sábado, 30 de setembro de 2023

A HISTÓRIA DA INFÂMIA CASTILHISTA

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Por Ricardo Ritzel


A degola de inimigos é um capítulo macabro na história do período revolucionário rio-grandense. Macabro e cruel. Autores estimam que, entre 1893 e 1932, mais de mil combatentes, dos dois lados do conflito, foram executados desta maneira nas guerras e refregas gaúchas.

Mas o número total pode dobrar e até mesmo triplicar se contarmos os infelizes “desaparecidos” ou mortos “com discrição” longe do teatro de operações da guerra civil, como recomendava o presidente do Estado, Julio de Castilhos, para seus subordinados.

Como neste telegrama que o líder republicano enviou para o coronel Madruga, em Cacimbinhas (hoje Município de Pinheiro Machado), interceptado pela inteligência federalista.

– “Adversários não se poupa nem se dá quartel. Remeto armas e munições que pede. […] o inteiro desagravo da república ultrajada requer que, ultrapassados mesmo certos limites, com as devidas cautelas e discrição, sofram pela eliminação, o justo castigo que merecem […]. Castilhos”.

Também entram nessa infame soma os perseguidos políticos que sentiram a faca na garganta durante aquela estranha paz que o Rio Grande do Sul viveu entre uma e outra revolta armada, principalmente de 1895 a 1923. O certo é que não foi o gaúcho que inventou esse tipo de execução, que desde os tempos bíblicos é usada pela “humanidade” como forma de aterrorizar os inimigos.

Assim como é certo que, desde o século XVII, a gauchada do outro lado da fronteira usou e abusou deste recurso perverso para eliminar seus adversários. Tanto no Uruguai como na Argentina.

Alguns até se tornaram tristemente famosos por isto, como Manoel Oribe, o “Tigre de Palermo“, Juan Manuel Rosas, o “Corta Cabezas” e o general Facundo Quiroga, que tinha como lema e bandeira “sangue, terror, barbárie". Todos eles chegaram ao poder, e o exerceram, pela violência e terror. Todos com uma história de crueldade sem igual por estes lados do mundo.

Na verdade, o hábito de matar o adversário cortando a garganta está presente na cultura gaúcha, ou gaucha, desde os tempos coloniais. E foram os próprios exércitos imperiais de Portugal e Espanha que começaram a utilizá-lo com objetivo de dominar pelo medo.

Sepé Tiarajú que o diga, já que tão logo seu corpo caiu morto em Caiboaté, sua cabeça foi arrancada do corpo. E assim também na retomada das Missões, quando as milícias portuguesas usaram e abusaram desta triste prática para por as mãos, o mais rápido possível, nas terras indígenas reivindicadas por Artigas e Andrés Guasurarí para a Liga de Los Pueblos Libres.

Há também relatos de degolas praticadas durante a Revolução Farroupilha (e não foram poucos casos), mas literalmente esquecidas pela historiografia oficial, já que maculava a vida e a obra de alguns de seus principais líderes. Afinal, não fica bem para ninguém ter degolas no currículo.

E também não foram poucos os paraguaios que sentiram o fio de adagas rio-grandenses no pescoço durante a Guerra da Tríplice Aliança. Na verdade, a simples menção que havia tropas gaúchas por perto deixava em pânico a população daquele país, dividida entre o terror de Estado imposto por Solano Lopez e o tratamento dispensado pelas forças de ocupação. Consideravam a gauchada como um bando de bárbaros, tanto que chamavam a lendária cavalaria rio-grandense de “Cavalaria Loca” pelas suas arrojadas manobras em combate e também seu comportamento fora da peleja.


Revolução Federalista

Mas foi na Revolução Federalista de 1893 que a prática de degolar foi aprimorada com requintes de pavor. Tanto que até explicações “científicas”, como era costume se dizer na época, surgiram para justificar tão desumano ato.

“O gaúcho é, essencialmente, um criador de gado que tem maestria no manejo de lâminas. E, assim, vê sangue com naturalidade” diziam uns. “Na guerra de movimentos e de poucos recursos, não há condições de ter e fazer prisioneiros. Então, faca na garganta para economizar munição, tempo e alimentos”, concluíam outros.

Foi aí que surgiu também a classificação da degola, conforme a técnica que era utilizada. A primeira era chamada de crioula, corbata colorada ou castelhana: quando a faca passava, com um só corte, de uma orelha a outra do condenado. A segunda, conhecida como brasileira, ou científica, quando simplesmente faziam dois pequenos cortes exatamente sobre as carótidas do vivente, para verem a criatura se debater, alucinada, tentando segurar o próprio sangue. E, com o domínio dessas duas técnicas básicas, começaram a surgir nomes que se tornaram tristemente famosos, como dos maragatos Adão Latorre, coronel Furião, coronel Juca Tigre, Cezário Saravia e o uruguaio “El Rengo”, entre outros rebeldes menos conhecidos.

Os coronéis maragatos Adão Latorre e Manuel Rodrigues de Macedo (Fulião) também colocaram seus nomes na triste lista dos mais famosos degoladores


Aliás, não foram poucos que se alistaram nas tropas revolucionárias simplesmente para vingar um familiar ou ente querido morto desta maneira pela repressão castilhista. Talvez por isto, os pica-paus tenham uma lista bem maior de nomes inscritos na triste “arte” da gravata colorada. Afinal, ela era incentivada pelo Estado.

Foi assim com Xerengue, tenente Chachá Pereira, tenente Corbiniano, tenente-coronel João Alves, coronel João Francisco (também conhecido como a Hiena do Caty) e o mais famoso e também o maior degolador da revolta, o general cruz-altense Firmino de Paula.

Até 1893, antes mesmo de o conflito ser deflagrado, Firmino já tinha um longo histórico de violências e atrocidades contra adversários políticos na região do Planalto Médio gaúcho, como nos conta o historiador Rossano Cavalari, em seus livros já clássicos: Cruz Alta – Ninho de Pica-Paus e Os Olhos do General. Mas foi no Boi Preto, em abril de 1894, que ele foi alçado à fama de o maior degolador da revolução.

A história começa quando chefe federalista de Palmeira das Missões, Ubaldino Machado, reúne uma tropa de cerca de 400 combatentes e toma o rumo de Santo Ângelo. Nas imediações daquela cidade missioneira, travam combate com cerca de 300 legalistas e os vencem sem muito esforço, deixando mais de 40 inimigos mortos e outros tantos em uma corrida sem igual até Cruz Alta, cidade conhecida como um verdadeiro ninho de pica-paus. E lá, a Divisão do Norte, que vinha em perseguição a Gumercindo Saraiva, toma conhecimento do fato e também da localização e direção da coluna maragata de Ubaldino. Na mesma hora, o então coronel Firmino de Paula se separa do grosso da tropa e parte em busca dos rebeldes. No caminho, encontra e aprisiona um piquete de retaguarda de Ubaldino, descobrindo então, o local exato onde suas forças estão acampadas: o Boi Preto, na periferia de Palmeira.

1895 – Cavalaria do coronel João Francisco Pereira de Souza, a ‘Hiena do Caty’. Maragato que entrava vivo neste quartel, não saía vivo


Depois, degola todos os integrantes do piquete maragato e parte em direção ao acampamento rebelde. Naquela mesma noite, sem saber da iminente chegada de Firmino e sua gente e ainda acreditando no boato que não haveria mais combates e um tratado de paz seria assinado por aqueles dias, os revolucionários promovem um grande churrasco com a presença de mulheres “de vida fácil” e muito trago. Às cinco horas da madrugada, o líder pica-pau cruz-altense surpreende o acampamento de “borrachos” e ressacosos e os encurrala abaixo de tiros. No raiar do dia, e com garantias de vida, 370 maragatos se rendem e são amarrados com tiras de couro. Todos são obrigados a assim marcharem até Cruz Alta. No caminho, os prisioneiros foram sendo degolados e abandonados na beira da estrada para servirem de exemplo a outros rebeldes que ousassem passar perto daquela cidade.

As mortes não lhe perturbavam, nem os pedidos de clemência de um dos prisioneiros implorando insistentemente para ser solto. Era um primo-irmão de Firmino, Arthur Beck, que lhe serviu de enfermeiro determinada vez em Santa Maria, e que noutra vez, salvou seu filho de uma tenaz enfermidade. Firmino não lhe dirigiu o olhar, continuou imóvel, como em um êxtase macabro. Segundos depois, acelera o galope do cavalo e, ao se aproximar de seus imediatos, faz o fatídico sinal com a mão direita, cruzando-a pelo pescoço. Mais um lote de prisioneiros seria degolado. Entre eles, Arthur Beck, o seu "primo-irmão”, descreveu Rossano Cavalari.

E desta maneira, aos lotes, foram mortos os 370 prisioneiros rebeldes. Trinta perto do Boi Preto; Na Porteira, mais de cem; em Olhos D’Água, próximo a Cruz Alta, outros 140 homens; além de grupos de 10 a 20 prisioneiros que foram sendo deixados pelo caminho com a garganta cortada e cartazes o identificando-os como maragatos. E com ordens expressas de não removerem os cadáveres. Era exatamente o dia 5 de abril de 1894. Ao chegar a Cruz Alta, Firmino ainda enviou um cabotino telegrama a Julio de Castilhos, contando detalhes do fato:

Hoje, às 5 da manhã, bati em combate Ubaldino acampado em Boi Preto, morrendo 370 dos 500 maragatos, muitos deles oficiais […]. Não houve mortes entre nossa gente.  
Coronel Firmino de Paula, comandante da 5ª Brigada da Divisão do Norte.”

Não havia 500 guerrilheiros inimigos e também é difícil imaginar um combate com 370 mortos de um lado e nenhum do outro. Mesmo nas piores condições de guerra.

Firmino ainda veio a colocar seu nome em outro triste episodio da revolução de 1893. Quando Gumercindo Saraiva é atingido por dois tiros nos campos do Carovi e vem a morrer entre os chapadões da Estância Santiago, hoje Município de Bossoroca, ele foi um dos responsáveis pela exumação do corpo do mais famoso general maragato no Cemitério dos Capuchinhos, sua decapitação e o envio de sua cabeça para Porto Alegre como troféu de guerra para Julio de Castilhos.

Firmino de Paula, o general cruz-altense está diretamente ligado a nada menos que 1.070 degolas durante a Revolução Federalista de 1893-95.


E, mais triste ainda, sua Brigada caçou, maneou e amarrou pelo pescoço cerca de 800 maragatos (entre eles, muitas mulheres e crianças) que desertaram das fileiras revolucionárias logo após a morte de Saraiva. Sem muita demora, todos foram sumariamente degolados em frente a soldadesca ensandecida, também sob suas ordens expressas. Foi, então, que a fama de Firmino se espalhou pela Pampa. A má fama de degolador.

E esta horrenda prática também foi registrada na Revolução de 1923. Mas, em todo, em número bem menor que as de 1893-95. Muito por Flores da Cunha e Honório Lemes, dois dos maiores líderes daquela refrega, coibirem energicamente a degola de inimigos entre suas forças.

Não houve relatos de degolas nas revoluções de 1924, 25 e 26. E pelo menos uma degola durante a Revolução de 1930. Está aconteceu na divisa dos Estados do Paraná e São Paulo, onde forças paulistas faziam uma encarniçada e resistente defesa do território.

Conta a história que, quando combatentes gaúchos conseguiram entrar em uma das inúmeras trincheiras do inimigo, um combatente paulista se rendeu depois da morte de todos seus colegas. Logo depois, foi degolado na frente de seus companheiros de armas que, aterrorizados com a barbárie, saíram em uma fuga tresloucada.

Como era de hábito, o episódio foi “esquecido” pela historiografia oficial. Afinal, é a história da infâmia nas guerras gaúchas.


Fonte: claudemirpereira.com.br


sábado, 23 de setembro de 2023

PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR - VOLUNTÁRIA DA PÁTRIA MARIANA BARRETO

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A Pernambucana Mariana Amália do Rego Barreto foi enfermeira de campo dos Voluntários da Pátria durante a Guerra do Paraguai. 


* 17/1/1846 - Vitória do Santo Antão-PE

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Filha do capitão Joaquim Pedro do Rego Barreto, sobrinha do tenente-coronel Manoel Joaquim do Rego e prima do Conde da Boa Vista, Mariana Amália do Rego Barreto nasceu em Vitória do Santo Antão, Pernambuco, no dia 17 de janeiro de 1846. 

Com a criação dos Voluntários da Pátria pelo imperador Pedro II, em janeiro de 1865, a fim de mobiliar com efetivos o Exército Imperial e combater as forças paraguaias de Solano López, diversos cidadãos brasileiros se apresentaram para a guerra. Em Vitória de Santo Antão foi nomeada uma comissão para arregimentar os voluntários, composta pelo tenente-coronel Pedro Bezerro Pereira de Araújo Beltrão, major Manoel Cavalcanti de Albuquerque Sá e capitão Aristides Carneiro da Cunha Albuquerque.


Acompanhada do irmão Sidrônio Joaquim do Rego Barreto, ao anunciar na Imprensa local que iria para o campo de batalha como enfermeira, Mariana, então com 18 anos de idade, ganhou fama de heroína em sua cidade natal. Chegou a ser homenageada no teatro Santa Isabel do Recife, saudada por  grande público, além de ser recebida pelo então presidente da Província, o Marquês de Paranaguá, onde assistiu um grande espetáculo de poesias em sua homenagem. 

No dia de sua partida da cidade de Vitória, a jovem Mariana Amália, vestida com saiote amarelo bordado de verde, e tendo no braço a estrela de 1º cadete, postou-se à frente de seus conterrâneos, e pronunciou a seguinte alocução, que foi publicada no Diário de Pernambuco

“Briosa corporação da Guarda Nacional, bravos Vitorienses, vou partir para a guerra. O brado da pátria, tão ultrajada, ecoou em meu peito. As atrocidades praticadas pelo mais requintado canibalismo que o mundo já viu, transpôs-se ao natural acanhamento do meu sexo, e me apresentei Voluntária da Pátria para, no campo de batalha, debelar essas hordas de infames paraguaios que tão ousadamente profanam o solo brasileiro, manchando o brilho de suas fulgurantes estrelas do Império da Santa Cruz, nossa Cara Pátria. Adeus, Adeus vitorienses! Espero que não serei esquecida de vós, e vos peço que por essa última vez entoeis comigo: Viva a Religião Católica Romana! Viva Sua Majestade o Imperador Viva o Sr. Presidente da Província, Viva os Pernambucanos, Amantes da Pátria!”

A jovem voluntária da Pátria Mariana Barreto 

Atendeu a milhares de feridos nos campos de batalha do Paraguai entre 1865 a 1868. Mariana Sobreviveu à guerra e, após o término do conflito, foi morar em Jaboatão dos Guararapes com a família, onde fez parte do Movimento Abolicionista. Agindo com equilíbrio e moderação, Mariana Amália conseguiu convencer os senhores de engenho em Vitória de Santo Antão que dessem cartas de alforria aos seus escravos. 

O ano de sua morte é desconhecido. Em sua homenagem, a principal avenida de sua cidade natal e uma escola do município receberam o seu nome.

Fonte: História da Vitória de Santo Antão e portal Nossa Vitória


sexta-feira, 8 de setembro de 2023

PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR – GENERAL HATAZŌ ADACHI

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* 17/6/1890 - Ishikawa, Japão

+ 10/9/1949 - Rabaul, Nova Bretanha


O tenente-general Hatazō Adachi pertenceu ao Exército Imperial japonês, e é conhecido por sua participação na Segunda Guerra Sino-Japonesa e na Campanha da Nova Guiné, durante a Segunda Guerra Mundial.


Demasiado pobre para pagar as escolas preparatórias militares necessárias para uma carreira na Marinha Imperial Japonesa, ainda jovem prestou o concorridíssimo concurso para a Academia de Cadetes de Tóquio e foi aprovado, o que lhe permitiu entrar na Academia Imperial do Exército japonês, onde se formou na 22ª turma, em 1910.

Adachi serviu com a 1ª Divisão de Guardas Imperiais, e depois se formou na 34ª classe da Escola de Guerra do Exército, em 1922. Ao contrário de muitos oficiais de seu tempo, Adachi evitou o envolvimento nas facções políticas que atormentaram o exército japonês nos anos 1930. Depois de servir em uma série de funções administrativas dentro do Estado-Maior do Exército Imperial japonês, Adachi foi designado para a unidade da Guarda Ferroviária do Exército Kwangtung, responsável pela segurança da South Manchuria Railway em 1933.


Guerra Sino-Japonesa

Adachi foi promovido a coronel em 1934, e nomeado comandante do 12° Regimento de Infantaria em 1936. Durante o incidente de Xanghai, em julho de 1937, Adachi ganhou a reputação de conduzir suas tropas com bastante liderança, lutando sempre onde a luta era mais intensa. Foi ferido por uma barragem de morteiro em setembro, a qual deixou sequelas permanentes em sua perna direita.

Foi promovido a general no princípio de 1938 e designado comandante da 26ª Brigada de Infantaria. Adachi tinha a reputação de ser um "soldado-general", compartilhando as condições de vida miseráveis de suas tropas e sendo receptivo a discussões abertas e francas com seus oficiais e pessoal.

Promovido a tenente-general em agosto de 1940, foi comandante da 37ª Divisão na Batalha de Shanxi do Sul. Em 1940, tornou-se chefe do Estado-Maior do Exército da Área da China do Norte, entre 1941-1942, durante o auge de suas campanhas de terra arrasada contra as forças chinesas.


Segunda Guerra Mundial

O tenente-general Adachi comandou as forças japonesas na Nova Guiné desde o ano de 1942 até ao término da Segunda Guerra Mundial. Assumiu o comando do XVIII Exército após a morte do tenente-general Tomitaro Horii, em 23 de novembro de 1942, e liderou um exército que se encontrava já em retirada. Enquanto as forças aliadas faziam intenso uso do poder aéreo e naval para isolar a grande base militar japonesa em Rabaul, as tropas nipónicas viram-se forçadas a recuar ao longo da Trilha Kokoda para Buna-Gona.

Ao contrário de seus colegas menos afortunados, isolados em pequenas guarnições na ilha, Adachi foi capaz de realizar um prolongado retraimento de das suas forças. Em janeiro de 1943 o general desocupou Buna e retornou para Sio, na Península de Huon, permanecendo por lá até ao ano seguinte. No início de 1944 o general Douglas MacArthur forcou a evacuação de Sio e da Pensínsula de Huon. Cerca de 14 mil homens foram evacuados da península, alguns dos quais tiveram que fazer uso de barcaças nas zonas costeiras, enquanto outros foram forçados a realizar longas marchas para fora da área.

O XVIII Exército acabou por se ver obrigado a regressar a Wewak, na costa norte da Nova Guiné, onde permaneceu isolado até ao fim da guerra. Adachi protagonizou duas tentativas de sair da capital de East Sepik. A mais severa delas conseguiu retirar de cerca de 31 mil homens para fora de Aitape (julho-agosto de 1944), contudo o fracasso deste importante esforço convenceu Adachi de que qualquer outra tentativa de fuga seria em vão, principalmente porque a linha da frente japonesa estava forçada a afastar-se cada vez mais longe da sua posição.

Adachi e o XVIII Exército acabaram por se render a 13 de setembro de 1945. Mas, a esta altura, apenas 13.500 homens dos 65 mil que compunham a sua força inicial, ainda se encontravam vivos, os quais sofreram terrivelmente durante o longo cerco de Wewak.

Adachi rende seu XVIII Exército ao general australiano Horace Robertson

No final da guerra, Adachi foi levado sob custódia pelo governo australiano e acusado de crimes de guerra, em conexão com maus-tratos e execução arbitrária de prisioneiros de guerra. Apesar de não estar pessoalmente envolvido em nenhuma das atrocidades mencionadas, Adachi insistiu em absorver a responsabilidade de comando pelas ações de seus subordinados durante o tribunal militar, e foi condenado à prisão perpétua.

No dia 10 de setembro de 1947, Adachi se matou em seus aposentos com uma faca, no complexo dos prisioneiros de Rabaul.