Grupos de judeus tinham essa reivindicação havia décadas; igreja foi criticada por não se posicionar mais duramente contra o Holocausto
Cidade do Vaticano — O Papa Francisco anunciou nesta segunda-feira que os arquivos secretos do Vaticano sobre o pontificado de Pio XII, que inclui o período da Segunda Guerra Mundial, serão abertos e divulgados em março de 2020. Os arquivos são mantidos em segredo desde 1939 e sua abertura é uma reivindicação antiga de muitos grupos judaicos.
— A Igreja não tem medo da História — disse o Pontífice. — Assumo esta decisão (...) certo de que a pesquisa histórica séria e objetiva saberá avaliar, sob a luz da Justiça, com as críticas apropriadas, os momentos de exaltação deste Papa e, sem dúvida, também, os momentos de sérias dificuldades, decisões atormentadas, prudência humana e cristã.
De acordo com Francisco, as decisões de Pio XII "poderão parecer para alguns como uma relutância, mas foram, de fato, tentativas (...) de manter, em tempos de profunda escuridão e crueldade, a pequena chama de iniciativas humanitárias, da diplomacia oculta, mas ativa".
Uma das maiores organizações judaicas dos Estados Unidos, o Comitê Judaico Americano (AJC, na sigla em inglês), celebrou a abertura dos arquivos anunciada pelo Vaticano e classificou a decisão como um gesto "imensamente importante para as relações judaico-católicas". "Por mais de 30 anos, o AJC pediu a abertura completa dos arquivos secretos do Papa Pio XII para esclarecer suas atividades como pontífice durante a Segunda Guerra Mundial", disse a organização em um comunicado.
"A Igreja não tem medo da História", afirmou o Papa Francisco
Pio XII foi a mais alta autoridade da Igreja Católica entre 1939 e 1958. Para muitos judeus, o pontífice fechou os olhos para o Holocausto ao não rechaçar energicamente o que estava acontecendo. O Vaticano, entretanto, disse que Pio XII agiu nos bastidores para salvar os judeus e não piorar a situação. Os arquivos serão divulgados no dia 2 de março de 2020, anunciou Francisco.
No passado, diferentes associações e o Comitê Judaico Internacional para as Consultas Interreligiosas solicitaram o acesso aos arquivos do Vaticano, especialmente após o início do processo de beatificação de Pio XII. Muitos o criticaram, alegando que ele se omitiu diante dos crimes do nazismo, quando a poucos metros do Vaticano, em 1943, 1.022 pessoas foram deportadas para Auschwitz.
Fonte: Reuters - AFP - O Globo
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