sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

FELIZ ANO NOVO !

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Dentro de algumas horas, um Ano Novo vai chegar a esta estação.

Se não puder ser o maquinista, seja o seu mais divertido passageiro.

Procure um lugar próximo à janela desfrute cada uma das paisagens que o tempo lhe oferecer, com o prazer de quem realiza a primeira viagem.

Não se assuste com os abismos, nem com as curvas que não lhe deixam ver os caminhos que estão por vir.

Procure curtir a viagem da vida, observando cada arbusto, cada riacho, beirais de estrada e tons mutantes de paisagem.

Desdobre o mapa e planeje roteiros.

Preste atenção em cada ponto de parada, e fique atento ao apito da partida.

E quando decidir descer na estação onde a esperança lhe acenou não hesite.

Desembarque nela os seus sonhos...

Desejamos que a sua  viagem pelos dias de 2011, seja de


PRIMEIRA CLASSE  ...

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IMAGEM DO DIA - 31/12/2010



Durante a Guerra Austro-prussiana de 1866, um batalhão de caçadores austríaco prepara-se para embarcar para o front na estação ferroviária ao norte de Viena

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ARMAS - FUZIL CHASSEPOT

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O Chassepot, oficialmente conhecido como o Fuzil modèle 1866, era um fuzil de repetição de ferrolho, famoso por ser a arma empregada pelas tropas francesas durante a Guerra Franco-Prusiana. Substituiu a uma grande variedade de fuzis de antecarga Minié, muitos dos quais tinham sido modificados como fuzis de retrocarga em 1867 (Fuzil Tabatière). Sendo uma grande melhora com respeito aos fuzis militares existentes em 1866, o Chassepot marcou o início de era dos fuzis de ferrolho. A partir de 1874, o fuzil foi modificado com facilidade para empregar cartuchos metálicos - com a denominação de Fuzil Gras.

Antoine Alphonse Chassepot

O fuzil era fabricado pela Manufacture d'Armes de St. Etienne (MAS), Manufacture d'Armes de Châtellerault (MAC) and Manufacture d'Armes de Tulle (MAT). Vários destes fuzis foram fabricados sob licença na Inglaterra (Potts and Hunt), Bélgica (diversas empresas de Lieja), bem como em Placentia e Brescia (posteriormente Itália). O número aproximado de fuzis Chassepot disponíveis para o Exército francês em 1870, era de 1.200.000 unidades. A fabricação do Chassepot foi cancelada em fevereiro de 1875, quatro anos após o final da Guerra Franco-Prusiana.

O Chassepot foi chamado assim em homenagem a seu inventor, Antoine Alphonse Chassepot (1833-1905) que, desde 1857, tinha construído vários modelos experimentais de fuzis de retrocarga. O desenvolvimento da Guerra de Secessão norte-americana ou as mais próximas de Prússia contra a Dinamarca ou contra Áustria demonstrou claramente a superioridade das armas de retrocarga com cartuchos integrais (que incluem o fulminante). Baseando no sistema de agulha e cartucho combustível do fuzil Dreyse, este desenvolveu seu próprio fuzil.

Em uma competição contra os sistemas Fave e Plumere, realizada em 11 de julho de 1866 no campo de Châlons sul Marne, o sistema de Chassepot saiu-se vencedor. No mês seguinte obteve a patente francesa pela invenção de um "fuzil de agulha do chamado sistema Chassepot". Prevendo o sucesso de seu sistema, registou também patentes na Bélgica, Espanha e Estados Unidos.

Mecanismo de disparo do fuzil Chassepot


Em combate

Adotado para o serviço em momentos em que tinha lugar um intenso debate, a raiz do sucesso obtido pelo fuzil prusiano Dreyse na Batalha de Sadowa (3 de julho de 1866), no ano seguinte o Chassepot foi empregado em combate pela primeira vez, na batalha de Mentana. As tropas francesas equipadas com Chassepots derrotaram as forças dirigidas por Giuseppe Garibaldi devido ao maior alcance e velocidade de disparo de seus fuzis, com respeito às obsoletas armas de antecarga dos garibaldinos. O relatório enviado ao Parlamento francês mencionava que "Lhes Chassepots ont fait merveille!", em uma tradução livre: "os Chassepots fizeram maravilhas!". A verdade era que as pesadas balas cilíndricas de chumbo disparadas a grande velocidade pelo fuzil Chassepot produziam feridas bem mais graves do que as produzidas pelo fuzil Minié.

O fuzil foi utilizado pelo exército francês pouco depois de terminada a segunda intervenção francesa no México (1862-1867) e durante a Guerra Franco-Prusiana (1870-1871), bem como em diversos conflitos coloniais contemporâneos.

Na Guerra Franco-Prusiana, o Chassepot demonstrou ser superior ao fuzil alemão Dreyse ao dobrar o alcance deste último. Apesar de ser de um calibre inferior (11 mm diante de 15,4 mm do fuzil alemão), o cartucho do Chassepot tinha maior quantidade de pólvora e, portanto, maior velocidade inicial (33% superior à do Dreyse), obtendo uma trajetória mais estável e um maior alcance (próximo aos 1.300 metros). Graças ao comprimento do cano, conseguia uma precisão e penetração superiores. Os Chassepots foram responsáveis pela maior parte das baixas prusianas durante este conflito.

Atirador francês armado com fuzil Chassepot durante a Guerra Franco-Prussiana


O fuzil Chassepot foi substituído no Exército Francês, a partir de 1874, pelo fuzil Gras, que empregava um cartucho metálico. Muitos dos Chassepots foram modificados para usar este cartucho (Fuzil modelo 1866/74). Também foi usado pelo Exército peruano e o pelo Exército boliviano na Guerra do Pacífico (1879-1884).


No Brasil

O Brasil chegou a estudar a sua adoção para a guerra do Paraguai, sendo ela uma das armas que passaram pelos testes competitivos que foram feitos a partir de 1868. Não foi a escolhida, contudo, a Roberts sendo adotada para testes em grande escala.

Apesar disso, em 1872, o Império se viu frente à uma nova ameaça de guerra no Sul, em torno das excessivas reivindicações territoriais feitas pela Argentina após a derrota do Paraguai (ela pedia cerca de 50% do território do inimigo derrotado, o que não era aceitável para o Império).

Como uma forma de enfrentar a ameaça de conflito, o ministro da Guerra informou no relatório daquele ano, que o governo tinha adquirido 8.631 "espingardas Chassepot, que foram compradas por motivos que não são desconhecidos, e porque era a única espécie de arma moderna de que havia provisão nos mercados da Europa".

Essas armas, entretanto, nunca foram distribuídas oficialmente ao Exército, apesar da Comissão de Melhoramentos ter preparado e mandado publicar uma edição de 3.000 exemplares de um manual dela. Não havia razões de repassá-las para a tropa, quando já havia a decisão de compra das Comblain.



Características


Peso - 4,63 kg
Comprimento - 1,30 m (sem baioneta); 1,88 m (com baioneta)
Munição - Cartucho de papel 11 mm Chassepot
Calibre - 11 mm
Funcionamento - Repetição
Alcance útil - 1.200 a 1.300 m

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domingo, 26 de dezembro de 2010

IMAGEM DO DIA - 26/12/2010

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Durante a Guerra Civil Espanhola, um bombardeiro Savoia-Marchetti SM-81nacionalista lança suas bombas sobre os subúrbios de Madri

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PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR - GENERAL POLIDORO

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* 02/11/1800? - São Miguel da Terra Firme-SC

+ 13/01/1879 – Rio de Janeiro-RJ


Filho do Coronel João Florêncio Jordão, Polidoro da Fonseca Quintanilha Jordão nasceu em São Miguel da Terra Firme, Santa Catarina, no dia 2 de novembro de 1800. Após concluir o curso de humanidades, assentou praça em 7 de fevereiro de 1824, como Cadete da Escola Militar. Promovido ao posto de alferes em 1824, tenente em 1825 e capitão em 1827, integrou o Imperial Corpo de Engenheiros na Guerra dos Farrapos, sob as ordens do então Barão de Caxias. Como capitão do 1° Corpo de Artilharia de Posição, foi nomeado juiz de uma comissão, formada em 1831, para examinar os estrangeiros no Exército e na Armada que não haviam aderido à nacionalidade brasileira.

Foi promovido ao posto de major em julho de 1837, tenente-coronel em 1841 e coronel em 1851. Neste último ano, o Coronel Polidoro teve atuação notável na implantação do telégrafo no País.


Na Guerra da Tríplice-Aliança

Em 1856, foi promovido a Brigadeiro, tendo ocupado a Pasta da Guerra em 1862, no Gabinete do Marquês de Olinda. Quando irrompeu a Guerra da Tríplice-Aliança, foi solicitada pelo general Osório, comandante-chefe do Exército Imperial no Teatro de Operações, a nomeação de um oficial de confiança que pudesse substituí-lo em seus impedimentos. Foi então o General Polidoro nomeado pelo governo, não somente para os impedimentos de Osório, mas também para substituir o visconde de Porto Alegre no comando do 2° Corpo de Exército.

Tão logo chegou ao Paraguai, com o aumento dos padecimentos do General Osório em decorrência de ferimento recebido, assumiu o comando do 1° Corpo, iniciando seus trabalhos por ocasião da Batalha de Curupaití, onde as forças sob seu comando enfrentaram com heroísmo a metralha do inimigo acorbertado por entricheiramentos inacessíveis.

Após a guerra foi, por muitos anos, diretor da Escola Militar do Rio de Janeiro.


Homenagens

Polidoro recebeu do Imperador Pedro II o título nobiliárquico de Visconde de Santa Teresa. Foi condecorado com a grã-cruz da Imperial Ordem de São Bento de Avis, dignitário da Ordem do Cruzeiro, comendador da Imperial Ordem da Rosa, com as medalhas do Mérito e Bravura Militar e a da Guerra do Paraguai.

Fachada do 13º Grupo de Artilharia de Campanha, Grupo General Polidoro


Seu nome foi dado à antiga rua Berquó, no bairro carioca de Botafogo, uma das mais tradicionais da cidade do Rio de Janeiro, em memória a seus serviços prestados, em sessão da câmara municipal.

Por intermédio da Portaria Ministerial nº 283, de 15 de março de 1995, o 13º Grupo de Artilharia de Campanha do Exército Brasileiro, com sede em Cachoeira do Sul-RS, recebeu a designação histórica de Grupo General Polidoro.

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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

MURALHA DA CHINA PODE SER MAIOR DO QUE SE IMAGINAVA

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A Grande Muralha da China pode ser ainda maior do que se pensava, indica a primeira pesquisa detalhada a estabelecer o comprimento do monumento histórico.

Depois de dois anos, a pesquisa concluiu que a Grande Muralha tem 8.850 quilômetros de comprimento. Até agora, acreditava-se que o comprimento da muralha era de 5 mil quilômetros.  As medições anteriores eram baseadas principalmente em registros históricos.

O novo estudo, conduzido pela Administração Estatal de Patrimônio Cultural e pela Administração Estatal de Topografia e Cartografia, usou tecnologias de GPS e infravermelho para localizar algumas áreas que haviam sido ocultadas ao longo do tempo pela ação de tempestades de areia, informou a agência estatal chinesa.




De acordo com as novas descobertas, as seções da muralha somam 6.259 quilômetros, além de outros 359 quilômetros de trincheiras e 2.232 quilômetros de barreiras defensivas naturais, como montes e rios.


Dinastia Ming

Especialistas afirmam que as partes recém-descobertas da muralha foram construídas durante a Dinastia Ming, que reinou na China de 1368 a 1644.

As pesquisas deverão prosseguir por mais 18 meses e mapear seções da muralha construídas durante as dinastias Qin (221 a 206 a. C.) e Han (206 a. C. a 94 d. C.).

Criada para proteger a fronteira norte do império chinês, a Grande Muralha da China é, na verdade, uma série de muralhas cuja construção começou no século 5 a. C. e que foram unidas pela primeira vez no reinado de Qin Shi Huang, por volta de 220 a. C.

O monumento foi declarado patrimônio mundial pela Unesco em 1987.

Fonte: BBC


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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

IMAGEM DO DIA - 22/12/2010

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Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, visando a superar o bloqueio imposto pelo Governo Provisório, os paulistas converteram parte de seu parque industrial para a produção bélica, além de oficinas menores.  Na imagem, crianças e adolescentes fabricando capacetes de aço - modelo Tommy - para equipar as unidades de voluntários paulistas.

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DEZ BATALHAS EM JERUSALÉM

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Jerusalém é uma cidade sagrada para três religiões monoteístas e um dos mais antigos campos de batalha do mundo. A seguir, listamos dez das mais importantes batalhas ocorridas em Jerusalém, desde a Antiguidade até os dias recentes:


1) Em 1000 a.C. Jerusalém limitava-se a apenas uma colina, ao sul da cidade atual. O rei judeu Davi tomou a cidade dos cananeus infiltrando tropas pelo túnel de Warren, utilizado para captar água da fonte de Giom.


2) Graças ao reservatório conhecido como tanque de Siloé, que recebia água por um túnel subterrâneo, Jerusalém resistiu ao assédio do rei assírio Senaqueribe, em 701 a.C.


3) Os babilônios invadem a cidade pelo norte, seu lado mais vulnerável, e destroem o templo judaico.


4) Em 164 a.C. os judeus rebelam-se contra os helenistas e tomam o templo, mas foi só em 114 a.C. que conseguem tomar a fortaleza de Akra, construída perto do templo e hoje em lugar ignorado.

Cerco romano a Jerusalém no ano 70

5) Tropas romanas capturam a fortaleza Antônia e penetram na cidade por brechas em outras partes da muralha em 70. Tem início a diáspora judaica.


6) Cruzados capturam Jerusalém em 1099, atacando com torres de assalto em três pontos das muralhas. Tancredo de Hauteville ataca a noroeste, na direção da basílica do Santo Sepulcro. Godofredo de Bouillon ataca a porta de Herodes ao norte e Raimundo de Toulouse ataca ao sul, sem sucesso, a porta de Sião. As tropas de Bouillon entram na cidade e abrem por dentro a porta dos leões para o resto dos invasores.


7) O sultão Saladino obriga a rendição de Jerusalém. As forças muçulmanas avançam pelo lado norte, mais vulnerável.


8) Durante a 1ª Guerra Mundial, em 1917, após derrotar os turcos, o general britânico Edmund Allenby entra na cidade a pé pela porta de Jafa.


9) Na 1ª Guerra Árabe-israelense (1948-1949), os jordanianos da Legião Árabe capturam a Cidade Velha, mais uma vez, avançando pelo norte.


Tropas israelenses entrando na Cidade Velha em 1967

10) Em 7 de junho de 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, paraquedistas israelenses retomam a Cidade Velha, penetrando principalmente pela porta dos Leões.

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NOTÍCIAS DO FRONT

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Sai em livro a compilação do jornal da FEB na 2ª Guerra Mundial. Mesmo oficial, a história é comovente


Por DudaTeixeira


“Mestre Pracinha é um fantasma branco na paisagem branca. Só destoa o que aparece da sua cara, morena, mas não é muito. Um dizia para o companheiro, seu colega de patrulha: ‘Oh negro, você está se esquecendo do alvaiade [tinta branca] (...). É para passar na cara. Com esse focinho preto, o tedesco te manja de longe e atira’”.


O trecho, que descreve a angústia dos soldados brasileiros tentando manter-se camuflados em meio à neve nos Apeninos sob o fogo das baterias nazistas, é de autoria de Rubem Braga, correspondente do Diário Carioca na Itália, durante a 2ª Guerra Mundial. “Tedesco” é como se chamava o idioma germânico em português e, em italiano, é alemão. Braga usa o termo já popularizado entre os “pracinhas”, os soldados da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que entre julho de 1944 e maio de 1945 lutaram ao lado dos americanos contra as tropas fascistas de Hitler e, por algum tempo, de Mussolini.

Tedesco como sinônimo de alemão, não se sabe a razão, só aparece hoje em crônicas esportivas, em referência à seleção de futebol alemã. Já “oh negro” não é mais aceitável como tratamento. Nas fileiras da FEB eram absolutamente corriqueiros. O temor ali não era ofender com epítetos racistas o colega de trincheira, o temor era se destacar como alvo na neve branca.

A história da FEB, composta de 15.000 combatentes na linha de frente, dos quais 500 morreram, teve sua versão oficial contada nas páginas de O Cruzeiro do Sul. O jornal tinha quatro páginas e circulou entre os brasileiros na Itália durante cinco meses, duas vezes por semana. Produzido pelos próprios militares e impresso em uma gráfica em Florença, com tiragem de 5.000 exemplares, O Cruzeiro do Sul não tinha outra ambição que não a de manter a soldadesca informada sobre coisas corriqueiras do Brasil (compra e venda de jogadores de futebol) e do que o alto-comando achava que eles poderiam saber sobre o andamento da guerra. Quando sobrava um espaço em branco nas páginas do jornal, os editores punham sempre o mesmo anúncio: “cuidado com os espiões”. A advertência significava evitar correr atrás das mulheres italianas e não conversar com os rapazes. “Em boca fechada não entra mosca... nem bala”.

Finda a guerra, exemplares esparsos do jornal foram preservados em bibliotecas, mas nenhuma delas chegou a ter a coleção completa. É justamente isso, os 34 exemplares, a coleção completa, que foi tirado do fundo do armário pelo coronel Roberto Mascarenhas, neto do marechal João Baptista Mascarenhas de Moraes, comandante da FEB. As páginas foram copiadas e reunidas no recém-lançado livro O Cruzeiro do Sul. Há relatos escritos por diversos soldados – um poema lamenta a recusa das italianas em ceder aos encantos dos pracinhas -, cartas familiares e textos dos correspondentes de guerra integrados à FEB. Além de Rubem Braga, O Cruzeiro do Sul teve como colaboradores os correspondentes de guerra Joel Silveira, de O Jornal, e Francis Hallawell, da BBC. Jornalistas no front usavam farda e desfrutavam os privilégios inerentes à patente de capitão, entre eles o direito de frequentar cassino dos oficiais e compartilhar com eles os alojamentos.

Eles podiam falar de tudo, desde que fossem patriotas. Do contrário, seriam acusados de favorecer o inimigo”, diz o historiador José Murilo de Carvalho. Essa limitação não torna O Cruzeiro do Sul menos relevante como um registro delicioso da participação heroica dos voluntários brasileiros na Itália.


Fonte: Revista Veja

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sábado, 11 de dezembro de 2010

IMAGEM DO DIA - 11/12/2010

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Durante a Guerra Ítalo-turca (1911-1912), tropas italianas marcham em direção a Trípoli


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RESENHA - THE PACIFIC



The Pacific (EUA, 2010, HBO)


Ao voltar para casa depois de quatro anos lutando contra os japoneses, o americano Robert Leckie (James Badge Dale) é tratado com desdém por um motorista que também combateu na 2ª Guerra – só que no front europeu: “enquanto estive em Londres e em Paris, você foi mais um soldado raso que viu apenas a selva e a malária”, dispara ele.



A cena do décimo e último episódio da série da HBO contém uma ironia amarga, pois, depois do que se viu nos 500 minutos anteriores, a última conclusão possível é que Leckie e seus colegas – baseados em figuras reais – viveram situações extremas, talvez sem par na história das guerras.

Produzida por Steven Spielberg e Tom Hanks, The Pacific consegue ser ainda mais bem sucedido do que o retrato do conflito na Europa fornecido pela dupla em Band of Brothers (2001), tanto no exame do impacto da guerra sobre os combatentes quanto na reconstituição das operações militares.

O box de DVD traz bons atrativos. Uma ótima pedida é começar pelos extras – nos quais se inclui um documentário que elucida como as diferenças culturais dificultavam o combate com os japoneses.

Fonte: Veja


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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

DOSSIÊ 80 ANOS DA REVOLUÇÃO DE 1930




Está disponível no portal do CPDOC da Fundação Getúlio Vargas um dossiê comemorativo dos 80 anos da Revolução de 1930. Faz parte do dossiê uma entrevista inédita com o historiador Boris Fausto, que faz um balanço de seu livro “A Revolução de 1930”, passados 40 anos de sua primeira edição.


Confira no portal do CPDOC/FGV: http://cpdoc.fgv.br/revolucao1930
 
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DOCUMENTO - RELATÓRIO DA PRIMEIRA EXPEDIÇÃO CONTRA O ARRAIAL DE CANUDOS

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Relatório do Tenente Pires Ferreira,
Comandante da 1a Expedição Contra Canudos


"Combate de Uauá – Logo que chegamos ao arraial, no dia dezenove, mandei estabelecer o serviço de segurança, postando guardas avançadas nas quatro estradas que ali conduzem em distancia conveniente, afim de evitar qualquer surpreza; nomeei o pessoal de ronda, e conservei toda a força no acantonamento. O dia vinte passou-se sem nenhum incidente notavel, a não ser o abandona do arraial à noite, e furtivamente, por quase todos os habitantes. Das informações que colhi consta que assim procederam com receio da gente do Antonio Conselheiro. Inclino-me, porém, a crer que se achavam mancommunados com esta para atraiçoarem a força publica, como o fizeram, pois que até os poucos que ficaram no arraial não foram offendidos pelos bandidos, e garantiram-me antes do combate que ali não havia fanaticos, nem adeptos do Antonio Conselheiro; que este e o seu povo se achavam em Canudos, de onde não sahiriam, não obstante terem elles a certeza quando isso me affirmaram de que os mencionados bandidos se achavam a quatro léguas de distancia, dirigidos por Quimquim Coyam, e viram atacar a força na madrugada do dia immediato.

A’s cinco horas da manhã do dia vinte e um, fomos surprehendidos por um tiroteio partido da guarda avançada, colocada na estrada que vae ter a Canudos. Esta guarda, tendo sido atacada por uma multidão enorme de bandidos fanaticos, reistiu-lhes denodamente, fazendo fogo em retirada. Por essa occasião o soldado da segunda companhia Theotonio Pereira Bacellar, que por se achar muito estropeado não poude acomlpanhar, a guarda foi degolado por um bandido. Immediatamente, dispuz a força para a defensiva, fazendo collocar em distancia conveniente do acantonamento uma linha de atiradores, que causou logo enormes claros nas fileiras dos bandidos. Estes, não obstante, avançaram sempre, fazendo fogo, aos gritos de viva o nosso Bom Jesus! Viva o nosso Conselheiro! Viva a monarchia! etc., etc., etc, chegando até alguns a tentarem cortar a facão os nossos soldados. Um delles trazia alçada uma grande cruz de madeira, e muitos outros traziam imagens de sanctos em vultos. Avançaram e brigaram com incrivel ferocidade, servindo-se de apitos para execução de seus movimentos e manobras. Pelo grande numero que apresentaram foram por algumas praças calculados em tros mil! Há, porém, nisso exagero, proveniente de erro de apreciação; seriam uns quinhentos, mais ou menos, os que nos atacara, divididos em varios grupos, que procuravam envolver a nossa força e apoderar-se do arraial, o que não conseguiram devido às energicas providencias que tomei, effecazmente auxiliado pelos officiaes e a disciplina das praças. Conseguiu, entretanto, grande numero delles, apoderar-se de algumas casas abandonadas, que se achavam desguarnecidas por insufficiencia da força e de onde nos fizeram algum mal, mas, sendo necessario incendiar as dictas casas, afim de desalogja-los, o que conseguimos depois de alguma trabalho.

Chegados a esta phase do combate, depois de mais de quatro horas de luta, conhecendo que elles já se achavam desmoralizados, pela dificuldade com que respondiam, ao nosso fogo, e porque já tentavam fugir, passei a tomar a offensiva, e fiz perseguil-os até meia legua de distancia, morrendo muitos delles nessa occasião, e ficando o resto completamente desbaratado. Não levei mais longe a perseguição e mandei toca a retirar, por constar-me, achar-se um grande reforço delles um pouco adiante, e por estar a nossa gente cançada e sem alimentar-se desde a véspera. Além disso cumpria-me reunir os elementos que me restavam, afim de resistir a uma nova aggressão que porventura se desse. Seria pouco mais ou menos meio dia, quando terminou essa luta, com o regresso de nossas praças ao acantonamento, sem que durante a perseguição tivesse soffrido prejuízo algum. Na phase mais aguda do combate, houve fogo incessante e renhido de parte à parte, durante mais de quatro horas. Todos os officiaes, inferiores e praças portarem-se nessa emergência com um heroísmo e uma disciplina sem par, o que muito concorreu para seu bom exito, faltando-me palavras com que possa exprimir o procedimento nobre, correcto e enthusiasmador de que deram exhuberantes provas, honrando assim a corporação a que pertencemos.

Os inimigos deixaram no campo e dentro das casas que occupavam mais de cento e cincoenta cadaveres, sendo incalculavel o numero de feridos que tiveram e dos que foram morrer pela estrada, ou dentro das catingas. As nossas perdas foram aliás insignificantes quanto ao numero, sendo, porém, dolorosamente sensíveis e lamentaveis, por terem sido victimados pelas balas dos bandidos o distincto e temerario alferes Carlos Augusto Coelho dos Santos, o bom e destemido segundo sargento Hemeterio Pereira dos Santos Bahia, os valorosos cabo de esquadra Manoel Francisco de Souza, anspeçada Antonio Joaquim do Bomfim, soldados Herculano Ferreira de Araujo, Victorino José dos Santos e João Chrysostomo de Abreu, além do já mencionado Bacellar, que foi degollado no começo da ação, tendo sido assim a primeira victima. Ficaram feridos: gravemente - cabos de esquadra Cesario João dos Santos, Manoel Antonio do Nascimento, Pedro Leão Mendes de Aguiar, anspeçadas Tiburtino de Oliveira Lima, Minervino Bello da Cruz, soldados José Antonio Moreira, Casemiro de Freitas Passos, João Ferreira de Pinho e Virgilio Manoel dos Reis; levemente - cabos de esquadra Athanazio Felix de Sant'Anna e Salustiano Alves de Oliveira, anspeçadas João Evangelista de Lima e Raphael Pereira Cardoso, soldados - Antonio Bispo de Oliveira e Feliciano José dos Santos. Faleceram, tambem na luta, os paisanos Pedro Francisco de Moraes e seu filho João Baptista de Moraes, que nos serviam de guias, e que se portaram com galhardia na ocasião do combate, juntando-se à força e enfrentando os bandidos. Eram ambos casados e deixaram familia sem recursos. Perdemos, portanto, um oficial, um inferior, um cabo de esquadra, um anspeçada e quatro soldados, que com os dois paisanos guias dão um total de dez homens mortos no referido combate. Me cumpre ainda notar que alguns casos de morte se deram por excessos de bravura, praticados pelas victimas que se expunham sem necessidade ás balas do inimigo. Os cadaveres do official e das praças foram cuidadosamente sepultados na capella do arraial, os dos bandidos ficaram insepultos por não dispormos de tempo, pessoal, nem dos instrumentos necessarios para o enterramento delles. Fomos forçados a retirar para Joaseiro, na tarde do mesmo dia do combate, não só para evitar o mal que poderia advir da decomposição de tantos corpos, como tambem pela falta de viveres e outros recursos em Uauá.

Os bandidos estavam armados em grande parte com carabinas Comblain e Chuchu, outros tinham bacamartes, garruchas e pistolas, e quasi todos traziam, além das armas de fogo, grandes facões, foices e machados. O dr. Antonio Alves dos Sanctos, medico adjunto do exercito, que acompanhou a força, prestou -reas serviços durante o combate, tratando as praças feridas com interresse e desvelo, mostrando-se na altura da humanitaria missão que lhe fôra confiada; tendo, porém, depois de terminada a luta apresentado symptomas de desaranjo mental, entreguei os feridos logo que cheguei ao Joaseiro aos cuidados do facultativo civil dr. Antonio Rodrigues da Cunha Melo, que se encarregou do tratamento, fazendo-o com dedicação, solicitude e interesse, operando até algumas praças, no que foi auxiliado pelo cirurgião dentista Brigido Pimentel, que muito se prestou durante alguns dias com incansavel zelo.

ARMAMENTO - O fuzil Mannlicher, de que se acha ainda armado o batalhão, comquanto seja de repetição e de grande alcance, com seu projectil dotado de uma força de penetração extraordinaria, e dando ao tiro uma justeza admiravel, comtudo não compensa com essas bôas qualidades, alliadas a muitas outras que possui, o prejuizo resultante da extrema delicadeza de seu mecanismo que facilmente se estraga, ficando o fuzil reduzido a simples arma branca, quando adaptado no extremo do cano o componente sabre-punhal. Basta um pouco de poeira ou um simples grão de areia, introduzido na camara, para que não possa o ferrolho funccionar. Acontece, além disso, que com o fogo um pouco prolongado os carregadores não podem entrar no deposito com o numero de cartuchos regulamentar, dilata-se o aço do cano que, aumentado de diametro, difficulta a introducção dos cartuchos para o tiro simples, não podendo a arma funccionar como as de repetição. Dahi um grande numero de armas incapazes para o seu mister na ocasião opportuna, como aconteceu no combate em que tive de tomal-as das mãos das praças, afim de ver si conseguia fazel-as funccionar, sendo infructiferos todos os esforços nesse sentido. Mesmo em muitas das armas que funccionavam, o extractor, peça de grande delicadeza, perdia a necessaria justeza e enfraquacia a móla, deixava de extrahir o cartucho, que tinha de ser extraido á mão, o que prejudicou a rapidez do tiro. Esse armamento não convém ao nosso exercito, por não dispor ainda este de meios de transporte facil, rapido e commodo, de que dispoem os exercitos europeus; não merece a confiança dos officiaes, nem das praças que delles se utilizam, por não poderem contar, com segurança, com seus bons effeitos numa emergencia qualquer. Não obstante os assiduos cuidados que tive pela boa conservação do armamento das praças, pois que como é intuitivo do estado delle dependeria, em grande parte, em uma dada circumstancia, a victoria ou derrota de nossa força, ainda assim tive o desprazer de observar o que venham de referir. Durante o combate muitas armas flcaram tambem inutilizadas por outros motivos, umas perderam os respectivos ferrolhos que saltaram com a violencia do choque na defesa á arma branca, outras tiveram as coronhas partidas a talho de fação ou por balas; algumas ficaram com a camisa do cano inutilisada por bala, muitas seus sabres punhais, e ainda outras com os depositos arrebentados. A poeira e as escabrosidades das estradas, o calor de um sol abrasador e insupportavel, as condições em que foram feitas as marchas, sem commodidade de ordem alguma, tudo isso, frustrando os meus previdentes cuidados, deram o resultado acima apontado. Acontece ainda que essas armas que serviram na campanha de S. Paulo e Paraná, em mil oitocentos e noventa e quatro, já se achavam bastante usadas, tendo a mór parte dellas soffrido concertos. Outras fossem as condições de resistencia e solidez de seu mecanismo, e melhor teria sido o resultado obtido na luta.

FARDAMENTO - O das praças que compuzeram a força de meu commando ficou bastante estragado, em estado mesmo de não poder continuar a servir, devido a acção dos raios solares, da chuva e da poeira, e ainda do uso constante que delle fizeram, por necessidade, pois que não só marchavam, como dormiam com elle, á noite, sobre o solo nú e barrento das estradas, pela falta de barracas; e também pela necessidade de conservar-se a força sempre em armas em sitios cuja topographia nos era desconhecida, e onde não podiamos fiar em informações adrede preparadas, com o intuito de nos illudir. Muitas praça tiveram ainda algumas peças de seus uniformes, perdidas por completamente inutilizadas, como fossem tunicas de flanella cinzenta e calça de panno garance, rasgadas pelos galhos das arvores e espinhos das picadas, estrada, etc. Algumas perderam na marcha as gravatas de couro, ourtas tiveram no combate os gorros e os capotes crivados de balas ou cutilados a facão, em farrapos e ensanguentados. Ainda outros perderam os gôrros, levados pelas balas. O calçado incapaz de resistir a uma marcha tão longa, e por tão maus caminhos, estragou-se, ficando um grande numero de praças descalças.

DICIPLINA - Foi mantida em toda sua plenitude, sem que tivessem havido, infracção alguma digna de nota, durante todo o periodo de meu commando.

Quartel da Palma, na Bahia, 10 de dezembro de 1896
(a) Manuel da Silva Pires Ferreira, tenente"

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Fonte: Memória Lida no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por Aristides Augusto Milton, 1ª edição: Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1902, 145 p.



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SUBMARINO BRITÂNICO DA 2a GUERRA MUNDIAL SERÁ RESTAURADO

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O trabalho para restaurar a embarcação, que é o único submarino britânico da 2a Guerra Mundial que resta, deve começar em maio de 2011, no custo estimado de £7 milhões. Será a maior restauração do HMS Alliance desde a década de 1960.

O HMS Alliance ainda navegando na década de 1960.  Podia disparar dez torpedos de 21 libras

Sob os novos planos, o projeto inclui novas instalações elétricas e mecânicas para ajudar a conservar o submarino, além da construção de uma doca seca. E como parte dos melhoramentos, o diretor do Real Museu de Submarinos de Gosport, Bob Mealings, disse que quer fazer o máximo para atingir a comunidade.

Estamos entusiasmados que os planos para o Projeto de Conservação do Alliance tenham sido aprovados tão facilmente. É uma prova de que a comunidade valoriza seus artefatos históricos e vê os benefícios que a restauração do Alliance pode trazer”, disse ele. “O Alliance é a peça mais importante por aqui. É a jóia da coroa do museu. Sem ele, simplesmente não há museu”.

Até agora, £4,9 milhões já foram levantados. O museu quer conseguir o dinheiro que falta até o começo do próximo ano para que o trabalho possa prosseguir no calendário. O submarino está desesperadamente precisando de reparos após preocupações serem levantadas de que partes da estrutura possam cair no mar. O projeto irá interromper a deterioração do submarino e melhorar os acessos de visitantes ao museu.


O submarino HMS Alliance atualmente no Real Museu de Submarinos de Gosport

Também haverá um novo conjunto de escadas montado na proa, uma nova plataforma de visitação e novos pontões. “Temos recolhido fundos por um ano, e estou confiante que podemos conseguir o resto do dinheiro”, acrescentou Mealings. Este é o maior projeto de restauração desde que ele chegou aqui em 1981 e é sua maior restauração desde os anos 1960. Enquanto o trabalho acontecer, o museu ficará sempre aberto”.


Fonte: The Portsmouth News
 
 
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domingo, 21 de novembro de 2010

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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A GUERRA DOS TRINTA ANOS (1618 - 1648)


Entre 1618 e 1648, aconteceu na Europa um conflito que marcou a transição do feudalismo para a Idade Moderna. A Guerra dos Trinta Anos envolveu uma série de países no entorno da região onde hoje está a Alemanha, e teve como elemento catalisador as disputas religiosas decorrentes das reformas protestantes do século XVI. Mas as causas dessa guerra também incluem a luta pela afirmação do poder de monarquias européias, com disputas territoriais e conflitos pela hegemonia.


As causas da Guerra dos Trinta Anos também passam pelos problemas da aliança da dinastia dos Habsburgos e do Sacro Império Romano-Germânico com a Igreja Católica. Essa aliança de religião com Estado, uma herança medieval, não mais se adaptava a um mundo no qual o poder das monarquias nacionais era cada vez mais forte.

A vinculação entre o Império e a Igreja fazia com que os ideais de independência política tivessem um viés religioso, como é o caso da Boêmia, palco dos episódios que se constituíram no estopim do conflito.

Por que aconteceu a Guerra?

As tensões religiosas cresceram na Alemanha no último quarto do século XVI. Durante o reinado de Rodolfo II, a ação católica foi extremamente agressiva. Foram destruídas várias igrejas protestantes, além de uma série de medidas contra a liberdade de culto. Contra tais atitudes, foi fundada em 1608 a União Evangélica. Em resposta, foi fundada, no ano seguinte, a Liga Católica - o que permite imaginar que um conflito não demoraria para aparecer.

Na região tcheca da Boêmia, havia um impasse: a maioria da população era protestante, mas o rei, Fernando II, era católico. Fernando II era da dinastia dos Habsburgos, também duque da Estíria e da Áustria e futuro imperador do Sacro Império. Católico fervoroso, educado pelos jesuítas e herdeiro da aliança entre os Habsburgos e o papado, Fernando reprimiu violentamente os protestantes, destruindo templos e impondo o catolicismo como única religião permitida no reino.

Os Defensores da Fé, ramo boêmio da União Evangélica, lideraram a reação a Fernando. Invadiram o palácio real em 23 de maio de 1618, e atiraram os defensores do rei pela janela do segundo andar, episódio conhecido como a "Defenestração de Praga", considerado o marco inicial da guerra.



Período palatino-boêmio (1618-1624)

Comandados pelo conde Matias von Thurn, os protestantes obtiveram algumas vitórias, estendendo a revolta para outras regiões. A cidade de Viena (hoje capital da Áustria), centro do poder Habsburgos, foi sitiada em 1619. A coroa da Boêmia foi entregue a Frederico V, líder da União Evangélica e eleitor do Palatinado (território administrado por conde palatino).

É preciso lembrar que os protestantes não eram um grupo único. Havia grandes divergências entre luteranos e calvinistas, o que enfraqueceu os protestantes e abriu espaço para a contra ofensiva católica.

Em 8 de Novembro de 1620, um exército da Liga Católica, liderado pelo germânico João T'Serklaes Von Tilly, venceu os protestantes na Batalha da Montanha Branca. Após essa vitória muitos rebeldes foram condenados à morte e todos perderam seus bens.

O protestantismo foi proibido nos domínios imperiais e a língua tcheca substituída pela alemã. Em 1623, Fernando II da Germânia, imperador desde 1619, com a ajuda da Espanha e da região alemã da Baviera, conquistou o Palatinado de Frederico V. A coroa da Boêmia, até então escolhida por voto, tornou-se hereditária dos Habsburgos.

No final de 1624, o Palatinado, agora entregue a Maximiliano I, duque da Baviera, era novamente católico. Com isso teve fim o primeiro período conhecido como Palatino-Boêmio.



Período dinamarquês (1624-1629)

Essa segunda fase da guerra, que ficou conhecida como período dinamarquês, marcou o início da internacionalização do conflito.

Fernando II quis obrigar os protestantes a devolver as propriedades católicas que haviam sido tomadas. Contra essa medida, os protestantes pediram ajuda a Cristiano IV, rei da Noruega e da Dinamarca e também detentor do ducado de Holstein, no Sacro Império.

Fernando II

Protestante e interessado em obter territórios e reduzir o poder Habsburgo sobre seus domínios em Holstein, Cristiano declarou guerra contra os Habsburgos, contando com o apoio de guerreiros holandeses. Cabe lembrar que a Holanda, recém independente do reino espanhol dos Habsburgos, era predominantemente protestante.

Mas a ação militar holandesa, de 1625 a 1627, foi derrotada. Em 1629, foi publicado o Édito da Restituição, um documento que anulava todos os direitos protestantes sobre as propriedades católicas expropriadas a partir da Paz de Augsburgo. Em 22 de Maio de 1629, o rei Cristiano aceitou o Tratado de Lübeck, que o privava de mais alguns territórios germânicos, significando o fim da Dinamarca como potência européia. O imperador Fernando II alcançou o auge de seu poder.



Período sueco (1630-1635)

O terceiro período da guerra, chamado de período sueco (1630 a 1635), marcou o início da ação do cardeal de Richelieu, ministro de Luis XIII e verdadeiro governante da França. Apesar de ligado à Igreja Católica, o cardeal Richelieu queria barrar o avanço dos Habsburgos na Europa, o que o fez ficar do lado dos protestantes. Nesse sentido, Richelieu convenceu o rei da Suécia, Gustavo II Adolfo, a atacar o império de Fernando II.

Gustavo II Adolfo queria o domínio sobre o Sund, estreito que separa o mar do Norte e o mar Báltico e que garante controle comercial e estratégico da região. Para tanto, era necessária a obtenção de uma ilha ao norte da Dinamarca, dominada pelos Habsburgos.


Depois de uma série de vitórias contra as forças imperiais entre 1630 e 1632, Gustavo II Adolfo morreu na batalha de Lützen. Seus sucessores não tiveram o mesmo sucesso. Derrotados definitivamente na Baviera, em 1634, os suecos tiveram que se retirar do território alemão. O fracasso da tentativa de usar os suecos para derrubar os Habsburgos levou o cardeal Richelieu a lançar a França diretamente na guerra.



Período francês (1635-1648)

Em 1635, a França declarou guerra aos Habsburgos, iniciando o quarto e último período, chamado justamente de período francês.

O cardeal Richelieu, que chegou a apoiar protestantes para derrubar a dinastia Habsburgo, tocou guerra contra a Espanha, a Áustria e outros domínios habsburgos dentro da Europa. Richelieu defendia que o Estado deveria se pautar por parâmetros políticos, e não religiosos. Era partidário também do princípio da razão de Estado, fundamental nas relações internacionais da Europa moderna.

Tropas oponentes se enfrentam na batalha da Montanha Branca

Com o apoio dos Países Baixos, da Suécia e das regiões protestantes alemãs, Richelieu chegou a mobilizar um exército de mais de cem mil homens. Além de aniquilar o poder Habsburgo, seu objetivo era consolidar a França como principal potência continental européia.

Entre 1635 e 1644 os franceses e seus aliados impuseram uma séria de derrotas aos Habsburgos em todos os seus núcleos de poder na Europa, tornando sua posição insustentável. Já em 1645, representantes do Império de Fernando II da Germânia tentaram negociações de paz.

As hostilidades estenderam-se até 1648, quando o cerco sueco a Praga e francês a Munique, além da ameaça de ataque a Viena, levaram o imperador a capitular. Os termos de paz foram impostos pelos vencedores na chamada Paz de Vestfália, de 1648.

Entre as conseqüências, o tratado, que marcou o fim da guerra, deu independência aos Países Baixos (até então sob o domínio espanhol) e estabeleceu princípios de acordos entre os países utilizados até pela diplomacia e pelo direito internacional.

Também fortaleceu a importância do poder temporal - político, não religioso - nos Estados e a diminuição da presença de Igreja nas monarquias européias.

Piqueiros e mosqueteiros suecos em uma maquete no museu de Estocolmo