terça-feira, 30 de agosto de 2016

"A GUERRA DO AÇÚCAR" NA REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO

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O historiador Armando Alexandre dos Santos, sócio do IHGB, publicou uma resenha bastante completa do nosso livro A Guerra do Açúcar no nº 468 da “Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro” – a revista de entidade cultural mais antiga, publicada ininterruptamente, em todo o Ocidente.

A resenha pode ser lida a partir da pág. 283 da edição on-line da revista, no link a seguir:


Capa da 1ª edição (2014) 

Capa da 2ª edição (2016) 


 Para adquirir seu exemplar envie um e-mail para:

aguerradoacucar@yahoo.com.br


sábado, 27 de agosto de 2016

A MARSELHESA

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Em 30 de julho de 1792, revolucionários franceses marcham de Marselha para Paris entoando um canto de guerra que ficou desde então conhecido como "A Marselhesa" e até hoje expressa o orgulho nacional francês.  


Por Catrin Möderler

"Avante, filhos da pátria, o dia de glória chegou. O estandarte ensanguentado da tirania contra nós se levanta."

A revolução explodiu na França. Os reis Luís 15 e 16 levaram o país à ruína. O povo passava fome e levantou-se contra os seus soberanos.

"Ouvis nos campos rugirem esses ferozes soldados? Eles vêm até nós degolar nossos filhos, nossas mulheres!"

Os Estados vizinhos não quiseram esperar até que a revolução adentrasse suas fronteiras e declararam guerra à França. Os revolucionários tiveram então que lutar em dois fronts. Contra as potências estrangeiras e contra as forças que lutavam no próprio país para defender o reino.

"Formai vossos batalhões! Marchemos, marchemos, que a nossa terra do sangue impuro se saciará!"

Em 30 de julho de 1792, as tropas revolucionárias marcharam de Marselha para Paris. Os revoltosos entoavam uma marcha marcial que, a partir desse dia, ficou conhecida como A Marselhesa.

 Claude-Josepf Rouget de Lisle, o compositor da Marselhesa


A canção da Revolução tornou-se o hino nacional da França em 1795. Ela sobreviveu aos imperadores Napoleão 1º e 3º, à Restauração, às quatro Repúblicas e a duas guerras mundiais. A Quinta República ancorou A Marselhesa no Artigo 2º da Constituição de 1958 como o Hino Nacional. Ela expressa o orgulho nacional, embora franceses modernos tenham uma visão muito crítica do seu texto.


Palavras tenebrosas

"A música é palpitante, mas suas palavras são tenebrosas, muito sangrentas. Eu tenho vergonha de usar estas palavras", diz Hélène Butler, que trabalha para empresas francesas na Alemanha. Ela gostaria de ver A Marselhesa adaptada aos tempos atuais. "A música foi composta quando havia muitos motivos para se combater e por isso tem a sua legitimação", concorda a francesa, acrescentando que mudaria apenas algumas palavras.

Não está claro se as palavras que tanto desagradam Butler são um legado popular ou da lavra do próprio compositor. Em todo caso, a melodia de A Marselhesa é atribuída a Claude-Josepf Rouget de Lisle.




Autor escapa da guilhotina

O músico amador era na época capitão do Exército em Estrasburgo. O prefeito da cidade o incumbiu da tarefa de compor a música, porque gostaria de oferecer algo especial para os seus convidados. Chamada inicialmente de Canto de guerra para o Exército do Reno, a canção tornou-se um grande sucesso. Espalharam-se muitas cópias até ela chegar em Marselha. As tropas revolucionárias lá estacionadas gostaram da música e a entoaram na sua marcha para Paris e na invasão da cidade.

Ironicamente, Rouget de Lisle não era partidário da Revolução Francesa. Pelo contrário, era fiel à coroa. Mais tarde, o autor do hino nacional escapou por pouco da guilhotina.

Antepassados da consultora Hélène Butler perderam a vida na guilhotina. Mas, mesmo assim, ela se identifica com os ideais daquele tempo: "François Mitterrand disse 'il reste encore la bastille à prendre', o que significa que a Bastilha é um símbolo daquilo contra o que se tem que lutar. E ainda existem muitos problemas contra os quais as pessoas têm que se unir".

Àqueles que encontram coragem para defender-se contra o mal, a História ofereceu um hino: A Marselhesa.

Fonte: DW

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

ACADEMIA DA FORÇA AÉREA PROMOVE A III OLIMPÍADA DE HISTÓRIA MILITAR E AERONÁUTICA

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Por Cláudio Calaza

A Academia da Força Aérea realizou nos dias 17 e 18 de agosto a terceira edição da Olimpíada de História Militar e Aeronáutica. Neste ano, a vibrante competição de conhecimentos reuniu 56 competidores, agrupados em 14 equipes.  A novidade foi a participação dos aspirantes da Escola Naval, dos cadetes da AMAN e dos alunos da EsPCEx. A integração entre os conhecimentos da História Naval, da História Militar Terrestre com a História da Aviação propiciou a desejada interoperabilidade educacional entre os futuros oficiais.

A abertura solene do evento aconteceu na tarde do dia 17, com o discurso do brigadeiro do ar Saulo Valadares do Amaral. Como no ano passado, o apresentador e cantor Ronnie Von, que foi cadete da Aeronáutica na década de 1960, anunciou a competição educacional em seu programa Todo Seu, da TV Gazeta, gravando uma mensagem especial de motivação aos competidores.  A palestra de abertura teve como tema a Guerra do Paraguai, e foi proferida pelo prof dr. Francisco Doratioto, maior referência acadêmica sobre assunto.

Prof. Francisco Doratioto proferindo a palestra de abertura
 
As provas de conhecimentos envolveram diversos questionários no modelo quiz e uma pesquisa temática. Em todo o certame foram ofertadas mais de 120 questões em diferentes temas, abrangendo assuntos da História Militar da Antiguidade até a Idade Contemporânea.

Na primeira fase, os competidores passaram por um duro teste eliminatório de 60 questões de múltipla escolha realizado em apenas 120 minutos. A surpresa ficou por conta da Equipe ALTE. COCHRANE, da Escola Naval, que largou na frente com a maior pontuação. Nesta etapa, o destaque individual foi o aspirante Guilherme da Silva Costa Júnior, que obteve 49 acertos, a maior pontuação dentre todos os competidores nessa etapa. 

Aspirantes da Escola Naval e cadetes da AFA e da AMAN participando da 1ª fase 


A 1ª Fase classificou as seguintes equipes:

 
Na 2ª Fase, também eliminatória, as seis equipes enfrentaram um mesmo questionário de 24 perguntas para resolução em grupo.  Cada questão, valendo 10 pontos, de modelos abertas e fechadas, exigia o tempo de 30 segundos de resposta.  Guerras Púnicas, Cavaleiros Medievais, Insurreição Pernambucana e Guerra das Malvinas foram alguns dos muitos temas abordados nas quatro baterias. Nessa etapa, destacaram-se pelo aproveitamento as equipes JOHN BOYD, da AFA, e ALTE SALDANHA DA GAMA, da Escola Naval. 

Ao final da 2ª Fase, as pontuações estavam notavelmente alteradas, revelando as três equipes classificadas:


Dentre os oito assuntos apresentados para a 3ª Fase, foi sorteado o tópico Guerra da Coreia. Na manhã do segundo dia da Olimpíada, os atletas da História  mergulharam em pesquisas e no desenvolvimento de suas apresentações.  No período da tarde, as três equipes realizaram diferentes abordagens acerca do conflito em suas apresentações. Em seguida, a Banca Avaliadora, composta por onze oficiais e professores de notório saber em História Militar teceram considerações e emitiram suas avaliações. 

O Brigadeiro-do-Ar Valadares, comandante da AFA, e os integrantes da banca avaliadora assistindo as apresentações 
 
Embora inalterada as posições,  o placar ao final da 3ª Fase ficou assim:

 
No início da noite do dia 18, teve início a quarta e última etapa da competição com o vibrante quiz de respostas orais, na qual a equipes tinham apenas 20 segundos para responder. As questões, cada vez mais difíceis, agora valiam 20 pontos cada. A última bateria previa a perda de 10 pontos no caso de respostas erradas ou o repasse da mesma, caso a equipe não quisesse arriscar. Foi nesse momento que a equipe LIMA MENDES, da AFA, ultrapassou a SALDANHA DA GAMA, da Escola Naval, enquanto a equipe JOHN BOYD, campeã do ano passado, consolidava-se na primeira posição.

A última rodada de questões concentrou perguntas sobre a Segunda Guerra Mundial, envolvendo a participação da FEB, todavia, o resultado já se mostrava definido, como a equipe JOHN BOYD sagrando-se bicampeã. 

O placar final da III Olimpíada de História Militar e Aeronáutica da AFA foi o seguinte:

 
As premiações se deram na forma de medalhas de ouro, prata e bronze, gentilmente cunhadas e cedidas pelo Instituto Histórico Cultural da Aeronáutica, que apoia a iniciativa. Os aspirantes e cadetes das equipes finalistas também receberam premiações complementares em livros doados pelas editoras Contexto e M. Books. O comandante da AFA, brigadeiro Valadares encerrou o evento agradecendo aos comandantes das escolas co-irmãs pela oportunidade de integração educacional e destacou o compromisso em promover a inovação das práticas de ensino.

Cerimônia de premiação das equipes vencedoras 


Que venha a IV Olimpíada em 2017.

domingo, 21 de agosto de 2016

SEM VISITANTES, MUSEU DA NORMANDIA VENDE TANQUES DO "DIA D"

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Leilão da coleção de veículos militares encerra atividades do Normandy Tank Museum

Vendem-se tanques em boas condições, alguns usados durante o “Dia D”. O Normandy Tank Museum leiloará sua coleção completa no mês que vem e fechará as portas por não ter conseguido atrair visitantes suficientes. A venda inclui tanques, veículos militares, caminhões, aeronaves e motocicletas, muitos restaurados e em bom estado de funcionamento.

Mais de 40 veículos blindados, junto com milhares de itens militares usados durante a Segunda Guerra Mundial e dezenas de manequins com trajes de batalha completos serão vendidos em 18 de setembro pela Artcurial, uma casa de leilões de luxo com sede em Paris. A venda será realizada em Catz, cidade localizada a poucos quilômetros da praia de Utah, na Normandia, onde os aliados desembarcaram para libertar a região noroeste da Europa, ocupada pelos alemães, em junho de 1944.

Nós achávamos que o museu atrairia mais gente — disse o cofundador do museu, Stéphane Nerrant. — Os ataques terroristas tiveram um impacto considerável na frequência de visitantes — disse ele, que preferiu não divulgar números.

As greves de trabalhadores de refinarias francesas, que provocaram falta de combustível em maio e junho em todo o país, também prejudicaram as vendas de entradas, disse ele.

O museu foi aberto em 2013 com base na coleção particular do fundador Patrick Nerrant, pai de Stéphane, que começou a comprar veículos blindados da Segunda Guerra nos anos 1980.

 
Motores da 2ª Guerra Mundial
 
Entre os destaques do leilão estão um tanque M4 Sherman, de 1944, com preço estimado pela Artcurial entre € 250 mil e € 400 mil. O M4 foi o tanque americano mais produzido durante a Segunda Guerra Mundial, com 50 mil unidades fabricadas. Foi batizado de Sherman pelos britânicos – ele era distribuído por meio de um programa de abastecimento de guerra dos EUA para os aliados, incluindo a Comunidade Britânica – em alusão a William Tecumseh Sherman, general americano do Exército da União durante a guerra civil dos EUA. Este exemplar foi restaurado pelo museu e está em condições de funcionamento. A reforma de um tanque Sherman é estimada em € 150 mil (US$ 160 mil), mais mão de obra.
 
Interior do Normandy Tank Museum, mais um acervo aberto ao público que se perderá

Além desse, há um Jeep Willys MB, de 1943, avaliado entre € 15 mil e € 25 mil. É um 4x4 equipado com uma barra no para-choque dianteiro para cortar arame farpado, empregado pelo exército alemão na Normandia. O veículo conta também com um descontaminador químico, um jerrican (galão para combustível), um balde de água, um suporte para metralhadora e um compartimento traseiro projetado para transportar os equipamentos dos soldados.

A Segunda Guerra Mundial foi o primeiro conflito importante em que houve um uso extensivo de veículos motorizados. Em comparação com a Primeira Guerra Mundial, “o uso de tanques aumentou consideravelmente durante a Segunda Guerra Mundial após um formidável esforço industrial”, disse Frédéric Sommier, que administra o museu dedicado ao “Dia D” de Arromanches-les-bains, próximo dali.

Por volta de 1939, os tanques haviam substituído a maioria dos cavalos usados durante a Primeira Guerra Mundial, disse ele. Os aviões também se tornaram mais comuns e foram usados para combinar ataques aéreos e terrestres, disse Sommier.

Além da coleção, o museu oferece passeios de tanque e voos sobre pontos históricos do “Dia D”, como as praias onde até 4.400 soldados aliados perderam suas vidas em 6 de junho de 1944.

O museu de 3.000 metros quadrados também conta com sua própria oficina mecânica.


Fonte: O Globo

 

sábado, 20 de agosto de 2016

A ÍNDIA NA 2ª GUERRA MUNDIAL EM 10 IMAGENS

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O papel da Índia na 2ª Guerra Mundial ainda permanece como um capítulo obscuro na história do mundo. Estas imagens podem lançar alguma luz sobre a parte menos discutida, mas significativa, da guerra.

Pilotos indianos, pertencentes à Real Força Aérea britânica, atuaram na Batalha da Inglaterra, em 1940


Confiantes, soldados de infantaria do 7º Regimento do Rajput posam para fotografia antes de saírem em patrulha na região do Arakan, na Birmânia


Carro de combate M4 Sherman pertencente à Brigada de Tanques indiana em ação na Birmânia, 1945


Soldado da 5ª Divisão indiana vigiando prisioneiros japoneses em Cingapura. Setembro de 1945


Soldados da 19ª Divisão indiana atacando uma posição japonesa na Birmânia 


Soldados da Legião Indiana do Exército Alemão guarnecendo a Muralha do Atlântico na França, 1944


Noor-Inayat-Khan, agente especial a serviço dos britânicos que trabalhou junto à Resistência Francesa.  Foi capturada pela Gestapo e executada no campo de extermínio de Dachau 


Navio de escolta HMIS Sutlej (U95). Participou de inúmeras operações navais durante a guerra, inclusive da invasão da Sicília e do assalto à Rangun 


Tropas sikhs indianas defendendo o perímetro de Tobruk, no norte da África, durante a Operação Crusader


Blindados de reconhecimento Humber da 10ª Divisão indiana em deslocamento na Itália, 1944

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terça-feira, 16 de agosto de 2016

III OLIMPÍADA DE HISTÓRIA MILITAR E AERONÁUTICA DA ACADEMIA DA FORÇA AÉREA

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Começa amanhã.  Que vençam os mais capazes e os mais audazes.


Realização:
ACADEMIA DA FORÇA AÉREA
O ninho das águias.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

CAVALEIROS TEMPLÁRIOS EM PORTUGAL - DOM GUALDIM PAIS

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Por Cláudio Calaza


A história dos Cavaleiros Templários atrai atenção de muitos que apreciam as épicas batalhas da Idade Média. A saga desses combatentes, e os muitos segredos que envolvem a ordem militar-religiosa medieval, serviram de tema para muitos estudos e produções de cinema que procuraram exaltar a coragem guerreira e seus compromissos com a fé cristã. Todavia, grande parte dos filmes e documentários aborda a história de personagens da França ou Inglaterra, esquecendo-se de mencionar Portugal, país onde a presença dos Cavaleiros da Ordem do Templo produziu as mais ricas e interessantes histórias.

A Península Ibérica foi uma das zonas da Europa onde a ocupação islâmica perdurou por muitos séculos. Como tal, foi natural que a Reconquista adquirisse aspectos muito semelhantes aos da conquista da Terra Santa, no Oriente Médio. Consequentemente, a Ordem do Templo, na sua função primordial de defesa da fé cristã, afluiu em massa para aquela região, apoiando as estruturas militares locais que, pouco a pouco, iam alcançando importantes conquistas territoriais. Em Portugal, em particular, a Ordem dos Cavaleiros Templários desempenhou papel crucial na formação da nação sob o reinado de D. Afonso Henriques, no século XII.  Assim, ocorreu uma estreita e crescente ligação entre Portugal e a Ordem do Templo.

Cavaleiros Templários em combate

Dentre os grandes nomes da Ordem dos Templários que se tornaram próceres da nação portuguesa, sobressai a figura de D. Gualdim Pais, um personagem que, certamente, por sua épica trajetória faria jus a uma grande produção cinematográfica nos dias atuais. Companheiro fiel de D. Afonso Henriques, desde a infância,  D. Gualdim veio a tornar-se uma das figuras mais influentes e intrigantes dos primórdios da nacionalidade portuguesa, imprimindo com grande significado a importância da Ordem dos Templários na formação do Reino de Portugal.

Compromisso templário em nome da defesa da fé cristã.

Nascido em Amares, região de Braga, no ano de 1118, Gualdim Pais foi criado no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e, desde muito cedo, se pôs a serviço das armas do Condado Portucalense, combatendo ao lado dos seus irmãos de armas, os cavaleiros Mem Ramires e Martim Moniz. Com estes, participou das principais batalhas em favor da autonomia do condado contra o Reino de Castela e Leão. Em seguida, trataram de combater os infiéis mouros que invadiram a região. Por sua bravura, Gualdim Pais foi ordenado Cavaleiro por Afonso Henriques na emblemática Batalha de Ourique (1139), que marcou a fundação do Reino de Portugal.

As forças de D. Afonso Henriques prosseguiram fiéis ao serviço do rei rumo ao sul, libertando progressivamente as terras lusitanas da dominação muçulmana.  D. Gualdim é um dos 120 guerreiros que, ao lado do rei, vão tomar de assalto o castelo de Santarém, escalando as suas muralhas durante a noite. O rei selecionou, sem dúvida, os seus melhores combatentes para o ataque e boa parte dessa força era formada por Cavaleiros Templários. Em 1147, atingem Lisboa e sitiam as muralhas da cidade. D. Gualdim está entre os 30 mil guerreiros, cerca de 15 mil portugueses e outros tantos Cruzados estrangeiros. O sítio perdura por quatro meses com repetidos ataques sobre a fortaleza dos islamitas islamitas até à sua rendição.

Já como destacado guerreiro, D. Gualdim Pais parte de Lisboa para a Terra Santa integrando a Segunda Cruzada, onde serviu durante cinco anos, ingressando na Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, conhecida como Cavaleiros Templários ou Ordem do Templo. Nessa condição, combateu nas guerras contras os sultões do Egito e da Síria. Lá aprendeu os métodos da guerra medieval, especialmente se interessando pelas modernas técnicas de arquitetura militar.

Ao retornar a Portugal, foi ordenado como quarto Grão-Mestre da Ordem dos Templários em Portugal (1159), que tinha a sede em Soure, onde tinham um castelo desde 1128. A sua atuação foi de tal forma preponderante que, não raras vezes, era sua decisão, e não a do próprio rei, que prevalecia quando se tratava de assuntos militares. A sua condição de experimentado combatente na Terra Santa e, ao mesmo tempo, Mestre dos Templários, a isso ajudavam. Sobressai-se não só nas suas qualidades de guerreiro, mas também enquanto líder da proeminente ordem religiosa. 

Encenação de atores nas comemorações em Tomar

Os Templários, com seus conhecimentos e técnicas, promovem em Portugal uma revolução na arquitetura militar da época, construindo castelos mais modernos e eficientes, indispensáveis para a defesa do novo reino. Verifica-se, então, a introdução da torre de menagem, alta e isolada, e do alambor na base das muralhas. Sob a liderança de Gualdim Pais foram construídos os castelos de Pombal, Zêzere, Almourol, Idanha e Monsanto. Mesmo tendo nascido no norte de Portugal, o Mestre Templário entendeu que, seria em Tomar, no centro do reino, o local ideal para inserção da sede de sua ordem militar-religiosa. 

Em Tomar, seu principal legado arquitetônico, o Castelo de Tomar, cuja obra teve início em 1160. Destaca-se, no conjunto desta magnífica obra, além da elevada torre de menagem, o impressionante alambor, que impedia qualquer iniciativa do inimigo em minar suas muralhas. A partir daí, a vila de Tomar desenvolveu-se à custa da presença templária, tornando-se ponto estratégico na defesa militar do reino contra as ameaças dos mouros. 

Alambor das muralhas do castelo de Tomar

A demonstração das capacidades de líder militar de D. Gualdim Pais alcançou o ponto máximo quando do célebre cerco do Castelo de Tomar, na primavera de 1190. Naquele ano, as forças militares do califa Yaqub al-Mansur, buscando recuperar as perdas territoriais e vingar a morte de seu pai e antecessor na batalha na Batalha de Santarém (1184), desencadearam uma grande contraofensiva contra os cristãos. Ultrapassando com vigor a planície alentejana, o exército muçulmano alcançou Santarém e, pouco depois, Torres Novas. Uma a uma, as vilas iam sendo arrasadas e saqueadas, tornando impotente qualquer reação das forças lusitanas.

Mas eis que, atingindo Tomar, o velho D. Gualdim Pais, então com 72 anos, consegue ainda manter pujante e viva a voz de comando sobre seus Cavaleiros Templários. Antevendo o combate que viria, o Mestre prepara a defesa de seu reduto, reunindo os todos os homens fortes, armas e víveres. Traz para dentro das muralhas do Castelo de Tomar os indefesos habitantes da Vila. Cercados, duzentos destemidos Cavaleiros Templários recusam-se ao mesmo cruel destino dos compatriotas de Abrantes e Torres Novas e, diante do velho mestre, oram ao Cristo e  assumem o compromisso de produzir uma resistência estoica.

D. Gualdim Pais
 
Em sua ofensiva rumo ao norte de Portugal, os mouros fazem questão de incendiar tudo aquilo que encontram. A fumaça torna o ar quente do verão praticamente irrespirável em toda a região. Tanto a temperatura, como o sol, pareciam correr a seu favor. Em 13 de julho, novecentos árabes liderados por al-Mansur atingem o Rio Nabão e cercam a fortaleza templária. Durante seis dias, tentam transpor as muralhas sem sucesso. Em determinado momento, o inimigo consegue romper um dos portões. Imediatamente, D. Gualdim mobiliza seus templários e rechaçam os invasores em um sangrento confronto na porta Almedina.

Nos dias que se seguiram, uma misteriosa epidemia assolou o acampamento mouro nas águas do Rio Nabão, forçando o exército invasor a uma retirada estratégica com grande perda de homens e montarias.  A ameaça estava contida e os árabes não tiveram mais forças para avançar a invasão  rumo ao norte de Portugal. O sofrimento tinha, enfim terminado, e a vitória pendera mais uma vez para o lado dos Templários comandados por D. Gualdim. Entusiasmado com a façanha, o Mestre Templário manda imortalizar o ato por meio de uma simbólica placa na entrada do castelo.

D. Gualdim Pais morreu em 13 de outubro de 1195, ao cair acidentalmente das muralhas do Castelo de Tomar, em umas das muitas visitas de inspeção, que mesmo com avançada idade sentindo, fazia questão de realizar pessoalmente. 

Estátua na cidade Tomar- Portugal