segunda-feira, 30 de setembro de 2024

1968: COMEÇAM AS NEGOCIAÇÕES DE PAZ NO VIETNÃ

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Em 13 de maio de 1968, negociações de paz começaram em Paris. Cerca de 25 mil participaram da primeira grande manifestação em 1965 em Washington. Dois anos depois, 400 mil foram às ruas de New York pelo fim do conflito.

Por Michael Kleff

Cerca de 25 mil pessoas participaram da primeira grande manifestação contra a Guerra do Vietnã, realizada em 1965 em Washington. Dois anos depois, 400 mil pacifistas saíram às ruas de New York, pedindo o fim do conflito em que os Estados Unidos haviam se envolvido até o pescoço desde a derrota francesa de Dien Bien Phu, em maio de 1954.

O presidente norte-americano Lyndon Johnson (1908-1973) começava a enfrentar sérios conflitos internos. Em abril de 1968, após o assassinato de Martin Luther King, ocorreram os maiores tumultos raciais da história dos EUA. Em agosto do mesmo ano, centenas de policiais espancaram manifestantes durante um congresso do Partido Democrata em Chicago.


Conflito diplomático

Entre os soldados norte-americanos no Vietnã, crescia a insatisfação com a falta de perspectiva de um acordo entre Ho Chi Minh e Johnson. Foi nesse clima que começaram, a 13 de maio de 1968, as negociações de paz em Paris. Nenhum dos dois lados tinha realmente interesse em uma solução negociada. Isso ficou evidente já na absurda discussão sobre a disposição das mesas da conferência.

O conflito diplomático revelou uma profunda divergência em relação à forma de participação do governo do Vietnã do Sul e dos representantes da Frente de Libertação Nacional (FLN) nas conversações. Como tanto os EUA quanto o Vietnã do Norte apostavam em uma decisão militar, os negociadores em Paris não tinham pressa.


Negociações paralelas à guerra

Começou, assim, um longo jogo de empurra-empurra, com negociações de paz ocorrendo paralelamente à guerra. Somente em 1972, Henry Kissinger, assessor de segurança do presidente Richard Nixon (1913-1994), e o negociador norte-vietnamita Le Duc Tho chegaram a um acordo aceitável para os dois países.

Tho aprovou a continuidade do regime de Nguyen Van Thieu no Vietnã do Sul. Um Conselho Nacional para Reconciliação e Unidade, formado em Saigon, pelo "governo popular revolucionário", proclamado pela FLN, e por grupos neutros, deveria preparar eleições gerais para o Vietnã do Sul.

Kissinger e Le Duc Tho durante as negociações


Em contrapartida ao cessar-fogo imediato oferecido por Tho, os EUA deveriam encerrar todas as operações militares contra o Vietnã do Norte e retirar suas tropas do Vietnã do Sul num prazo de 60 dias.


Indignação entre a comunidade internacional

Kissinger dizia acreditar que a paz estava próxima. Mas suas esperanças foram esmagadas pela rejeição do acordo tanto pelo Vietnã do Sul, quanto pelo próprio presidente Nixon. Após sua reeleição, no final de 1972, Nixon quis dar uma nova demonstração de força, com ataques aéreos a Hanói e Haiphong.

A opinião pública internacional reagiu indignada aos chamados "bombardeios de Natal" dos norte-americanos. A ofensiva aérea, porém, forçou Hanói a voltar à mesa de negociações. Finalmente, a 27 de janeiro de 1973, Nixon anunciou o fim da guerra do Vietnã.


Milhões de vítimas

O "acordo para o fim da guerra e o restabelecimento da paz", assinado em janeiro de 1973 em Paris pelos Vietnãs do Norte e do Sul, pelo "governo provisório" da FLN e pelos EUA, não chegou a ser implementado.

Mesmo assim, os EUA começaram a retirar as suas tropas. Hanói deu continuidade à guerra, enquanto os generais sul-vietnamitas tentavam, de qualquer forma, ampliar seu controle sobre o país. A guerra de trinta anos pelo poder no Vietnã só terminou em maio de 1975, com a capitulação do Vietnã do Sul.

O conflito deixou um saldo de 58 mil soldados mortos e 153 mil feridos do lado norte-americano, e de um milhão de mortos e 900 mil crianças órfãs do lado vietnamita. Os EUA, que gastaram cerca de 200 bilhões de dólares com o conflito, sofreram no Vietnã a maior derrota militar da sua história.

Fonte: DW

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domingo, 22 de setembro de 2024

BATALHA DE CHIPPEWA - 5 DE JULHO DE 1812

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Em um dos poucos combates da Guerra de 1812 em que soldados americanos enfrentaram soldados regulares britânicos em terreno aberto, em uma batalha tradicional do início do século XIX, em Chippewa o jovem Exército dos EUA provou sua força durante a "segunda guerra de independência" dos Estados Unidos.
 

Depois que um avanço americano no Canadá controlado pelos britânicos, liderado pelo major-general James Wilkinson, foi detido ao norte da fronteira em março de 1814, o major-general Jacob Brown liderou 3.500 soldados americanos através do rio Niágara em 3 de julho para tomar Fort Erie. Em uma operação conjunta com um esquadrão da Marinha dos EUA comandado pelo comodoro Isaac Chauncey, Brown procurou usar a captura do Fort Erie para tirar o controle do Lago Ontário dos britânicos. 

Em manobras subsequentes das tropas na região do Niágara, em 5 de julho, a brigada do general de brigada Winfield Scott, com 1.300 homens (parte do comando de Brown), foi inesperadamente confrontada por uma grande força britânica enquanto se preparava para o exercício. 


Enquanto a brigada da milícia americana e dos índios aliados dos EUA, comandada pelo general de brigada Peter Porter, avançava para limpar os bosques adjacentes da milícia canadense e dos índios e irregulares aliados dos britânicos, a brigada de Scott avançou para enfrentar um número semelhante de soldados regulares britânicos em uma luta aberta. 

A princípio, os britânicos acreditaram que as tropas de Scott eram de milicianos e foram levados a uma falsa sensação de segurança. No entanto, quando as tropas bem treinadas de Scott não se dissolveram e recuaram após a troca de tiros, os britânicos perceberam seu erro e seu comandante proferiu a agora famosa exclamação: "São soldados regulares, por Deus!" 


Os soldados de Scott lutaram contra os britânicos até a paralisação durante a troca de saraivadas, acabando por fazer com que os britânicos recuassem, já que a vantagem tática proporcionada pelos cartuchos americanos "buck and ball" (três chumbos e uma bola de mosquete eram embalados em cada cartucho, criando um efeito mais devastador, semelhante ao de uma espingarda, quando disparados em rajadas) tornou-se evidente.
 
As perdas britânicas foram de 137 mortos e 304 feridos; as americanas, 48 mortos e 227 feridos. Embora não tenha sido uma batalha estrategicamente importante, a vitória dos EUA em Chippewa proporcionou ao jovem Exército dos EUA um significativo impulso moral e tornou-se um ponto de orgulho para a força incipiente.


Fonte: U.S. Army Center of Military History 


segunda-feira, 9 de setembro de 2024

ORDEM DA VITÓRIA - A MEDALHA MILITAR MAIS CARA DO MUNDO

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Além de ser mais distinta e cara de todas as ordens já concedidas a alguém na Rússia, é também uma das mais raras do mundo – foram feitas apenas 22 cópias.


Por Gueórgui Manáev


A Ordem da Vitória é oficialmente a medalha militar mais cara do mundo. Para se ter ideia, se pudesse ser colocada em leilão, o preço inicial seria superior a 20 milhões de dólares. O último cavaleiro agraciado com essa Ordem, Miguel 1º da Romênia, morreu em 2017. No entanto, o destino de sua medalha é incerto - oficialmente, o objeto está armazenado na propriedade de Miguel 1º em Versoix, na Suíça. Mas há boatos de que teria sido vendida nos anos 1980 por cerca de 4 milhões de dólares.

A Ordem da Vitória foi concedida apenas a generais e marechais por suas ações no planejamento e administração militar que deram origem a uma “operação bem-sucedida no âmbito de uma ou várias frentes, resultando em uma mudança radical da situação em favor do Exército Vermelho”, reza o estatuto da Ordem. Mas por que e quando a URSS precisou de uma honra tão especial para seus militares? 


Nem um passo para trás!

A decisão de criar a Ordem da Vitória foi tomada após o primeiro grande sucesso do Exército Vermelho na Segunda Guerra Mundial – mais especificamente, a Batalha de Stalingrado, que durou de julho de 1942 a fevereiro de 1943.

O ano de 1942 como um todo foi uma época bastante difícil para os soviéticos na Grande Guerra Patriótica (período em que a Rússia esteve na Segunda Guerra Mundial). O Exército Vermelho sofreu perdas drásticas com o ataque dos nazistas no sul da Rússia, e os soldados estavam aterrorizados com seu destino iminente. Para fortalecer a disciplina no Exército por meio do medo, Josef Stálin, como Comissário de Defesa do Povo, emitiu o decreto nº 227, de 28 de julho de 1942, apelidado de “Nem um passo para trás!” na propaganda de massa soviética.

O decreto estabelecia batalhões penais que deveriam ser enviados para as seções mais perigosas do campo de guerra. Esses batalhões eram compostos por soldados que já haviam tentado desertar. Mas Stálin também entendeu que, para elevar os espíritos de seus comandantes de guerra, era inviável recorrer apenas ao medo. Os comandantes eram ambiciosos, então, deveriam ser criadas novas distinções e estímulos positivos.

Nos anos de 1942 e 1943, Stálin iniciou a criação de várias ordens destinadas a comandantes militares, nomeadas em homenagem a grandes expoentes militares da Rússia: Aleksandr Suvorov, Mikhail Kutuzov, Fiódor Uchakov e Pável Nakhimov.

A Ordem da Vitória deveria ser a mais importante de todas elas. Em julho de 1943, enquanto a Batalha de Kursk estava em curso, os primeiros projetos da Ordem da Vitória foram apresentados a Stálin.


Torre como marca da vitória

Stálin, porém, não gostou dos esboços. Em outubro de 1943, em vez dos perfis de Lênin e Stálin no anverso (frente) do medalhão, Stálin ordenou que a torre Spasskaya (a torre do relógio) do Kremlin de Moscou fosse retratada na condecoração. Foi assim que, em 5 de novembro de 1943, Stálin aprovou a versão final da medalha – e gostou tanto da “amostra de teste” que até a manteve. Três dias depois, a Ordem foi oficialmente estabelecida, enquanto iniciava a produção das referentes insígnias.

O design da Ordem foi criado pelo artista Aleksandr Kuznetsov (1894-1975), que também desenvolveu outra medalha militar de alto escalão, a Ordem da Guerra Patriótica. A insígnia deveria ser feita com diamantes e rubis, por isso a criação foi confiada aos especialistas da fábrica de Joias e Relógios de Moscou.

Inicialmente foi feito o plano de criar 30 cópias da Ordem. Cada uma delas exigia 180 diamantes, 50 diamantes de lapidação rosa e 300 gramas de platina. No total, os criadores receberam 5.400 diamantes, 1.500 diamantes de lapidação rosa e 9 quilos de platina. No entanto, rubis artificiais foram eventualmente utilizados para os medalhões da Ordem, porque todos os naturais tinham tonalidades diferentes entre si, o que faria as condecorações parecerem maculadas.

Todas as ordens foram feitas à mão. No total foram produzidos 22 exemplares, mas três deles nunca foram concedidos. De acordo com um exame pericial conduzido em 2010 pelos Museus do Kremlin de Moscou, os medalhões continham diamantes da Ordem, mas também joias usadas ​​pelos membros da família Romanov. Após a queda do Império Russo, essas condecorações e joias foram retiradas do tesouro dos tsares, desmontadas, e as pedras acabaram nos cofres soviéticos.


Os medalhões da Ordem e onde estão agora

Todas as Ordens da Vitória é feita de platina, e a inscrição “ПОБЕДА” (“Vitória”), de ouro. A medalha tem 174 diamantes (16 quilates no total) e 5 rubis artificiais de 5 quilates, 25 quilates em cada uma delas. Os detalhes – a muralha do Kremlin, o Mausoléu, os ramos de carvalho e louro –, incrustados com pequenos diamantes, são feitos de platina dourada. Somente os feches, o parafuso e a porca são de prata. A Ordem pesa 78 gramas no total. Uma característica única dos medalhões da Ordem é que não têm números de série – a condecoração foi inicialmente projetada para ser uma das mais raras existentes. Existem outras ordens que existem em menos cópias, mas não são sequer rivais da Ordem da Vitória em termos de valor.

A Ordem foi concedida pela primeira vez em 10 de abril de 1944 – aos marechais Gueórgui Jukov (1896-1974) e Aleksandr Vassiliévski (1895-1977), e ao comandante-chefe Iossef Stalin. Todos os três foram premiados em homenagem à libertação da margem direita da Ucrânia. Mais tarde, em 1945, os mesmos três comandantes foram homenageados com a mesma condecoração pela segunda vez.

Marechal Gueórgui Jukov, Herói da União Soviética, primeiro a receber a Ordem da Vitória.


No total, a Ordem foi concedida 20 vezes a 17 pessoas, três delas (mencionadas acima) receberam duas vezes, e houve uma revogação póstuma. O general Ivan Tcheriyakhovski (1907-1945) deveria receber a Ordem em 23 de fevereiro de 1945, mas morreu em 18 de fevereiro e, portanto, não chegou a concretizar o feito.

A medalha também foi concedida a cinco estrangeiros. O marechal de campo britânico Bernard Montgomery e o presidente norte-americano Dwight Eisenhower foram agraciados em 5 de junho de 1945, “pelos extraordinários sucessos na condução de operações militares de grande alcance que resultaram na vitória das Nações Unidas sobre a Alemanha de Hitler”.

Marechal de campo britânico Bernard L. Montgomery (com a medalha da Ordem da Vitória) e Josef Stálin


O rei Miguel 1º da Romênia recebeu a medalha em 6 de julho de 1954, por sua decisão de prender colaboradores nazistas no governo romeno, em 23 de agosto de 1944, quando a vitória decisiva sobre os nazistas ainda não havia sido alcançada.

Já o marechal da Polônia Michał Rola-Żymierski, foi condecorado em 9 de agosto de 1945, por conduzir operações contra os nazistas – o mesmo que o marechal da Iugoslávia, Josip Broz Tito, que foi galardoado em 9 de setembro de 1945.

Rei Miguel 1º da Romênia com a Ordem da Vitória


O Secretário-Geral do Comitê Central do Partido Comunista da URSS Leonid Brejnev, que recebeu a Ordem em 1978, foi postumamente destituído dela em 1989, porque se considerou que tal concessão ia contra o estatuto – o líder soviético não havia conduzido operações militares decisivas na Segunda Guerra Mundial. O decreto para revogação da Ordem foi assinado por Mikhail Gorbatchov.

O Secretário-Geral do Partido Comunista Leonid Brejnev, aqui fotografado com a Ordem da Vitória, teve sua condecoração cassada postumamente por Mikhail Gorbatchov, em 1989.


Os Museus do Kremlin de Moscou possuem a maior coleção de medalhões da Ordem da Vitória: oito delas. Uma delas, que antes pertenceu ao marechal Semion Timochenko (1895-1970), e outro, que nunca foi premiada, estão armazenados no Museu do Fundo Estatal de Metais e Pedras Preciosas da Federação Russa (Gokhran). Outro medalhão da Ordem não premiado permanece guardado no Hermitage. Já o paradeiro do terceiro medalhão da Ordem nunca dado é um mistério. Além disso, não se sabe a localização exata do medalhão concedido a Michal Rola-Żymierski.



Fonte: Russia Beyond