quinta-feira, 26 de maio de 2016

A REVISTA NAVAL DO CENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA - 1922

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1922 foi um ano crítico para o governo brasileiro, repleto de disputas políticas e levantes militares. Provavelmente por isso mesmo e para mostrar que fazíamos parte do mundo civilizado, convinha comemorar com toda a pompa o Centenário da Independência. O governo não poupou esforços nem recursos para fazê-lo. Mudou a face do Rio de Janeiro, então capital federal, para celebrar a data e sediar um importante evento a Exposição Universal do Rio de Janeiro. 


No campo militar, dois eventos marcaram as comemorações do centenário, um grande desfile militar na capital federal e uma revista naval, realizada na Baía de Guanabara, com a participação de navios de nossa esquadra e das marinhas de países amigos.

A última revista naval no Brasil havia sido realizada na década de 1910, sob a gestão do Almirante Alexandrino de Alencar, contando apenas com navios de guerra brasileiros. A Revista Naval do Centenário foi bastante prestigiada, e contou com a presença do Presidente da República Epitácio Pessoa e do Ministro da Marinha João Pedro da Veiga Miranda.  A Revista da Semana, periódico de grande circulação nacional, fez a cobertura da cerimônia, da qual foram extraídas todas as imagens dessa postagem. 

A revista naval teve início com o embarque do Presidente da República, do Ministro da Marinha e de outras autoridades no cruzador Barroso.

O Presidente da República é recebido a bordo do cruzador Barroso

O Presidente Epitácio Pessoa e o Ministro Veiga Miranda com oficiais da Marinha do Brasil a bordo do Barroso 

Após o embarque das autoridades os navios participantes da revista dispararam seus canhões realizando as salvas de gala.  Em seguida, o presidente, embarcado no Barroso, passou em revista às embarcações nacionais e estrangeiras alinhadas na Baía de Guanabara.

Cruzador Deodoro disparando sua salva de canhões

Cruzador português Carvalho de Araújo participando da salva

O cruzador Barroso passando em revista aos navios


A revista naval prosseguiu com a participação de navios brasileiros e belonaves das nações amigas, que vieram para homenagear o país no centenário de sua independência.

Navio-escola Benjamin Constant

O encouraçado Minas Gerais durante a revista naval

A Flotilha de Submarinos também se fez presente à revista

O USS Montana foi um dos encouraçados dos EUA que prestigiaram a cerimônia

Cruzador Moreno, da Armada Argentina

Cruzador português República

Cruzador Azama da Marinha Imperial japonesa

Dentre os navios participantes da revista, três se destacam por seu protagonismo durante a 2ª Guerra Mundial.  O cruzador britânico HMS Hood, considerado o orgulho da Marinha Real, foi afundado pelo encouraçado Bismarck, na Batalha do Estreito da Dinamarca, no dia 24 de maio de 1941.  De uma tripulação de 1.418 homens, apenas três sobreviveram.

O HMS Hood, que seria afundado em 1941 com a perda de quase toda sua tripulação.


Outra embarcação da Marinha Real presente na revista foi o encouraçado HMS Repulse.  Em dezembro de 1941, integrando a Força Z, foi afundado pela aviação japonesa ao largo da Malásia juntamente com o encouraçado HMS Prince of Wales.

Encouraçado HMS Repulse nas águas da Baía de Guanabara

O terceiro navio protagonista da 2ª Guerra Mundial foi o encouraçado USS Nevada.  No dia 7 de dezembro de 1941 o navio foi encalhado por sua tripulação depois de ter sido duramente atingido no ataque japonês contra Pearl Harbor.  Recuperado das avarias, participou das invasões da Normandia, de Iwo Jima e Okinawa, contribuindo com seu expressivo poder de fogo.

O encouraçado USS Nevada mostrando sua bandeira, tendo ao fundo o Pão de Açúcar

Nessa importante página da História Naval brasileira, representantes de boa parte do poder naval mundial se fizeram presentes nas águas da Baía de Guanabara, demonstrando o prestígio que gozava o país na década de 20 do século passado.

Futuramente traremos uma postagem sobre o desfile militar realizado no Rio de Janeiro por ocasião das comemorações do centenário da independência.


Fonte: Revista da Semana, disponível na Hemeroteca da Biblioteca Nacional

Um comentário:

  1. Senhor Carlos Daróz, pela minha feliz descoberta do seu oportuno e erudito blogue, além de me festejar por tão feliz evento; obrigam-me meu enrequecimento na história pátria e o seu labor altruísta agradece-lo por tão primoroso trabalho.

    Isaias Caetan da Silva

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