidade de, “em caso de acontecer uma catástrofe, reunir os membros das antigas divisões alemãs de elite, armá-los e depois inscrevê-los nas forças aliadas”.

Um ano depois, a situação tinha mudado, e Adenauer havia desanimado dessa ideia. Ao contrário, pressionou para que a Alemanha Ocidental se integrasse profundamente ao Ocidente e estimulou assim mesmo o estabelecimento do Bundeswehr. O grupo ilegal de Schnez possuía a capacidade de colocar em perigo essa política, já que, se sua existência fosse de domínio público, poderia ter gerado um escândalo internacional. Ainda assim, Adenauer decidiu não tomar medidas contra a organização de Schnez.

O pessoal de Gehlen entrava em contato frequentemente com Schnez. Além disso, ambos chegaram a um acordo para compartilhar dados secretos procedentes do serviço de inteligência. Schnez se gabava de ter uma unidade de inteligência “particularmente bem organizada”. A partir desse momento, a Organização Gehlen se transformou no destinatário de informes sobre antigos soldados alemães que imprevisivelmente haviam se comportado de forma “indigna” como prisioneiros de guerra dos russos, insinuando que haviam desertado para apoiar a União Soviética. Em outros casos informava sobre “pessoas suspeitas de serem comunistas em Stuttgart”.

Com tudo, Schnez nunca conseguiu se beneficiar do dinheiro que recebia. Gehlen somente lhe entregava pequenas quantidades que se esgotaram no outono de 1953. Dois anos depois, os primeiros 101 voluntários se alistaram no Bundeswehr. Assim, com o rearmamento da Alemanha Ocidental, o exército de Schnez passou a ser desnecessário.

Schnez faleceu em 2007 sem ter revelado publicamente nenhuma informação sobre os acontecimentos. O que se conhece é graças aos documentos nos arquivos classificados do BND por baixo do título enganoso de “Seguros”. Alguém tinha a esperança de que nunca ninguém encontrasse um motivo para se interessar por eles.

Fonte: El País


domingo, 21 de julho de 2024

UNIFORME - COURACEIRO BÁVARO, 1870

 

Tenente do 2º Regimento de Kürassiers bávaro (regimento "Príncipe Adalbert"). Foto batida antes do início da Guerra Franco-Prussiana. Esse regimento de cavalaria pesada lutou na feroz batalha de cavalaria que ocorreu durante/dentro da grande Batalha de Mars-la-Tour/Rezonville. A Bavária era um Estado independente em 1870, aliado da Prússia.
(Contribuição de Renato Coutinho).


domingo, 14 de julho de 2024

SURGE A BOMBA ATÔMICA

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Quando a notícia de que a primeira bomba atômica fora testada com sucesso chegou a Potsdam, onde as lideranças aliadas reuniam-se em conferência, o americano Henry Stimson, secretário da guerra do governo Truman, exultou. Na noite de 16 de julho, escreveu em seu diário: "Agora, com nossa nova arma, não precisaremos da assistência dos russos para conquistar o Japão." Estava certo. Com somente dois desses fatais artefatos nucleares - os mais poderosos armamentos já vistos no mundo -, os nipônicos baixaram as armas, rendendo-se quase de imediato, sem a necessidade da intervenção do Exército Vermelho de Josef Stalin. Mas de onde veio essa arma que abreviou a resistência nipônica e deixou os americanos em posição tão segura no jogo militar-diplomático?

As origens da bomba atômica remontam a antes mesmo do início dos combates. Cientistas de diversos países já perseguiam o conceito de energia nuclear em meados da década passada. A Alemanha ganhou um trunfo quando invadiu a Noruega, em 1940, e apoderou-se da única planta para a fabricação da água pesada, fundamental para o processo nuclear. Alguns cientistas germânicos, porém, fugindo da perseguição nazista, estabeleceram-se na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos. Os britânicos, por sua vez, possuíam estoques de água pesada, mas viram que não contavam com materiais suficientes para criar uma bomba. Assim, concordaram em dividir sua experiência com os EUA. Desta forma, em 1942, instalou-se o ultra-secreto Projeto Manhattan, também com a colaboração do Canadá, destinado a criar a "arma vencedora".

Leslie Groves (a esquerda) e o Robert Oppenheimer, líderes do Projeto Manhattan

Esta causaria um impacto gigantesco apenas por dividir a menor das partículas da matéria: o átomo. Quando atingido por um nêutron, o núcleo do átomo de urânio-235 - como foi o caso da bomba Fat Man - se parte e libera um fluxo de energia de enormes proporções, além de mais nêutrons. Por sua vez, estes bombardeiam outros núcleos atômicos, dando origem a uma reação em cadeia que gera tamanha quantidade de energia em tão pouco tempo que acaba por provocar uma colossal explosão. Uma quantidade específica de urânio-235, conhecida como "massa crítica", é necessária para engatilhar a reação; dentro da bomba, o urânio é mantido separado em duas partes, reunidas apenas no momento da detonação para formar a "massa crítica" e gerar a explosão.


Uso desnecessário?

De acordo com o coronel Leslie Groves, chefe do Projeto Manhattan em Washington, a empreitada custou mais de 2 bilhões de dólares e envolveu uma força de trabalho de cerca de 600.000 pessoas. A título de comparação, a Grande Pirâmide, segundo o relato de Heródoto, requereu 100.000 homens trabalhando durante 20 anos, enquanto a construção da Muralha da China teria envolvido cerca de um milhão de trabalhadores.


Foi emblemático que essa monumental operação tenha culminado no revide ao ataque que arrastou os EUA para a guerra: Pearl Harbor, no fim de 1941. Desde então, os japoneses tornaram-se alvo do mais profundo ódio dos americanos - com a ajuda, como foi comum na guerra inteira, de uma raivosa campanha de propaganda. A construção da imagem malévola dos nipônicos funcionou tão bem que os EUA tiveram de prender os imigrantes daquele país em campos de detenção, uma medida que constrangeu o governo mas foi amplamente aceita entre a população.

Assim que a primeira bomba explodiu em Hiroxima, o coronel telefonou para o doutor Robert Oppenheimer, chefe do laboratório de Los Alamos, no Novo México, onde a bomba fora desenvolvida e construída, para congratular os responsáveis pelo momento histórico. "Estou muito orgulhoso de você e de toda sua equipe", afirmou. Nem todos concordam com Groves, porém. Nos bastidores, o almirante William Leary, Comandante da Marinha dos Estados Unidos, argumentou que o uso da devastadora arma no Japão foi moralmente equivocado e militarmente desnecessário, uma vez que o bombardeio convencional já minava as forças japonesas, ainda mais combalidas pela falta de petróleo no país. Outros, contudo, como o general George Marshall, Comandante do Exército, apoiaram Truman em sua decisão. Para ele, o lançamento da bomba atômica faz o Japão render-se rapidamente e evitou a morte de milhares de soldados americanos, baixas que seriam inevitáveis em caso de invasão.

Talvez ainda mais importante, de acordo com fontes em Washington: a capitulação rápida do Império impediu os soviéticos de alcançar Tóquio, permitindo assim que os Estados Unidos fossem a única força a ocupar o Japão, região estratégica para seus interesses no Pacífico - esta sim, talvez a verdadeira (e também pouco justificável) razão para a devastação de Hiroxima e Nagasaki. De qualquer forma, os americanos não carregam só o peso de ter dizimado duas cidades inteiras – a partir de agora, levam nas costas também a responsabilidade pela detenção da tecnologia mais letal já imaginada pelo homem.

Fotografias aéreas do centro de Nagasaki, antes e depois do ataque atômico

Cientistas afirmam que o poder de destruição da bomba atômica é tão monstruoso que seria potencialmente capaz de simplesmente destruir a Terra, reduzindo a pó o planeta e varrendo a humanidade do Universo – bastaria produzir artefatos em número suficiente para isso. O pesadelo da guerra podia ter acabado, mas os tempos de paz prometiam ser cheios de incerteza e tensão.

Fonte: Veja online

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quarta-feira, 10 de julho de 2024

O PRIMEIRO ATAQUE AÉREO SURPRESA SOVIÉTICO CONTRA BERLIM

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Bombardeiros atingiram o centro e a periferia de Berlim e vingaram ataques contra Moscou.

Por Aleksandr Korolkov


Às 21h de 7 de agosto de 1941, no 47º dia de combates contra a Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, 15 bombardeiros soviéticos DB-3 e Il-4 levantaram voo da base aérea do arquipélago de Moonsund, no mar Báltico, em direção à capital alemã, Berlim. Eles tinham que superar 1.765 km sobre o território inimigo e enfrentar uma defesa antiaérea bem organizada, contra a qual suas únicas armas eram a surpresa e a altitude.

O Exército Vermelho, tendo recuado por mais de um mês, na época defendia com grande dificuldade Smolensk, na Rússia, e Kiev, na Ucrânia. A Luftwaffe (força aérea alemã) bombardeava Moscou desde 21 de julho, e seu comandante, Hermann Goering, sabendo das grandes perdas sofridas pela aviação soviética e da passividade dos ingleses, fez a famosa declaração de que "nenhuma bomba cairá sobre a capital do Reich". Sob essas circunstâncias, as explosões das bombas em Berlim provaram ao inimigo e ao mundo que a retirada da aviação soviética da equação da guerra havia sido prematura.

Os aviões britânicos pararam de visitar o céu de Berlim regularmente em janeiro de 1941, depois que seus comandantes perceberam que o Terceiro Reich reagrupava a aviação para atacar o leste europeu. A cidade vivia uma vida pacífica e rotineira, em que apenas soldados e empresas de defesa se lembravam de batalhas que ocorriam em algum lugar distante. Assim, o ataque dos bombardeiros soviéticos permitiu que os moradores da capital do Reich sentissem as mesmas emoções que tomaram conta dos moscovitas durante o primeiro bombardeio alemão na cidade, na madrugada de 21 para 22 de julho.

O ataque soviético foi precedido por uma complexa jornada de sete horas desde a ilha de Saaremaa, na Estônia


Para que voassem até Berlim e voltassem em sua altitude máxima, os DB-3 foram despojados de sua blindagem e tiveram que decolar rapidamente de pistas curtas, construídas para caças. Na madrugada de 8 de agosto, o silêncio foi quebrado pelas palavras do responsável pelo sistema de rádio soviético, Vasili Krotenko, que disse a bordo de uma das aeronaves: "Meu lugar é Berlim! A tarefa foi cumprida. Estamos voltando à base!".

O ataque soviético foi precedido por uma complexa jornada de sete horas desde a ilha de Saaremaa, na Estônia, até Szczecin, na Polônia, e depois Berlim. Para escaparem da defesa antiaérea nazista, foi necessário voar a uma altitude de 7.000 metros, na qual a temperatura fora do avião chegava a 40 graus negativos. Devido à ausência de oxigênio, os pilotos tiveram que trabalhar com máscaras o tempo todo. O combustível estava no limite para se esgotar e não havia chances para erro. Se a tripulação se desviasse da rota, corria o risco de não poder retornar à base.

Os alemães foram pegos de surpresa pelos bombardeiros da URSS, e testemunhas chegaram a afirmar que as forças de defesa antiaérea nazistas encontraram as aeronaves, mas achando que fossem alemãs, sugeriram que se dirigissem à base aérea mais próxima.
Berlim foi bombardeada por apenas cinco das 15 aeronaves que partiram na missão: a atividade da defesa antiaérea alemã e a falta de combustível obrigaram os remanescentes a atacar a periferia da cidade, mas o recado foi dado pelas tripulações soviéticas.

Os ataques causaram incêndios e pânico na cidade. Até mesmo de uma grande altitude, os DB-3 soviéticos puderam escolher os alvos em uma grande e bem iluminada cidade. O blecaute começou somente um minuto após o início da invasão.

O escritor e correspondente militar N.G. Mikhailovski, que testemunhou esses acontecimentos, descreveu o ocorrido a bordo de um dos aviões: "As fábricas da Siemens-Schuckert eram o nosso alvo, mas os pilotos sonhavam em chegar ao Reichstag ou à Chancelaria do Reich. Ivan Rudakov congelou-se imóvel na metralhadora. As mãos de Preobrajenski estavam congelando no manche. Mas isso não importava. O mais importante é que cheguemos ao alvo. Nosso sonho era chegar, a qualquer custo. E nós chegamos! A grande cidade estava bem visível a uma altura de sete quilômetros. Tomada por milhares de luzes, ela se estendia como uma aranha. Não nos esperavam. De fato, Goebbels foi afoito em declarar a destruição da aviação soviética... A voz do navegador: ‘Nós estamos sobre o alvo!’. O avião se balançou e elevou-se de leve. Na cabine surgiu o cheiro familiar do funcionamento das chaves que ligam as bombas. Pesadas bombas caem... ‘Isso é por Moscou, por Leningrado!’, escutamos a voz rouca de Khokhlov", relatou.

Berlim após o bombardeio dos aviões soviéticos


Apesar de terem sido lançados folhetos junto com as bombas, o comando alemão tentou esconder o fato de que aeronaves soviéticas haviam cruzado o céu de sua capital. As estações de rádio alemãs noticiaram o ocorrido como uma tentativa frustrada de 150 aviões britânicos de chegar a Berlim. De acordo com a imprensa alemã, apenas algumas aeronaves conseguiram e seis delas foram abatidas, provocando os incêndios. Na realidade, os pilotos soviéticos só perderam uma aeronave na missão. A invenção da propaganda alemã logo foi desmentida por uma mensagem da BBC, que disse que na noite de 7 para 8 agosto aviões britânicos não voaram sobre o céu de Berlim.

Em 8 de agosto, o serviço de informações soviético, Sovinformburo, declarou ao país inteiro que os bombardeios ocorridos em Moscou nos dias 22 e 24 de julho, que mataram centenas de moradores, haviam sido vingados.

Os membros da tripulação da aeronave sob o comando do Coronel Preobrajenski foram agraciados com o título de Heróis da União Soviética. Stalin assinou um decreto determinando que "nas ações no centro político do inimigo, para cada bombardeio, cada pessoa da tripulação receberá um prêmio em dinheiro no valor de 2.000 rublos". Isso era muito dinheiro na época, mais de quatro vezes a recompensa usual para um bombardeio bem-sucedido.

Os bombardeios seguintes das tripulações soviéticas não tiveram a mesma sorte. O elemento surpresa pode ser usado somente uma vez.

"Em 9 de agosto houve um novo ataque à capital nazista. Ele era consideravelmente mais difícil do que o anterior. Embora o clima tenha melhorado, nós voávamos em rajadas contínuas de artilharia antiaérea. Entre Szczecin e Berlim, os ataques vindos do chão pararam de repente, e no céu noturno surgiram caças inimigos. Dois aviões alemães com luzes brilhantes voaram quase que em cima de nós. As mãos de Rudakov coçavam para abrir fogo, o alvo era muito tentador e estava tão próximo. Mas era arriscado revelar-se. Dez minutos mais tarde, o nosso avião mergulhou de novo num mar de artilharia antiaérea. O nosso navegador disse: ‘Cinco minutos para o alvo’", relembra Mikhailovski sobre a segunda missão de ataque a Berlim.

Partindo das ilhas próximas a Leningrado (hoje São Petersburgo), até 5 de setembro os pilotos realizaram nove missões envolvendo 86 aeronaves, lançando 21 toneladas de bombas e perdendo 18 aviões devido ao fogo antiaéreo e avarias.

Os voos levavam as forças físicas e mentais a um limite máximo de tensão. Às vezes, já perto da base aérea, as mãos dos pilotos não podiam mais lidar com o manche, os olhos se fechavam pela fadiga. Não podendo voar as últimas centenas de metros até a pista de pouso, os aviões às vezes caíam. Foi assim que morreu a tripulação do tenente N. Dashkovski.

Os voos soviéticos se interromperam depois do início das batalhas pela ilha de Moonsund, em 7 de setembro de 1941, mas na ofensiva seguinte da Alemanha, em julho de 1942, os moradores da capital do Reich novamente viram aviões com estrelas vermelhas em suas asas.

Fonte: Gazeta Russa


sexta-feira, 5 de julho de 2024

HÁ 100 ANOS, CIDADE DE SP ERA BOMBARDEADA - AS MARCAS DO CONFLITO QUE PERMANECEM ATÉ HOJE

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Igrejas e colégios guardam "cicatrizes" do conflito centenário; tropas se mobilizaram em SP para tentar dar um golpe de Estado na Presidência da República, que tinha como sede o Rio. Depois de um intenso cerco, militares rebeldes foram bombardeados pelo governo federal.

Por Fabrício Lobel


Na madrugada de 5 de julho de 1924, há cem anos, teve início uma revolta militar que resultou no bombardeio de grande parte da cidade de São Paulo. 

De um lado, militares rebeldes tentavam pôr fim ao período que ficou conhecido como a República do Café com Leite (marcado por eleições fraudulentas e acordos políticos que deixavam o poder federal na mão de poucos).

Do lado oposto, estavam militares fiéis aos governos da província de São Paulo e do governo federal. "A cidade de São Paulo foi palco e vítima uma tentativa de um golpe de Estado fracassada", analisa a historiadora Ilka Stern Cohen.

Durante os conflitos, ruas e avenidas da cidade foram tomadas por barricadas e trincheiras, que tentavam evitar o avanço do inimigo.

"São Paulo não tinha asfalto na época, as ruas tinham o quê? Paralelepípedos. Então eles retiravam aquelas pedras, os paralelepípedos, juntavam e era o principal material utilizado nas trincheiras. Mas também foram utilizadas sacas de açúcar, feno, qualquer material que se juntasse ali e pudesse impedir que o projétil inimigo pudesse atravessar", explicou o coronel da PM e historiador Sérgio Marques.

Confira algumas das marcas da revolução que permanecem até hoje na cidade:


Fachada da Igreja Santa Efigênia

Fachada da igreja Santa Efigênia

Na ponta do Viaduto Santa Efigênia, no Centro, a igreja foi disputada por rebeldes e legalistas ao longo do conflito. As fachadas laterais e centrais da igreja ainda têm marcas dos tiroteios daquele tempo. A igreja foi construída em pedra, sem revestimento, o que ajudou a preservar as marcas até hoje. A história é recontada pelos párocos da Santa Efigênia.

"Como a basílica está num ponto que tem muitos hotéis, muita gente vem conhecer esse ponto turístico de SP que é a basílica. Eu, sempre que posso, explico. Os funcionários também, todos conhecem a história da Revolução de 24, e nós buscamos sempre mostrar as marcas de tiro", disse o pároco João Paulo Rizek.

E emendou: "Já temos um folhetinho preparado falando da história da revolução porque revolução é sempre um momento muito triste, é a falência do diálogo, e deve ser sempre rememorado para que não ocorra novamente".


Liceu Sagrado Coração de Jesus

Marca de tiro no Liceu Sagrado Coração de Jesus, no Centro de SP

Na Alameda Glete, também no Centro, o Liceu foi atingido por três balas de canhão logo no primeiro dia de conflito. Possivelmente, a artilharia tinha como alvo as proximidades do Palácio dos Campos Elíseos, que na época era a casa do governador de São Paulo.

Os fragmentos das balas de canhão estão expostos no museu do Liceu. Os portões da escola ainda estão marcados com as balas disparadas naqueles dias.

Na época, o diretor do colégio fez uma promessa de que, se nenhum estudante ou funcionário fosse morto naqueles combates, ele construiria uma capela em homenagem a Santa Teresinha. A promessa foi cumprida com a construção de uma igreja em Santana, na Zona Norte. Ao lado dela, a mesma ordenação católica fundou depois um outro colégio.


Mosteiro de São Bento

Mosteiro de São Bento

Um dos principais templos católicos da cidade também foi atingido em 1924. Os religiosos contam que uma granada foi parar dentro da basílica. Mas ela não explodiu. Em agradecimento, o mosteiro construiu um altar em homenagem ao Sagrado Coração de Jesus no mesmo lugar em que a granada havia caído.

Mosteiro de São Bento, que tem um altar em homenagem ao Sagrado Coração de Jesus no local em que uma granada caiu, há 100 anos, mas não explodiu


Chaminé na Luz

Uma chaminé de tijolos é o que resta de uma antiga usina termoelétrica na região da Luz. Ela foi construída ao lado do que era a sede da Força Pública, espécie de Polícia Militar da época. Esse é o mesmo prédio hoje ocupado pelo batalhão da Rota. Por isso, foi atingida mais de uma vez por balas de canhão. As marcas estão por lá até hoje.

Chaminé na Luz

Igreja do Cambuci

No alto de uma colina, com vista para o Centro de São Paulo, a igreja do Cambuci foi um ponto estratégico disputado durante os embates. Na época, a fachada, portas, janelas e parte do teto foram muito danificados. A imagem do arcanjo São Miguel na fachada perdeu uma das mãos. Ela permanece assim até hoje, recepcionando os fiéis do alto da entrada da igreja.

Fonte: Globo SP/G1


quinta-feira, 4 de julho de 2024

CRIAÇÃO DO PRIMEIRO PRIMEIRO REGIMENTO DO EXÉRCITO DOS EUA (3 DE JUNHO DE 1784)

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Com a vitória na Guerra Revolucionária, o Exército Continental (autorizado pela primeira vez em 14 de junho de 1775) não era mais necessário para garantir a independência dos Estados Unidos da América. Portanto, o Congresso Continental, de acordo com os Artigos da Confederação, dissolveu o Exército Continental em 2 de junho de 1784, ordenando a dispensa de “vários oficiais e soldados atualmente a serviço dos Estados Unidos, exceto 25 soldados rasos para guardar os armazéns em Fort Pitt e 55 para guardar os armazéns em West Point e outros depósitos”, com o número necessário de oficiais. 

No dia seguinte, 3 de junho de 1784, no entanto, o Congresso decidiu que “um corpo de tropas composto por setecentos suboficiais e soldados rasos, devidamente oficializados, é imediata e indispensavelmente necessário para assegurar e proteger as fronteiras do noroeste dos Estados Unidos”. 

Oficial e soldado do 1º Regimento dos EUA

O recém-autorizado “Primeiro Regimento Americano” deveria consistir em oito companhias de infantaria e duas de artilharia, a serem formadas por homens das milícias estaduais de Connecticut, Nova York, Nova Jersey e Pensilvânia, com prazo de alistamento de um ano.

Os homens das companhias de Fort Pitt e West Point retidos na legislação do dia anterior constituíram o núcleo das companhias de artilharia do novo regimento, com os homens creditados para preencher os contingentes a serem fornecidos pela Pensilvânia e Nova York, respectivamente. 

Em 1785, o Congresso autorizou o alistamento de homens diretamente para o “serviço nacional” para preencher as vagas no Primeiro Regimento Americano, em vez de retirá-los da milícia de estados específicos. O Congresso autorizou a criação de duas companhias de artilharia adicionais após a Rebelião de Shays em 1786. O Primeiro Regimento Americano permaneceu em serviço nacional até ser adotado pelo novo governo formado sob a Constituição dos EUA em 1789 como o 1º Regimento de Infantaria dos EUA. 

Coronel Josiah Harmar, primeiro comandante do 1º Regimento dos EUA (1784-1790)


O Primeiro Regimento Americano representa o elo de serviço contínuo durante o período da Confederação entre o Exército Continental e o Exército dos EUA, conforme autorizado pela Constituição dos Estados Unidos.  

A Marinha Continental e os Fuzileiros Navais Continentais foram dissolvidos no final da Guerra Revolucionária e não foram restabelecidos e autorizados pela Constituição dos EUA até 1798.

Fonte: U.S. Army Center of Military History