quinta-feira, 21 de setembro de 2017

ILYÁ MUROMETS: O "OURIÇO VOADOR" RUSSO

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Há um século, o primeiro avião de quatro motores em série do mundo, “Ilya Muromets”, levantou voo.


Por Ekaterina Turicheva


Enorme para a época, a máquina tinha uma envergadura de asas de 31 metros e 19 metros de comprimento, e todos os seus principais componentes eram de madeira.

A aeronave criada pelo Departamento de Aviação da Fábrica de Vagões Russo-Báltica (a Russo- Balt), sob a responsabilidade da equipe liderada pelo piloto e projetista Igor Sikorski.

O especialista do departamento científico da Sociedade Histórico-Militar Russa (RVIO), Konstatin Palhaliuk, conta que o primeiro voo do C-22 foi de teste, mas que, dois dias depois, a aeronave levantou voo com uma carga de 1,1 tonelada, um recorde para a época. A este se seguiram novos recordes.

Em fevereiro de 1914, o Ilya Muromets levantou voo com 16 pessoas e um cachorro chamado Chkalik a bordo e, em junho do mesmo ano, fez o trajeto aéreo de São Petersburgo a Kiev. Na época, Igor Sikorski tinha apenas 24 anos.

O imenso Ilya Muromets fez seu primeiro voo em 1914


Já na época o seu sucesso foi notado por Nikolai II”, observa Pakhaliuk, “e a Duma Estatal (câmara baixa do Parlamento da Rússia Imperial) premiou o construtor com a soma bem grande de 75.000 rublos reais”.

Entre 1913 e 1918, foram produzidas na Russo-Balt várias séries de Ilya Muromets. A aeronave havia sido concebida como bombardeiro e avião de passageiros ao mesmo tempo. O número total de aeronaves produzidas, de acordo com os historiadores, foi entre 60 a 80.

Pela primeira vez na história da aviação, uma máquina vinha equipada com um confortável salão separado da cabine, com quartos de dormir, aquecimento, iluminação elétrica e até mesmo um banheiro.

Se a história tivesse se desenvolvido de forma diferente, os Muromets teriam dado início à aviação de transporte regular de passageiros na Rússia. No entanto, o destino do projeto foi determinado pelo início da Primeira Guerra Mundial.



“Ouriços” voadores

“Imediatamente após o voo Petersburg-Kiev foi decidido fabricar esses aviões para as tropas”, diz Pakhaliuk. “O Muromets era usado como bombardeiro e como avião de reconhecimento; nele foi instalada uma máquina fotográfica para fotos aéreas e metralhadoras para afastar o inimigo.”

O aparelho tinha um armamento defensivo fortíssimo, praticamente sem “zonas mortas”. Devido a essas defesas, o Muromets ficou conhecido como “ouriço”.

No período entre outubro de 1914 e maio de 1918, foram perdidas 26 aeronaves deste tipo, sendo apenas uma abatida pelo inimigo. As restantes deixaram de funcionar devido a falhas técnicas, erros de pilotagem ou desastre naturais.

Os quatro motores do Muromets


O último voo do Ilya Muromets aconteceu em novembro de 1920. Após a guerra soviético-polonesa, vários Muromets fizeram as primeiras rotas aéreas de transporte de carga, mas, devido ao forte desgaste do aparelho e vida útil dos motores, os aviões foram retirados de voo.

Um dos últimos aparelhos da série foi entregue em 1922 a uma escola de formação de artilharia aérea e bombardeamento, onde em um ano ele realizou cerca de 80 voos de treino. Depois disso, os Muromets não voltaram a subir aos ares.

Fonte: Gazeta Russa


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