quarta-feira, 2 de agosto de 2017

O EMPREGO MILITAR DO AVIÃO

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Tão logo foi inventado pelo brasileiro Alberto Santos Dumont, o avião começou a ser cogitado para ser utilizado em operações de guerra. Na realidade, a ideia de utilizar meios aéreos para finalidades militares precedeu a própria invenção do avião.

Tão logo foi inventado pelo brasileiro Alberto Santos Dumont, o avião começou a ser cogitado para ser utilizado em operações de guerra. Na realidade, a ideia de utilizar meios aéreos para finalidades militares precedeu a própria invenção do avião. Já no século XVII, o jesuíta italiano Francesco Lana de Terzi considerou a possibilidade de serem lançados pedaços de ferro, a partir de um balão, para atingir e afundar embarcações inimigas.

O padre Bartolomeu de Gusmão imaginou o uso dos balões como plataforma de observação de tropas inimigas no campo de batalha, utilização que se tornou realidade em diversos conflitos dos séculos XVIII e XIX, como a Revolução Francesa, a Guerra Franco-Prussiana, a Guerra Civil Americana, a Guerra Hispano-Americana e a Guerra da Tríplice-Aliança. Ainda no início do século XX, os balões de observação chegaram a ser utilizados durante a 1ª Guerra Mundial.

Balão de observação francês ascendendo durante a Guerra Franco-Prussiana em 1871.

Com o surgimento do avião, os exércitos das principais potências mundiais começaram a vislumbraram sua utilização como arma de guerra. O inventor britânico John William Dunne teve seus projetos patrocinados pelas forças armadas do Reino Unido, e testados em segredo, em Glen Tilt, nas Scottish Highlands. Seu desenho mais conhecido, o D4, voou em dezembro de 1908, perto de Blair Atholl, em Perthshire.

Em julho de 1909, o aviador francês Louis Blériot atravessou o Canal da Mancha e chegou à Inglaterra. Os britânicos compreenderam que sua condição de nação insular não seria mais uma garantia de defesa contra futuras ações inimigas. Diante da façanha, o imperador alemão Guilherme II asseverou: “A Inglaterra não é mais uma ilha”.

Louis Blériot em seu avião antes de uma decolagem. "A Inglaterra não era mais uma ilha".

As forças armadas dos países mais importantes do mundo começaram a criar seus componentes aéreos, com a finalidade de atuarem em proveito de suas respectivas forças terrestres e navais. Por exemplo, em 1910 foi criado o Serviço Aeronáutico do Exército Francês e, dois anos depois, a Grã-Bretanha organizou o Royal Flying Corps (Real Corpo de Aviação) e o Royal Naval Air Service (Real Serviço Aeronaval), componentes do exército e da marinha, respectivamente. O mesmo ocorreu com a Alemanha, que estruturou os serviços aéreos de suas forças terrestre e naval.

Em 1909 os irmãos Wright venderam, para o Departamento de Guerra dos EUA, um de seus biplanos de dois lugares. O mesmo tipo de aeroplano foi comercializado pelos inventores com o Exército Francês.

A Alemanha passou a investir no emprego militar dos dirigíveis Zeppelin, já então consagrados como aeronaves de transporte de longo alcance. Tanto a Marinha Imperial quanto o Exército Imperial alemães passaram a empregar os dirigíveis como plataforma de observação, podendo voar mais alto, e por mais tempo, do que qualquer avião existente.

O dirigível LZ-3, da Marinha Alemã, em seu hangar.

Os aviões militares dos primeiros anos da década de 1910 eram frágeis, pequenos e podiam levar somente o piloto. Possuíam cabine aberta e instrumental de voo extremamente primitivo. Além disso, o piloto precisava utilizar um pesado traje de voo para suportar o frio quando em missão. A orientação era realizada pela comparação dos mapas com o terreno, tendo o aviador que pilotar, manusear o mapa em meio ao vento e compará-lo com a superfície centenas de metros abaixo, frequentemente por entre as nuvens. Por esta razão os casos de desorientação ocorriam com frequência, sendo comum os pilotos pousarem em algum campo para perguntar aos moradores locais onde se encontravam.

Os pilotos precisavam utilizar um pesado traje de voo para suportar o frio quando em missão. Um desses pesados trajes de voo na década de 1920.

As falhas mecânicas, aliadas à inexperiência dos pilotos, provocavam muitos acidentes, com perda de material e de aviadores. A despeito desses óbices, a aviação de guerra se desenvolveu inexorável e rapidamente.

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