terça-feira, 28 de dezembro de 2021

1798: NAPOLEÃO COMEÇA A CAMPANHA DO EGITO

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Em 19 de maio de 1798, Napoleão partiu com 18 mil soldados para conquistar o Egito. Dois meses depois, suas tropas chegariam ao Cairo. Antes disso, venceram os mamelucos na lendária Batalha das Pirâmides.


Por Catrin Möderler

A Revolução Francesa, cujo auge fora a queda da Bastilha em junho de 1789, ainda não fora superada: o país estava sacudido por conflitos. Napoleão Bonaparte, jovem general corso, conseguiu estabilizar a situação ao sufocar um levante monarquista em Paris em 1795. Ele reorganizou as tropas francesas e venceu os austríacos e piemonteses, bem como seus aliados Prússia e Saboia. Seu domínio logo se estendeu à margem esquerda do rio Reno, à Bélgica e a Milão.

Foi nesse cenário que Napoleão decidiu iniciar a campanha do Egito. O objetivo era desmantelar uma importante rota inglesa de comércio. O rei Jorge III não havia reconhecido as conquistas territoriais francesas na Itália. Vendo que não tinha qualquer possibilidade de invadir a Inglaterra, Napoleão planejava derrotá-la no setor econômico.

Soldado caçador da 22ª Meia-brigada de Infantaria Ligeira francesa no Egito

A base da economia inglesa eram as colônias, das quais a Índia era a principal. O comércio de mercadorias indianas era vital para a Inglaterra. E Napoleão planejou exatamente bloquear o longo caminho inglês até a Índia, que passava por território egípcio. A 19 de maio de 1798, partiu com 18 mil soldados para conquistar o  Egito.


Supostas boas intenções napoleônicas

Em 18 de julho, suas tropas chegaram ao Cairo. Antes disso, venceram os mamelucos na lendária Batalha das Pirâmides, onde, porém, sofreram pesadas perdas. Em meio ao tiroteio, os disparos dos canhões franceses destruíram o rosto da Grande Esfinge de Gizé, a "sentinela da eternidade".

Napoleão e suas tropas durante a Batalha das Pirâmides

Como pretexto para invadir o Egito, Napoleão Bonaparte alegou que queria apenas garantir, por todos os meios, o acesso seguro dos peregrinos a Meca. "Somos amigos dos muçulmanos e da religião do profeta Maomé", disse. Hábil estrategista e mestre em empolgar as tropas, lembrou aos soldados, à base das pirâmides, de que eles se encontravam diante de 40 séculos de história. Suas supostas boas intenções, contudo, não convenceram os adversários.

O sultão turco Selim III, que encarregara os mamelucos do xeque Abdallah al Charkawi de administrar o território egípcio, tentou fazer uma guerra santa contra Napoleão. Suas tropas precariamente armadas tornaram-se presa fácil para os franceses. Ao contrário dos soldados britânicos sob o comando do almirante Horatio Nelson: estes conseguiram derrotar a frota napoleônica na Baía de Abukir, reconquistando a rota inglesa para a Índia, e barrando o retorno de Napoleão à França.

"Tracé du théatre des opérations militaires" dos manuscritos de E.L.F. Hauet da Campanha no Egito na Universidade Americana do Cairo


Ascensão de Napoleão na França

Somente um ano mais tarde, Napoleão conseguiu derrotar o exército turco em terra na Batalha de Abikur. Em seguida, deixou o general Kléber no Egito, como comandante-em-chefe das tropas francesas, e voltou para casa, escoltado por uma guarda pessoal mameluca.

O que só alcançara em parte no Egito, o militar corso logrou inteiramente na França: a ascensão ao poder. Auxiliado por militares e membros do governo, Napoleão Bonaparte derrubou o Diretório a 10 de novembro de 1799, dissolveu a Assembleia e implantou o Consulado, uma ditadura disfarçada. Depois de ser cônsul-geral, em 1804 coroou-se imperador, como Napoleão I. Era o fim da Revolução Francesa.

O ditatorial governo napoleônico foi marcado tanto pelo êxito nas guerras e nas reformas internas, como pela censura à imprensa e a repressão policial. Napoleão I interveio em toda a Europa, passando a controlar grande parte dos países europeus. Foi temendo a expansão francesa que a família real portuguesa fugiu em 1808 para o Brasil. Em 1812, o império napoleônico incorporava 50 milhões dos 175 milhões de habitantes do continente europeu.

Fonte: DW



quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

A REVOLUÇÃO QUE NÃO SE REFLETIU NOS UNIFORMES

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Após troca de uniformes, militares soviéticos resolveram retomar vários elementos da época imperial. Com o tempo, comando do Exército recuperou uma série de elementos distintivos de sua vestimenta, e algumas peças se mantiveram sem grandes alterações até o início do século XXI.

Por Aleksandr Verchínin


O Exército Russo criado por Pedro I deixou de existir no início de 1918, depois de os bolcheviques, tendo tomado o poder com a Revolução de Outubro de 1917, anunciarem a criação do Exército Vermelho. Esta decisão foi, em muitos aspectos, uma simples constatação do inevitável: no final de 1917, o antigo Exército estava praticamente desintegrado.

A Primeira Guerra Mundial levara o país e seu Exército para um beco sem saída. Os soldados nas trincheiras se recusavam a lutar e muitos fugiam para a retaguarda. Entretanto, a Guerra Civil que rebentou entre vermelhos e brancos exigiu a criação de novas forças armadas organizadas, com um comando único, logística militar e uniforme padronizado.

Quatro anos antes da guerra mundial o governo tsarista armazenou imensos estoques de uniformes militares. Sobretudos, camisas e sapatos eram coisas que não faltavam. Se desejasse, o Exército Vermelho poderia vestir vários milhões de pessoas. O problema era outro: é que os homens do Exército branco usavam precisamente o mesmo uniforme.

Em 1918 não foram raros os casos em que soldados do Exército Vermelho, depois de cruzarem acidentalmente a linha do front, se davam conta de estar em meio a inimigos apenas depois de iniciar uma conversa. Para poder diferenciar uns dos outros, o Exército Vermelho introduziu um emblema especial no peito, em forma de ramos de louro entrelaçados com uma estrela vermelha, e no centro do qual havia o símbolo da foice e o martelo cruzados.

Oficial russo posando para a foto com sua budiônovka na época da Guerra Civil

No entanto, o elemento que mais diferenciava o soldado do Exército Vermelho era a famosa “budiônovka”. O seu esboço havia sido traçado ainda antes da guerra, como um chapéu de gala para o desfile de aniversário da dinastia reinante. Durante a Guerra Civil, a “budiônovka” se popularizou. Era uma espécie de capacete de tecido grosso com pala na frente, aba na nuca e cujas pontas desciam a partir das têmporas. Nos dias quentes, essa aba era dobrada e presa em cima; já nos dias frios, era solta e amarrada debaixo do queixo.


Diferente, mas igual

O Exército Vermelho se baseava em princípios diferentes do antigo modelo imperial. Por exemplo, nele não havia lugar para corpo de oficiais: os oficiais eram considerados uma relíquia do passado, um elemento do autoritarismo. Mas como nenhum Exército existe sem comando, também o Exército Vermelho manteve os postos altos – simplesmente com outros nomes.

O coronel virou “komot” (comandante do esquadrão) e o general virou “komdiv” comandante de divisão. O posto mais alto, correspondente ao antigo marechal era agora o “komandarm” (comandante do Exército). Junto com o corpo de oficiais, foram abolidos também os elementos especiais distintivos dos oficiais superiores do Exército, os alamares e as insígnias nos ombros.

Uniformes da década de 1930

Com o tempo, o uniforme militar soviético foi perdendo os seus elementos originais da época revolucionária e se aproximando mais de modelos existentes no tempo do Exército imperial. Em 1924, os capotes e sobretudos perderam todos os emblemas das mangas e lapelas de proteção dos bolsos. Apenas as insígnias no colarinho, para onde foram transferidos todos os quadrados, triângulos e losangos das mangas, permitiam agora determinar o posto do comandante.

Além disso, o tamanho das insígnias foi reduzido, e todas passaram todas a ser de metal. No lugar da “budiônovka” foi introduzida uma proteção para cabeça igual a todos os ramos e postos militares – o quepe com pala, com uma estrela vermelha. As unidades militares receberam capacetes de metal projetados para as tropas imperiais ainda em 1916.


Diante da Segunda Guerra

No lugar dos antigos sobretudos com lapela de proteção sobre os bolsos foram introduzidos “guimnastiôrkas” (tipo de camisa comprida e larga) iguais de cor cáqui. Esses modelos se mantiveram sem grandes alterações até o início do século 21: até recentemente o soldado do Exército russo se vestia no inverno do mesmo modo que o soldado da década de 1920.

Soldados soviéticos com suas guimnastiôrkas durante a 2ª Guerra Mundial

O comando do Exército recuperou uma série de elementos distintivos de sua vestimenta. Na véspera da Segunda Guerra Mundial, as denominações revolucionárias dos postos militares foram substituídas pelas tradicionais: o Exército Vermelho voltou a ter generais e marechais.

A peça principal da roupa exterior passou a ser a jaqueta, cuja divisa era costurada em tecido vermelho e faixa dourada. Os oficiais obtiveram o direito de usar uma arma pessoal, medida que não se autorizava desde o tempo da revolução.

No entanto, as platinas não regressaram logo ao Exército. Esse importante elemento dos uniformes oficiais só voltou a ser adotado durante a Segunda Guerra Mundial.

Fonte: Gazeta Russa



sábado, 18 de dezembro de 2021

BATALHA DE MOLINO DEL REY (1847)

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Em 8 de setembro de 1847, a expedição do Exército dos Estados Unidos contra a cidade do México, comandada pelo tenente-General Winfield Scott, lançou um ataque ao Molino del Rey, a mais importante defesa da fortaleza de Chapultepec, a porta de entrada para a Cidade do México. 

As tropas norte-Americanas tomaram o posto após uma luta sangrenta, na qual a força mexicana de cerca de 8,000 homens sofreu uma estimativa de 270 mortos, 500 feridos, 700 capturados, mais um número dado como desaparecido ou Deserto. A força americana de pouco menos de 10.000 homens também sofreu perdas relativamente severas, com 116 mortos, 665 feridos e 16 desaparecidos. 

Tropas americanas investem contra o Molino del Rey

Como resultado, o Exército dos EUA continuou o seu avanço contra Chapultepec e a cidade do México.



Fonte:  U.S. Army Center of Military History

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

IMAGEM DO DIA - 9/12/2021

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Libertação de Bruges no fim da Grande Guerra: o Rei Alberto I dos Belgas com sua esposa, a Rainha Elisabeth, entra em Bruges em 25 de outubro de 1918 ao lado do Almirante Roger Keyes (extrema esquerda) e do 1º Conde de Athlone (extrema direita)

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sábado, 4 de dezembro de 2021

PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR - CORONEL JOÃO NIEDERAUER SOBRINHO

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* 4/4/1827 - Três Forquilhas-RS

+ 13/12/1868 - Villeta, Paraguai



O Coronel João Niederauer Sobrinho nasceu em 4 de abril de 1827, na colônia alemã de Três Forquilhas, na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, hoje Estado do Rio Grande do Sul. Era filho dos imigrantes alemães Felippe Leonardo Niederauer e Anna Catharina Diehl.

Em 1840, a família mudou-se para Santa Maria da Boca do Monte, mas o pequeno João permaneceu em São Leopoldo, estudando. Após uma temporada passada em Porto Alegre, trabalhando em uma casa comercial, juntou-se à família em Santa Maria, em 1844. Aí passou a trabalhar no curtume e selaria do pai, até viajar a negócios para São Borja, de onde só retornou em 1847.

A partir de então, passou a trabalhar com o tio e padrinho João Niederauer, cuja filha viria mais tarde a desposar. Em 1851, irrompeu a Guerra contra Oribe e Rosas, os caudilhos platinos que desafiavam os interesses brasileiros na região. João Niederauer, com apenas 23 anos, apresentou-se como voluntário, sendo nomeado alferes do 1º Corpo de Cavalaria da Guarda Nacional do Distrito de Santa Maria. Essa nomeação denota o prestígio de que já desfrutava em sua terra adotiva.

Ao retornar da campanha, ostentava a Medalha de Prata com fita verde, por serviços relevantes e logo foi promovido a capitão. Em 21 de setembro de 1852, casou-se com a prima Maria Catharina, na igrejinha que existia no mesmo local onde hoje se ergue o monumento em sua homenagem, na Avenida Rio Branco, próximo à Praça Saldanha Marinho.

Durou pouco a permanência em casa, pois já em março de 1854, apenas 3 meses após o nascimento da primogênita, Delfina, o capitão Niederauer era chamado a integrar, com seu Esquadrão da Guarda Nacional Santamariense, a Divisão Imperial Auxiliadora, enviada ao Uruguai, a pedido do Governo daquele país, para pacificá-lo. Ao retornar a Santa Maria, em 1855, era já um dos mais influentes cidadãos de sua comunidade que àquela época se esforçava pela emancipação política de Cachoeira do Sul.

Voltou ao serviço em campanha nos anos de 1857 e 1858, no 4º Corpo de Cavalaria da Guarda Nacional, que integrava o Exército de Observação no Ibicuí, encarregado de vigiar as fronteiras com os países do Prata, então em constante agitação político-militar. Provavelmente por esse motivo, deixou de participar da Câmara Municipal de Vereadores que instalou a nova Vila de Santa Maria da Boca do Monte, em 17 de maio de 1858.

Em 30 de maio de 1860, com apenas 33 anos, foi promovido a tenente-coronel do 41º Corpo de Cavalaria da Guarda Nacional, sediado em Santa Maria. Em 7 de setembro do mesmo ano, foi eleito para a 2ª Câmara de Vereadores de Santa Maria com a terceira maior votação, para um mandato de 4 anos. Durante seu mandato, exerceu por largos períodos o cargo de Presidente da Câmara, que à época era também o Chefe do Poder Executivo Municipal.

Nas eleições seguintes, em 7 de setembro de 1864, foi o vereador mais votado, mas deixou de assumir o cargo por ter de seguir novamente para a guerra, em mais uma intervenção brasileira no Uruguai, em meio aos desmandos da administração de Aguirre. Deixava pela última vez sua casa, sua família e a terra adotiva. Maria Catharina estava grávida da última filha, Adelaide, que ele não chegaria a conhecer.

Na Campanha contra Aguirre, Niederauer comandou o 7º Corpo Provisório de Cavalaria, formado por voluntários santamarienses. Em 2 de janeiro de 1865, essa tropa participou da conquista de Paissandu e do cerco a Montevidéu, que capitulou a 21 de fevereiro do mesmo ano.

Frustraram-se as esperanças dos bravos cavalarianos de Niederauer de voltar para casa, pois uma nova e mais sangrenta guerra desenhava-se nos charcos do Paraguai. O apresamento do vapor brasileiro Marquês de Olinda e a invasão dos territórios do estado brasileiro do Mato Grosso e da província argentina de Corrientes por forças paraguaias ensejaram o tratado da Tríplice Aliança e a consequente declaração de guerra ao Paraguai.

Cavalarianos brasileiros na Guerra do Paraguai

Em 18 de maio de 1866, foi promovido a coronel e nomeado Comandante Superior da Guarda Nacional de Santa Maria da Boca do Monte e São Martinho, em substituição ao Coronel José Alves Valença, que falecera em Corrientes.

Nas operações da Guerra do Paraguai, comandou a 3ª Brigada de Cavalaria e a 2ª Divisão de Cavalaria. Nessa campanha, enriqueceu com páginas de heroísmo e bravura a História Militar Brasileira.

Além do reconhecimento e admiração de seus superiores, por quem foi muitas vezes oficialmente elogiado, e da estima e respeito de seus comandados, que quase o endeusavam, Niederauer foi agraciado com as mais importantes condecorações do Império: a Ordem da Rosa, por bravura no campo de batalha, após a Batalha de Tuiuti; e a Imperial Ordem do Cruzeiro do Sul, também por bravura, em 2 de abril de 1868.

Depois de participar, à frente de seus cavalarianos santamarienses, de 14 combates e duas batalhas, o Coronel Niederauer foi mortalmente ferido por um lançaço quando coordenava o recolhimento dos mortos e feridos, após a Batalha do Avaí, na qual mais uma vez cobrira-se de glória, em 11 de dezembro de 1868. Viria a falecer dois dias depois, no Hospital de Villeta, e ali perto sepultado. Seus restos mortais nunca foram identificados.

O quartel construído para o 7º Regimento de Infantaria, hoje da 6ª Brigada de Infantaria Blindada, ostenta na fachada o nome de seu patrono.

Niederauer foi objeto de inúmeras homenagens em sua cidade adotiva. Com razão considerado o mais notável herói militar santamariense, foi-lhe erigido um monumento no centro da cidade, em 1922, no contexto das celebrações do Centenário da Independência. Além disso, uma das mais importantes ruas que do Oeste demandam o centro da cidade recebeu o seu nome.

O Exército Brasileiro homenageou-o no centenário de sua morte, em 1968, dando-lhe o nome à Vila Militar da Avenida Borges de Medeiros; e em 1992, consagrando-o como o Patrono da 6ª Brigada de Infantaria Blindada, cuja sede, bem como as de 11 de suas 14 organizações militares orgânicas, está em Santa Maria.

Fontes:

6ª Bda Inf Bld

BRENNER, José Antonio. A saga dos Niederauer.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

EDITOR DO PORTAL CONDUZ PESQUISA NOS CAMPOS DE BATALHA DE IEPER (YPRES)

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Pesquisador Carlos Daróz palmilha o terreno dos campos de batalha de Ieper


Dando continuidade às pesquisas de doutorado sobre a Grande Guerra, o editor do portal Carlos Daróz-História Militar teve a oportunidade de visitar Ieper (no Brasil, mais conhecida pela designação em inglês Ypres), cidade na Flandres belga que foi palco de três das mais sangrentas batalhas do conflito de 1914-1918.

Após a Alemanha invadir a neutra Bélgica, nos primeiros movimentos da guerra, formou-se a extensa linha de trincheiras desde a Suíça até o Mar do Norte. A única porção do território belga que não foi subjugada pelos alemão foi a região de Flandres, onde se estabeleceu o saliente de Ieper.

Mapa mostrando o saliente de Ieper (Ypres), a única porção do território belga que não foi ocupada pelos alemães na Grande Guerra.


As forças alemãs fizeram três tentativas para romper o impasse, em 1914, 1915 e 1917, sem, contudo, conseguiram vencer as tropas britânicas, francesas e belgas que defendiam a região.

No final de 1914, no curso da primeira batalha, verificou-se entre as linhas inimigas a famosa "trégua de Natal", quando os soldados inimigos se confraternizaram, contrariando os comandos superiores. Na segunda batalha, os alemães utilizaram, pela primeira vez, os gases tóxicos Cloro e Fosgênio, provocando milhares de baixas, mas o saliente resistiu. Em 1917, durante a terceira batalha, batizada pelos britânicos como batalha dos Passchendale, o lamaçal resultante das chuvas imobilizou as tropas inimigas, permitindo a manutenção do saliente.

Na terceira batalha de Ieper (1917), mais conhecida pelos britânicos como Batalha de Passchendaele, a lama assegurou a manutenção do saliente de Ieper, apesar da intensidade do ataque alemão.


As batalhas produziram centenas de milhares de mortos, que se encontram sepultados em dezenas de cemitérios militares cuidadosamente preservados.

Um dos diversos cemitérios extremamente bem administrados pela Commonwealth War Graves Comission na região de Ieper, o Menin Road South Military Cemetery.


Sanctuary Hill Military Cemetery, onde estão enterrados soldados canadenses, a maior parte deles mortos nos ataques a gás de 1915.


Cemitério Militar de Ramparts (Porta de Lille), em uma das saídas de Ieper para o campo de batalha.


Cemitério Militar de Ramparts (Porta de Lille). O soldado sepultado é Albert Goodfellow, do Real Regimento de Artilharia (artilheiro como eu), falecido em 9 de agosto de 1915.



Lápide de um soldado desconhecido no Cemitério Militar de Ramparts. "Um soldado da Grande Guerra conhecido apenas por Deus". Milhares de lápides como esta encontram-se nos cemitérios militares de Ieper, e seus nomes encontram-se, com certeza, no memorial da Porta de Menin.


Na pesquisa de campo, em 25 quilômetros de caminhada, foram percorridas várias posições de combate, trincheiras e cemitérios, além da cidade de Ieper, que, na ocasião, foi literalmente pulverizada pela artilharia alemã.

O centro de Ieper atualmente



Entre 1914 e 1918, a pequena cidade de Ieper foi pulverizada pela artilharia alemã. Foi reconstruída após a guerra.


Uma valiosa contribuição para a pesquisa, experiência inesquecível e um privilégio poder palmilhar, a pé, esse campo de batalha.

Porta de Menin. Uma das principais saídas da cidade de Ieper para o campo de batalha. Após a guerra, os britânicos ergueram esse monumento/mausoléu para honrar seus "desaparecidos em combate"



"Aos exércitos do Império Britânico que estiveram aqui de 1914 a 1918 e aos mortos que não têm sepultura conhecida." Aqui estão registrados os nomes de 54 mil homens desaparecidos em combate ou que não puderam ser identificados.


Lista de desaparecidos sul-africanos na Porta de Menin. Desde 1927, todas as noites às 2000h, o Corpo de Bombeiros de Ieper presta uma homenagem aos mortos na guerra, realizando uma cerimônia com o toque de silêncio.


Além dos cemitérios e memoriais, foram visitados museus e trincheiras preservadas, particularmente as existentes na Colina 62 (Sanctuary Hill), posição canadense que resistiu aos avanços alemães.

Entrada do museu da colina Sanctuary Hill (Hill 62), posição defensiva do Exército canadense na guerra.



Armamento da infantaria alemã no Museu da colina Sanctuary Hill (Hill 62)



Capacetes britânicos no Museu da colina Sanctuary Hill (Hill 62). Pelo estrago, certamente o dono do capacete do centro não sobreviveu ao combate



Palmilhando as trincheiras canadenses na Colina 62 (Sanctuary Hill)



Cratera aberta pela artilharia alemã na colina 62 (Sanctuary Hill), posição de trincheiras canadenses. O terreno foi bombardeado com extrema precisão pela artilharia.


Monumento no centro da vila de Zandervoorde, homenageando os mortos do 1º Batalhão do Real Regimento de Fuzileiros Galeses, que perderam a vida em 1914. Da minha parte, jamais esquecerei a hospitalidade dos moradores dessa pequena comunidade de Flandres.



No interior de uma trincheira canadense preservada na colina 62 (Sanctuary Hill)

Ainda restaram acervos a pesquisar e campos de batalha a palmilhar. Em breve retornaremos a este importante sítio histórico.




EXPLOSÃO DE BOMBA DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL DEIXA FERIDOS NA ALEMANHA

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Artefato explodiu durante obras nas imediações da estação central de Munique. Não está claro por que a bomba não detonada não foi descoberta antes. Todos os anos, peritos desarmam milhares delas no país.


Uma bomba da Segunda Guerra Mundial explodiu nas imediações da estação central de trem de Munique, no sul da Alemanha, nesta quarta-feira (1º), deixando três feridos. A bomba explodiu num local onde obras da companhia ferroviária Deutsche Bahn eram realizadas, perto da ponte Donnersbergerbrücke. Um dos feridos está em estado grave, segundo a polícia.

Durante perfurações, a bomba área, de 250 quilos, foi atingida, informou o ministro do Interior alemão, Joachim Hermann, que esteve no local. Ainda não está claro por que a bomba não foi descoberta antes. Mesmo após 75 anos do fim do conflito, ainda é muito comum encontrar munições não detonadas em solo alemão. Todos os anos, peritos desarmam cerca de 5 mil bombas, além de toneladas de outras munições.

Bombardeiro Lancaster da Real Força Aérea britânica sendo armado para um ataque contra a Alemanha. Estima-se que as aviações britânica e norte-americana lançaram quase 3 milhões de toneladas de bombas contra a Alemanha e países por ela ocupados durante a Segunda Guerra Mundial



Durante trabalhos de construção no centro de Munique, as autoridades costumam fazer análises precisas e regulares para descobrir onde bombas não detonadas podem estar localizadas.

O tráfego ferroviário na estação central teve de ser interrompido, afetando trens regionais e de longa distância. De acordo com a polícia, ouviu-se um forte estrondo, seguido de uma coluna de fumaça. Várias viaturas dos bombeiros, dois helicópteros e dezenas de socorristas foram deslocados para o local da explosão.

Fonte: DW