quinta-feira, 30 de setembro de 2010

PENSAMENTO MILITAR - PLANEJAMENTO X REALIDADE DA BATALHA


"A grande arte é mudar durante a batalha. Ai do general que vai para o combate com um esquema."

Napoleão Bonaparte

GEOGRAFIA MILITAR POR UM GEÓGRAFO BRASILEIRO

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Por Alfredo Durães



Belo Horizonte — Foi um fracasso total. Uma das mais famosas fortificações militares de defesa, a Linha Maginot, criada na França na década de 1930 para repelir possíveis ataques alemães, teve um custo estratosférico, levou anos para ser construída e, na hora do vamos ver, se mostrou totalmente inútil. A Maginot não impediu que o exército alemão (Wehrmacht) ocupasse a França e Hitler posasse para fotos embaixo do Arco do Triunfo, para enorme desilusão dos franceses.

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Esse grande episódio da história moderna é lembrado pelo professor e geógrafo Filipe Giuseppe Dal Bó Ribeiro, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP). Ele pesquisou a trajetória da geografia militar desde o século 19 e, no mês passado, apresentou suas conclusões. Ele aponta uma possível forma de aproximação com a geografia acadêmica no Brasil, por meio de informações que contribuam para organizar a defesa do território do país, em especial na Região Amazônica. O geógrafo levantou a bibliografia existente sobre o tema no Brasil, concentrada em instituições militares.
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De acordo com Dal Bó, “o fracasso da Linha Maginot talvez seja o marco do fim da antiga geografia militar, aquela mais topográfica e imbuída de antigas doutrinas sobre a tática militar”. Ele acredita que o marco da nova geografia militar foi a grande Batalha da Normandia (também na Segunda Guerra), que coordenou, de maneira vitoriosa, a travessia das tropas aliadas do Canal da Mancha, numa área muito bem protegida pelos alemães, por meio de uma logística bem estabelecida. “O chamado ‘dia D’ deve ser considerado um marco para a nova geografia militar, pois os fatores geográficos foram ponderados e os obstáculos naturais transpostos por um bom planejamento e por uma boa engenharia militar”, pontua.


Mapa mostrando a extensão da Linha Maginot


Questionado sobre a importância do estudo e da aplicação da geografia militar nos dias atuais, o professor diz que “o conhecimento do território é uma das matérias fundamentais que todo o comandante e seus encarregados devem estudar”. “É importante, desde o comando das menores unidades de combate até os mais altos escalões, onde se discute a estratégia e se desenvolve o conhecimento da geografia. Não podemos considerar apenas as condições do terreno, mas do território com todas as suas complexidades. Toda solução para uma situação tática ou estratégica requer o conhecimento prévio do cenário de onde vai se atuar”, acrescenta.



Dal Bó acredita firmemente que no Brasil esse estudo é fundamental, pois trata-se de um país de dimensões continentais e que tem uma enorme fronteira se relacionando com quase todos os países de seu continente, com exceção de Chile e Equador. “Além de um dos maiores litorais contínuos e navegáveis do mundo, um dos mais extensos mares territoriais e de um espaço aéreo também grandioso, o Brasil é um país muito diverso no que se refere ao relevo, vegetação e solos; com extensas redes hidrográficas que poderiam funcionar como um fator de integração; uma população de quase 200 milhões de pessoas e um território ainda pouco ocupado. É necessário que haja uma contribuição da ciência acadêmica, e nesse caso, a geografia é aquela que muito pode contribuir, por tratar da interação de todos os fenômenos espaciais, tanto físicos quanto humanos e de como eles transformam a organização do território”, diz.

Ele acrescenta que no campo da geografia não há escolas no Brasil que tratem do tema, mas sim instituições militares, como a Escola de Comando do Estado-Maior do Exército e a Escola Superior de Guerra. “A questão da Amazônia não é apenas restrita às suas fronteiras, mas é claro que elas chamam atenção pela sua extensão e pela sua diversidade. Portanto é assunto que deve ser estudado pela geografia militar”, diz.



Inimigos do Brasil? Professor da Universidade de Campinas (Unicamp) e uma das maiores autoridades brasileiras em estratégia militar, o coronel Geraldo Cavagnari, 76 anos, é rápido para devolver a seguinte pergunta: se o Brasil não tem inimigos declarados, por que se preocupar com a defesa do território? “Me diga então quem é o inimigo da França?”, questiona o militar reformado do Exército. Ele mesmo emenda a resposta: “Veja bem, a França não tem nenhum inimigo exposto, mas tem um dos mais modernos exércitos do mundo. Esse é o verdadeiro sentido da segurança nacional. Temos sempre que ter a chamada ‘pronta resposta’”, explica, com a autoridade de quem já foi comandante de inteligência do Exército.

Ele explica que o segmento da geografia militar no Brasil floresceu no começo da década de 1920, com chegada de uma missão militar francesa ao país que teve como tarefa modernizar o Exército. “Essa missão ficou aqui por quase 20 anos, treinando e modernizando nossas tropas, imbuindo o sentimento de organização e estratégia”, explica.

Num cenário de confronto hipotético em fronteiras brasileiras, ele aponta as Forças Armadas da Colômbia como um poderoso inimigo, mas faz ressalvas. “A Colômbia tem um exército moderno e muito bem equipado, treinado inclusive para a guerra de selva. Mas não tem efetivo suficiente para uma penetração profunda. Não teria fôlego para uma ocupação”, decreta.



Outro inimigo, ainda no campo das hipóteses, seria uma aliança de países ao Sul do Brasil, como Paraguai, Uruguai e Argentina. “Essa aliança até poderia ocupar, num primeiro momento, partes do Rio Grande do Sul e do Paraná, mas também não teriam efetivo e força suficiente nem para uma penetração maior em nosso território nem para mantê-la”, argumenta. Cavagnari lembra que para o Brasil obter a tão almejada cadeira no Conselho de Segurança das Nações Unidas, tem que ter Forças Armadas fortes. “Note que já somos uma potência econômica, mas teremos que ser, igualmente, uma potência militar”, conjectura.

.Fonte - Correio Brasiliense

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EVENTO - SHOW AÉREO NO MUSAL

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Amantes da aviação podem ir se preparando para o Show Aéreo do Museu Aeroespacial (Musal) no Rio de Janeiro que será realizado dia 17 de outubro de 2010, domingo.

O evento anual, que reúne milhares de pessoas, terá diversas atrações, como: aeronaves em exposição, helicópteros e aviões de combate, pára-quedismo, Equipe Wingwalking (Balé Aéreo), além da participação especial da Esquadrilha da Fumaça, que brindará o público com um show de arrojo e beleza nos céus.

Maiores informações no site do Musal:

domingo, 26 de setembro de 2010

IMAGEM DO DIA - 26/09/2010

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Fuzileiros do Batalhão Naval combatendo durante a Guerra da Tríplice-Aliança.  Tela de Álvaro Martins

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RESTOS MORTAIS DE SOLDADO DA 1a GUERRA MUNDIAL SÃO ENCONTRADOS NA ITÁLIA

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Os restos mortais de um soldado da 1a Guerra Mundial foram encontrados congelados perto do topo de uma montanha no norte da Itália.

O corpo, provavelmente de um italiano, ainda tem as botas e o uniforme usados na campanha contra as forças do Império Austro-Húngaro entre 1915 e 1918.

Corpo encontrado no norte do país ainda tem as botas e uniforme usados na campanha contra forças da Áustria entre 1915 e 1918


Os restos foram encontrados a mais de 3 mil metros de altura, perto do topo da montanha Marmolada, a mais alta dos Dolomitas, nos Alpes italianos, e provavelmente foram preservados devido à geleira próxima do local onde foram encontrados.

De acordo com o repórter da BBC em Milão Mark Duff, o recuo das geleiras na região continua revelando segredos guardados há noventa anos e, desta vez, um coletor local de objetos ligados à Primeira Guerra Mundial foi o responsável pela última descoberta.

As fotos tiradas pelo coletor mostram claramente as botas e o uniforme do soldado.

O repórter afirma que a geleira tinha sido escavada por soldados austríacos durante a 1a Guerra Mundial para criar um abrigo das bombas lançadas pelos italianos.  A batalha travada na montanha Marmolada foi uma das mais duras da época.

Atualmente, esquiadores levam poucos minutos para chegar ao topo da montanha graças a teleféricos. Mas, na época, os soldados italianos tiveram que escalar a rocha íngreme, antes de enfrentar soldados inimigos em combates corpo-a-corpo.

No local da batalha fica hoje um museu - um dos de maior altitude na Europa.

 

Fonte: BBC

terça-feira, 21 de setembro de 2010

PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR - BRIGADEIRO FRANCISCO XAVIER DA CUNHA


* 03/12/1791 - Torres-Vedras, Portugal

+ 14/12/1839 — Rio Pelotas, RS


Francisco Xavier da Cunha alistou-se na Brigada Real da Marinha em 1800, onde permaneceu até 1809, quando foi transferido para a infantaria, como cadete. No Regimento de Infantaria nº 19 participou da campanha contra Napoleão Bonaparte até 1814, sendo promovido a alferes. Durante esta campanha, foi ferido no combate de 30 de julho de 1813, tendo por isto recebido uma medalha de distinção.

Ao serem organizadas as forças que deveriam auxiliar na conquista da Cisplatina, a elas se incorporou e, promovido a tenente de caçadores, aportou no Rio de Janeiro em 30 de março de 1816.  Em seguida, partiu para o Rio Grande do Sul, participou dos combates, tendo adentrado Montevidéu em 20 de janeiro de 1817.

Em 1821 foi promovido a capitão e naturalizou-se brasileiro três anos depois. Durante a guerra de independência do Uruguai, participou da defesa de Montevidéu e da defesa da ilha de Martim Garcia, na confluência entre os rios Uruguai e Paraná. Depois, recuando para defesa de Sacramento, lutou até 3 de outubro de 1828, depois do acordo de paz celebrado no Rio de Janeiro. Estabeleceu-se então em Porto Alegre, onde foi promovido a tenente-coronel e, posteriormente, a coronel.

Iniciada a Revolução Farroupilha, participou da defesa de Porto Alegre, participando de combates contra os Farroupilhas estabelecidos com uma bateria na praia de Itapoã, tendo, posteriormente, conquistado o Forte de Itapuã em 27 de agosto de 1836. Foi promovido a brigadeiro em 1837.


Era comandante da infantaria em Rio Pardo, na batalha do Barro Vermelho, em 30 de abril de 1838, em que Rio Pardo (até então chamada de "Tranqueira Invicta") foi conquistada pelos farroupilhas.

Em 1839, retornou à corte, quando o governo imperial havia decidido enviar um contingente de tropas ao sul pelo interior com a missão de retomar Lages e depois auxiliar contra o cerco de Porto Alegre pelos Farrapos. Sob seu comando e travando pequenos combates com piquetes farroupilhas em novembro, através dos Campos dos Curitibanos e Campos Novos, chegaram a Lajes, onde retomaram a vila. Dali uma parte da coluna do brigadeiro decidiu seguir em direção ao Rio Pelotas, para invadir o Rio Grande do Sul.

Os Farrapos, derrotados em Lages, se reuniram em um entreposto alfandegário, para cobrança de impostos sobre as tropas de gado e mulas que vinham de Viamão e seguiam para Sorocaba, conhecido como Santa Vitória.

O brigadeiro Francisco Xavier da Cunha, foi informado e para lá dirigiu-se, com seus dois mil homens. Foi surpreendido, em 14 de dezembro de 1839, por Teixeira Nunes que, com sua cavalaria, conseguiu dividir a tropa legalista e a fez retroceder. Em um renhido combate as tropas legalistas foram derrotadas.

O brigadeiro, ferido e protegido por alguns oficiais, tentou escapar e, ao cruzar o Rio Pelotas, morreu afogado.

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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A BATALHA DE SALAMINA (480 a.C.) DECIDE O DESTINO DA EUROPA

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Por Matthias von Hellfeld









No século V a.C. o estrategista militar ateniense Temístocles (cerca 525 a.C–459 a.C.) era a figura política dominante. Já em 490 a.C., ele dera início à construção de uma muralha em torno de Atenas e do porto de Pireus. Ao mesmo tempo, ampliou a esquadra de guerra, armando-se para revidar ataques persas.

Há anos que os reis persas pretendiam ganhar terreno na Europa. Em 490 a.C., a primeira tentativa fracassou na cidade de Maratona. Embora superiores, as tropas de invasão persas foram vencidas pela bem preparada infantaria grega, retirando-se em seguida.


Avanço persa

Mas os persas não se deram por vencidos e armaram a maior força de combate da Antiguidade. Para um transporte mais rápido das tropas, o rei Xerxes I (519 a.C.–465 a.C.) construiu um canal através da península de Atos, uma ponte sobre o Helesponto (hoje, Estreito de Dardanelos) e outra sobre o rio Estrímon.

Tamanhos esforços por parte de Xerxes I não passaram despercebidos pelos gregos. Os investimentos e a dimensão do contingente persa deixavam claro que o rei tinha em mente uma guerra de conquista, primeiramente contra a Grécia e então contra o Sudeste Europeu – para qualquer outro objetivo, o tamanho de seu Exército estaria superdimensionado.

Ao consultar o oráculo de Delfos, Temístocles escutara a profecia: "Protejam-se com uma muralha de madeira", ou seja, os gregos deveriam procurar o combate naval e proteger-se atrás do muro de madeira que representava sua esquadra. Após alguma resistência na Eclésia, a assembleia pública da democracia ateniense, foi aprovada a construção de novos navios de guerra.

Um pouco mais tarde, em 480 a.C, ficou demonstrado quão certo Temístocles estava em seu prognóstico de que a tropa persa seria invencível num campo de batalha. No desfiladeiro das Termópilas, um contingente grego não pôde conter o avanço persa por mais do que alguns dias, sendo então forçado a bater em retirada.



Xerxes I marchou sobre Atenas, depredando-a sem encontrar resistência, pois os atenienses aptos ao combate haviam se retirado para a frota de guerra. A visão da cidade devastada deu aos gregos a certeza de que essa era sua última chance: uma derrota no combate naval significaria o fim da Grécia livre.

Para combater os persas, a frota grega se posicionou no estreito braço de mar a oeste da ilha de Salamina. Após doze horas de batalha, os gregos saíram vencedores. Provavelmente, o fato de os navios gregos serem menores e mais facilmente manobráveis foi decisivo para derrotar a esquadra de Xerxes I. Com a vitória grega foi sustada a ameaça de escravidão na Pérsia, como também o avanço persa na Europa.


Europa contra Ásia

A resistência grega contra os persas representou um marco da história europeia. No caso de uma derrota, não haveria mais barreiras para as tropas persas. Elas teriam ampliado o império persa para a Europa continental.

Nesse caso, tanto a cultura grega quanto o império romano teriam sido soterrados. A partir da Antiguidade greco-romana nasceu a Europa moderna. Caso os persas tivessem vencido a Batalha de Salamina, em outubro de 480 a.C., ela possivelmente se chamaria hoje "Ásia Ocidental" – com população de maioria muçulmana.

Heródoto (490 a.C.–425 a.C.), um dos principais historiadores da Grécia Antiga, deu um suporte ideológico à guerra contra os persas. Para ele, tratou-se de uma "guerra de sistemas". De um lado, estava a Europa da "liberdade e democracia" – afinal de contas foi fundada nessa época a democracia ática, considerada até hoje o berço da Europa democrática. No lado persa-asiático, Heródoto localizou o "despotismo", o sistema da tirania. Dessa forma, o historiador grego dividiu o mundo até então conhecido num par de opostos: Ásia contra Europa e "liberdade contra servidão".

 
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domingo, 12 de setembro de 2010

IMAGEM DO DIA - 12/09/2010


Diversos novos conceitos foram introduzidos na arte da guerra durante a 1a Guerra Mundial, dentre os quais a mecanização e a defesa antiaérea.  Na foto acima, um caminhão Ford do Exército dos EUA armado com metralhadoras Hotchkiss com reparos antiaéreos.


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O MISTERIOSO ROUBO DE BLINDADOS NA BULGÁRIA

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Presos em flagrante em dezembro de 2007, três homens tentavam tirar da Bulgária um antigo Pzkpfw IV, para vendê-lo no mercado negro, onde seu preço facilmente excede 100 mil euros. Dois deles eram alemães, que trabalham para colecionadores cada vez mais famintos por relíquias históricas, e o último era Alexei Petrov, major do Exército Búlgaro.  Hoje, Petrov é réu num julgamento, sob a acusação de formação de quadrilha e podendo ser condenado a 15 anos de cadeia.
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Panzers búlgaros após terem sido desenterrados
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Na época, cerca de 80 tanques e canhões de assalto alemães ainda estavam semi-enterrados na fronteira búlgara com a Turquia, como parte da “Linha Krali Marko”, que visava proteger o país de uma invasão da OTAN durante a Guerra Fria.
.Dois meses antes do grupo ser pego, o lendário Tsaritsa – um canhão de assalto Sturmgeschütz III Ausf. G fabricado em 1943 – desapareceu da área próxima ao vilarejo de Fakia. Dizem que o veículo foi um presente pessoal de Hitler para a rainha-mãe Yoana, daí seu apelido. Acredita-se que foi carregado em um caminhão e levado para a Alemanha, onde foi vendido.

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A história é curiosa não apenas por ser o primeiro roubo de um tanque do Exército Búlgaro, mas por ter causado o início de uma série de medidas para impedir a perda de um dos maiores tesouros militares nacionais, a chamada Coleção de Tanques do Ministério da Defesa.
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Um dos Panzers ainda enterrado na floresta búlgara

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Contudo, muitos argumentam que o trio não poderia ter agido sozinho, e que teriam que ter proteção de alguém dentro do Estado-Maior Búlgaro. Se não fosse pela prisão de Petrov, até hoje tanques poderiam estar desaparecendo do país.

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“Ninguém sabe exatamente como funcionava o esquema e quem participava. Logo após o escândalo, um general deixou o Estado-Maior. O Major Alexei Petrov nunca recebeu uma ordem escrita, mas foi 100% ordenado a ajudar os alemães. Ele estava cumprindo uma ordem verbal, que nunca poderá ser provada”, disse Kaloyan Matev, historiador búlgaro que pesquisa os tanques na fronteira.

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Após a notícia da prisão, o Ministério da Defesa ordenou que todos os tanques fossem removidos da fronteira e levados para Yambol, onde jazem hoje em um pátio.

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Os antigamente temidos panzers agora merecem pena – inteiramente cobertos de ferrugem e com muitas peças faltando, enquanto alguns têm buracos de onde partes foram cortadas para venda. Entre eles está um Pzkpfw IV Ausf. F, apelidado de “cabriolet”, porque sua torre inteira foi roubada, certamente vendida como ferro-velho.  No mesmo pátio está o Pzkpfw IV que seria roubado da Bulgária. O caso ainda está em andamento no tribunal militar de Sliven.

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Pzkpfw IV canibalizado apodrecendo na Búlgaria


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O curioso é que, uma semana após sua prisão, os alemães foram liberados por fiança, mas tiveram seus passaportes confiscados e foram proibidos de deixar o país. Contudo, em abril de 2010, foram flagrados em sua cidade natal na Alemanha, dando entrevistas para a mídia local e explicando como cruzaram a fronteira com a Grécia a pé.

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A opinião predominante é que devem receber sentenças simbólicas, do contrário, poderiam ir a público e revelar nomes de oficiais do Estado-Maior envolvidos no caso.

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Fonte: The Sofia Echo, 6 de agosto de 2010

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terça-feira, 7 de setembro de 2010

IMAGEM DO DIA - 07/09/2010 - DIA DA PÁTRIA BRASILEIRA

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Desfile de 7 de setembro de 1959 em Florianópolis.  Banda de música da Base Aérea de Florianópolis desfilando diante do palanque das autoridades

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A CAVALARIA SOVIÉTICA NA 2a GUERRA MUNDIAL




Ao eclodir a 2ª Guerra Mundial, os exércitos das diversas potências beligerantes haviam atribuído às unidades de cavalaria um papel estritamente secundário. Essa arma, que durante séculos se constituíra no elemento decisivo das batalhas, encontrava-se em pleno declínio. Já no decorrer da 1ª Guerra Mundial, as armas de fogo automáticas haviam reduzido a cavalaria à inação por causa das terríveis baixas que causavam entre cavalos e cavaleiros.

Nos meses iniciais do conflito, os beligerantes tentaram, como no passado, lançar suas forças de cavalaria - sabre e lança em punho - contra as linhas inimigas. Estas operações terminaram numa verdadeira carnificina. Pareceu então soar a hora do desaparecimento definitivo da arma de cavalaria. Também o desenvolvimento das forças mecanizadas e blindadas no período anterior à eclosão da guerra de 1939-1945 pareceu confirmar a impressão de que a cavalaria não mais apareceria nos campos de batalha. E assim aconteceu, de fato, durante a primeira fase da blitzkrieg alemã na Europa. O tanque e a aviação conduziram as operações e revolucionaram a concepção e o desenvolvimento das batalhas. Somente os poloneses, numa tentativa desesperada, e na ausência de outros meios, recorreram em 1939 às cargas de cavalaria para enfrentar a maré de aço das formações blindadas alemãs. O resultado dessa luta desigual foi o extermínio da cavalaria polonesa.
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Cavalarianos soviéticos carregando contra tropas alemãs em campo aberto


Quando a luta se estendeu ao território da União Soviética, a cavalaria voltou, contra todas as previsões, a assumir seu valioso papel do passado, como arma de combate. Nas imensas planícies da Rússia meridional, que com o degelo e as chuvas se convertiam em mares de lama, num território que, naquela época, era extremamente pobre em estradas e vias férreas, coberto por enormes extensões de florestas e de pântanos, os elementos motorizados demonstraram pouquíssima aptidão. A cavalaria, portanto, teve que suprir com sua mobilidade as formações motorizadas. Foi o Exército Vermelho o primeiro a vislumbrar acertadamente as possibilidades que o emprego maciço da cavalaria oferecia nesse cenário. Os soviéticos não somente haviam conservado suas veteranas unidades de cavalaria, mas também, com a eclosão da guerra, foram fortalecendo-as continuamente, tanto em número como em eficiência combativa. Para este fim, reforçaram as divisões de cavalaria com regimentos de tanques. O número de efetivos da cavalaria soviética nunca deixou de aumentar e assim, ao terminar a contenda, chegara a reunir um total de 600.000 cavaleiros, cifra que jamais foi alcançada em nenhuma guerra do passado. Impelidos pelas mesmas circunstâncias, os alemães, por sua vez, tiveram que recorrer ao emprego de formações de cavalaria, embora em escala muito menor.


No início da campanha os soviéticos se limitaram a utilizar sua cavalaria para cobrir os setores secundários, existentes entre as principais frentes de luta. Contudo, já na grande contraofensiva diante de Moscou, no inverno de 1941, lançaram ao ataque grandes contingentes de cavalaria. Estas unidades assumiram o papel de forças móveis de perseguição, destinadas a irromper profundamente na retaguarda inimiga, para semear nela o pânico e a desorganização.

Cossacos da cavalaria dando um descanso para os animais

Assim como os cossacos, que em 1812 fustigaram implacavelmente a Grande Armée napoleônica durante sua retirada, os grupamentos de cavalaria, dirigidos pelos Generais Belov e Dovator, apoiados por tropas de esquiadores e tanques, acossaram, sem dar trégua, as colunas alemães em retirada. A partir de 1942, utilizam corpos inteiros de cavalaria em suas grandes ofensivas. As baixas que estas unidades sofrem são sempre muito elevadas, porém os resultados justificam plenamente o seu emprego. Na primavera de 1944, quando tanto os tanques soviéticos como os alemães se atolavam nos imensos lodaçais da Ucrânia, a cavalaria russa prossegue o seu avanço, mantendo o ritmo da ofensiva, que de outro modo estaria completamente paralisada.
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Na batalha de Korsun, frente ao Dnieper, em fevereiro de 1944, a cavalaria tomou a seu cargo o aniquilamento das colunas alemãs que tentaram forçar o cerco e matou a golpes de sabre mais de 20.000 combatentes alemães. Nesse mesmo ano, as divisões de cavalaria são agregadas pelo comando soviético às unidades blindadas nas operações de perseguição. Quando a infantaria se vê travada no seu avanço e tem que renunciar à missão de acompanhar os tanques, a cavalaria a substitui com vantagem e apóia de perto a penetração dos blindados. Por outro lado, quando os tanques se vêem obrigados a deter-se, ao enfrentar posições fortemente defendidas, que se encontram apoiadas em seus flancos por obstáculos naturais, como zonas florestais ou pantanosas, a cavalaria supera os redutos inimigos, deslocando-se sem inconvenientes por aquelas zonas.


A cavalaria assume assim um papel decisivo em todas as operações do Exército Vermelho. Sua ação nos anos finais da guerra viu-se sensivelmente facilitada pelo acelerado declínio do poderio bélico alemão. A Wehrmacht, carente de homens e armamentos, já não pode mais levantar uma sólida linha defensiva nas frentes, e, através dos grandes claros que se abrem entre uma formação e outra, a cavalaria irrompe e pode manobrar à vontade.


A cavalaria do Exército Vermelho avança na estepe congelada

Na grande ofensiva de junho de 1944, as divisões de cavalaria, comandadas pelo General Pliev arremetem contra as posições alemães em Bobruisk, superam a infantaria e cortam em profundidade as linhas de comunicações com o oeste. Sua intervenção contribuiu de maneira fundamental para o êxito das operações de cerco que culminaram com o aniquilamento do 4o Exército alemão. Embora à custa de um rio de sangue, a cavalaria russa conseguira reverdecer os seus lauréis.

sábado, 4 de setembro de 2010

PENSAMENTO MILITAR - GUERRA E PAZ



"Os que são capazes de ganhar a guerra não sabem fazer a paz, e os que fazem a paz não sabem ganhar a guerra."

(Winston Churchill, primeiro-ministro britânico)

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FORTALEZA DE N.S. DOS PRAZERES - ILHA DO MEL


A Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres de Paranaguá, também referida como Fortaleza da Barra ou Fortaleza de Paranaguá, localiza-se na praia da Fortaleza, no sopé do morro da Baleia (hoje da Fortaleza), na ilha do Mel, litoral do estado do Paraná, no Brasil.

Portão principal da Fortaleza da Ilha do Mel

Nas primeiras décadas do Século XVIII eram grandes as preocupações com a segurança de Paranaguá contra os ataques de navios piratas franceses, ingleses e espanhóis que infestavam os mares aprisionando embarcações carregadas de ouro e prata, bem como pilhando e destruindo as povoações costeiras.

Apesar de Paranaguá não ter despertado maior interesse por parte dos piratas, os corsários aportavam apenas para refrescar-se de suas longas viagens e abastecer-se de água e alimentos sem cometer nenhum ato de pirataria.

Mesmo assim o povo vivia aflito e com medo, na expectativa de ataques de surpresa.

A inquietação dominou o povoado quando da presença de um navio pirata francês, comandado pelo Capitão Bolorot, o qual adeentrou a baia em direção à vila, perseguindo um galeão espanhol carregado de prata. Como anoitecia, o pirata ancorou na enseada da ilha da Cotinga. A população amedrontada implorava o auxílio e proteção da padroeira Nossa Senhora do Rosário, com rezas e procissões, enquanto uma forte tempestade lançava o navio pirata contra rochedos próximos da Cotinga afundando-o.

Este episódio foi decisivo.

A construção de fortificações se tornara uma necessidade para a defesa do porto e da vila. Inicialmente o governo português providenciou para que se colocasse duas roqueiras (antigo canhão de ferro que atirava pedras) na Ilha das Peças, dominando a entrada do canal do norte, e duas peças no continente, além da colocação de sentinelas no Morro das Conchas, na Ilha do Mel, transmitindo sinais a Paranaguá para acusar a presença de embarcações de vela redonda, uma característica dos navios piratas.

Tal medida parecia suficiente até que com a elevação do Brasil a Vice-Reino em 1763, cogitou-se oficialmente da construção de uma fortaleza na Baía de Paranaguá. D. Luiz de Souza Botelho Mourão, ao assumir a Capitania de São Paulo tinh ordens de reforçar a defesa da costa meridional para prevenir ataques marítimos dos espanhóis do Rio da Prata e construir as fortalezas de Santos e Paranaguá. Foi seu parente e Ajudante de Ordens, D. Afonso Botelho de Sampayo e Souza quem ficou encarregado da construção da Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres.


As obras foram iniciadas em 1766 e ganhando forma com os blocos rochosos talhados por mestres canteiros enviados por D. Luiz e que eram cuidadosamente assentados pelos escravos. As muralhas de 1,5 metros de espessura em quatro fachadas foram levantadas até a altura de 7 metros. Nelas, sobre as pedras da base, foram colocadas cinco guaritas salientes. Em 1769, a fortaleza tinha seu portão instalado na muralha norte e também já estavam concluídas as prisões com janelas gradeadas, o aquartelamento, a cozinha, a enxovia, a capela, a Casa do Comando e a Casa da Pólvora. Sobre as plataformas de terrapleno foram instaladas baterias com suas 12 peças que podiam abrir fogo para todos os lados e alcançar embarcações que passasem pelo canal sudeste.

Na última década do Século XVIII a Fortaleza foi relegada ao abandono e seus canhões foram removidos para a Fortaleza de Santos até que, lá pelos idos de 1815, Ricardo Carneiro dos Santos recuperasse o Forte com o aval do Governo. Em um ano foram restaurados os alojamentos, a capela e a Casa do Comando e recolocados os canhões que retornaram de santos. Hoje está definitivamente desativada sendo tombada como patriônio pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde março de 1972.


Ações bélicas da Fortaleza

A Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres não teve uma atuação bélica permanente, excetuando-se o caráter preventivo e assustador pela sua própria existência. Mesmo assim, pode-se considerar que a Fortaleza marcou a história da colonização paranaense pelo litoral, como também durante a 2ª Guerra Mundial, quando tornou-se a sentinela de vigilância contra submarinos que pretendessem invadir as águas de Paranaguá.


Os Farrapos e a Fortaleza

A Fortaleza da Ilha do Mel, com uma guarnição vinda do Rio de Janeiro e sob o comando do Tenente Joaquim Ferreira Barbosa, protegia o livre trânsito das embarcações do governo imperial pelo Canal Sueste, único navegável para barcos de maior calado.

Estourava a Guerra dos Farrapos e os farroupilhas, sem medir conseqUências, entregavam o comando de uma esquadra de lanchões de guerra ao marinheiro e aventureiro Giuseppe Garibaldi e aos mercenários que o acompanhavam. Eles atacavam as embarcações do império brasileiro para pilhagem e saques, principalmente entre o Rio de Janeiro, Santos e São Francisco do Sul.

Foi em 31 de outubro de 1839 que uma escuna e um lanchão farroupilhas atreveram-se a capturar a sumaca Dona Elvira e penetrar na Barra de Paranaguá. Os canhões da Fortaleza atiraram, obrigando os invasores a retroceder. O vento colaborou e a escuna fez rumo Norte enquanto o lanchão, mais pesado, por ali parou. Foi o tempo suficiente para que uma lancha com vinte homens comandada pelo Alferes Manoel Antonio Dias saisse-lhe ao encalço. Abordou-o e aprisionou a tripulação de aventureiros que Garibaldi trouxera para a America e com os quais entrara para o serviço naval da República Piratini.

Presumia-se que o próprio Garibaldi estivesse a bordo da escuna fugitiva o que não impediu que o comandante da Fortaleza fizesse retornar a lancha Dona Elvira remetendo os mercenários presos para Paranaguá.

A fortaleza vista do mar


O episódio do Cormorant

O episódio mais célebre da Fortaleza da Ilha do Mel foi a luta, em 1850, com o cruzador HMS Cormorant da marinha inglesa.

No inicio do século XIX surgiram as primeiras tentativas para proibição do tráfico negreiro da África para o Brasil. Já existiam leis proibindo esse tráfico, porém tais determinações não eram cumpridas, principalmente no sul. O Porto de Paranaguá converteu-se num dos maiores centro de contrabando de escravos os quais, ali desembarcados eram transportados em seguida parfa outros pontos do Brasil. Por sua vez a Inglaterra que por diversas razões, principalmente econômicas, não desejava aa continuação do tráfico negreiro no Brasil, firmou um acôrdo com o Brasil em 1845, o "bill Aberdeen", o qual permitia a perseguição de navios negreiros pela marinha inglesa, até mesmo na costa brasileira. Foi daí que surgiu o sério incidente com o cruzador britânico HMS Cormorant  na Baía de Paranaguá em 1850.

O Capitão Herbert Schomberg, comandante do navio inglês, tinha conhecimento do contrabando de negros em Paranaguá, mas desconhecia que os mesmos eram desembarcados nas ilhas vizinhas, onde os escravagistas iam buscá-los para depois vendê-los sem nenhum problema. Os escravos, vindos da África, ficavam numa espécie de quarentena para se recuperar da longa e estafante viagem nos navios negreiros, onde vinham amontoados como gados e com uma precária alimentação que os deixava em estado de subnutrição. Vítimas fáceis do escorbuto, encontravam em algumas ilhas o limão em quantidade para recuperá-los na constante e forçada ingestão de vitaminas para combater a doença.

A 29 de junho de 1850, perto da Ilha da Cotinga, o Capitão Schomberg aprisionou os brigues Dona Ana e Sereia, bem como a galera Campeadora, quando já estavam de porões vazios. Tal fato provocou a revolta dos moradores locais, principalmente dos jovens que viam tal ato como invasão e desrespeito, ainda mais estimulados pelos ricos proprietários de naus contrabandistas e ricos negociantes de escravos, o que culminou com a ação do comandante de um nos navios brasileiros, o Astro, o qual, para não ser apanhado pelos ingleses afundou a embarcação com dezenas de negros presos nos porões. Para a população foi o estopim.

Comerciantes de Paranaguá protestaram inconformados com a violação das águas territoriais brasileiras e, principalmente por não estarem as embarcações com escravos a bordo. De nada adiantavam os protestos e como nãoi houve acôrdo com o comandante inglês, vinte e seis homens da Vila resolveram dar combate ao cruzador na barra. Saíram de Paranaguá em vários botes e lanchas com destino à Fortaleza da Ilha do Mel, a qual encontrava-se em situação precária e incapaz de fazer frente ao armamento mais moderno e potente do cruzador inglês. Mesmo assim, sem se intimidar, levavam tudo que se fizesse necessário para colocar os canhões do Forte em ação: areia, cimento pólvora, balas, além de ferragens e carpinteiros para colocá-los em funcionamento. Destacaram-se neste episódio os jovens Joaquim Caetano de Souza, José Francisco do Nascimento e Manoel Ricardo Carneiro que tiveram a iniciativa de "lavar a honra ultrajada".

De um lado o cruzador inglês, com as suas três presas a reboque, rumava para a barra devendo forçosamente passar pelo canal sudeste, ao largo da Fortaleza. De outro lado os vinte e seis voluntários civis, auxiliados por alguns soldados e com experiência de alguns veteranos conseguiram colocar as 12 peças de artilharia em funcionamento. O choque era iminente entree o cruzador e a Fortaleza.

Foram 40 minutos de tiros, entusiasmo e perigo, culminando com o HMS Cormorant avariado em uma das rodas de propulsão e um dos barcos a reboque também atingido. Não houve baixas na Fortaleza, apenas um marinheiro inglês morreu a bordo de um dos brigues aprisionados.

Embora com um poderio de fogo muito superior ao da Fortaleza, o Capitão Schomberg não reagiu, preferindo esquivar-se atirando apenas contra as rochas que flanqueiam a muralha. Saiu da linha de fogo do Forte, abrigando-se para reparos na enseada em frente ao Morro das Conchas. Ao prosseguir viagem o Capitão Schomberg mandou incendiar os dois brigues, levando a reboque a galera Campeadora.

De volta a Paranaguá, os defensores da Fortaleza foram recebidos com júbilo. A Inglaterra, ferida em seu orgulho, exigiu reparos aos danos físicos e morais. A questão foi encerrada com um pedido de desculpas do Brasil. Ao final, restou uma vítima indefesa dos acontecimentos: o Capitão comandante da Fortaleza foi punido e rebaixado a soldado de terceira categoria depois de ser elogiado pelo Presidente da Província em oficio datado de 22 de julho de 1850.
 
Durante a Revolução Federalista (1893-1895) foi tomada por tropas rebeldes oriundas do Sul, pelo mar.
 
 
No século XX
 
Desguarnecida, no início do século XX sediou um Batalhão de Artilharia (1905), ocasião em que foi construído um edifício para Quartel de Tropa. A antiga Caserna foi transformada em Refeitório e Cozinha. Nela se destacavam três casas, Capela e um Paiol de Munições, quando passou a aquartelar a 4ª Bateria Independente em 1909. Foram-lhe projetados melhoramentos em 1911 e, em 1913 serviu de base para uma bateria no morro da Baleia, de cuja guarnição passou a servir de Caserna no contexto da 1ª Guerra Mundial (1914-1918), servindo como base militar de proteção à costa. Esta Bateria  ficou artilhada com quatro canhões Armstrong C-40, de 120 mm, retirados do Cruzador Tamandaré, o que, embora necessitando confirmação (essa embarcação estava artilhada com dez peças de 150 mm, mas com apenas duas de 120 mm), pode ter ocorrido entre 1913 e 1915, quando aquela embarcação deu baixa.
 
Canhão de 120mm existente na fortaleza
 
Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a partir de 1938, durante a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), aquartelou cerca de duzentos homens, tendo o seu comandante respondido a inquérito pela destruição da vegetação de caixeta na encosta do morro e por ter aberto um portão no muro traseiro da fortaleza, sem a devida autorização. A guarnição operava um holofote, sendo desmobilizada em agosto de 1954.

Após ser desativada, a fortificação permaneceu abandonada. Reduto "hippie" na década de 1970, na década de 1980 foi palco de uma "caça ao tesouro", alimentada pela lenda do Padre Thiago e pela descoberta, nas suas dependências, de um cofre contendo papéis antigos e moedas de pouco valor. O conjunto sofreu intervenção de restauro entre 1985 e 1995, em parte graças a recursos do Banco Mundial, passando a abrigar um pequeno museu na Casa da Guarnição, e o posto local da Polícia Florestal.

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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

OS PRIMEIROS NAVIOS ENCOURAÇADOS




A celebrada Batalha de Hampton Roads, travada em março de 1862 durante a Guerra Civil Americana, revelou ao mundo ocidental uma nova forma de enfrentamento naval: o choque entre os navios-encouraçados, quando o USS Monitor, da União, combateu o confederado CSS Virginia. O surgimento do encouraçado, no entanto, ocorreu quase trezentos anos antes e muito longe dali, no extremo-oriente.

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Um novo Japão
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Toyotomi Hideyoshi era um homem confiante, não sem razão. Nascido camponês, envolveu-se na interminável série de guerras civis que assolaram o Japão durante o século XVI. Por meio do talento – e não do berço – ascendeu na hierarquia e tornou-se o braço direito de Oda Nobunaga, o general que depôs o xogum Ashikaga Yashiaki.


Hideyoshi sucedeu a Nobunaga após sua morte e conseguiu unificar o Japão pela primeira vez em mais de um século. Hideyoshi sabia que uma maneira eficaz de manter o país unificado seria conduzir uma guerra externa e supunha que possuía os meios necessários para tal empreitada. O Japão tinha milhares de soldados experientes e calejados em batalha e, desde que adotara espingardas com dispositivo de disparo com mecha, armara seu exército com essas armas. Assim, Hideyoshi planejou conquistar primeiro a Coreia, depois a China e, finalmente, as Filipinas.



Os navios-tartaruga
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Os planos de Hideyoshi eram conhecidos na Coreia e lá um oficial chamado Yi Sun-sin preparou-se para frustrá-los. As instituições militares coreanas, a exemplo de outras nações orientais, não possuíam separação entre seu exército e sua marinha. Yi tornou-se oficial em 1576, comandou guarnições de fronteira ao longo do rio Yalu e combateu os nômades jurchens antes de ser nomeado almirante. Por experiência, sabia que a maior ameaça à Coreia seria uma invasão marítima pelo Japão, o que o levou a modificar completamente a esquadra coreana.
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Por mais de um século a marinha coreana baseava-se no kobukson, ou navio-tartaruga. Essas embarcações possuíam dois ou três conveses, sendo o superior coberto por um teto recurvado de madeira, com cerca de 25 cm de espessura. O teto curvo dava aos navios coreanos a aparência de uma tartaruga flutuante.



Réplica de um navio-tartaruga em museu coreano.   Pode-se observar o convés curvo com pontas de lança para evitar abordagens inimigas


Os navios eram propelidos tanto por velas como por remos e portavam, normalmente, 40 canhões. Pontas de lanças e lâminas de espadas eram fixadas no convés e no teto, a fim de desestimularem as ações de abordagem. Havia portinholas para canhões na blindagem e seteiras, através das quais flechas incandescentes podiam ser disparadas. A modificação que Yi implementou foi acrescentar placas de ferro ao teto e às laterais, tornando os navios-tartaruga ainda mais resistentes.


Ataque à Coreia

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Hideyoshi atacou em maio de 1592 e conseguiu conquistar Pusan. Poucos dias depois, os navios-tartaruga encouraçados de Yi-Sun-sin atacaram uma frota japonesa de 800 embarcações e conseguiram repeli-la, afundando ou queimando 26 navios japoneses. Em terra, contudo, o exército japonês não encontrou maiores problemas e, após investir pela península coreana, alcançou e subjugou Seul em apenas dezenove dias. O exército invasor, no entanto, precisava ser abastecido e Yi e seus navios-tartaruga mantiveram-se ocupados. Nos meses de maio e junho, a marinha coreana expulsou diversas flotilhas de abastecimento japonesas, afundando 72 navios inimigos no processo.


Almirante Yi Sun-sin: sob seu comando, a marinha da Coreia impediu a invasão japonesa


Embora o Japão tivesse abundância de armas de fogo portáteis, o mesmo não ocorria com a artilharia. Apesar dessa deficiência, Hideyoshi também instalou canhões pesados em seus navios e procurou protegê-los com placas de ferro. O sucesso de Yi Sun-sin, contudo, não se resumia na posse dos navios-tartaruga. O almirante coreano desenvolveu novas formações táticas, como a chamada “formação em rede de pesca” – um “V” invertido que visava ao cerco das formações inimigas enquanto nelas concentrava o fogo dos canhões por ambos os flancos. Uma ação típica ocorreu quando, com apenas 180 navios, atacou uma poderosa frota japonesa com 800 embarcações, resultando na destruição de cerca de 400 navios inimigos. Diante de tantos reveses, os japoneses se retiraram em 1593.



Novas investidas japonesas


Hideyoshi, no entanto, não desistira de seus planos na Coreia e planejou nova invasão, mas, em primeiro lugar, teria que eliminar o poder naval de Yi Sun-sin. Em 1597 um japonês, passando-se por espião coreano, informou sobre a chegada iminente de uma imensa esquadra japonesa e propôs enviar Yi Sun-sin e seus navios a um local determinado a fim de interceptar o inimigo. O rei coreano Seonjo ordenou que Yi Sun-sin levasse seus navios ao local indicado, mas o almirante recusou-se, pois sabia que a área era repleta de rochedos submersos e que poderia perder todos os seus navios. Diante da recusa, Yi Sun-sin foi torturado e continuou se negando a cumprir a ordem. O rei, então, ordenou que o almirante fosse executado, mas voltou atrás em função da intercessão da maioria de seus oficiais, que destacaram o histórico de Yi na defesa do país. Em vez de matá-lo, o rei rebaixou-o a soldado raso.


Um navio-tartaruga coreano ataca uma embarcação-capitanea japonesa com seus canhões

Um novo almirante, Won Kyun, foi nomeado para o comando da esquadra e, após demitir todos os oficiais ligados à Yi, conduziu os navios até a área sugerida, onde perdeu todas as embarcações. Rapidamente, o rei Seonjo restituiu Yi em suas funções, e este iniciou imediatamente a construção de uma nova frota de navios-tartaruga. Os coreanos possuíam apenas doze navios prontos quando uma nova frota de 133 navios japoneses apareceu. Yi a atacou com sua dúzia de navios e destruiu 31 embarcações inimigas, as demais fugiram.
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Os japoneses tentaram nova invasão mas, em novembro de 1598, na Batalha da Baía de Chinhae, Yi afundou duzentos dos quatrocentos navios inimigos, mas perdeu a vida nesse combate. Essa batalha encerrou a guerra e os marinheiros japoneses levaram a notícia do fracasso a um agonizante Hideyoshi, que morreria pouco depois. Sem a liderança do xogum, os japoneses renunciaram a seus sonhos de conquista.

Não fora por Yi Sun-sin - que venceu cada uma das 22 batalhas navais que travou e não perdeu sequer um navio – o Japão certamente teria conqusitado a Coreia no final do século XVI. Alguns historiadores sustentam que poderia também ter subjugado a China e, se os japoneses assumissem o controle dos mares orientais da Coreia, nada os impediria de anexar as Filipinas, onde as forças coloniais espanholas teriam sido facilmente superadas pelos japoneses.
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A campanha naval coreana com seus navios-tartaruga representou o debut do encouraçado no mar, que atingiria seu apogeu séculos mais tarde em plena era da Revolução Industrial.





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