Por Alexandre Del Valle
Fundado em 1996, o Exército de Libertação do Kosovo (UÇK) foi uma guerrilha composta por albaneses étnicos que pretendia a independência da província do Kosovo em relação à Iugoslávia (Sérvia). Os princípios da guerrilha albano-kosovar eram uma confusa mistura de marxismo-leninismo, islamismo e nacionalismo. Sua maior fonte de financiamento provinha do tráfico de drogas e armas das famosas máfias albanesas, além da ajuda dos imigrantes instalados na Alemanha e outros países da Europa.
O UÇK era considerado um grupo terrorista pelo regime de Slobodan Milosevic (1941-2006), não sem razão: várias centenas de policiais e civis sérvios haviam sido assassinados pela guerrilha antes que as tropas iugoslavas intervissem no Kosovo, o que gerou posteriormente a intromissão da OTAN no conflito (a Sérvia foi duramente bombardeada por 78 dias e teve sua infraestrutura destruída no período). A Guerra do Kosovo foi um dos casos curiosos de uma aliança entre o ocidente e uma obscura guerrilha "narcoislamita" dos Bálcãs, região assolada pela guerra e limpezas étnicas na década de 1990.
Este é um ponto interessante. A OTAN interviu em Kosovo por “razões humanitárias”: Clinton, Blair e outros líderes alardeavam a intenção de evitar um massacre semelhante ao ocorrido na Bósnia. Os sérvios foram demonizados unilateralmente. A limpeza étnica ocorreu dos dois lados: os sérvios embruteceram no combate aos albaneses depois dos ataques da OTAN, e o UÇK procedeu de forma tão brutal quanto após a rendição de Milosevic – milhares de sérvios fugiram do Kosovo ou foram assassinados.
A máquina de propaganda ocidental ocultou os feitos dos albaneses e inflou os massacres – condenáveis, certamente – cometidos pelos sérvios, exagerando sua proporção. O UÇK procedeu com severidade com todos os não-albaneses do Kosovo: sérvios, gorancis (sérvios islamizados), ciganos, albaneses moderados, turcos, judeus. O Kosovo obteve a independência em 2008, ainda não reconhecida por alguns países.
Fonte: Guerras contra a Europa
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