quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

PERSONALIDADES DA HISTÓRIA MILITAR - ALMIRANTE JÚLIO DE NORONHA

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* 26/01/1845 – Rio de Janeiro

+ 11/09/1923 – Rio de Janeiro



O Almirante Julio César de Noronha, filho de José Joaquim de Noronha e de Carlota Joaquina de Noronha, nasceu no Rio de Janeiro, em 26 de janeiro de 1845. Foi Aspirante em 1862 e, aos 17 anos, recebeu o galão de Guarda-Marinha. 


Logo como 2º tenente recebeu seu batismo de fogo tomando parte nas Campanhas do Uruguai e Paraguai, onde distinguiu-se, sempre, pela sua excepcional conduta em combate. Ferido no combate de 6 de dezembro de 1864. A bordo da fragata a vapor Amazonas tomou parte na Batalha do Riachuelo, e no forçamento das passagens de Mercedes e Cuevas, destacando-se também nos combates de Paysandu, Riachuelo e Angustura, tendo recebido a Imperial Ordem da Rosa por sua conduta perante o inimigo. 


Em 1873, como capitão-tenente, publicou no Rio de Janeiro o “Compêndio de Hidrografia”.  A Viagem de circunavegação que empreendeu, no comando da Corveta Vital de Oliveira, com a turma de Guardas-Marinha de 1879, tornou-se modelo de instrução.


Em 1896, já como contra-almirante, comandou a divisão composta do encouraçado Aquidabã e dos cruzadores República e Tiradentes, com a qual o Brasil se fez representar na grande Revista Naval passada pelo Presidente Cleveland às esquadras estrangeiras, por ocasião da Exposição Internacional de Chicago.


Entre as numerosas missões desempenhadas em terra pelo Almirante Júlio de Noronha, destacam-se a de Vice-Diretor do Colégio Naval; Vice-Diretor da Escola de Marinha; Capitão dos Portos da Corte e da Província do Rio de Janeiro; membro efetivo do Conselho Naval; Inspetor do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro; Conselheiro de S. Majestade o Imperador; Chefe do Comissariado-Geral da Armada e Chefe de Estado-Maior General da Armada (por duas vezes), onde nunca deixou de revelar suas qualidades de homem estudioso e marinheiro irrepreensível; Diretor da Escola Naval; Consultor do Conselho do Almirantado e Ministro do Supremo Tribunal Militar.  Foi Ministro de Estado dos Negócios da Marinha, entre 15 de Novembro de 1902 a 15 de novembro de 1906.


Sua administração na pasta da Marinha foi fecunda e construtora “numa fase sem dúvida precária da vida nacional, atenuada pela ação previdente do governo de 1899-1902. assim preparatória da ação e do grande sucesso do governo de 1902-1906, cujos passos foram firmes, constantes e decisivos, além de incontestavelmente patrióticos”.


Coube ao Almirante Júlio de Noronha dar à Marinha vida e expressão, depois de um período de lutas amargas e desalentada expectativa.  O depauperamento da Marinha era evidente. Apenas dois guardas-costas, um cruzador protegido e três cruzadores-torpedeiros eram eficientes, no gênero. Dois encouraçados e um cruzador já antiquados, podiam ser utilizados como força de reserva, além do belo navio-escola Benjamim Constant. Os demais não tinham valor militar.


Tomou a si o encargo de elevar o nosso poder naval ao lugar que lhe competira no passado: primaz da América do Sul. E, no dizer do próprio Almirante Júlio de Noronha, “o preparo pata a guerra é o melhor meio de torná-la improvável”.


A verdade é que o Brasil não podia fazer numerosas construções. A ideia, porém, do Almirante Noronha era a de dotar o país de tipos de navios homogêneos por classes, superiores, quanto possível, aos congêneres de outras marinhas.


A reconstituição da Marinha era obra demorada. Pareceu-lhe, todavia, azada a ocasião para a concessão de um credito, triênio de 1904 a 1906. Poder-se-iam encetar algumas construções no começo de 1904. No decurso de um decênio, ponderou o almirante, não nos seria difícil nem altamente gravosa e reconstituição do nosso poder naval, desde que houvesse perseverança na orientação dada.


Reorganizou inicialmente todos os corpos, estabelecimentos e repartições. O ensino naval mereceu de sua parte desveladas atenções. Estabeleceu a seguir, o famoso Programa Naval de 1904, que consistia na aquisição de três encouraçados de 12.500 a 13.000 toneladas de deslocamento; três cruzadores-encouraçados de 9.200 a 9.700 toneladas; seis caça-torpedeiros de 400 toneladas; seis torpedeiras de 150 toneladas; seis torpedeiras de 50 toneladas; três submarinos e um vapor-carvoeiro capaz de carregar 6.000 toneladas de combustível. O tempo necessário à concretização dessa obra seria de seis a oito anos. Em substanciosa exposição do Almirante Noronha, o Chefe do Executivo Federal remeteu o plano ao Poder Legislativo, em duas mensagens seguidas, salientando a necessidade de reconstituição de nosso material flutuante, segundo um programa previamente delineado.


Apresentado o projeto na Câmara dos Deputados pelo ilustre Deputado fluminense Laurindo Pitta, cujo nome figurou mais tarde nos flancos de um barco da Armada, foi o mesmo convertido em lei pelo Decreto n.º 1.296, de 14 de dezembro de 1904.  O Decreto que autorizava o governo a adquirir novos navios foi o clímax da carreira do Almirante Júlio de Noronha.


Ferido, inexoravelmente, pelo destino que fê-lo testemunhar o lamentável soçobro do encouraçado Aquidabã, capitânia da 1ª Divisão Naval, em águas da baía de Jacuacanga. Motivara a catástrofe a explosão pela combustão espontânea da cordite.  Morreram no sinistro quatro almirantes, muitos oficiais, guardas-marinha e pessoal subalterno. Entre os que pereceram figuravam o Guarda-Marinha Mário de Noronha, filho do almirante e um seu primo capitão-de-corveta Luis Henrique de Noronha.


Na explosão do encouraçado Aquidabã, Júlio de Noronha perdeu seu filho e um primo


Com o fim do Governo Rodrigues Alves, foi nomeado Ministro do Supremo Tribunal Militar, onde permaneceu de 1913 a 1919, quando, com 74 anos de idade, dos quais 57 integralmente dedicados à Marinha, sentindo-se cansado para continuar no serviço ativo, requereu dispensa da função.


O Almirante Júlio César de Noronha possuía as seguintes condecorações: Hábito da Imperial Ordem da Rosa, Medalha de Prata de Paissandu e Medalha pela Ação em Riachuelo, 1865; Cavaleiro da Ordem de Cristo, 1866; Cavaleiro da Ordem de S. Bento de Aviz, 1876; Medalha de Mérito, três passadores por atos de bravura na Campanha do Paraguai, 1888 e Medalha Militar de Ouro, 1902. 


Ao longo se sua carreira, comandou o monitor Rio Grande, canhoneiras Araguari e Pedro Afonso, vapor Ipiranga, transporte José Bonifácio, corvetas Belmonte e Vital de Oliveira e os encouraçados Bahia, Lima Barros e Aquidabã.


Após prolongada enfermidade, veio a falecer, no Rio de Janeiro, em 11 de setembro de 1923.

Fonte: Portal Navios de Guerra Brasileiros

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