sexta-feira, 28 de setembro de 2018

LANÇAMENTO DE LIVRO SOBRE O SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO EM CABO VERDE

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Acabei de escrever e enviar o prefácio da obra SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO, de autoria do amigo Estevão Corrêa, Sargento-chefe da Guarda Nacional Caboverdiana.

Estevão vem produzindo, ao longo dos anos, diversos trabalhos sobre a história das Forças Armadas de Cabo Verde. Com essa nova contribuição, faz um acurado estudo acerca da implantação e do funcionamento do serviço militar no país atlântico. Lançamento em breve!

Sargento-chefe estevão Correa, autor de Serviço Militar Obrigatório, uma importante contribuição para a cultura militar caboverdiana.


Capa do livro Serviço Militar Obrigatório, de autoria de Estevão Correia 


Parabéns pela qualidade do trabalho, caro amigo Estevão Correia.



quarta-feira, 26 de setembro de 2018

EDITOR DO BLOG MINISTRA AULA NA UNITED STATES AIR FORCE ACADEMY

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O editor do Blog Carlos Daróz-História Militar teve a honra de ministrar para os cadetes da United States Air Force Academy (USAFA), com sede em Colorado Springs, aula sobre a participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial.

Também participaram da aula, ministrada por videoconferência, os cadetes da nossa Academia da Força Aérea, localizada em Pirassununga-SP.

Agradeço ao Chefe do Departamento de Línguas Estrangeiras da USAFA, coronel Daniel Uribe, e ao amigo e professor da academia, major Julio Noschang Jr., pelo convite e pela oportunidade.

A aula em andamento, com os cadetes da USAFA e da AFA conectados em videoconferência

Registro também o meu agradecimento aos jovens cadetes norte-americanos e brasileiros pela atenção e interesse. 

Desejo bons voos a todos.

O campus da USAFA em Colorado Springs, Colorado


Os cadetes da USAFA atentos à apresentação

Um F-15 Eagle diante da capela da USAFA 





segunda-feira, 17 de setembro de 2018

NAPOLEÃO É DERROTADO NA BATALHA DAS NAÇÕES - LEIPZIG (1813)

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No dia 19 de outubro de 1813 começava em Leipzig a ofensiva final da Rússia, Prússia, Áustria e Suécia contra a hegemonia de Napoleão na Europa. Era o último dia da famosa Batalha das Nações.

Por Sabine Ochaba

"Casas queimando, fumaça subindo. Em todas as partes há soldados mortos, ou animais, cavalos por exemplo. Há também muitos soldados com fuzis e lanças. Os uniformes são de diversas cores. Num canto, há pessoas mortas e noutro, um canhão."

O cenário, assim descrito num trabalho escolar, refere-se a um fato histórico ocorrido em outubro de 1813 em Leipzig e seus arredores: a famosa Batalha das Nações.

O nome é enganador, pois não houve apenas um grande confronto final, mas sim batalhas dispersas e pequenas escaramuças anteriores. Aproximadamente meio milhão de soldados lutaram em 1813 para determinar o futuro político do continente europeu.

A fim de liquidar a hegemonia de Napoleão, juntaram-se os exércitos da Rússia, da Prússia, da Áustria e da Suécia. Também tchecos, silesianos, italianos e húngaros participaram das lutas, enquanto o rei da Saxônia mantinha seu apoio a Napoleão. As tropas aliadas eram comandadas pelo marechal-de-campo austríaco príncipe Karl-Philipp Schwarzenberg.


Cronologia dos combates

Na manhã de 14 de outubro, Schwarzenberg decidiu iniciar um combate de reconhecimento. As tropas russo-prussianas avançaram. De uma pequena escaramuça, nas proximidades de Markkleeberg, desenvolveu-se logo um grande combate de cavalaria, com sete horas de duração, parte da Batalha das Nações.

No dia 15 de outubro, as tropas continuaram avançando em direção a Leipzig e, na manhã do dia 16, as tropas napoleônicas viram-se diante de quatro colunas dos exércitos de Schwarzenberg. Napoleão acreditava que sairia vencedor e, às 14 horas, mandou tocar os sinos de Leipzig, como sinal do transcurso favorável da batalha.

Mas ele deixou passar, no entanto, o melhor momento para atacar. As tropas aliadas puderam reforçar então os pontos mais fracos da sua linha de ofensiva. Uma trégua foi acertada para o domingo, dia 17 de outubro, e Napoleão tentou em vão negociar.

Em 18 de outubro, Schwarzenberg conseguiu apertar cada vez mais o cerco em torno de Leipzig. As cavalarias da Saxônia e de Württemberg, mais tarde também a infantaria e a artilharia saxônicas, aderiram às tropas aliadas. Para Napoleão, ficou claro então que suas tropas não conseguiriam sobreviver a mais um dia de luta. Por volta das cinco horas da tarde, ele ordenou a retirada em direção ao oeste.



Na manhã de 19 de outubro, começou a ofensiva final dos aliados contra Leipzig. As primeiras tropas invadiram a cidade por volta do meio-dia. Ainda se combatia nas ruas, quando o czar Alexandre, o rei prussiano e o príncipe Schwarzenberg entraram em Leipzig para presenciar a parada da vitória na praça central da cidade.

Os aliados perseguiram o Exército francês de ocupação com pouco entusiasmo e, no início de novembro, as tropas napoleônicas cruzaram o Rio Reno. Com isto, a hegemonia de Napoleão na Europa foi definitivamente destruída.

Quase 100 mil pessoas perderam a vida nos campos de batalha em torno a Leipzig. Mais de meio milhão de soldados lutaram a favor ou contra Napoleão. Ou seja, quase um quinto dos soldados morreu na maior batalha da história da humanidade até então.

Em hospitais militares improvisados, foram tratados inúmeros feridos. Até o ano de 1814, soldados mortos ainda eram sepultados em valas comuns. As lutas devastaram a região de Leipzig. Alguns povoados ficaram em ruínas e, ao arar a terra, os agricultores se deparavam frequentemente com partes de esqueletos de soldados.

O que poderiam pensar foi descrito pelo escritor Erich Loest, natural de Leipzig, no seu romance Monumento da Batalha das Nações: "A uma caveira não se percebe se é de um russo, um sueco, um toscano ou um basco. À exceção de casos raros de tiro na cabeça ou ruptura do crânio, não se pode notar se seu dono foi acertado no peito quando atacava ou nas costas quando fugia. Se estava louco de medo ou de vontade de matar; se morreu de um ferimento inflamado ou de tifo. As caveiras são todas iguais".

Fonte: DW

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sexta-feira, 14 de setembro de 2018

O JUDEU QUE HITLER PROTEGEU DAS LEIS NAZISTAS



O líder da Alemanha Nazista, Adolf Hitler, fez uma intervenção pessoal para proteger Ernst Hess, um judeu que fora seu antigo comandante nas trincheiras de Flandres, durante a Primeira Guerra Mundial.

Em uma carta de 27 de agosto de 1941 para a Gestapo, Heinrich Himmler, principal responsável pelo extermínio industrial de judeus em campos de concentração, instruiu a polícia secreta nazista para permitir que Hess fosse protegido de perseguição e deportação por "desejo pessoal do Führer". Himmler também instruiu a todas as autoridades que o velho companheiro de Hitler  não era "para ser importunado de qualquer forma."  A carta foi descoberta em um arquivo de Gestapo por Susanne Mauss, editora do jornal Jewish Voice From Germany.

Mesmo tendo sido condecorado como herói da Primeira Guerra Mundial, sua vida começou a se complicar em 1936, quando as leis  nazistas  o forçaram a se demitir do cargo de juiz. Também há relatos de que neste mesmo ano Hess foi espancado diante de sua própria casa por uma gangue de nazistas. Os favores do Führer lhe permitiram fugir para a Itália sem ser identificado como judeu, entretanto, a partir de 1942 o cerco da solução final trouxe até mesmo para Hess o perigo da morte. Seus familiares foram todos deportados para campos de concentração, e ele só não teve o mesmo destino por ser casado com uma cristã.

Ursula Hess, sua filha que hoje tem 88 anos, falou que, segundo relatos de seu pai, o contato com Hitler só foi possível através de outro combatente que esteve na companhia em Flandres, Fritz Wiedemann tinha se tornado assessor de Hitler e foi o grande articulador das concessões cedidas ao judeu. Hess tinha poucas lembranças do jovem soldado Adolf Hitler, mas destacava que Adolf não tinha amigos e se mantinha muito isolado.

A seguir, a carta de Himmler:




Fonte: The Telegraph 



segunda-feira, 10 de setembro de 2018

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

OS FUZILEIROS NAVAIS BRITÂNICOS NA 1ª GUERRA MUNDIAL - A REAL DIVISÃO NAVAL

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Durante a 1ª Guerra Mundial os britânicos organizaram a Real Divisão Naval, grande-unidade de fuzileiros navais que tomou parte da campanha de Galipolli e atuou no Front Ocidental

A Real Divisão Naval foi uma unidade naval que lutou em terra como infantaria. Participou da campanha de Gallipoli e, mais tarde, atuou na França, na Frente Ocidental. Um grupo de neozelandeses serviu na Divisão, incluindo Bernard Freyberg, que ganhou a Victoria Cross.

Sua origem remonta a alguns anos antes da guerra, quando foi desenvolvido o conceito de uma brigada de fuzileiros navais, destinada a realizar a guarda de uma base naval avançada ou proteger qualquer base temporária. Todas as providências necessárias para a organização da nova força foram tomadas, ainda antes de 1914.

Cartaz de recrutamento da Real Divisão Naval

Pouco antes do início da guerra, a Marinha Real esperava moblizar de 20 a 30 mil reservistas. Contudo,  não havia postos para todos nas embarcações da esquadra e, assim, foi decidido que alguns desses homens poderiam ser utilizados para formar mais duas brigadas, para complementar a Real Divisão Naval.

Com a eclosão da guerra, as brigadas de fuzileiros navais foram devidamente formadas e aprestadas para o serviço. Em 16 e 17 de agosto, Winston Churchill, Primeiro-Lorde do Almirantado, emitiu duas minutas dispondo sobre a composição das brigadas. Cada batalhão era composto por um misto de integrantes da Real Reserva da Esquadra (RFR), da Reserva da Marinha Real (RNR) e da Reserva de Voluntários da Marinha Real (RNVR). Mais tarde, os cargos de oficiais e graduados foram detalhados, estipulando suas origens.

Dentro de duas semanas as brigadas navais foram concentrados em Walmer e Betteshanger, contando cada batalhão com a força de 937 homens. Aos batalhões foram dados nomes de personalidades navais, ao invés do sistema de números básicos utilizados pelo Exército:

1ª Brigada Naval
Batalhão Drake
Batalhão Hawke
Batalhão Benbow
Batalhão Colingwood

2ª Brigada Naval
Batalhão Nelson
Batalhão Howe
Batalhão Hood
Batalhão Anson

As brigadas eram, no entanto, apenas a base de uma divisão. Para completá-la, era necessário adicionar outras unidades de apoio, oficiais médicos, engenheiros, pessoal administrativo, comunicações, artilharia e logística. A estruturação desses elementos foi prejudicada pelo fato de a unidade estar subordinada a um comitê do Almirantado e, em 1 de outubro, a responsabilidade pela divisão foi transferida para o Gabinete de Fuzileiros Navais.

Enquanto isso, a situação no continente europeu estava se tornando crítica e, em 26 de agosto, a Brigada de Fuzileiros Navais foi despachada para Östend, para reforçar a guarnição desse porto. Como nenhum ataque foi desencadeado contra a posição, a brigada retornou à Inglaterra em 1 de setembro, onde passou por novo programa de treinamento e os homens mais velhos foram substituídos por novos recrutas.

O recrutamento e o treinamento das brigadas navais continuou com uma complexa variedade de pessoal. Os homens geralmente bem instruídos a partir do pré-guerra da RNVR foram complementadas por um grande número de homens excedentes do Exército, em grande parte mineiros dos condados do norte. Os homens da RNR eram marinheiros experientes e os da RFR, principalmente foguistas, possuíam disciplina e experiência em navios. Embora aparentemente bastante díspares, os forguistas e os mineiros norte do país eram homens duros e formavam a espinha dorsal da divisão. Entre os oficiais que se juntaram nesse momento destacam-se os neozelandeses Bernard Freyberg, mais tarde ganhador da Victoria Cross, e seu irmão Oscar; Arthur Asquith, filho do primeiro-ministro britânico; outro neozelandês, Clyde Evans, e o poeta Rupert Brooke.

Tenente-comandante neozelandês Bernard Freyberg. Mais tarde receberia a Victoria Cross por atos de bravura e, durante a 2ª Guerra Mundial, como general, comandaria a defesa de Creta

Durante o mês de setembro, a ameaça para os portos do Canal era evidente, e com ela a percepção de que a perda desses portos significaria que a Força Expedicionária Britânica, desdobrada na França, não poderia mais ser apoiada.  Ambos os contendores, em seguida, deram início ao que ficou conhecido como "a corrida para a costa".  Como a maior parte do Exército Britânico estava posicionada mais ao sul das Ilhas Britânicas, era necessário formar uma nova força para defender esses portos.  A Brigada de Fuzileiros Navais era uma opção óbvia e Winston Churchill, então, ofereceu as duas novas brigadas navais, embora ainda estivessem no processo de formação.

Os Royal Marines chegaram em Dunquerque em 21 de setembro, acompanhados por uma força de carros blindados do Real Serviço Aeronaval (RNAS). Em poucos dias ficou claro que a ameaça principal pairava sobre o porto de Antuérpia, e este tornou-se o principal foco de atenção.  Nas primeiras horas de 6 de outubro, as duas brigadas navais chegaram à Antuérpia, menos de seis semanas após a sua criação. A operação em Antuérpia era essencialmente uma ação retardadora, que, até 10 de outubro, estava concluída.  No entanto, em razão de dificuldades de comunicação e mal-entendidos nas ordens emitidas, na retirada que se seguiu, o comando da 1ª Brigada e três batalhões (Collingwood, Benbow e Hawke) marcharam através da fronteira com a Holanda, neutra, e tiveram que permanecer internados no país até o final da guerra.

Fuzileiros do Batalhão Howe em Antuérpia

De volta à Inglaterra, a Divisão foi reformada. Um novo aquartelamento começou a ser construído em Blandford e um novo e adequado regime de treinamento instituído. Novos recrutas substituiram os batalhões perdidos e os elementos da divisão desaparecidas foram estabelecidos. Uma dessas unidades foi Parte disso foi o grupamento logístico divisionário emprestado pela Força Expedicionária Neozelandesa, comandado pelo tenente-coronel Edward Chaytor. No final de janeiro 1915 a maior parte do novo quartel estava concluída e, com exceção de três batalhões, ainda em formação inicial, a Divisão foi ali concentrada. No entanto, em 1º de fevereiro dois dos batalhões de fuzileiros embarcaram para um destino desconhecido, sendo seguidos, um mês depois, pelo restante da Divisão, permanecendo na Inglaterra apenas os três batalhões em treinamento.

O destino era Galipolli. Dois dias antes do desembarque Rupert Brooke morreu e foi enterrado por seus colegas oficiais, incluindo Arthur Asquith e Bernard Freyberg, em terra naquela noite. Durante a luta em Galipolli a divisão foi concentrada para ser empregada tão logo chegassem os três batalhões que ficaram para trás, o que ocorreu no final de maio, apenas a tempo para as batalhas de junho.  As perdas em Galipolli foram pesadas e, como consequência, os batalhões Collingwood e Benbow foram dissolvidos e seus sobreviventes enviada para outros batalhões.  Para agravar as perdas em ação, 300 foguistas da RFR foram retirados da divisão para apoiar os desembarques no mar.  Após a conclusão da retirada de Galipolli, a Divisão permaneceu no Mediterrâneo Oriental, enquanto aguardava novas ordens.

Insígnia de gola dos Royal Marines

Em maio de 1916 a Divisão chegou à França, mas havia não homens suficientes para formar os 12 batalhões necessários. Foram requisitados pela Divisão quatro batalhões do Exército, a fim de compor uma brigada. Ao mesmo tempo, a Divisão passou ao controle do Ministério da Guerra e foi renomeada como 63ª Divisão da Marinha Real. As duas brigadas navais passaram a ser numeradas como 188ª (1ª e 2ª de fuzileiros e Batalhões Anson e Howe) e 189ª (Batalhões Hood, Drake, Nelson e Hawke), enquanto os batalhões do Exército formaram a 190ª Brigada. Apoiando a infantaria estavam todos os outros elementos de uma divisão, dos transportes à metralhadoras, da artilharia a engenheiros.

Oficiais da Divisão Naval junto a um carro blindado do Real Serviço Aeronaval

A Divisão lutou com distinção na França, período no qual cinco Victoria Cross foram concedidas a seus integrantes. A reorganização final da Divisão ocorreu em janeiro de 1918, quando a força de brigadas de infantaria foi reduzida para três batalhões. Como resultado, os Batalhões Howe e Nelson foram dissolvidos e um dos batalhões do Exército foi transferido. 

Na noite de 10 de Novembro de 1918, a Divisão se preparava para desencadear um ataque no dia seguinte, com duas brigada, em Givry. Quando o armistício entrou em vigor em 11:00h, as duas brigadas navais já estavam posicionadas lado a lado em linha para o ataque, que acabou não ocorrendo. Pouco tempo depois, mas não tão rapidamente como foi formada, a Real Divisão Naval passou para a história.