Israel desclassificou nesta quinta-feira milhares de documentos oficiais que datam da Guerra dos Seis Dias e que relatam as discussões das autoridades israelenses sobre o futuro da Cisjordânia, cuja ocupação há 50 anos é o centro do conflito entre israelenses e palestinos.
Os arquivos nacionais israelenses publicaram milhares de documentos, gravações e depoimentos da guerra de 5 a 10 de junho de 1967, bem como das semanas anteriores e seguintes. No final do conflito, que opôs Israel ao Egito, Jordânia e Síria, o Estado judeu ocupou a Cisjordânia, Gaza, Jerusalém Oriental, as Colinas de Golã e a Península egípcia do Sinai.
A publicação das atas do “gabinete de segurança” israelense permite o acesso inédito a informações sobre esta guerra, que já é alvo de muitas pesquisas e trabalhos históricos.
Em 15 de junho de 1967, cinco dias após o fim da guerra, os ministros do gabinete de segurança discutiram as diversas opções para os territórios ocupados. O ministro das Relações Exteriores da época, Abba Eban, alertou para um potencial “barril de pólvora” e os riscos da ocupação israelense da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, manifestando os termos de um debate que ainda divide a sociedade israelense.
“Aqui temos a presença de duas populações, uma se beneficia de todos os direitos civis e a outra tem todos esses direitos negados”, declarou Eban em um trecho publicado pela imprensa israelense.
“É um quadro com duas classes de cidadãos que é difícil de defender, mesmo no contexto da história judaica. O mundo tomará partido do movimento de libertação deste um milhão e meio de palestinos", acrescentou.
De acordo com os documentos liberados, o primeiro-ministro Levi Eshkol cogitou enviar a população árabe para o Brasil
A possibilidade de transferir os palestinos para outro país foi avaliada durante a reunião do gabinete de segurança. O primeiro-ministro Levi Eshkol disse: “se dependesse de nós, gostaríamos de enviar todos os árabes para o Brasil”.
Ao que o ministro da Justiça, Yaacov Shimshon Shapira, objetou: “Eles são os habitantes desta terra e agora vocês os controlam. Não há nenhuma razão para expulsar os árabes e transferi-los para o Iraque”.
E Lévi Eshkol respondeu: “Não seria um grande desastre (…) Nós não nos infiltramos aqui, o território de Israel é nosso por direito”.
Estes documentos permitem também acompanhar a evolução moral do governo durante a guerra, o medo por sua explosão, a euforia após a destruição da força aérea egípcia e as vitórias israelenses nas frentes jordaniana e síria.
Fonte: Isto é
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