quinta-feira, 9 de agosto de 2018

POLIKARPOV Po-2, A MÁQUINA VOADA PELAS BRUXAS DA NOITE

.


Participe! Garanta já o seu exemplar e conheça a fantástica história das jovens aviadoras soviéticas que enfrentaram os nazistas na Segunda Guerra Mundial.



Um dos fatores que notabilizaram a atuação das mulheres no 46º Regimento foi a aeronave utilizada para as missões do bombardeio noturno, os frágeis e obsoletos biplanos de baixa velocidade Polikarpov Po-2. Foi concebido por Nikolai Polikarpov em 1926, com a designação de U-2 (devido à sua classificação uchebnyy, ou seja, treinador), para substituir o treinador U-1, uma cópia soviética do Avro 504 britânico. Depois de um protótipo inicial ter sofrido um acidente, o modelo final voou pela primeira vez em 7 de janeiro de 1928, pilotado por M.M. Gromov, e logo demonstrou que teria uma carreira promissora.

Tratava-se de um biplano pequeno, com dois cockpits abertos e um motor radial de cinco cilindros Shvetsov M-11D, que desenvolvia 125 hp. Embora seu design fosse muito parecido com os demais biplanos da época, possuía excelente manobrabilidade, conferida pelas asas de ponta arredondada, leme elevado e hélice de madeira com duas pás e passo fixo. O Po-2 (o modelo teve sua designação alterada de U-2 para Po-2 depois da morte de Polikarpov, em 1944) foi originalmente projetado para voos de acrobacia, instrução e fumigação de plantações com defensivos agrícolas. Em 1940, era o avião produzido em maior quantidade na história da aviação, superando o número de 30.000 exemplares. Alguns autores o classificaram como um “anacronismo voador”, pois na ocasião da invasão alemã já estava obsoleto, mas, como estava disponível em grandes quantidades, a Força Aérea Soviética resolveu utilizá-lo em diversas tarefas, como bombardeiro noturno, ligação, correio, transporte geral, avião ambulância, dentre outras.

Bruxas da Noite diante de um Po-2


Po-2 lançando panfletos de propaganda

O avião era robusto, barato e de fácil manutenção, o que tornava possível sua operação a partir de campos, estradas ou aeródromos sem muita infraestrutura. Tripulado por dois aviadores (piloto e navegador), o Po-2 era fabricado em madeira e lona, podia voar com uma velocidade máxima de 152 km/h, em um teto de serviço de 3.000 metros, e possuía 630 km de autonomia. A versão de bombardeiro noturno utilizada pelo 46º Regimento, Po-2 LNB, não possuía rádio, armamento defensivo ou paraquedas para a tripulação, o que dificultava a orientação noturna, via de regra realizada com bússola e relógio. Somente em 1944 os LNB receberam uma metralhadora ShKAS de 7,62mm para autodefesa e paraquedas, adotados após a perda da piloto Tatyana Makarova e da navegadora Vera Belik, quando seu avião foi abatido por um caça alemão ao retornarem de uma missão e foram impossibilitadas de saltar por não possuírem o equipamento. Os Po-2 não possuíam compartimento de bombas, de modo que as mesmas eram conduzidas em cabides sob a fuselagem. Como os aviões podiam transportar apenas seis pequenas bombas de 110 libras (50 kg), as tripulações precisavam realizar diversas missões a cada noite, normalmente mais de dez.

As características técnicas do Po-2 e o tipo de bombardeio que o 46º Regimento realizava tornavam as missões extremamente perigosas, exigindo das tripulações perícia e uma boa dose de audácia. O avião podia atingir uma velocidade relativamente baixa e era necessário soltar as bombas a baixa altitude para que fosse obtida a precisão necessária. Além disso, a configuração dos cockpits, abertos e protegidos apenas por uma pequena viseira acrílica, deixava as aviadoras expostas às intempéries e ao frio congelante do inverno russo, dificultando ainda mais a pilotagem e a execução das missões. 

Polikarpov Po-2, o símbolo da resistência soviética

Po-2 participando de um ataque noturno

Todos esses fatores somados deixavam o Po-2 bastante vulnerável aos caças da Luftwaffe e ao fogo antiaéreo. Durante a noite os holofotes de busca esquadrinhavam o céu a procura dos bombardeiros e, quando estes eram localizados, as metralhadoras com seus projetis traçantes e a artilharia antiaérea com suas granadas abriam fogo, orientadas pelos feixes de luz. Sem proteção blindada e construído com madeira e painéis de lona, bastava um único projetil traçante ou um estilhaço de granada atingirem o reservatório de combustível do Po-2 que o avião estaria irremediavelmente perdido.

As Bruxas da Noite tinham ou não tinham extrema coragem quando cumpriam suas missões?


.

.

Um comentário: