Clare Hollingworth, a ex-correspondente de guerra britânica que noticiou primeiro o início da Segunda Guerra Mundial, morreu aos 105 anos em Hong Kong.
Nascida em Leicester, a cerca de 150 km de Londres em 1911, Hollingworth foi a primeira a informar a invasão alemã à Polônia em agosto de 1939, episódio que marcou o começo do conflito na Europa. Depois da Segunda Guerra, ela ainda fez reportagens sobre conflitos no Vietnã, na Argélia e no Oriente Médio.
Hollingworth era uma repórter novata no jornal britânico Daily Telegraph quando se viu diante do "furo do século". Ela percebeu a concentração das tropas alemãs na fronteira polonesa quando viajava da Polônia para a Alemanha em 1939.
Em uma entrevista, afirmou: "Eu tenho um interesse apaixonado por guerra, e se alguém é interessado assim pela guerra não pode evitar estar nela. Eu aprecio cada momento".
Em setembro de 1939 Clare Hollingworth foi a primeira jornalista a noticiar a invasão da Polônia pelos alemães: o "furo do século"
Refugiados
Mas Hollingworth tinha um segredo que só foi divulgado muitos anos depois da Segunda Guerra: ela ajudou milhares de refugiados a fugir do nazismo. Em seu último aniversário, de 105 anos, ela recebeu um presente especial: uma mensagem de agradecimento de uma das refugiadas que ajudou a salvar.
Margo Stanyer tinha 4 anos de idade quando deixou a Polônia. Ela e sua mãe eram de uma família de comunistas da Hungria. Durante sua tentativa de fuga do nazismo na Europa, as duas foram presas na Polônia. Ambas passaram fome por cinco dias na cadeia até que a mãe de Stanyer a segurou nas barras da cela e pediu que ela chorasse. O choro chamou a atenção de uma integrante da resistência polonesa e as duas acabaram sendo resgatadas e levadas a um apartamento - onde foram entrevistadas por uma britânica.
Margo Stanyer, hoje com 81 anos, conta que guardou os documentos que lhe permitiram entrar na Grã-Bretanha - eles haviam sido autorizados por Hollingworth.Antes de ser jornalista, ela era uma ativista política que trabalhava para o Comitê Britânico de Refugiados.
Em Katowice, na Polônia, ela selecionava refugiados para enviar à Grã-Bretanha. Acredita-se que ela tenha negociado a emissão de vistos para entre 2 mil e 3 mil pessoas. Muitos vistos requisitados por Hollingworth acabavam, porém, eram negados pelo governo britânico. Talvez por causa disso - sentindo-se triste pelas pessoas que não conseguiu salvar - ela decidiu não revelar nada sobre essa atividade durante muitos anos. Sua ação com os refugiados foi finalizada de forma abrupta após ela enviar pessoas "não desejáveis" pelo governo britânico.
Logo em seguida, a jornalista iniciou sua atividade como correspondente do Daily Telegraph.
Hong Kong
No fim de sua vida, Hollingworth costumava frequentar o Clube dos Correspondentes Estrangeiros em Hong Kong. Tara Joseph, presidente do clube, disse que Hollingworth foi "uma grande inspiração" e "membro precioso" do clube.
Clare vivia há 30 anos em Hong Kong
Uma declaração publicada na página de Hollingworth no Facebook diz: "Com tristeza anunciamos que, após uma carreira ilustre que abrangeu um século de notícias, Clare Hollingworth morreu nesta noite".
Fonte: BBC
Mulheres que valem ouro, chamo a atenção para a nossa brasileira Silvia Bittencourt (a Majoy)correspondente
ResponderExcluirbrasileira que atuou junto da Imprensa Norte- americana( UPI), mas acompanhou de perto as primeiras movimentações e vitória da Força Expedicionária Brasileira ( Itália- 1944-1945)> Por seu intermedio ficamos sabendo como funcionava a censura e as publicações. Não temos muitas notícias mas deixou gravado em seu livro muitas crônicas com as narrativas sobre o Brasil " Seguindo a Primavera". Desenvolvo pesquisas sobre os correspondentes de guerra brasileiros e publico em outubro um livro sobre o assunto.Recebeu da Univesidade de Columbia ( EUA) um das mais altas condecorações do jornalismo, o prêmio " Maria Moore Cabol" na década de 1960.