domingo, 26 de fevereiro de 2023

IMAGEM DO DIA - 26/2/2023

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Posto de comando da Legião Estrangeira na frente de Belloy-en-Santerre em 4 de julho de 1916, durante a Primeira Guerra Mundial.
 


sábado, 25 de fevereiro de 2023

O FIM DO PACTO DE VARSÓVIA (1991)

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Em 31 de março de 1991, foi extinto o Pacto de Varsóvia, fundado em 1955 pela União Soviética e seus satélites, em contraposição à Otan e em resposta à inserção da Alemanha em alianças militares ocidentais.

Por Christa Kokotowski


As estruturas militares da aliança militar do Leste Europeu deixaram de existir no dia 31 de março de 1991. Sua dissolução foi decretada numa conferência dos ministros do Exterior e da Defesa dos países-membros, realizada em fins de fevereiro daquele ano em Budapeste.

Justamente os representantes da União Soviética estavam ausentes. Ou será que eles simplesmente quiseram evitar uma situação desagradável? Afinal, 35 anos antes, os tanques soviéticos haviam acabado com uma revolução popular ali mesmo em Budapeste, capital da Hungria. Além disso, a cerimônia que punha fim ao Pacto tinha lugar no salão de baile de um luxuoso hotel americano.


Resposta do Leste à OTAN

Fazia quase 36 anos que fora criado, a 14 de maio de 1955, na capital que lhe deu o nome, o Pacto de Varsóvia, com o qual os países do bloco comunista se contrapunham à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Mais ainda, reagiam ao fato de a Alemanha ter recuperado, por meio dos Tratados de Paris, a soberania perdida após a derrota na Segunda Guerra e ter sido aceita na Otan e na União da Europa Ocidental.

Haviam participado da fundação, ao lado da União Soviética: Albânia, Bulgária, Hungria, Polônia, Romênia, assim como as antigas República Democrática Alemã e Tchecoslováquia. Formalmente, o Pacto de Varsóvia – que se reportava aos estatutos das Nações Unidas – era um acordo regional entre parceiros em igualdade de direitos, para a defesa coletiva em caso de agressão externa. Na verdade, tratava-se de um instrumento tanto militar como político da União Soviética, com a meta de disciplinar seus membros.

Um ano após a fundação, os húngaros sentiram na pele o que isso significava, quando seu desejo de liberdade foi massacrado pelos tanques soviéticos. E o mais tardar em agosto de 1968 a organização deixou claro ao mundo o que ela era na realidade: um instrumento de poder em mãos de políticos soviéticos, capazes de tudo para impor a hegemonia de seu conglomerado de países. Desta vez o alvo foi a então Tchecoslováquia, em cuja capital tinha lugar o movimento pela democracia que ficou conhecido como a Primavera de Praga.

Primavera de Praga: o Pacto de Varsóvia sufoca o movimento pela democracia iniciado na Tchecoslováquia


Começo do fim

Foi justamente com a intervenção em Praga que começou o fim do Pacto de Varsóvia: os albaneses saíram da aliança em sinal de protesto e os romenos não participaram da invasão. Nos anos seguintes, multiplicaram-se as tentativas de reorganização da aliança: no fundo, apenas gestos para dar a impressão de que seus membros tinham o que dizer. Na realidade, o Pacto continuou a ser o que era: na era de distensão dos anos 1970, um instrumento da política externa soviética; no início da década de 1980, um instrumento de propaganda contra as estratégias da Otan.

A política de abertura de Mikhail Gorbatchev acelerou o processo de desintegração, reforçado ainda pelas transformações políticas na RDA, Bulgária e Romênia, e pela retirada das tropas soviéticas da Hungria e Tchecoslováquia. Por fim, com a anuência de Gorbatchev para a reunificação da Alemanha e a permanência desta na Otan, o Pacto de Varsóvia perdeu a razão de existir.

Os generais do Pacto de Varsóvia reunidos no encontro que selou o fim da aliança, em 1991

Três meses após a cerimônia em Budapeste, na qual se dissolveu sua estrutura militar, foi assinado em Praga o protocolo do término do "acordo de amizade, cooperação e assistência mútua", como era seu nome oficial.

Oito anos mais tarde, a República Tcheca, Polônia e Hungria passaram a integrar a Otan, à qual pertencem desde março de 2004 também a Bulgária, Romênia, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Letônia e Lituânia – ou seja, quase todos os antigos inimigos, integrantes do extinto Bloco Comunista.

Fonte: DW



domingo, 5 de fevereiro de 2023

QUATRO CARTAS DE UM COMANDANTE DE CAVALARIA DO EXÉRCITO NAPOLEÔNICO

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As correspondências entre lideranças ou pessoas comuns constituem-se em valiosas fontes para o estudo dos fatos históricos.  


Publicamos, a seguir, quatro cartas escritas pelo coronel Castex, do Exército Francês, publicadas, pela primeira vez, na revista Carnet de la Sabretache n° 123, de março de 1903.
Bernard-Pierre Castex foi um hábil comandante de cavalaria francês. 

Castex nasceu em Pavie, na região de Armagnac, em 29 de junho de 1771. Em 1792 voluntariou-se para os Caçadores a Cavalo (Chasseurs à cheval) de seu departamento (Gers) e foi feito general de divisão, em 28 de outubro de 1813. Napoleão tornou-o Barão do Império em 1808. Luís XVIII concedeu-lhe o título de Visconde em 1822, nomeou-o Grande Oficial da Legião de Honra e concedeu-lhe a Grã-Cruz de Saint-Louis. O Visconde de Castex faleceu em Strasburgo, no dia 19 de abril de 1842.

A seguir, quatro correspondências do coronel Castex que contribuem para a pesquisa histórica das Guerras Napoleônicas:


Belmar, 15 de outubro de 1806.

Você deve ter ficado surpreso por não ter recebido notícias minhas durante minha estada em Versalhes. Não pude fazê-lo, tendo permanecido ali apenas seis dias, em meio a uma variedade de ocupações. Além disso, eu não teria lhe dado nenhuma notícia mais satisfatória do que esta.

Ontem (em Jena), derrotamos completamente o Exército Prussiano. Os remanescentes desse exército se retiraram em desordem. Perseguimos o inimigo sem que ele pudesse se evadir. Eu mandei realizar uma carga pelo 7º Regimento de Caçadores que eu havia comandado como major por três dias, que resultou na minha promoção a coronel no campo de batalha. O Imperador pediu para me ver e disse: “Você é um homem corajoso, você é um coronel. Diga aos caçadores que eu sabia que eles eram melhores que os saxões e os prussianos”. Para mim, aquele foi o melhor dia da minha vida. Meu pai e minha mãe, sem dúvida, compartilharam a satisfação que a ocasião me proporcionou.

Mais tarde, quando tiver tempo, darei alguns outros detalhes. O coronel Marigny (do 20º de Caçadores) havia assumido o comando de seu regimento oito dias antes desta batalha. Ele foi morto por uma bala de canhão: é o seu regimento que agora comando.

CASTEX.


(Para seu amigo Despax).
Ming, 12 de março de 1807.

Tem sido impossível para mim, meu caro amigo, enviar-lhe qualquer notícia mais cedo. Desde 28 de janeiro [de 1807] me encontro constantemente na vanguarda e você deve saber que o correio não costuma seguir muito de perto. É, portanto, somente esta razão que me deu o prazer de escrever para você. Eu estava tanto mais ansioso para encontrar um momento favorável para esta ocasião, pois estou convencido de que todos vocês devem estar preocupados, especialmente depois das várias batalhas que vivemos no mês de fevereiro.

A do 8º em particular [Eylau] não poderia ter sido mais devastadora para os russos, muito mais do que foi para nós. Em uma palavra, o campo de batalha de Eylau é o mais horrível de todos os terrores já testemunhei em minha vida. Notei que havia pelo menos quatro russos mortos para cada francês. Meu regimento sofreu um pouco em todo esse tempo, mas com alguns dias de descanso não será mais perceptível. Os bravos homens que morreram serão substituídos por outros.

Quanto a mim, estou indo muito bem. O descanso que estou desfrutando no momento está me fazendo muito bem. Eu até gostaria que durasse mais alguns meses, mas duvido que dure.

CASTEX.


Burghausen, 30 de abril de 1809.

Três batalhas, três combates e tantas vitórias. Eu estou indo bem.

A Baviera foi completamente evacuada e estamos marchando para Viena, onde provavelmente estaremos dentro de um mês. Os jornais fornecerão outros detalhes.

Enquanto isso estou montando meu cavalo para encontrar meu lugar na vanguarda do exército.

CASTEX.


Neustadt, 17 de maio de 1809.

Estou bem, meu caro amigo.

O exército está em Viena e meu regimento fica nas fronteiras da Hungria, onde esperamos encontrar mais milho do que o Landsturm (de que nos falaram), se tivermos vontade de cruzar a fronteira.

Enquanto isso, estamos nos recuperando um pouco de nossas fadigas. Não vou falar de nossos sucessos, convencido de que os jornais se preocuparam em lhe dar todos os detalhes, mas lhe direi que Dayrens estava tão cansado que ficou para trás, a 30 léguas daqui, junto com os outros oficiais feridos.

CASTEX.