terça-feira, 9 de junho de 2009

ENTREVISTA COM FRANK McCANN: OS EUA, O BRASIL E A 2ª GUERRA MUNDIAL




Para o pesquisador americano Frank McCann, a contribuição feita pelo Brasil ao esforço aliado durante a 2ª Guerra Mundial foi maior do que se imagina. As bases americanas instaladas em território brasileiro, afirma, foram fundamentais para os aliados na África, na ex-União Soviética e até na China durante o conflito, que poderia ter tido outra história se elas não existissem.


McCann lembra ainda que os Estados Unidos chegaram a temer que, assegurado o norte africano, os alemães atravessassem o Atlântico para invadir o Brasil, com apoio de revoltas das comunidades germânicas e italianas do Sul do país. O pesquisador também relata que ocorreu, na 2ª Guerra, um choque de culturas, no qual os norte-americanos tiveram uma visão negativa dos brasileiros por causa da falta de condições de saúde dos soldados do Brasil. Segundo ele, após o fim da Guerra Fria, e desde que foi superada a tensão que precedeu o rompimento, em 1977, do acordo militar de 1952, há mais respeito mútuo entre os dois países. "Havia alguma suspeita entre oficiais brasileiros de que os americanos estavam interessados demais na Amazônia", disse McCann. A seguir, os principais trechos da entrevista concedida por ele ao Estado:




O senhor diz que o Brasil na 2ª Guerra foi um dos primeiros exemplos do uso de civis em projetos militares. Como isso ocorreu?
Eu estava me referindo à construção das bases aéreas. Os militares americanos não poderiam fazê-lo, então foram à Pan American Airways, cuja subsidiária Pan Air do Brasil foi encarregada de obter as terras, os trabalhadores, e organizar as construção. O contrato da Pan Am com o Exército dos EUA estabelecia que construiria bases de Miami a Natal e então, através da África, de Dacar à Somália. Quando a Europa estava sob domínio alemão, e os japoneses dominavam o Pacífico, essa rede abasteceu os britânicos no Norte da África, a União Soviética e até o crucial teatro da China, Burma e Índia. Sem as bases brasileiras, a Segunda Guerra Mundial teria tido uma história diferente.

Qual foi o peso que teve, para a entrada do Brasil na guerra, a Operação Pote de Ouro, invasão planejada do Nordeste por 100 mil americanos para garantir a área para as operações dos EUA?
Não acredito que tenha tido alguma influência na tomada de decisão. Franklin Delano Roosevelt e o Exército americano não desejavam combater brasileiros. Em vez disso, temiam que a Alemanha, após assegurar o norte da África, lançasse um ataque no Nordeste brasileiro e que as comunidades alemãs e italianas no Sul se revoltassem em apoio ao esforço alemão. A vitória alemã contra a França e o ataque aéreo à Grã-Bretanha assustaram todo mundo.

Houve um choque de culturas entre brasileiros e americanos na 2ª Guerra?
O Brasil deu aos americanos uma visão negativa do País. Grandes recursos, maravilhosa hospitalidade, mas uma população doente. Embora o intenso treinamento tenha irritado alguns oficiais brasileiros, não era diferente daquele aos quais os soldados americanos eram submetidos. A regra era simples, soldados subtreinados poderiam logo ser mortos. Minha impressão é que oficiais como Castello Branco logo entenderam que o contínuo treinamento era necessário.


Por que a FEB teve apenas 25 mil homens? O que faltou? Dinheiro?
Não, foi simplesmente uma questão de não ter homens jovens saudáveis em número suficiente. Um dos problemas foi que o processo decisório no Brasil era muito lento. As decisões certas foram tomadas muito tarde para tirar vantagens das oportunidades que passavam rapidamente. Se o Brasil tivesse estado pronto para enviar suas forças em 1943 como parte da campanha no Norte da África, mesmo que tivesse tido somente um par de divisões, seu status teria sido diferente.


Como ficou a relação Brasil-EUA na área militar após o fim da Guerra Fria?
Acho que há mais respeito mútuo. Havia alguma suspeita entre oficiais brasileiros de que os americanos estavam interessados demais na Amazônia. O Brasil negou permissão para pouso aos EUA em alguns campos em Roraima no fim dos anos 80, mesmo em missões humanitárias. E, com pelo menos um treinamento envolvendo paraquedistas brasileiros em Roraima, os EUA foram advertidos para que mantivessem distância.
,
Recentemente, o Brasil lançou um extenso programa de compras militares. Comprou equipamentos da Rússia e da França. Os americanos continuarão distantes ou Obama poderia mudar esse quadro?
Ouvi que o presidente Obama estava impressionado com o presidente Lula. Mas ficaria surpreso se ele tivesse uma ideia clara sobre o que o Brasil é hoje. Espero que ele venha logo e consiga ver muito do País. Como regra, os americanos têm poucas ideias concretas sobre o Brasil. Quanto mais Obama ver, melhor será.

Fonte: Estadão

 

sexta-feira, 5 de junho de 2009

IMAGEM DO DIA - 5/6/2009

 

Canhões franceses sob fogo em Sedan, 1870, durante a Guerra Franco-Prussiana. Alguns dias depois desta foto, Sedan capitulava diante do Exército da Prússia.

 

DOCUMENTO - DECLARAÇÃO DE GUERRA DE PORTUGAL À FRANÇA

 
Com a invasão das tropas de Napoleão em Portugal e a consequente transmigração da Família Real portuguesa para o Brasil, D. João VI declarou guerra contra a França, cujo decreto é transcrito a seguir:




Decreto de 10 de Junho de 1808

Havendo o Imperador dos Francezes invadido os meus Estados de Portugal de uma maneira a mais aleivosa e contra os Tratados subsistentes entre as duas Corôas, principiando assim sem a menor provocação as suas hostilidades e declaração de guerra contra a minha Corôa; convem á dignidade della, e á ordem que occupo entre as Potencias, declarar semelhantemente a guerra ao referido Imperador e aos seus vassallos; e por tanto ordeno que por mar e por terra se lhes façam todas as possiveis hostilidades, autorizando o corso e armamento, a que os meus vassallos queiram propor-se contra a Nação Franceza; declarando que todas as tomadias e prezas, qualquer que seja a sua qualidade, serão completamente dos aprezadores sem deducção alguma em beneficio da minha Real Fazenda. A Mesa do Desembargo do Paço o tenha assim entendido e o faça publicar, remettendo este por cópia ás Estações competentes e affixando-o por editaes.

Palacio do Rio de Janeiro em 10 de Junho de 1808.
Com a rubrica do Principe Regente Nosso Senhor."

.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

LEGIÃO LIVRE INDIANA - O EXÉRCITO VOLUNTÁRIO DE HITLER



A Legião Indiana Livre foi uma unidade de infantaria criada em agosto de 1941, e integrada por combatentes voluntários de origem indiana, que lutaram pelo III Reich alemão.


Por Mike Thomson


Nos estágios finais da Segunda Guerra Mundial, enquanto os Aliados e as forças de resistência francesas expulsavam as agora desmoralizadas tropas de Hitler da França, três altos oficiais alemães desertaram.

A informação que eles deram à inteligência britânica foi considerada tão crítica que, em 1945, foi trancada, não sendo marcada para liberação antes de 2021. Agora, 17 anos antes, o departamento de documentação da BBC teve acesso especial a esse arquivo secreto.Ele revela que milhares de soldados indianos que tinham se juntado aos britânicos na luta contra o fascismo trocaram seus juramentos à coroa britânica por outros para Adolf Hitler – um impressionante conto de lealdade, desespero e traição que ameaçou o domínio britânico na Índia, conhecido como Raj.

A história que os oficiais alemães contaram aos seus interrogadores começou em Berlim, em 3 de abril de 1941. Essa foi a data em que o líder revolucionário indiano Subhas Chandras Bose chegou à capital alemã. Bose, que tinha sido preso 11 vezes pelos britânicos na Índia, fugiu do Raj com uma missão em mente: buscar o apoio de Hitler para expulsar os britânicos de seu país. Seis meses depois, com a ajuda do ministro alemão das relações exteriores, ele tinha montado o que chamava de “Centro da Índia Livre”, de onde publicava panfletos, escrevia discursos e organizava transmissões de rádio em apoio à sua causa.

No fim de 1941, o regime de Hitler reconheceu oficialmente o “Governo da Índia Livre” provisório no exílio, e até concordou em ajudar Chandras Bose a montar um exército para lutar por sua causa. Foi a chamada “Legião da Índia Livre”. Bose esperara conseguir uma força de 100.000 homens que, quando armados e treinados pelos alemães, poderiam ser usados para invadir a Índia britânica.Ele decidiu recrutar seus homens durante visitas a campo de prisioneiros de guerra que, naquele tempo, era lar de dezenas de milhares de soldados indianos capturados por Rommel no Norte da África. Finalmente, em agosto de 1942, o recrutamento de Bose começou a ganhar impulso. 

Soldados da Legião Indiana em serviço na França

Cerimônias públicas eram realizadas nas quais dúzias de prisioneiros indianos prestavam juramento de fidelidade a Adolf Hitler. Essas foram as palavras usadas pelos homens que previamente haviam jurado fidelidade ao Rei da Inglaterra:

“Eu faço por Deus este juramento sagrado,no qual obedecerei ao líder da raça e do estado alemão, Adolf Hitler, como comandante das forças armadas alemãs na luta pela Índia, cujo líder é Subhas Chandras Bose”.

Consegui rastrear um dos antigos recrutas de Bose, Tenente Barwant Singh, que ainda se lembra do revolucionário indiano chegando a seu campo de prisioneiros. “Ele foi apresentado a nós como líder do nosso país que queria falar conosco”, ele diz. “Ele queria 500 voluntários que seriam treinados na Alemanha e saltariam de pára-quedas na Índia. Todos levantaram as mãos. Milhares de nós se voluntariaram”.

Ao todo, 3.000 prisioneiros indianos se alistaram na Legião da Índia Livre. Mas, ao invés de ficar feliz, Bose ficou preocupado. Um esquerdista admirador da Rússia, ele ficou arrasado quando os tanques de Hitler penetraram a fronteira soviética. As coisas ficaram mais difíceis após a derrota em Stalingrado, quando tornou-se claro que as forças alemãs agora em retirada não estavam em posição de oferecer a Bose qualquer ajuda para expulsar os ingleses da distante Índia. Quando o revolucionário indiano encontrou-se com Hitler em maio de 1942 suas suspeitas foram confirmadas, e ele começou a acreditar que o líder nazista estava mais interessado em usar seus homens mais para ganhar vitórias de propaganda do que militares. Então, em fevereiro de 1943, Bose deu as costas aos legionários e entrou secretamente em um submarino a caminho do Japão. Lá, com ajuda japonesa, ele iria formar uma força de 60.000 homens que marcharia para a Índia. Já na Alemanha, os homens recrutados por Bose tinham sido deixados sem liderança e desmoralizados. Após muita decepção e mesmo um motim, o Alto-Comando alemão os despachou inicialmente para a Holanda e depois para o sudoeste da França, onde ajudariam a fortificar a costa contra a esperada invasão Aliada.

Soldados indianos guarnecendo a "Muralha do Atlântico"

Após o Dia-D, a Legião da Índia Livre, que tinha sido trazida para a Waffen-SS de Himmler, estava em franca retirada através da França, junto com unidades regulares alemãs. Foi durante esse período que eles ganharam uma reputação selvagem entre a população civil. O antigo membro da Resistência Francesa, Henri Gendreaux, se lembra da Legião passando por sua casa na cidade de Ruffec: “Me lembro de diversos casos de estupro. Uma senhora e suas duas filhas foram estupradas e em outro caso eles ainda fuzilaram uma pequena garota de dois anos de idade”.

Finalmente, ao invés de expulsar os ingleses da Índia, a Legião da Índia Livre se viu expulsa da França e depois da Alemanha. Seu tradutor militar alemão naquele tempo era o Soldado Rudolf Hartog, que agora tem 80 anos: “No último dia em que estávamos juntos um tanque apareceu. Eu pensei, meu Deus, o que posso fazer? Estou acabado”, ele diz. “Mas ele queria apenas levar os indianos. Nós nos abraçamos e começamos a chorar. Você percebe quando é o fim”.

Um ano depois os legionários indianos foram mandados de volta para a Índia, onde todos foram soltos após pequenas sentenças prisionais. Mas, quando os britânicos puseram três de seus oficiais mais graduados em julgamento perto de Delhi, houve motins no exército e protestos nas ruas. Com os britânicos agora cientes de que o Exército Indiano não mais dependia do Raj para exercer sua função, a independência seguiu-se quase imediatamente. Não que Subhas Chandras Bose tenha vivido para ver o dia pelo qual tanto tinha lutado. Ele morreu em 1945.

Desde então, pouco tem sido dito sobre o Tenente Barwant Singh e seus companheiros legionários. No fim da guerra a BBC foi proibida de divulgar sua história e essa impressionante saga foi trancafiada nos arquivos, até agora. Não que o Tenente Singh tenha se esquecido daqueles dramáticos dias: Em frente aos meus olhos eu posso ver como todos nos éramos, como nós cantávamos e como todos falávamos sobre o que eventualmente iria acontecer conosco”, recorda ele.


Fonte: BBC News

IMAGEM DO DIA - 3/6/2009


Acampamento britânico nas proximidades da planície de Balaclava na Guerra da Crimeia, alguns dias antes da célebre Carga da Brigada Ligeira.



terça-feira, 2 de junho de 2009

PENSAMENTO MILITAR - GUERRA E POLÍTICA


"A política é uma guerra sem derramamento de sangue; a guerra é uma política com derramamento de sangue."


Mao Tse Tung, líder comunista chinês


.

PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR - GENERAL JAMES DOOLITLLE


* 14/12/1896 – Alameda, EUA

+ 27/09/1993 – Pebble Beach, EUA


James Harold "Jimmy" Doolittle foi um pioneiro da aviação e general da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos durante a 2ª Guerra Mundial. Comandou o histórico Reide Doolittle, o primeiro bombardeiro a Tóquio na guerra, em abril de 1942, pelo qual foi condecorado com a Medalha de Honra do Congresso, a mais alta condecoração militar dos Estados Unidos.

Californiano de nascimento, Doolittle passou a juvetude no Alaska, onde obteve a reputação de talentoso boxeador. Cursou a Universidade de Berkeley, que abandonou para se alistar como cadete-aviador da reserva do Corpo de Sinaleiros do Exército dos Estados Unidos, em 1917, durante a 1ª Guerra Mundial, e trabalhou como caixeiro viajante para ajudar nas despesas.

Em 1918, após treinamento na Escola Militar da Aeronáutica da Universidade da Califórnia (UCLA), foi comissionado como 2º Tenente no Grupo de Aviação do Corpo de Sinaleiros, tornando-se instrutor de voo durante a guerra. Após o conflito, retornou a Berkeley, onde formou-se com o grau de bacharel em Artes.

No período entre-guerras, ‘Jimmy’ Doolittle tornou-se um dos mais famosos pilotos americanos, fazendo um voo pioneiro costa a costa dos Estados Unidos em 1922, da Flórida até San Diego, e realizando vário voos de demonstração e testes nos Estados Unidos e na América do Sul, onde, num acidente no Chile, quebrou os dois tornozelos. Sua maior contribuição à Aeronáutica, porém, veio através do desenvolvimento de equipamentos de voo. Em 1929, foi o primeiro aviador a fazer um voo solo baseado apenas em instrumentos, sem visão do que ocorria fora da cabine, levantando voo, voando por alguns minutos e aterrisando em seguida. Desenvolveu também dois dos mais precisos e úteis instrumentos de navegação aérea, hoje comuns: o horizonte artificial e o giroscópio direcional, atraindo a atenção mundial ao realizar o primero ‘voo cego’ completo.

Nos anos 1930 quebrou o recorde de velocidade em aviões e conquistou vitórias em importantes e populares corridas aéreas em seu país. Em 1940, com o posto de major, foi enviado à Inglaterra como membro de um missão especial da aeronáutica, trazendo de volta novas informações sobre o avanço da tecnologia aérea em outros países e sobre a composição de diversas forças aéreas européias.

Com a entrada dos Estados Unidos na 2ª Guerra Mundial e promovido a tenente-coronel, em janeiro de 1942 Doolittle foi ao quartel-general da Força Aérea do Exército planejar o que seria o primeiro e histórico ataque aéreo norte-americano ao Japão, num momento da guerra em que as vitórias e a iniciativa ainda eram todas japonesas.

Partindo do porta-aviões USS Hornet no meio do Pacífico, dezesseis bombardeiros B-25, deveriam bombardear as cidades de Tóquio, Kobe, Osaka e Nagoya, como resposta ao ataque a Pearl Harbor, acontecido meses antes, e com o objetivo de abalar o moral do inimigo, mostrando que seu território não estava livre de ataques. A missão, conhecida como Reide Doolittle, compreendia o altíssimo risco de fazer decolar grandes e pesados bombardeiros do pequeno convés de um porta-aviões - algo nunca tentado antes - e que, após os ataques, na impossibilidade de voltar por falta de combustível, deveriam tentar pousar na China, país então aliado dos EUA e em guerra com o Japão; ou, se não conseguissem, cair no mar sem esperança de resgate.
.

Doolittle instruindo as tripulações voluntárias a bordo do USS Hornet antes do Reide Doolitlle

Doolittle apresentou-se como voluntário e pessoalmente treinou e liderou os tripulantes – todos também voluntários – da missão, conseguindo pousar seu avião num campo chinês, onde foi auxiliado por guerrilheiros locais e missionários ocidentais. Permaneceu escondido junto com sua tripulação até poder voltar aos Estados Unidos, onde, pelo planejamento e liderança da missão considerada quase impossível, recebeu a Medalha de Honra do Congresso das mãos do Presidente Franklin Roosevelt.

De volta à pátria e promovido a brigadeiro-general, Doolittle passou os próximos dois anos da 2ª Guerra Mundial em comandos no norte da África e no Mediterrâneo. De 1944 a 1945, já como major-general, assumiu seu maior comando, a 8ª Força Aérea do Exército dos Estados Unidos, baseada na Inglaterra, a qual participou da campanha de bombardeio contra a Alemanha.

Transferida para Okinawa após o final da guerra na Europa, a 8ª Força Aérea se preparava para participar da invasão do Japão quando as bombas de Hiroshima e Nagasaki encerram o conflito mundial.

Doolittle foi transferido para a reserva em e iniciou carreira na vida civil, na empresa petrolífera Shell, onde ocupou o cargo de vice-presidente. Em 1951, como reservista da recém-criada Força Aérea dos EUA, assumiu o cargo de assessor técnico do Chefe de Estado-Maior da Força Aérea, colaborando no desenvolvimento científico de mísseis e da tecnologia utilizada posteriormente no programa espacial americano.

Em 4 de abril de 1985, o Congresso dos Estados Unidos promoveu honorariamente Doolittle ao posto de General da Força Aérea (de quatro estrelas), tendo sua nova estrela no uniforme sido colocada pelas mãos do Presidente Ronald Reagan.

O General da Força Aérea 'Jimmy' Doolittle recebe sua quarta estrela das mãos do Presidente Ronald Reagan em 1985

Casado desde 1917 e pai de dois filhos - dois pilotos que combateram na 2ª Guerra (um deles suicidou-se em 1958) –, herói nacional condecorado por mais de cinco países diferentes, James Doolittle morreu na Califórnia em 1993, e foi enterrado no Cemitério Nacional de Arlington, em Washington, ao lado da esposa e de grandes personagens da história militar dos Estados Unidos.
.
Durante seu funeral, aviões B-25 remanescentes da 2ª Guerra Mundial, iguais ao usados no Reide Doolittle, fizeram voos rasantes sobre o cemitério junto a caças supersônicos da 8ª Força Aérea, comandada por ele nos últimos anos da guerra.

.

BATALHA DE ALCÁCER-QUIBIR (1578)




A Batalha de Alcácer-Quibir ocorreu no Verão de 1578, entre os portugueses liderados por D. Sebastião, e os mouros do Marrocos. Dela resultou a derrota dos portugueses e o desaparecimento da nata da nobreza portuguesa e do próprio rei D. Sebastião, precipitando a crise dinástica de 1580, e o nascimento do mito do Sebastianismo.


Com o propósito de aliviar a pressão dos mouros sobre as fortalezas portuguesas, Portugal organizou uma força militar constituída por 17.000 homens, dos quais 5.000 eram mercenários estrangeiros. A armada partiu de Lisboa em 25 de Junho de 1578, fez escala em Cadiz e aportou em Tânger, seguindo depois para Arzila.

Nessa oportunidade os portugueses cometeram um primeiro erro, pois a tropa foi mandada seguir a pé de Arzila para Larache, quando o percurso poderia ter sido feito por via marítima, o que permitiria maior descanso às tropas e o necessário reabastecimento em víveres e água.. A partir de Larache a força afastou-se da costa em direção a Alcácer-Quibir.

Pintura que descreve o momento em que a cavalaria portuguesa é cercada e envolvida pelas forças muçulmanas.

Ressalta-se o fato de que, no século XVI, grande parte das vitórias portuguesas ocorreu na zona costeira, onde era possível fazer valer a vantagem do poder de fogo de seus navios de guerra. Longe dos navios, enfrentando o calor de uma região praticamente desértica e um exército superior em efetivo e combatendo no seu território, os portugueses não adotaram as medidas de segurança necessárias. O Rei D. Sebastião recusou-se terminantemente a ouvir os conselhos dos oficiais mais experientes, que ponderavam que o exército se devia manter próximo dos canhões dos navios. Alguns dos comandantes, diante da controvertida decisão, chegam a falar em prender o rei, para impedi-lo de levar seu plano adiante.

As forças muçulmanas compreendiam que não poderiam enfrentar os portugueses perto da costa, e não avançaram em direção à força invasora, preferindo que os portugueses tomassem a iniciativa e buscassem o combate. Por decisão do rei, o exército partiu finalmente em direção a sul afastando-se do litoral.

Quando as forças portuguesas estabeleceram contato com o exército mouro, em 4 de agosto, encontravam-se em marcha há sete dias e depararam-se com forças muçulmanas com cerca de 60.000 combatentes, ultrapassando os efetivos portugueses em uma razão de quatro para um.

No início do combate os arcabuzeiros muçulmanos dispararam contra os portugueses e, em seguida, uma carga de cavalaria ligeira moura forçou as primeiras linhas portuguesas a recuar de forma desordenada. O exército cansado e extenuado reagiu mal, recuando desordenadamente e gerando uma enorme confusão, quando a primeira linha misturou-se com as tropas na retaguarda.

A resposta portuguesa foi rápida, mas ineficaz. No que parece ter sido uma tentativa para desarticular o ímpeto do ataque muçulmano, uma força portuguesa, aparentemente de cavalaria, penetrou as linhas muçulmanas, mas foi subjugada pelos mouros em maior número. Metade do efetivo das tropas portuguesas morreu na batalha e a outra metade foi feita prisioneira. Muito poucos voltam.

Apesar de se duvidar da morte do rei português, é provável que ele tenha perecido nesta batalha.

O Rei D. Sebastião. Seu desaparecimento sem herdeiros provocou uma crise dinástica em Portugal.

O resultado e as consequências desta batalha foram catastróficos para Portugal. D. Sebastião desaparecera, deixando como sucessor o seu tio-avô, o Cardeal D. Henrique, que veio a falecer sem descendência dois anos depois. Assim levanta-se uma crise dinástica ameaçando a independência de Portugal face a Espanha, pois um dos candidatos à sucessão era Filipe II de Espanha.

A disputa do trono português teve diversos pretendentes: D. Catarina de Médicis, rainha da França, que se dizia descendente de D. Afonso III; D. Catarina, duquesa de Bragança e sobrinha do Cardeal D. Henrique; Manuel Felisberto, duque de Savóia e D. Antônio, Prior do Crato, ambos, sobrinhos do rei; Alberto de Parma e Filipe II.

Filipe efetivamente ascendeu ao trono em 1580. A maioria da nobreza portuguesa que participou da batalha ou morreu ou foi feita prisioneira. Para pagar os elevados resgates exigidos pelos mouros, o país ficou enormemente endividado e depauperado em suas finanças.

Luís de Camões, em carta a D. Francisco de Almeida, referindo-se ao desastre militar, à ruína financeira da Coroa portuguesa, à independência nacional ameaçada manifestou o impacto de Alcácer-Quibir para Portugal:  "Enfim acabarei a vida e verão todos que fui tão afeiçoado à minha Pátria que não só me contentei de morrer nela, mas com ela".

IMAGEM DO DIA - 2/6/2009



Guerras Napoleônicas da 6ª Coalizão, 1814. Vitoriosas, tropas russas entram em Paris após Napoleão Bonaparte ter sido enviado para o exílio na Ilha de Elba.

NOTÍCIA - HOMEM É RECONHECIDO COMO SOBREVIVENTE AOS DOIS ATAQUES ATÔMICOS A HIROSHIMA E NAGASAKI

 

O raio que caiu duas vezes no mesmo lugar: japonês sobreviveu aos dois ataques nucleares contra o Japão no fim da 2ª Guerra Mundial

Um homem japonês de 93 anos foi reconhecido oficialmente como a única pessoa que sobreviveu às duas bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos em Hiroshima e Nagasaki no fim da 2ª Guerra Mundial.

De acordo com funcionários do governo japonês, Tsutomu Yamaguchi sofreu os ataques em Hiroshima e Nagasaki e teve o status de sobrevivente reconhecidos pelo governo japonês em ambos os ataques. Yamaguchi já havia sido certificado como um “hibakusha” (sobrevivente da radiação), da bomba “Fat Man” lançada em 9 de agosto de 1945, em Nagasaki. Agora, foi confirmado que também passou pelo ataque em Hiroshima, 3 dias antes.

Tsutomu estava em Hiroshima em negócios no dia 6 de agosto de 1945, quando um bombardeiro B-29 norte-americano lançou a bomba atômica denominada “Little Boy”, na cidade. Yamaguchi teve sérias queimaduras na parte superior do corpo e passou a noite na cidade.

Quando retornou para sua cidade de origem, Nagasaki sofreu com o segundo ataque. Embora possa haver outros casos semelhantes, até agora o idoso é o único reconhecido oficialmente como sobrevivente dos dois ataques atômicos.

Ter a comprovação de sobrevivência ao bombardeio garante compensações do governo à pessoa, como pagamentos mensais, check-ups gratuitos e custos funerários. Porém o valor recebido por Yamaguchi não terá aumento pelo fato de ele ter sobrevivido aos dois ataques, explicou o funcionário governamental.

O Japão é o único país que sofreu ataques atômicos. Cerca de 140 mil pessoas morreram em Hiroshima e 70 mil em Nagasaki.

Yamaguchi é um dos 260 mil sobreviventes dos ataques, e que desenvolveram várias doenças por causa da exposição à radiação, incluindo cânceres e doenças no fígado. Não há informações sobre a saúde de Yamaguchi.  Milhares de sobreviventes lutam pelo reconhecimento oficial, após o governo declarar que não deve nada a eles.

Tóquio abrandou no ano passado as exigências para conceder o status de sobrevivente, após críticas às regras que não abrangiam várias doenças que os médicos vinculavam à radiação.

 

PENSAMENTO MILITAR - EDUCAÇÃO E DEFESA DA PÁTRIA




"Quem respeita a bandeira desde pequeno saberá defendê-la quando for grande."


Edmondo de Amicis, escritor italiano

PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR - MARECHAL EMÍLIO LUIZ MALLET



* 10/06/1801 – Dunquerque, França

+ 02/01/1886 - Rio de Janeiro


Émile Louis Mallet, mais conhecido como Emílio Mallet, ou Barão de Itapevy, foi um militar brasileiro nascido na França. Homem de grande porte físico, com 2,01 m de estatura e 120 kg de peso, Mallet veio para o Brasil com a família aos 17 anos de idade, fixou-se na então capital do Império. No Rio de Janeiro, recebeu, do Imperador Dom Pedro I – que estava reorganizando o Exército após a proclamação da Independência do Brasil – convite para iniciar a carreira das Armas, na qual iria se consagrar como um dos maiores heróis de História Militar Brasileira.

Matriculou-se na Academia Real Militar do Império, assentando praça como primeiro cadete em 13 de novembro de 1822. Em breve, optaria pela formação no curso de Artilharia. Como 2º tenente, Mallet comandou uma bateria de Artilharia a Cavalo na campanhas da Cisplatina, de 1825 a 1828. Recebeu seu batismo de fogo em Passo do Rosário e, pela bravura demonstrada, foi promovido a Capitão. Ao término do conflito, em Bagé no Rio Grande do Sul casou-se com Joaquina Castorina de Medeiros Mallet, filha de um abastado estancieiro, parente próximo do mais tarde Marechal Manuel Luís Osório, seu amigo e companheiro por décadas no Exército.

Apesar de ter jurado a Constituição do Império em 1824, foi demitido do serviço ativo em 1831 por "não ser brasileiro nato". No entanto, em 1837, no decorrer da Revolução Farroupilha, foi convidado a servir sob as ordens do General Antônio Elisário de Miranda e Brito, na condição de comandante de uma bateria a Cavalo. Coube-lhe fortificar a vila de Rio Grande, objetivo estratégico dos farroupilhas, recebendo, por tal feito, o título de Major da Guarda Nacional, função privativa de brasileiros natos. Mais tarde, por decisão do Duque de Caxias, veio a ser Chefe de Estado-Maior de Bento Manuel Ribeiro. Após a assinatura da Paz de Ponche Verde, em 1º de março de 1845, Mallet retornou a atividades pastoris como oleiro em sua chácara no Quebracho, nos arredores de Bagé.

A reintegração definitiva de Mallet ao Exército Imperial, após longos anos de afastamento, ocorreu em 1851, quando foi convocado por Caxias para participar da campanha contra Manuel Oribe e Juan Manuel Rosas, na Guerra do Prata. Reiniciou-se, assim, sua trajetória profissional, durante a qual deu inúmeras mostras de ser um soldado de sangue frio, astuto e valente. Em todos os combates de que participou, fez-se respeitado pela tropa, pelos aliados e pelos inimigos.

Mallet combateu ainda na Guerra contra Aguirre e na Guerra do Paraguai. Nesta, à frente do 1º Regimento de Artilharia a Cavalo, teve participação fundamental na vitória das tropas brasileiras no Passo da Pátria, no Estero Bellaco e em Tuiuti.

Em Tuiuti, a maior batalha campal da América do Sul, suas bocas-de-fogo foram batizadas “artilharia revólver”, tal a precisão e a rapidez de seus fogos. Ainda nessa batalha, a previsão e a criatividade do chefe militar asseguraram importante vitória do Exército Imperial. O profundo fosso que Mallet fez construir para a proteção de suas peças constituiu-se em eficiente obstáculo que impediu o avanço da tropa inimiga. Esse fato passou para a História com a célebre frase do comandante da Artilharia brasileira:

“Eles que venham. Por aqui não passam.”

Em 20 de agosto de 1866, por seu desempenho em Tuiuti, foi promovido ao posto de Coronel.

Mallet foi, posteriormente, alçado à função de comandante da 1ª Brigada de Artilharia e continuou apoiando as ações das forças aliadas nas batalhas de Humaitá, Piquiciri, Angustura, Lomas Valentinas, Ascurra e Campo Grande. Durante a Campanha da Cordilheira, na fase final do conflito, foi Mallet o comandante-chefe do Comando-geral de Artilharia do exército. Finda a campanha, por merecimento, ascendeu ao posto de Brigadeiro.

Em janeiro de 1879, foi promovido a Marechal-de-Campo; em 11 de outubro de 1884, a Tenente-General e, finalmente, em 15 de julho de 1885, a Marechal-de-Exército. Permaneceu no serviço ativo até então, vindo a falecer em 2 de janeiro de 1886, na cidade do Rio de Janeiro, aos 84 anos.

Em 1932 lhe foi conferido, por meio de decreto nº 21.196, o título de Patrono da Artilharia brasileira. Desde então, em 10 de junho, dia de seu aniversário, comemora-se o Dia da Artilharia no Exército Brasileiro.

.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

IMAGEM DO DIA - 1/6/2009

 

Representação da Batalha de Azincourt (outubro de 1415), quando tropas inglesas sob o comando do Rei Henrique V, mesmo em inferioridade numérica, derrotaram a cavalaria francesa perto do vilarejo que dá nome à batalha.


  

MISSÃO CUMPRIDA - 4ª TURMA DE HISTÓRIA MILITAR CONCLUI SEU CURSO

.


O curso é oferecido pela Escola de História da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e pelo Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (IGHMB), aos quais cabe a direção e coordenação.

Realizou-se na última sexta-feira, 29 de maio, no auditório do Departamento de Ensino e Cultura do Exército, a aula de encerramento da 4ª Turma do Curso de Especialização em História Militar.

O objetivo do Curso de Especialização em História Militar é contribuir para o desenvolvimento de estudos e pesquisas da História Militar geral e do Brasil através da formação de especialistas nesse campo.

O curso é oferecido pela Escola de História da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e pelo Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (IGHMB), aos quais cabe a direção e coordenação.

O curso contou com 480 horas-aula, iniciadas a partir de 31 de agosto de 2007, com atividades presenciais semanais. As atividades didáticas ocorreram na sede do IGHMB - Casa Histórica de Deodoro - na Praça da República, 197 (Campo de Sant’Anna) e no campus da UNIRIO na Urca.

Foram desenvolvidas ao longo do curso atividades de pesquisa histórica com a elaboração de uma monografia que, apresentada em sua forma escrita, foi objeto de apresentação e defesa oral e avaliada por banca docente acadêmica.

O curso compreendeu as seguintes disciplinas:
Teoria e Metodologia da História, Introdução ao Estudo da História Militar, História Militar Geral (guerras nas idades Antiga, Média, Moderna e Contemporânea), História Militar do Brasil (períodos colonial, monárquico e republicano), Metodologia do Ensino Superior e Projeto, Tópicos Especiais e Atividades Complementares.

Durante os trabalhos foram realizados seminários e visitas em diversos estabelecimentos culturais, tais como: Museu Naval, Museu Histórico do Exército/Forte de Copacabana, complexo de fortalezas de Niterói, Museu Militar Conde de Linhares, Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica, Museu Aeroespacial, Arquivo Histórico do Exército, Arquivo Histórico Nacional, Museu Histórico Nacional, dentre outros.

Concluíram com aproveitamento a 4ª Turma de História Militar os seguintes alunos:

- Antônio Ferreira Sobrinho
- Alexandre Santiago Coelho
- Anderson Machado Dantas
- André Luiz Cassiano
- Bárbara Maria Lima de S. Martins
- Carlos Roberto Carvalho Daróz
- Edgley Pereira de Paula
- Fabian Costa Rodrigues
- Fernanda das Graças Corrêa
- Fernando G. de Souza F. Loureiro
- Felipe Duarte Balocco
- George Koppe Eiriz
- Haroldo Gibson Martins
- Haroldo Paiva Galvão
- Jorge Henrique Cardoso Leão
- Juraci Ferreira Galdino
- Lois Pasteur Silva do Nascimento
- Marcelo Hinago
- Piraju Borowski Mendes
- Tiago Manasfi Fgueiredo
- Vania Vidal Luiz
- Washington Luiz de Souza Moreira


O Blog Carlos Daróz-História Militar cumprimenta todos os concludentes do curso e deseja sucesso nas pesquisas futuras.

Aos mestres do corpo docente da UNIRIO e do IGHMB, a nossa homenagem e eterna gratidão.