O
historiador britânico Antony Beevor defende no livro ‘A Segunda Guerra
Mundial’, publicado em Portugal, que o conflito começou na Manchúria e que se
transformou numa “guerra civil internacional”.
“A
Segunda Guerra Mundial foi claramente uma amálgama de conflitos, a maioria opôs
nação contra nação, mas a guerra civil internacional entre a esquerda e direita
permeou e chegou mesmo a dominar muitos deles”, escreve Beevor na introdução
sobre as razões que conduziram à guerra.
“A Europa
não entrou em guerra a 1º de Setembro de 1939. Alguns historiadores falam de
uma 'guerra de trinta anos, de 1914 a 1945', em que a Primeira Guerra Mundial
funcionou como catástrofe original” refere Beevor, que defende que a longínqua
batalha de Khalkhin Gol, entre russos e japoneses, que começou no dia 12 de
maio de 1939 na fronteira entre a Mongólia e a Manchúria, ocupada pelo Exército
Imperial Japonês, marca - de fato - o início do conflito e determina o curso
da guerra, sobretudo no Extremo Oriente.
Na
batalha, que se prolongou até ao dia 31 de agosto de 1939, as forças de Moscou
lideradas por Zhukov, então comandante de cavalaria do Exército Vermelho,
derrotou as tropas japonesas e, segundo Beevor, alterou as intenções de Tóquio
em invadir a União Soviética “mudando para sempre” o curso da guerra.
Infantes soviéticos durante a batalha de Khalkhin Gol
“A
Batalha de Khalkin Gol, teve, assim, grande influência na decisão subsequente
de os japoneses avançarem contra as colónias da França, Holanda e Grã-Bretanha
no Sudeste Asiático, e até de enfrentarem a marinha de guerra dos Estados
Unidos no Pacífico. A consequente recusa por parte de Tóquio em atacar a União
Soviética no inverno de 1941 desempenharia, portanto, um papel crítico no ponto
de viragem geopolítico da guerra, tanto no Extremo Oriente como na luta de vida
ou morte que Hitler travou com a União Soviética”, escreve o historiador
britânico.
No
capítulo dedicado ao período entre Maio e Setembro de 1945, o autor faz a contagem de vítimas, nomeadamente dos
judeus vítimas do Holocausto mas também dos milhões de mortos na Ucrânia,
Bielorrússia, Polônia, Estados Bálticos e Bálcãs.
“A
Segunda Guerra Mundial, com as suas ramificações globais, foi a maior
catástrofe provocada pelo homem da nossa história. As estatísticas do número de
mortos – quer sejam sessenta milhões ou setenta milhões – transcendem a nossa
compreensão”, refere Beevor que adverte para os riscos de comparações.
“Numa
crise atual, jornalistas e políticos vão instintivamente buscar paralelismos
com a Segunda Guerra Mundial, seja para dramatizar a gravidade da situação,
seja numa tentativa de se parecerem com Roosevelt ou Churchill” escreve o
historiador para quem a Segunda Guerra é incomparável.
Fonte: Notícias ao minuto
.
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