quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

BATALHA DO LAGO REGILO (496 a.C.)

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A Batalha do Lago Regilo foi uma lendária vitória romana sobre a Liga Latina logo depois da fundação da República Romana. Os latinos eram liderados pelo já idoso Tarquínio Soberbo, o sétimo e último rei de Roma, deposto e expulso em 509 a.C., e seu genro, Otávio Mamílio, o ditador de Túsculo. A batalha foi a última tentativa dos Tarquínios de voltarem ao trono de Roma. Segundo a lenda, Castor e Pólux lutaram pelos romanos nesta vitória.

A ameaça de uma invasão de Roma pelos seus antigos aliados no Lácio levaram à nomeação de Aulo Postúmio Albo como ditador. Ele escolheu Tito Ebúcio Helva para ser seu mestre da cavalaria. 

O ano exato no qual a batalha ocorreu é incerto e já era assim nos tempos antigos. Lívio localiza a batalha em 499 a.C., mas afirma que algumas de suas fontes também sugerem que ela pode ter acontecido no ano do consulado de Postúmio em 496 a.C. A outra principal fonte para este período, Dionísio de Halicarnasso também concorda com esta data. Autores modernos também já sugeriram 493 a.C. ou 489 a.C.

O Lago Regilo ficava no centro de uma cratera vulcânica entre Roma e Túsculo e foi drenado no século IV a.C.. Segundo Lívio, os volscos, uma tribo vizinha que habitava a região ao sul do Lácio, havia mobilizado um exército para ajudar na luta dos latinos contra Roma, mas a pressa do ditador romano em se engajar rapidamente no combate fez com as forças volscas chegassem atrasadas.

O Lago Regilo nos dias atuais


O ditador Postúmio liderou a infantaria romana e Helva, a cavalaria. Tarquínio estava com seu último filho ainda vivo, o primogênito Tito Tarquínio. Conta-se que a presença dos dois aumentou ainda mais o fervor dos romanos no combate.

Logo no início, o rei foi ferido ao tentar atacar Postúmio. O mestre da cavalaria atacou Mamílio e os dois foram feridos, Ebúcio no braço e o ditador latino, no peito, e acabou obrigado a se afastar do combate e comandá-lo à distância. Os soldados do rei, incluindo muitos romanos exilados, começaram a levar vantagem sobre as forças republicanas e os romanos sofreram um revés quando Marco Valério Voluso, cônsul em 505 a.C., foi morto por uma lança enquanto atacava Tito Tarquínio, mas Postúmio engajou sua própria guarda pessoal na luta e progresso inimigo foi interrompido.

Enquanto isso, Tito Hermínio Aquilino, famoso por ter lutado ao lado de Horácio Cocles na Ponte Sublício e cônsul em 506 a.C., atacou Mamílio e o matou; porém, ele próprio foi morto por um dardo enquanto tentava retirar os espólios de seu inimigo vencido. Como o resultado da batalha ainda era duvidoso, Postúmio ordenou que os cavaleiros desmontassem para lutar a pé, forçando os latinos a se retirarem, o que lhes permitiu capturar o acampamento latino. Tarquínio e o exército latino abandonaram o campo de batalha e o resultado foi uma vitória decisiva para os republicanos. Postúmio e seu exército voltaram para Roma e o ditador celebrou seu triunfo sobre os latinos.

Uma lenda muito popular conta que os Dióscuros, Castor e Pólux, lutaram com os romanos na forma de dois jovens cavaleiros. Postúmio ordenou então a construção do Templo de Castor e Pólux no Fórum Romano, no exato local onde os dois teriam dado de beber aos seus cavalos.

Ilustração de 1880 mostrando Castor e Pólux combatendo no Lago Regilus


Depois desta vitória, um tratado conhecido como "Foedus Cassianum" ("Tratado de Cássio") firmou uma aliança entre romanos e a Liga Latina. O tratado foi batizado em homenagem ao cônsul Espúrio Cássio. Este conflito marcou um ponto de inflexão no qual Roma tornou-se o poder dominante no Lácio, embora ainda reconhecesse a autonomia e independência de várias cidades-estado latinos. Ele estipulava que os latinos deveriam prover aliança militar aos romanos no caso de ameaças externas e que quaisquer exércitos mobilizados para este fim seriam comandados por romanos. Ele também legalizou o casamento entre cidadãos romanos e latinos, um antigo ponto de disputa, e recobrou o comércio da região.

Fontes:
- Grant, Michael. The History of Rome. Faber and Faber [S.l.], 1993.
- Cornell, Tim. The Beginnings of Rome: Italy and Rome from the Bronze Age to the Punic Wars, C.1000-263 BC, Routledge, 1995.
- Wikipedia



domingo, 19 de fevereiro de 2017

VEM AÍ A SEGUNDA EDIÇÃO DE UM CÉU CINZENTO: A HISTÓRIA DA AVIAÇÃO NA REVOLUÇÃO DE 1932

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VEM AÍ A SEGUNDA EDIÇÃO DE UM CÉU CINZENTO

Encontra-se em fase final de editoração a segunda edição do livro UM CÉU CINZENTO: A HISTÓRIA DA AVIAÇÃO NA REVOLUÇÃO DE 1932., de autoria de Carlos Daróz, editor do Blog.

Em breve você poderá conhecer mais sobre como as aeronaves de combate foram empregadas durante a Revolução de 1932.

Na imagem abaico, um Waco CSO da Aviação Militar, "vermelhinho", fotografado no campo de aviação de Pouso Alegre-MG.


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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

OS SUBMARINOS SOVIÉTICOS NA 2ª GUERRA MUNDIAL

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Na Síria, a Rússia mostra que sua frota é uma das mais poderosas do mundo. Mas por trás do êxito estão décadas de trabalho que remontam à Segunda Guerra Mundial.

Por Aleksandr Verchínin


Às vésperas da Segunda Guerra Mundial a frota de submarinos da Marinha soviética era a maior do mundo. Em termos numéricos, ela tinha mais que o dobro de submarinos da Marinha dos Estados Unidos e quase o quádruplo da alemã (Kriegsmarine).

Mas as tarefas dessa frota eram bastante restritas. Devido à sua posição geográfica, a União Soviética não podia lutar pela supremacia nos oceanos, já que tinha saídas para o mar aberto apenas em duas regiões.

Assim, não havia possibilidade de implantar uma infraestrutura naval completa nem na região do círculo polar, nem no Extremo Oriente. Restavam apenas os mares fechados - Negro e Báltico. Após o início da guerra, acreditava-se que a Marinha Soviética pudesse atacar as comunicações marítimas do inimigo justamente nessas áreas.

A URSS não podia competir em força com os navios de superfície alemães. Além disso, a participação da Grã-Bretanha, que tinha a maior frota do mundo, malograva as perspectivas soviéticas.

O mais prudente então era aprimorar a frota de submarinos: com custo relativamente baixo, era possível montar uma força poderosa o suficiente para desempenhar papel importante no cenário naval da guerra.


Combates submarinos

Historiadores revelaram recentemente um fato digno de nota, mas pouco conhecido do grande público: a Marinha soviética afundou mais submarinos alemães que os aliados ocidentais. Dos nove submarinos da Kriegsmarine afundados, quatro foram destruídos por submarinos soviéticos. A Marinha da URSS, por sua vez, perdeu apenas três.

Os militares travavam verdadeiros combates subaquáticos nas águas geladas do mar Báltico e do mar de Barents. Um dia após o ataque alemão à União Soviética, o submarino alemão U-144, aproveitando-se de sua superioridade em armamentos, afundou o soviético M-98.

O submarino soviético M-98 foi afundado pelo U-144 no segundo dia da invasão alemã


O próprio U-144, porém, seguiu o mesmo destino pouco mais de um mês depois. Próximo ao litoral da Estônia, o submarino soviético Schuka não deu chances ao capitão alemão, com disparos certeiros de dois tubos de torpedos.

Dois anos depois, outro combate terminou com vitória soviética. O U-639 alemão, que tinha emergido e se ocupava em dispor minas no mar de Barents, foi atingido por três torpedos soviéticos. A ação era totalmente inesperada para a tripulação alemã.


Armas subaquáticas da URSS

Os submarinos soviéticos agiam com rapidez e eficiência nas batalhas da Segunda Guerra Mundial. Os submarinos da série “Maliútka” ("Pequenino") dificilmente poderiam ser classificados como "terríveis". Compactos a ponto de serem transportados por via férrea, eles sacrificavam não só o conforto da população, mas também sua segurança.

Esse submarino tinha apenas uma central energética, seu grau de resistência não lhe permitia mergulhar a profundidades aceitáveis para a realização de combates e uma tempestade severa poderia, literalmente, quebrá-lo ao meio. Mas as falhas técnicas eram compensadas pelo treinamento da tripulação, e foram eles que derrubaram mais de 60 embarcações de transporte e 8 de navios de guerra inimigos.

Submarino Maliútka fotografado na foz do rio Kopi

Os submarinos soviéticos do tipo “S” ou "Srêdniaia” ("Médios"), eram uma novidade para a época. Mesmo não podendo usar todas as suas potencialidades de combate nas águas rasas e densamente minadas do mar Báltico, seus feitos impressionam.

Por ironia do destino, os protótipos dos submarinos do tipo "S" foram os análogos alemães. Mas os construtores navais soviéticos alteraram significativamente o projeto original, adaptando-o a equipamentos e armamentos nacionais.

O resultado foram submarinos versáteis e tão fortes que, durante a guerra, um deles foi submetido a quase cem ataques por bombas de profundidade e não sofreu qualquer dano.

Fonte: Gazeta Russa



domingo, 12 de fevereiro de 2017

MORRE AOS 94 ANOS O TENENTE-GENERAL HAL MOORE, HERÓI DO VALE DO IA DRANG

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O tenente-general reformado Harold G. "Hal" Moore, o herói americano conhecido por salvar a maioria de seus homens na primeira grande batalha entre os EUA e os exércitos norte-vietnamitas, faleceu aos 94 anos.

Joseph Galloway, que com Moore foi co-autor do livro "We Were Soldiers Once ... and Young", confirmou no sábado que Moore morreu na sexta-feira enquanto dormia em sua casa em Auburn, Alabama.

Galloway disse que Moore, seu amigo de 51 anos, morreu dois dias antes de completar seu 95° aniversário. "Há algo que falta nesta terra agora. Perdemos um grande guerreiro, um grande soldado, um grande ser humano e meu melhor amigo", disse Galloway.

Moore era mais conhecido por sua ação em 1965, durante a batalha do vale do Ia Drang, onde, no posto de tenente-coronel, comandou o 1° Batalhão do 7° Regimento de Cavalaria. Sua ação foi retratada posteriormente no filme "We Were Soldiers" (no Brasil, "Fomos Heróis”), no qual o ator Mel Gibson interpretou Moore. O livro "We Were Soldiers Once ... and Young" conta o que aconteceu com cada soldado envolvido na campanha de 34 dias e na batalha de quatro dias, onde  234 soldados americanos morreram nas zonas de aterragem X-Ray e Albany em novembro de 1965.

Helicópteros americanos desembarcam tropas nas zonas de aterragem no Ia Drang. Na ocasião, a unidade comandada por Hal Moore colocou em prática a nova doutrina de aeromobilidade introduzida no Exército dos EUA e que seria amplamente utilizada no Vietnã


Ainda no Brasil, Moore ficou conhecido por escrever o capítulo “A batalha do Ia Drang” do livro “Sete Combates no Vietnã”, editado pela Biblioteca do exército em 1986.

Galloway, um correspondente de guerra aposentado da United Press International, disse que Moore foi "sem dúvida um dos melhores comandantes que já vi em ação."

"Aqueles de nós que sobreviveram na zona de aterragem X-Ray o fizemos devido à sua capacidade de comando. Eu acho que cada um de nós pensou que íamos morrer naquele local, exceto Hal Moore. Ele tinha certeza de que estávamos indo para ganhar a luta e ele estava certo ", Galloway lembrou.

Capa do livro "Sete combates no Vietnã", publicado no Brasil e no qual Moore escreveu sobre a Batalha do Vale do Ia Drang


Galloway e Moore escreveram um segundo livro, "We are soldados still" que ele disse surgiu de uma viagem de volta aos campos de batalha do Vietnã, 25 anos depois. "Voltamos e caminhamos por aqueles velhos campos de batalha. No final do dia, o coronel Hal Moore e Nguyen Huu An, um ex-comandante norte-vietnamita, estavam em uma clareira e oraram pelas almas de todos os homens que morreram em ambos lados".

Ele disse que os dois compartilharam uma "irmandade instantânea que cresceu em combate." "Quando estávamos discutindo o contrato do livro com um advogado/agente, ele pediu para ver o contrato entre mim e Hal Moore, e Hal Moore disse: 'Eu acho que você não entende. Este não é apenas uma questão de dinheiro. Nós confiamos nossas vidas um ao outro no campo de batalha e nós não tivemos contrato antes disso. Eu absolutamente concordo.’ "

Uma das citações mais conhecidas de Moore que deixa clara sua experiência em combate: "Soldados americanos em batalha não lutam por algo que o Presidente diz na TV, não lutam pela mamãe, por torta de maçã, ou pela bandeira americana ... eles lutam uns pelos outros."


A página do Facebook gerenciada pela família de Moore, informou  que ele morreu na data de aniversário de sua esposa Julia, que faleceu em 2004 após 55 anos de união. "A mãe chamou o pai para casa em seu dia", disse o comunicado. "Depois de ter um acidente vascular cerebral na semana passada, meu pai estava mais letárgico e tinha dificuldade de falar, apesar de ele sempre lutar por seu caminho de volta."

Antes de servir no Vietnã, Moore se formou na Academia Militar dos Estados Unidos em West Point e, anos depois, comandou um batalhão na recém-criada 11ª Divisão de Assalto Aeromóvel em Fort Benning. Nascido em Bardstown, Kentucky, ele serviu no exército EUA por 32 anos.

Algumas das condecorações recebidas por Hal Moore ao longo de sua carreira

Galloway disse que a família agendou os serviços religiosos em Auburn e o serviço memorial no Museu Nacional da Infantaria em Fort Benning , em Columbus, Georgia.

Fonte: Star and Stripes

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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR - GENERAL RATKO MLADIC

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Mladic foi o responsável direto pelo massacre de Srebrenica, em julho de 1995, e é considerado um dos maiores criminosos de guerra da era contemporânea


* 12/3/1943 - Božanovic, Iugoslávia


Ratko Mladić é um ex-general sérvio, comandante do Exército da República Sérvia durante a Guerra da Bósnia entre 1992-1995. Mladić comandou diretamente o Massacre de Srebrenica em julho de 1995, que causou a morte de oito mil muçulmanos bósnios e o cerco de 43 meses a Sarajevo, onde milhares de civis foram mortos por fogo de artilharia e de franco-atiradores instalados nas colinas ao redor da cidade.

O Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia manteve por mais de quinze anos uma ordem internacional de captura e detenção contra ele, baseada em sua regra 61, que considera o ex-general sérvio-bósnio como provável perpretador de crimes de guerra e crimes contra a Humanidade. A Sérvia e os Estados Unidos chegaram a oferecer cinco milhões de euros por informações que levassem à captura de Mladić e, em outubro de 2010, o governo sérvio intensificou seus esforços pela captura do fugitivo, dobrando a recompensa por informações para €10 milhões.  A prisão de Mladić era uma condição fundamental exigida pela União Europeia para possibilitar o ingresso da Sérvia no organismo.

Depois de desaparecido por mais de uma década, Mladić foi finalmente preso na Sérvia em 26 de maio de 2011, com o anúncio de sua prisão feito em Belgrado pelo presidente do país Boris Tadić, que declarou que a prisão do ex-general "removia um fardo pesado dos ombros da Sérvia e fechava uma página infeliz da história do país."

 
Primeiros anos e carreira militar

Mladić nasceu durante a Segunda Guerra Mundial na pequena vila de Božinovići, a sudeste de Sarajevo. Na época, o lugar fazia parte da Estado Independente da Croácia, um Estado fantoche de curta existência criado e mantido pela Alemanha Nazista e pela Itália fascista de Mussolini após a invasão e desmembramento da antiga Iugoslávia, em 1941. Seu pai, um militar líder dos sérvios-bósnios, foi morto em 1945 quando participava de um ataque da resistência iugoslava contra à casa do líder fascista croata Ante Pavelić.

Mladić entrou para Escola Industrial Militar de Zemun em 1961, depois cursou a Academia Militar KOV e a Academia de Oficiais, onde se formou com as melhores notas de sua classe. Em 1965, seu primeiro posto como oficial foi na cidade de Skopje, onde era o mais jovem soldado da unidade que comandava. Começando com a patente de segundo-tenente, ele rapidamente ascendeu na cerreira de oficial, primeiro comandando um pelotão, depois um batalhão e finalmente uma brigada do exército. Em 1989, foi promovido a chefe do departamento de educação do 3º Distrito Militar de Skopje.

Em 1991, um ano de tensões entre os sérvios e a população de maioria albanesa de Kosovo, Mladić comandou o 9º Corpo do Exército Popular da Iugoslávia contra as forças croatas em Knin, a auto-declarada capital da República Sérvia de Krajina.  Em 4 de outubro daquele ano foi promovido a major-general. As forças sob seu comando participaram da Guerra da Croácia, principalmente na operação militar que tentou separar a Dalmácia do resto da Croácia.

Em 24 de abril de 1992 foi promovido a coronel-general e poucos dias depois, um mês após a declaração de independência da República da Bósnia, Mladić e seus homens bloquearam a cidade de Saravejo, fechando seu espaço aéreo e cortando toda a água e eletricidade da cidade. Este ato deu início aos quatro anos do Cerco de Sarajevo, o mais longo cerco a uma cidade na história da guerra moderna.  Neste período a cidade foi bombardeada por fogo de artilharia e tiros de franco-atiradores das forças de Mladić espalhados a seu redor.

Em 12 de maio de 1992, em resposta à auto-secessão dos bósnios à Iugoslávia, o parlamento separatista sérvio-bósnio criou o VRS, o Exército da República Srpska e Mladić foi nomeado comandante desse exército, posto que manteve até dezembro de 1996. Em junho de 1994 ele assumiu o comando de uma força militar de 80 mil homens estacionados na área.

O general Mladic fotografado durante a Guerra da Bósnia

Em julho de 1995, tropas sob seu comando, atormentadas pelos ataques aéreos de forças da ONU que tentavam fazer com que o ultimato de remover armas pesadas da área de Sarajevo fosse cumprido, ocuparam áreas declaradas como de "segurança da ONU" em Srebrenica e Žepa. Na primeira, cerca de 40 mil bósnios-muçulmanos que lá se encontravam foram expulsos e cerca de 8.300 deles assassinados por ordens de Mladić.

Em novembro de 1995, ele foi indiciado por genocídio em Srebrenica. O juiz Fouad Riad, do Tribunal Penal Internacional em Haia, declarou que os eventos ali ocorridos foram "verdadeiras cenas do inferno, escritas nas páginas mais negras da história humana", em referência às execuções sumárias de milhares de homens enterrados em covas coletivas, mulheres violadas, mutiladas e assassinadas, crianças mortas na frente de seus pais e um avô que foi obrigado a comer o fígado de seu próprio neto morto.

Em 4 de agosto de 1995, com uma grande força militar croata posicionada para atacar a região de Krajina na Croácia central, Radovan Karadžić, então presidente da República Srpska, retirou Mladić do comando do VRS e assumiu o posto ele próprio. Karadzic culpou Mladić pela perda de duas cidades na Sérvia ocidental que haviam caído recentemente em mão dos croatas ele usou essa desculpa para justificar as mudanças no comando da guerra.

Mladić foi rebaixado ao posto de "conselheiro", mas recusou-se a aceitar a ordem pacificamente, pedindo o apoio do povo e dos militares sérvio-bósnios. O presidente tentou desqualificá-lo classificando-o como "louco", mas a óbvia popularidade do general entre o povo e as forças armadas o obrigou a rescindir a ordem uma semana depois.

Em 8 de novembro de 1996 o novo presidente da República sérvio-bósnia, Biljana Plavšić, demitiu Mladić do posto. O general, porém, continuou a receber pensão militar até novembro de 2005.


Criminoso de guerra

Em 24 de julho de 1995 Mladić foi indiciado por crimes contra a Humanidade, crimes de guerra e genocídio pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) para a ex-Iugoslávia, incluindo o uso de franco-atiradores contra os civis de Sarajevo.  Em 16 de novembro de 1995 as acusações foram ampliadas para comportar as ações do general nas áreas de segurança da ONU em Srebrenica, onde ele também foi responsabilizado por fazer reféns entre o pessoal da ONU na área, entre estes, dois oficiais brasileiros.

Após o fim da guerra, mesmo com seu pedido de captura feito pelo TPI, o general viveu livremente até 2001, quando da prisão de Slobodan Milošević, ex-presidente da Sérvia e da República Federal da Iugoslávia. Desaparecendo então dos olhos do público, Mladić tornou-se um fugitivo do Tribunal e suspeitou-se por muito tempo que ele se escondia em alguma região entre a Sérvia e a república bósnia de Srpska. Entre os vários lugares onde teria sido visto estavam um jogo de futebol ocorrido em 2000 entre a China e a Iugoslávia em Belgrado, cercado de guarda-costas, num subúrbio de Moscou, em Atenas ou num bunker dos tempos da guerra, em Han Pijesak, perto de Sarajevo.

Em novembro de 2004, oficiais de departamento de defesa britânico admitiram que o uso da força militar não era o mais apropriado para capturar o fugitivo e outros suspeitos para levá-los a julgamento. Um mês depois disso, em dezembro de 2004, veio a público a notícia que o exército sérvio, apesar de proclamar publicamente repetidas que tentava colaborar com o Tribunal em localizar e entregar acusados de crimes de guerra, escondeu e protegeu Ratko Mladić até o verão de 2004.

Em junho de 2006, começaram a aparecer notícias de que o general havia sofrido um ataque do coração e teria poucas possibilidades de sobreviver. Ao mesmo tempo, o presidente do Partido Democrata da Sérvia, Andrija Mladenović, levantava a questão de quem seria o responsável pela suspensão das negociações com a União Europeia - que recusava a entrada da Servia na organização enquanto Mladić não fosse preso - se o general morresse. Algumas fontes informavam que sua aparência tinha mudado completamente devido à idade e a uma saúde frágil.

Em 16 de junho de 2010 a família de Ratko Mladić entrou com uma petição junto ao governo sérvio para que ele fosse declarado morto, em virtude de seu desaparecimento por sete anos. Se a petição fosse aprovada, a esposa de Mlatic poderia vender a propriedade em que morava e receber uma pensão vitalícia do Estado. O pedido, entretanto, foi rejeitado pelas autoridades sérvias.


Captura e prisão

Finalmente, quinze anos após seu indiciamento pelo TPI e dez anos após seu desaparecimento público, Ratko Mladić foi preso em 26 de maio de 2011, no vilarejo de Lazarevo, na província de Vojvodina, no norte da Sérvia, onde vivia sob o nome falso de 'Milorad Komadic'. Apesar de usar um nome falso, o fugitivo não foi preso usando alguma barba ou disfarce, apenas sua aparência tinha envelhecido bastante e um de seus braços era vítima de paralisia.

Mladic durante audiência no Tribunal Penal Internacional 

O anúncio de sua prisão foi feito em Belgrado pelo presidente do país Boris Tadić, que declarou que a prisão do ex-general "removia um fardo pesado dos ombros da Sérvia e fechava uma página infeliz da história do país."

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sábado, 4 de fevereiro de 2017

IMAGEM DO DIA - 4/2/2017

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Tropas Federais mexicanas à espera de Francisco Villa na cidade de Torreón.



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