Uma
das características das forças militares da WIC era a qualidade de seus
oficiais, tanto em terra como no mar, muitos já experimentados em décadas de
combate contra os espanhóis. Conforme
destaca Boxer, “não faltaram à Companhia das Índias Ocidentais bons
comandantes, capazes de conseguir o máximo de seus comandados. Pondo de parte o próprio João Maurício, digno
de destaque foi Arciszewski; e depois mesmo da remoção do coronel polonês do
cenário brasileiro, puderam ainda o Heeren
XIX contar com alguns oficiais de primeira ordem, tendo mais de dez anos de
experiência neste terreno. O alemão Von
Schkoppe, o inglês Henderson e o holandês Van den Brande eram adversários
dignos de qualquer espada inimiga”.
Nos
navios holandeses, da mesma forma, os marinheiros eram liderados por
comandantes com grande capacidade de liderança, como os almirantes Lonck, Pater
e Lichthart, dentre outros. O capelão
João Baers, que integrava a expedição que desembarcou e conquistou Olinda, em
1630, testemunhou a forma de liderar do comandante da invasão, coronel Diederick van Waerdenburch: “o Sr.
Coronel foi o primeiro homem que saltou à vista do inimigo, que, em número de
dois mil, assim de pé como de cavalo, ali achava-se na praia, e facilmente
teria podido obstá-lo, ou fazer-lhe fogo de dentro do bosque, que corre ao
longo da praia”.
A qualidade da liderança dos oficiais era característica no exército e na marinha da Companhia das Índias Ocidentais
Apesar
das qualidades de liderança da maioria dos oficiais, o relacionamento com os
soldados – particularmente com os mercenários estrangeiros – nem sempre era
cordial, como relatou o soldado Ambrósio Richshoffer, ao descrever um incidente
a bordo do navio que conduzia sua companhia ao Brasil em setembro de 1629:
“como fosse o dia da feira de Amsterdã o nosso capitão Peter Franz, daquela
cidade, mandou matar um grande e gordo porco, que tínhamos trazido da Holanda,
e banqueteou-se com vários convidados, distribuindo o resto aos marinheiros. Aos soldados, porém, não deu um só bocado,
pois, era inimigo declarado dos mesmos, chamando-os constantemente de cães”.
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"A guerra do açúcar: as invasões holandesas no Brasil"
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