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Agincourt é uma das mais grandiosas batalhas da história. Travada entre dois exércitos desiguais que se enfrentam em condições desastrosas no dia de São Crispim em 1415, resultou em uma vitória extraordinária, celebrada na Inglaterra anos depois de Shakespeare tê-la imortalizado na peça Henrique V. O notável triunfo do arco grande, conhecido como longbow, sobre cavaleiros de armaduras, e do homem comum sobre a aristocracia feudal são alguns dos mitos que a batalha criou. Em AGINCOURT, a historiadora Juliet Barker disseca a realidade por trás desses mitos.
Barker cria um relato vívido, de tirar o fôlego e meticulosamente pesquisado sobre essa grande batalha e suas consequências. A partir dos pontos de vista de nobres, camponeses, arqueiros e cavaleiros, ela retrata habilmente as horas de luta implacável, o desespero de um exército mutilado pela doença e a coragem excepcional dos soldados ingleses. A vitória inglesa foi tão inusitada e surpreendente em sua escala que seus contemporâneos só puderam atribuí-la a Deus. Juliet Barker, entretanto, analisa a batalha para entender a determinação e a dedicação do rei inglês Henrique V, o principal arquiteto dessa vitória, e a razão pela qual, mesmo com toda desvantagem, ele a conquistou.
A desvantagem era impressionante. No raiar do dia 25 de outubro de 1415, os remanescentes maltrapilhos de um exército inglês que invadira a Normandia dez semanas antes e, num golpe severo para o orgulho francês, capturara a cidade-porto de Harfleur, se preparavam para enfrentar os franceses. Um exército que os superava em número na proporção de pelo menos quatro contra um, provavelmente seis contra um. Quase todos cavaleiros montados, os homens de ferro da época. Mas ao fim da carga, o dia seria inglês. Os britânicos não apenas venceriam contra todas as previsões, como teriam pouquíssimas perdas, entre elas, apenas dois nobres.
Da tempestade, da lama, da aniquilação e da coragem nasce uma grande vitória. A fina flor da cavalaria francesa seria trucidada pelos ingleses. E a maneira de guerrear mudaria para sempre. Ao armar o povo, ao entregar o arco a soldados rasos, uma das principais qualidades que caracterizavam a nobreza, a de saber lutar, cairia por terra. Em AGINCOURT, Barker analisa todas essas mudanças. Todas as nuances. E mostra como o início do mundo moderno, em vários níveis, começou nesse campo de batalha, no interior da França.
Agincourt. Juliet Barker. Record, 504 págs.
Não li esse livro, mas acabei de ler Azincourt do Bernard Cornweel. Mas vou dar uma lida nesse também.
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