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Quem estuda História Militar sabe que as guerras são deflagradas por diversos motivos, geralmente ligados à geopolítica ou a conflitos de interesses mais profundos. Mas quem diria que algumas inocentes partidas de futebol pudessem dar início a uma guerra? Foi exatamente isso o que ocorreu em 1969 na América Central, entre Honduras e El Salvador.
Antecedentes
Na época, os dois países já demonstravam uma relação política instável, em função da grande imigração de salvadorenhos para Honduras, a maioria vivendo no campo. Em 1967, o governo hondurenho promoveu uma reforma agrária, confiscando as terras ocupadas por salvadorenhos que imigraram ilegalmente, enviando-os de volta para seu país de origem. Os jornais de San Salvador potencializavam as tensões, publicando supostas atrocidades cometidas contra salvadorenhos em Honduras.
Em junho de 1969 as hostilidades aumentaram drasticamente após três partidas de futebol entre as seleções das duas nações, que disputavam uma vaga para a Copa do Mundo de 1970. Durante as partidas, em especial a segunda, realizada em San Salvador, jogadores, torcedores e imigrantes foram expulsos, perseguidos e assassinados, levando os dois países a romperem relações diplomáticas no fim do mesmo mês e fecharem a fronteira.
No mesmo dia da última partida, 26 de junho, El salvador rompeu relações com Honduras, alegando que o governo hondurenho não tomou medidas efetivas para punir os responsáveis pelos ataques a salvadorenhos. Exigia, ainda, reparações financeiras às vítimas dos ataques e, para todas essas demandas, Honduras não respondeu.
Breve conflito
Na manhã de 14 de julho de 1969 começou a guerra, com ataques aéreos da Força Aérea Salvadorenha contra o aeroporto de Toncolin e outras localidades estratégicas de Honduras, enquanto seu exército lançava uma ofensiva através das duas rodovias que ligavam os países. No dia seguinte, já havia ocupado Nueva Ocotepeque e mais oito cidades.
Os hondurenhos contra-atacaram usando bombas de napalm no único ataque que seus aviões conseguiram realizar contra um aeroporto em solo salvadorenho. Ambos os contendores utilizavam caças de origem norte-americana, remanescentes da 2ª Guerra Mundial, no que foi a última guerra da história onde os dois oponentes empregaram aviões de combate a hélice. Surpreendida e com um exército despreparado, Honduras perdia cada vez mais terreno para os salvadorenhos.
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Principais ações de combate
Cessar-fogo
A Organização dos Estados Americanos (OEA) negociou um cessar-fogo, mas El Salvador só aceitou em 18 de julho, depois que o governo de Honduras prometeu que tomaria medidas para garantir a salvaguarda dos salvadorenhos residentes no país. Mesmo assim, o Exército Salvadorenho só se retirou dos territórios conquistados no dia 2 de agosto. Mais de uma década se passou até que um tratado de paz definitivo fosse assinado.
Consequências
Embora breve, o conflito provocou muitas baixas. Os salvadorenhos tiveram 900 perdas entre mortos e feridos e os hondurenhos mais de 2.000, em sua maioria civis vítimas dos bombardeios aéreos.
A fronteira entre os dois países permaneceu fechada até a assinatura do acordo de paz, interrompendo o caminho por terra no continente Americano por mais de dez anos.
Assim como na guerra, El salvador levou vantagem também nos campos, e sua seleção de futebol conseguiu a classificação para a Copa de 1970. Honduras ficou de fora.
Assim como na guerra, El salvador levou vantagem também nos campos, e sua seleção de futebol conseguiu a classificação para a Copa de 1970. Honduras ficou de fora.
Os jogos da discórdia
8/6/1969 – Tegucigalpa
Honduras 1 x 0 El Salvador
15/6/1969 – San Salvador
Honduras 0 x 3 El Salvador
26/6/1969 – Cidade do México
Honduras 2 x 3 El Salvador
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