terça-feira, 14 de julho de 2020

KHIUAZ DOSPANOVA – A CORAJOSA “BRUXA DA NOITE” CAZAQUE QUE RENASCEU DENTRE OS MORTOS

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Khiuaz Dospanova nasceu em 1922 na região de Atyrau, Cazaquistão, e desde cedo demonstrou ser uma garota inteligente e diligente. Um ano antes do início da Grande Guerra Patriótica, em 1940, ela terminou a escola secundária com honras.  Khiuaz foi inspirada pelos feitos dos pilotos soviéticos e, desde a infância, a menina sonhava em ser piloto. Durante os anos letivos, ela frequentou o clube local de voo, até conseguir o certificado de piloto da reserva. Então, ela seguiu para Moscou, mas a Academia da Força Aérea de Zhukovsky rejeitou sua inscrição, porque a escola aceitava apenas homens. 

Khiuaz ficou irritada, mas adaptou-se e ingressou no Instituto Médico. Quando ela terminou o primeiro ano no instituto, a guerra começou. Era o verão de 1941. Logo depois disso, Khiuaz Dospanova soube que um novo regimento de aviação feminino estava sendo formado sob o comando de Marina Raskova. Khiuaz, então, se inscreveu e foi aceita para o 588º Regimento de Bombardeio Noturno, organizado e treinado em Saratov e formado unicamente por mulheres. Em maio de 1942, o regimento feminino de bombardeiros leves foi colocado sob o comando da major Yevdokiya Bershanskaya. 

A destemida piloto cazaque Khiuaz Dospanova

As mulheres desta unidade aérea tiveram um desempenho tão bom, que os alemães as chamaram de "Nachthexen" ("bruxas da noite"). Elas adotaram uma tática inusitada - as pilotos aproximavam-se dos alvos e desligavam os motores para diminuir o ruído das aeronaves. Os bombardeiros perdiam altura e jogavam suas bombas sobre o inimigo antes de serem vistos. As pausas entre os voos eram de cinco a oito minutos. Às vezes, uma tripulação fazia de seis a oito missões em uma única noite no verão, e dez e doze no inverno, quando as noites eram mais longas. 

No total, as aeronaves do 588º (depois renomeado 46º Regimento de Guardas) passaram 28 676 horas (1.191 dias) voando.  Khiuaz Dospanova totalizou 300 horas de voo em combate. Ela era a única no regimento que nunca usava cintos de segurança. Provavelmente, isso salvou sua vida na primavera de 1943, quando a aeronave de Pashkova e Dospanova colidiram com o bombardeiro de Makogon e Svistunova, enquanto pousavam no aeródromo. Os primeiros socorros foram fornecidos imediatamente, mas Makogon e Svistunova estavam mortas. Dospanova e Pashkova, inconscientes, foram transportadas para um hospital de campanha. Julia Pashkova morreu na mesa de operações. Khiuaz também não mostrava sinais vitais e foi colocada ao lado de sua amiga morta. Depois de um tempo, as enfermeiras perceberam que sua pele não estava pálida. Imediatamente eles começaram a reanima-la e conseguiram que a jovem abrisse os olhos. Os médicos passaram vários dias e noites tentando salvar sua vida. Havia alguns sinais de gangrena nas pernas. Mas o médico recusou a amputação: "Não posso cortar as pernas dessa garota. Se ela sobreviver, precisará delas". 

Khiuaz Dospanova escapou milagrosamente da morte e continuou a voar na guerra

E Khiuaz sobreviveu, praticamente ressuscitando do mundo dos mortos. Ela estava usando gesso quando voltou para a frente de combate. Apesar das sequelas de seus ferimentos, ela voltou a voar, contando com a ajuda de suas colegas para entrar e sair de seu avião.  O tempo passou e ela foi nomeada Oficial de Ligação do regimento.

Hoje é difícil imaginar que essa garota jovem e delicada pudesse bombardear o inimigo e matar fascistas. Cada um de seus voos era como um exame - um teste de suas habilidades de voo, bravura, desenvoltura e autocontrole. Ela passou no teste com sucesso. Por sua bravura, Khiuaz Dospanova recebeu a Ordem da Estrela Vermelha, a Ordem da Grande Guerra Patriótica de 2ª Classe, a Ordem da Bandeira Vermelha, e as medalhas da defesa do Cáucaso, libertação de Varsóvia e vitória sobre a Alemanha. Em 2004, Khiuaz Dospanova recebeu a condecoração mais alta da República do Cazaquistão - a Estrela Dourada "Khalyk Kakharmany" ("Herói Nacional"). 

As três heroínas cazaques da Grande Guerra patriótica: Khuiaz Dospanova, Aliya Moldagulova e Manshyk Mametova.

A brava piloto feminina que lutou na Grande Guerra Patriótica faleceu em 2008, deixando um legado de patriotismo, sacrifício e coragem, e inscrevendo seu nome na história da aviação de combate.

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2 comentários:

  1. Uau, que fantastica historia ! Mais uma vez obrigado por mais um post esclarecedor e informativo !

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