domingo, 26 de julho de 2015

O EX-PRACINHA DA FEB E A ITALIANA QUE SE CONHECERAM NA 2ª GUERRA MUNDIAL

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Por Marcelo Monteiro

Em julho de 1945, o governo brasileiro realizou uma festa de recepção aos combatentes, no Cassino da Urca, no Rio. Entre os convidados estava o cantor Vicente Celestino, que entre goles de uísque e champanhe deliciava-se com as histórias de heroísmo reveladas pelos pracinhas. Até que um relato, que nada tinha a ver com bravura ou abnegação no campo de batalha, lhe chamou a atenção.

Entre lágrimas, o atirador de elite João Pedro Paz, de 23 anos, contava ter deixado na Itália o grande amor de sua vida. Ele e Iole, então com apenas 17 anos, conheceram-se em um baile vespertino, em um local chamado Cinema Garibaldi, na localidade de Pescia, em março de 1945. 

João estava de folga e decidira ir à cidade em busca de diversão, na companhia de dois companheiros de farda. Assim que a orquestra iniciou a execução de Moonlight Serenade, de Glenn Miller, os olhares dos dois se cruzaram, e João tirou-a para dançar. Foi o início de um namoro avassalador, que só seria interrompido no retorno da FEB ao Brasil. Antes do embarque, mesmo acreditando ser impossível trazer Iole ao Brasil, João prometeu buscá-la para que ambos pudessem casar-se.

– Não nos entendíamos com as palavras, mas apenas com o olhar – lembra Iole.

A história sensibilizou Vicente Celestino, que compôs a canção Mia Gioconda, narrando o drama vivido por João e Iole, separados por um oceano e por milhares de quilômetros. "Vencido o inimigo / que antes fora varonil, / recebeu a FEB ordem de embarcar para o Brasil. / Dizia a mesma ordem: quem casou não poderá / levar consigo a esposa, a esposa ficará", dizia uma das estrofes.



– Pensava que nunca mais iria vê-la. A despedida foi uma coisa muito triste, comovente – conta João, hoje com 92 anos.

Nascido em Caçapava do Sul e registrado em Cachoeira do Sul, João cresceu e foi criado em Porto Alegre. Três meses após a volta ao Brasil, o pracinha recebeu uma carta de Iole, que contava estar grávida. A história causaria comoção na cidade, a ponto de um jornalista da extinta Folha da Tarde iniciar uma campanha para arrecadar fundos e bancar a vinda de Iole.

O casal Iole e João Pedro, na atualidade

Os dois casaram-se por procuração – ele, em Porto Alegre, ela, em Pescia. Meses depois, Iole chegou ao Brasil para viver o seu grande amor, que já dura sete décadas. O filho Pedrinho, que tinha apenas três meses quando atravessou o Atlântico com a mãe, morreu aos 12 anos. Além dele, o casal ainda teve outra filha, Ana Maria.

Fonte: Diário Catarinense


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VII ENCONTRO INTERNACIONAL SOBRE A GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA

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Maiores informações:
http://www.uruguaiana.rs.gov.br/7eihob/index.htm

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sábado, 18 de julho de 2015

EQUIPE JOHN BOYD VENCE II OLIMPÍADA DE HISTÓRIA MILITAR E AERONÁUTICA DA ACADEMIA DA FORÇA AÉREA




Encerrou-se na noite do dia 16 de julho de 2015 a II Olimpíada de História Militar e Aeronáutica da Academia da Força Aérea. A vibrante competição de conhecimentos reuniu 64 cadetes, agrupados em 16 equipes, batizadas com nomes de personagens históricos. 


Precedendo a competição, o apresentador e cantor Ronnie Von, antigo cadete da Força Aérea Brasileira, divulgou a olimpíada em seu programa Todo Seu:



As provas envolveram exames escritos, baterias de quiz, apresentações temáticas e uma pesquisa relâmpago na Biblioteca. Foram apresentadas mais de 140 questões que abrangeram assuntos de História Militar da Antiguidade até a Idade Contemporânea, e ainda tópicos de cultura aeronáutica. 

Os cadetes realizam o exame escrito, a primeira fase da olimpíada 

Integrante da equipe Lima Mendes apresentando o tema sorteado para a banca avaliadora


A banca avaliadora observando as apresentações das equipes 


Equipe participando do quiz, enquanto o auditório vibra com as respostas


Pesquisa relâmpago na biblioteca - o suor traz o conhecimento


Nesta edição, a competição foi acirrada e acabou sendo decidida em seus últimos momentos. Sagrou-se vencedora a Equipe Coronel John Boyd, composta pelos cadetes Bunchaft e Ícaro do 3º Esquadrão, do cadete Ramirez do 2º Esquadrão e do cadete Romani do 1º Esquadrão. 

A Equipe John Boyd recebe sua premiação
 
Em segundo lugar ficou a Equipe Lima Mendes, campeã do ano passado, sendo integrada pelos cadetes Júnior e Fajozes do 3º Esquadrão, pelo cadete Carvalhaes do 2º Esquadrão, e pelo cadete Otávio do 1º Esquadrão. 

A Equipe Lima Mendes, campeã da olimpíada no ano passado, após receber sua medalha de prata


O terceiro lugar coube à Equipe General Douglas MacArthur, composta pelos cadetes Travessas, Nicolas, Leandro e Caio Braga, respectivamente do 4º, 3º, 2º e 1º Esquadrões. 

O Comandante do Corpo de Cadetes premiando os integrantes da Equipe Douglas MacArthur com a medalha de bronze

As premiações se deram em forma de medalhas e livros doados pelas editoras apoiadoras do evento. Diante de mais um evento bem sucedido, a AFA incluiu a competição em seu calendário escolar como forma de estimular o estudo da História e potencializar a autonomia didática na formação de seus futuros oficiais. 

O Comandante da AFA, Brigadeiro-do-Ar Valadares, dirigindo a palavra aos cadetes após a premiação

Nesta edição da Olimpíada de História Militar e Aeronáutica da AFA o editor do Blog  Daróz História Militar teve o privilégio e a honra de participar como membro da banca de avaliação.  Verdadeiramente uma experiência inesquecível.

Parabéns à Academia da Força Aérea pela iniciativa, e que venha 2016.

“MACTE, ANIMO! GENEROSE PUER, SIC ITUR AD ASTRA”

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quarta-feira, 8 de julho de 2015

A ORIGEM DO NOME DAS OPERAÇÕES MILITARES

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Batizar operações militares serve para melhorar o moral das tropas e tem efeito de propaganda, mas por vezes falta inspiração aos autores, como se vê neste título


Por José Francisco Botelho

Em 19 de março de 2011, navios e submarinos americanos cruzaram o mar Mediterrâneo rumo ao litoral da Líbia. Pela primeira vez em mais de uma década, o Exército dos EUA participava de uma ação militar apoiada pela maior parte da população árabe. O objetivo era destruir as forças do ditador Muamar Kadafi, há 40 anos no poder. O regime, sacudido por uma rebelião interna, reagiu com o massacre de civis. A intervenção militar tinha aval da ONU e contava com a adesão de países como a França e o Reino Unido. Apesar da seriedade da situação, risinhos irônicos se espalharam pelo mundo, enquanto os mísseis americanos Tomahawk choviam sobre as Forças Armadas líbias. Por que tanta graça em uma hora tão grave? O motivo era o nome da operação americana: Odissey Dawn, que em português quer dizer "Aurora da Odisseia". A esdrúxula combinação de palavras, com suas vagas e malsucedidas intenções poéticas, foi um prato cheio para humoristas como Jon Stewart: "Isso mais parece título de algum álbum do Yes". (A banda de rock progressivo tem em seu currículo pérolas como Contos dos Oceanos Topográficos e Chaves da Ascensão 1 e 2.)

 

O ditador foi derrubado, mas é improvável que a Aurora da Odisseia continue despertando, daqui a meio século, sentimentos solenes como os que envolvem a Operação Overlord - codinome para a invasão aliada nas costas da Normandia, o dia D da 2ª Guerra. O contraste entre a força de alguns codinomes e a - digamos - esquisitice de outros levou muita gente a se perguntar: afinal de contas, quem escolhe o nome dessas operações militares e de que forma se dá o "batismo"? Ironias à parte, essa questão aponta para um interessante - e pouco conhecido - capítulo na história militar. Dar nomes a operações é um hábito com várias funções - entre elas, levantar o moral dos soldados e fazer boa propaganda. "É natural que os soldados sintam-se mais motivados por participar em uma operação denominada Tempestade no Deserto do que Colinho da Mamãe", diz Cesar Machado Domingues, historiador e editor da Revista Brasileira de História Militar. "Da mesma forma, algumas expressões bem escolhidas podem influenciar favoravelmente a opinião pública." Mas também operações que fracassaram por causa de nomes mal bolados, como você vai ver a seguir.


Letras, números e santos

Lá nos primórdios da humanidade, fazer guerra era relativamente simples. Bastava juntar um bando de correligionários, reunir algumas lanças e correr para o terreno do vizinho. Com o tempo, as coisas se complicaram. Os exércitos se dividiram em cavalaria, infantaria, artilharia etc. Navios - e, bem mais tarde, aviões - foram acrescentados à equação. Os exércitos passaram de algumas centenas a centenas de milhares de soldados. Em meados do século XIX, a arte da guerra estava tão cheia de variáveis que foi preciso dar nomes específicos a cada movimentação de tropas. "Nome", no caso, é hipérbole: na época, as operações eram batizadas com letras ou números, como Diretiva 1 e Plano de Operações Y.

Foi a partir da 1ª Guerra que as operações ganharam nomes. Os pioneiros foram os alemães. "Atribuir um nome em código tinha dois objetivos: aumentar a segurança e facilitar o planejamento", afirma o historiador Carlos Daróz, da Universidade do Sul de Santa Catarina. Os codinomes escondiam o verdadeiro objetivo de um plano: em vez de escrever em seus documentos "projetos para a invasão da França na primavera de 1918", os oficiais alemães tascavam uma referência religiosa - São Jorge e São Miguel são dois exemplos pioneiros. "Isso deixaria os inimigos na dúvida caso documentos secretos fossem capturados", explica Daróz. Já naquela época o pessoal se preocupava com o lado marqueteiro da coisa. A Alemanha estava perdendo, e a alusão a seres semidivinos era uma tentativa de dar ânimo aos soldados.

Na 2ª Guerra, dois dos principais protagonistas do conflito, Winston Churchill e Adolf Hitler, tinham obsessão por batizar ações de guerra, de preferência com nomes grandiosos e inesquecíveis. O primeiro-ministro britânico escreveu um manual sobre o assunto. Para Churchill, um bom nome deveria evitar palavras banais, mas sem transparecer excesso de confiança. "Afinal de contas, o mundo é amplo, e o raciocínio inteligente proverá um número ilimitado de nomes sonoros, que nada revelem sobre o caráter da operação, mas que tampouco levem alguém a dizer, algum dia, que seu pobre filho morreu na operação Joaninha ou Peixinho Dourado", escreveu Churchill (que mesmo em documentos não perdia a verve de humorista diletante).


Pecando pelo excesso

Foi Churchill quem transmitiu o entusiasmo pelo tema aos americanos. Em 1943, o Alto Comando dos EUA planejou um bombardeio aos campos de petróleo da Romênia. A ação foi batizada de Espuma de Sabão. Horrorizado com a falta de elegância, Churchill convenceu os aliados a trocar o codinome para Onda Sísmica. Ninguém sabe ao certo quem escolheu o nome da principal operação aliada no Front Ocidental - mas é bem provável que o primeiro-ministro britânico tenha dado pitacos no batismo da Overlord (Senhor Supremo). Nesse caso, o conselho sobre evitar o excesso de confiança foi deixado de lado. Tudo bem, pois a operação foi um sucesso e os aliados venceram.

  Operação Barbarossa, em 1941. Seu nome, que fazia referência à expansão do rei Frederico Barbarossa para o Oriente, no século XII, poderia ter comprometido a operação
 
Hitler foi bem menos feliz em suas escolhas. Aos nomes das operações nazistas, não faltava grandiosidade, mas discrição. Veja o caso do megalomaníaco plano de invasão da União Soviética em 1941, a Operação Barbarossa - referência a Frederico Barbarossa, monarca do século XII que expandiu o domínio germânico para terras ao leste da Alemanha. O nome era certamente inspirador - mas poderia ter revelado as intenções da Alemanha se caísse em mãos soviéticas. "Não se sabe por que motivo os alemães deram uma indicação tão clara de que seu plano era invadir a URSS", diz Daróz, da Unisul. Hitler deu sorte, pois o nome não vazou (embora a Barbarossa tenha fracassado de qualquer jeito). Com a Operação Leão Marinho, de 1941, foi diferente. Hitler decidiu invadir a Inglaterra por mar e ocupar o país. A ideia era desembarcar 70 mil soldados por meio de veículos anfíbios. Mas o serviço de inteligência britânico interceptou uma mensagem cifrada de rádio que falava no tal "Leão Marinho" - e os oficiais logo sacaram que a ideia de Hitler era atravessar o canal da Mancha.

Após a 2ª Guerra, na Guerra Fria e até os dias de hoje, foram os americanos que mais batizaram operações (veja ao lado). Mas todo Exército gosta de dar nome a suas ações. Os franceses, por exemplo, escolhem expressões sonoras e evocativas. Se os americanos foram à Líbia de Aurora da Odisseia, as forças francesas chamaram sua expedição de Harmattan - referência ao vento quente e seco que sopra sobre o Saara em março. Bem, digam o que quiserem sobre os franceses, mas ninguém pode negar que os caras sabem escolher um nome.


Fonte: Aventuras na História

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