O Blog Carlos Daróz-História Militar lamenta infomar o falecimento do veterano da Segunda Guerra Mundial, Major da Força Aérea do Exército dos EUA (USAAF) John William Buyers, último piloto brasileiro ainda vivo que lutou na Itália durante a guerra.
Nascido em Juiz de Fora (filho de norte-americanos), atuou junto ao 1º Grupo de Aviação de Caça
da Força Aérea Brasileira e à 12ª Força Aérea, como elemento de ligação.
Buyers, por ser brasileiro e por conhecer nosso idioma, era o elo de
ligação entre o comando Aliado e o Grupo de Caça brasileiro.
O major Buyers (à direita) junto com o tenente-coronel Nero Moura, comandante do Grupo de Caça brasileiro, na Itália.
À família enlutada as nossas condolências. Ao aviador ex-combatente, a nossa mais respeitosa continência.
Fernando
Setembrino de Carvalho nasceu em Uruguaiana–RS, no dia 13 de setembro de 1861.
Aos dezesseis anos assentou praça no 12º Batalhão de Infantaria, em Porto
Alegre, e, logo após, requereu sua matrícula na Escola Militar do Rio Grande do
Sul, onde concluiu o curso de Artilharia no mês de janeiro de 1882.Mandado apresentar-se à Escola Militar da
Corte em março do mesmo ano, em 5 de setembro foi declarado 2º Tenente e
classificado no 2º Batalhão de Artilharia a Pé.Em 1884 concluiu o curso de Estado-Maior de 1ª Classe e o de Engenharia
Militar, recebendo o grau de bacharel em Matemática e Ciências Físicas. Em
seguida, foi classificado no 1º Regimento de Artilharia a Cavalo, em São
Gabriel–RS, herdeiro do velho "Boi de Botas" de Mallet da Guerra da
Tríplice Aliança.
Revolução Federalista e atuação
como engenheiro militar
Setembrino
de Carvalho atuou como engenheiro na construção de quartéis e fortificações no
Rio Grande do Sul. Transferido para Uruguaiana, lá servia quando ocorreu a
proclamação da República. Desde 1885 aderira à causa republicana sem alterar, contudo,
sua conduta fiel de militar. Com a eclosão da Revolução Federalista, comandou o
Batalhão de Infantaria "Defensores da República", integrante da Divisão
Oeste, organizado para defender Uruguaiana das tropas federalistas. terminada a
revolução, foi transferido para o 2º Batalhão de Engenharia, onde provocou a
iniciativa de construir a estrada de ferro estratégica Porto Alegre –
Uruguaiana, de alta expressão para a economia gaúcha. Foi promovido a
tenente-coronel em abril de 1906, e assumiu o comando do batalhão, passando, em
julho de 1907 à construção do ramal ferroviário Cruz Alta – Ijuí. Já em 1908
assumiu a construção da linha telegráfica São Vicente - Santiago do Boqueirão.
Novas missões
Em
1910 foi convidado pelo Marechal Hermes da Fonseca, então candidato à
Presidência da República, para exercer a chefia do Gabinete do Ministro da
Guerra. Promovido a coronel no mesmo mês, foi mantido no cargo pelo novo
Ministro, General Vespasiano Gonçalves de Albuquerque, em 30 de março de 1912.
Nomeado comandante da então 4ª Região Militar em Fortaleza, foi, logo a seguir,
designado interventor no Ceará em meio a grave crise. Em março de 1914 conseguiu
apaziguar a revolta promovida pelo padre Cícero Romão Batista e fazer com que
ele e seus seguidores voltassem para Juazeiro. Logo a seguir, em abril, foi
promovido a general-de-brigada.
Campanha do Contestado
De
volta ao Rio, foi incumbido pelo Ministro da Guerra de tratar da pacificação da
luta em Palmas (Campanha do Contestado, 1914-1915) que se estendia desde 1840,
liderada por José Maria de Agostinho, o "Monge". Entre 1912 e 1914
haviam sido enviadas seis expedições com tropas do Exército. Todas fracassaram.
Para cumprir essa missão, no período de 12 de setembro de 1914 a 9 de março de
1915, comandou a 11ª Região Militar, em Curitiba-PR.Em seguida, assumiu o comando da 2ª
Circunscrição Militar, criada pelo Aviso do Ministro da Guerra nº 652, de 28 de
abril de 1915, para pacificar os estados do Paraná e Santa Catarina. Graças à
sua habilidade e atuação, os rebeldes foram completamente derrotados até
dezembro de 1915, quando regressou ao Rio.
Atuação nos Movimentos Tenentistas
Promovido
a general-de-divisão em janeiro de 1918, foi nomeado comandante da 2ª Divisão
de Exército, sediada em Niterói. Em 1º de julho de 1922, foi nomeado Chefe do
Estado-Maior do Exército pelo Presidente Epitácio Pessoa. No levante dos Fortes
de Copacabana e do Vigia, Escola Militar e alguns efetivos da Vila Militar, foi
chamado a intervir. Dirigiu-se então ao Realengo, encontrando a Escola Militar
já sob controle. Instalou um quartel-general de operações em Deodoro, de onde
comandou a repressão. O movimento terminou com o episódio na Avenida Atlântica,
envolvendo os 18 do Forte.
Em
novembro de 1922, Arthur Bernardes, empossado na Presidência da República,
designou-o Ministro da Guerra. Em 1923, surgia no Rio Grande do Sul novo conflito
armado. Fracassada a tentativa de armistício e agravando-se o conflito em todo
Estado, decidiu Bernardes encarregar da missão o General Setembrino. Chegando a
Porto Alegre, Setembrino promoveu o entendimento entre as partes em conflito,
obtendo o armistício com o "Pacto das Pedras Altas", na estância de
Assis Brasil, no dia 14 de dezembro.
Promovido
a Marechal em abril de 1924, viu-se diante de novo movimento, iniciado no dia 5
de julho, com focos em São Paulo, Amazonas e Sergipe. Fez face aos revoltosos,
comandados pelo General lsidoro Dias Lopes, conclamando-os por meio de dois
manifestos à rendição e isentando-os de culpa.
O
Marechal Setembrino afastou-se da vida pública em 1926. Continuou morando no
Rio de Janeiro, então capital do Brasil, vindo a falecer no dia 24 de maio de
1947, aos 85 anos de idade.
O Presidente da ANVFEB, em nome dos associados e Veteranos da FEB, tem a honra de convidar para EXPOSIÇÃO ITINERANTE - O BRASIL na II Guerra Mundial Sábado e Domingo 16 e 17 de Abril de 2016 10h - 18h CIB - CLUBE ISRAELITA BRASILEIRO Rua Barata Ribeiro, 489 - Copacabana
Entrada gratuita, estacionamento no local.
ANVFEB - Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira
Com o avanço do grande conflito, aos poucos foram cessando os sons
patrióticos, e o entusiasmo rapidamente deu lugar ao horror das
trincheiras. O clamor da música heroica deu lugar ao lamento pelos
caídos em batalha.
Por Klaus Gehrke
Quer em Berlim ou Viena, quer em Paris ou Londres – em quase toda a
Europa a mobilização das Forças Armadas, no final de julho de 1914,
despertou uma onda de aprovação. Com entusiasmo, jovens se alistavam
voluntariamente para servir na guerra, na esperança de que, após um
breve período no front, regressariam como heróis, com uma medalha no
peito. Mas a realidade nos campos de batalha era outra.
Primeiras dúvidas
Enquanto nas cidades, bem longe da frente de batalha, os sons
heroicos dominavam nas salas de concerto, já a partir do fim de 1914
alguns membros do clã de compositores começaram a questionar a
legitimidade da guerra, tão propagada pelo governo.
Claude Debussy (1862-1918), fervoroso patriota francês, escrevia em
1916: "A guerra continua – não dá para entender. Quando é que o ódio vai
finalmente acabar? É sequer preciso falar de ódio, neste processo
histórico? Quando vai se deixar de confiar o destino dos povos a uma
gente que enxerga a humanidade como meio de ascensão?"
Com sua canção
Noël des enfants qui n'ont plus de maison
(Natal das crianças que não têm mais lar), Debussy escreveu uma das
primeiras obras impactantes sobre os cruéis efeitos da guerra.
Um monumento musical
Quando mais a luta durava, mais os músicos tratavam da morte em suas
composições, e pranteavam a perda de amigos próximos. Uma das peças mais
conhecidas dessa categoria é a suíte para piano de Maurice Ravel
(1875-1937)
Le tombeau de Couperin, composta entre 1917 e 1919 e posteriormente transcrita por Ravel para orquestra.
Tombeau é uma forma musical barroca com que compositores
homenageavam seus colegas falecidos. Ravel dedica sua obra ao
clavecinista francês François Couperin (1668-1733). Como os seis
movimentos foram sendo compostos sucessivamente durante a Primeira
Guerra, logo a suíte se transformou num outro tipo de homenagem fúnebre:
cada peça traz uma dedicatória para um amigo do compositor, caído em
batalha.
Porém Ravel não foi o único músico a expressar luto através da música de
piano, durante o grande conflito: o britânico Frank Bridge (1879-1941),
por exemplo, escreveu uma sonata para seu colega Ernest Farrar, morto
em 1918.
Réquiem para todas as vítimas da guerra
Em 1915, o também organista Max Reger começou a compor um Requiem "em homenagem aos soldados alemães caídos", mas a obra permaneceria incompleta.
O mesmo ocorreu com um Oratorium gegen den Krieg (Oratório
contra a guerra), iniciado por Hanns Eisler (1898-1962) no ano seguinte,
quando prestava o serviço militar. Esse compositor alemão, que cresceu
num lar social-democrata e depois se filiou ao Partido Comunista, foi um
dos colaboradores musicais de Bertolt Brecht. Do célebre dramaturgo é o
texto da canção
Epitaph auf einen in der Flandernschlacht Gefallenen
(Epitáfio para um soldado caído na Batalha de Flandres).
Somente anos após o fim da Primeira Guerra Mundial, o inglês Ralph
Vaughan Williams (1872-1958) iria elaborar suas experiências nos campos
de batalha franceses. Sua terceira sinfonia, intitulada
Pastoral Symphony
, data de 1922.
E mais de um quarto de século antes de Benjamin Britten (1913-1976) escrever seu aclamado War Requiem, que reflete o horror da Segunda Guerra, seu compatriota John Foulds (1880-1939), hoje praticamente esquecido, apresentou, com A World Requiem, uma denúncia comovente contra a matança sem sentido entre 1914 e 1918.
Parábola sobre a sedução do poder
Ao contrário de muitos de seus colegas, que, com maior ou menor
entusiasmo patriótico, serviram ao czar nos campos de guerra, em seu
exílio na Suíça o russo (mais tarde naturalizado francês e americano)
Igor Stravinsky (1882-1971) foi poupado de tais missões fatais.
Porém até ele se ocupou do tema da guerra em 1918: "L'histoire du soldat
foi minha única obra cênica com implicações atuais", diria o compositor em 1962. O protagonista dessa "história do soldado" baseada num conto folclórico
russo tenta enganar o diabo, mas termina derrotado por ele.
Potencializado pela música stravinskiana, o vivaz texto de C.F. Ramuz se
transformou numa parábola impressionante sobre a sedução do poder.
Quanto a obra de Stravinsky estreou em 28 de setembro de 1918 em
Lausanne, a Primeira Guerra Mundial estava a apenas algumas semanas de
seu fim. Seus efeitos no processo criativo de muitos compositores, no
entanto, permaneceram durante muito tempo.
Decorridos 70
anos do fim da Segunda Guerra Mundial a aliança militar entre Brasil-EUA ainda
desperta indagações e controvérsias. Dentre estas cabe citar o programa do Lend
Lease, pelo qual o Brasil se beneficiou de vantajosos financiamentos para
aquisições de bens de interesse militar nos EUA. Também permanece obscura
a forma pela qual foram criadas aqui unidades militares inteiramente novas,
dedicadas a manusear tanques e gases venenosos; as pressões pela americanização
total do Exército Brasileiro; o treinamento e assessoria da Força
Expedicionária Brasileira (FEB) no Brasil e na Itália; as tentativas
estadunidenses de se opor à desmobilização da FEB ao fim da guerra, etc. Este
livro examina tais questões à luz de documentos até aqui inéditos, além de
revelar fatos desconhecidos como as políticas não escritas para vedar acesso
brasileiro a tecnologias militares estadunidenses, o domínio do mercado da
aeronáutica civil brasileiro pelos EUA, o destino dos pacientes militares brasileiros
internados em hospitais estadunidenses e o obscuro “Projeto Sul” de 1944, o
qual previa a eventualidade de uma guerra contra a Argentina.
Brasil e Estados
Unidos foram aliados na luta contra a Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra
Mundial. A aliança rendeu aos EUA acesso ao território brasileiro, na forma de
bases aéreas e navais, indispensáveis ao esforço de guerra, bem como ao
fornecimento de alimentos e matérias-primas do Brasil necessário às suas indústrias
bélicas. Em troca, o Brasil recebeu financiamento para aquisição de usinas,
fábricas, armas, veículos e munições de origem estadunidense. Brasil e Estados
Unidos realizaram ações militares conjuntas de terra, mar e ar, nos Teatros de
Operações do Atlântico Sul e do Mediterrâneo, o que contribuiu de forma
significativa para a vitória Aliada sobre o Eixo na Segunda Guerra Mundial.
Para viabilizar essas ações foi fundamental o papel desempenhado pelas
comissões militares conjuntas constituídas àquela época: a Joint Brazil United
States Defense Commission – JBUSDC (Comissão Conjunta de Defesa Brasil Estados
Unidos – CCDBEU) com sede em Washington (EUA) e a Joint Brazil United States
Military Commission – JBUSMC (Comissão Militar Conjunta Brasil Estados Unidos –
CMCBEU) com sede no Rio de Janeiro (RJ). Este livro se dedica a examinar, à luz
das revelações contidas em arquivos recentemente liberados para consulta, as
negociações no interior destas comissões entre os membros estadunidenses e
brasileiros em torno de temas como: a americanização do Exército
Brasileiro, o domínio do mercado aeroportuário do Brasil pelos EUA, a formação,
emprego e desmobilização da Força Expedicionária Brasileira (FEB), dentre
tantos outros fatos até aqui desconhecidos.
Sobre o autor
Dennison de Oliveira é Pós-Doutor
em Estudos Estratégicos pela Universidade Federal Fluminense (UFF, 2014),
Doutor em Ciências Sociais (1995) e Mestre em Ciência Política pela
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP, 1991), bacharel e licenciado em
História pela Universidade Federal do Paraná (UFPR, 1987). Atua nos programas
de pós-graduação em História da UFPR e da Escola de Comando e Estado Maior do
Exército (ECEME). Publicou pela Editora Juruá os livros “Os Soldados
Brasileiros de Hitler” (2008), “Os soldados alemães de Vargas” (2008), “O Tunel
do Tempo: um estudo de História e Audiovisual” (2010) e “História e Audiovisual
no Brasil do Século XXI” (2011)