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quarta-feira, 31 de outubro de 2012
sábado, 27 de outubro de 2012
ABERTO À VISITAÇÃO PÚBLICA O MONUMENTO AOS HERÓIS DA LAGUNA E DOURADOS
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O artista, tendo executado a obra, faleceu dias
antes da sua inauguração, marcada inicialmente para 29 de dezembro de 1938, mas
foi transferida para 31 do mesmo mês, por força do mau tempo. Compareceram à
inauguração o então presidente da República, Getúlio Vargas, autoridades civis
e militares e grande público.
Será aberto hoje ao
público, pela primeira vez, o subsolo do Monumento aos Heróis da Laguna
e Dourados, na Praia Vermelha, na Urca, erguido em 1935. A ideia foi da
Secretaria de Conservação do Rio, que espera badalar ainda mais as
comemorações dos cem anos de bondinho do Pão de Açúcar, ali ao lado.
O monumento foi
erguido por iniciativa do coronel Pedro Cordolino de Azevedo que, ainda
tenente, lançou a ideia em 1920. Acolhida com entusiasmo, mais tarde foi
organizada uma comissão, composta pelo então Ministro da Guerra, João Pandiá
Calógeras, o coronel Eduardo Monteiro de Barros, Félix Pacheco, o professor José
Otávio Correia Lima, o próprio Cordolino de Azevedo - agora capitão -, e pelo
1º tenente Norival Francisco de Lemos. Aberto um concurso para apresentação de maquetes,
concorreram 16 artistas, tendo obtido o primeiro prêmio o escultor brasileiro Antonino
Pinto de Matos.
O monumento foi
fundido na Fundição Artística em Bronze de Covina & Cia., tendo sido
aproveitado o bronze de antigos canhões utilizados pelos mesmos heróis
glorificados.
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Detalhe do monumento mostrando o transporte dos canhões durante a retirada da Laguna
A
construção é uma homenagem aos soldados brasileiros que morreram
nessas batalhas da Guerra do Paraguai (1864-1870). No subsolo, há um
mausoléu de 25 m² que abriga, entre outras coisas, esculturas em bronze
no tamanho real dos combatentes, painéis das batalhas e as cinzas de
alguns militares. A visitação será das 8h às 18h. Aliás, o monumento
passará a ficar aberto todo último fim de semana do mês, no mesmo
horário. Melhor assim.
O monumento localiza-se na Praça General Tibúrcio, na Praia Vermelha, na cidade do Rio de Janeiro.
Fonte: O Globo
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sexta-feira, 26 de outubro de 2012
PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR - ROBERT CAPA
+ 25/05/1954 - Thai-Binh, Vietnã
Robert Capa, cujo nome verdadeiro era Endre Ernő Friedmann, foi um dos mais célebres fotógrafos de guerra. Nascido na Hungria, Capa cobriu os mais importantes conflitos da primeira metade do século XX: a Guerra Civil Espanhola, a Guerra Sino-Japonesa, a 2ª Guerra Mundial na Europa, no Norte da África, a Guerra Árabe-israelense de 1948 e a Guerra da Indochina.
Durante seus estudos secundários sentiu-se atraído pelos meios culturais marxistas. Fichado pela polícia, teve que se exilar em 1930 em Berlim, onde se inscreveu na Faculdade de Ciências Políticas e aproximou-se do meio jornalístico. Encontrou trabalho na "Dephot" (Deutscher Photodienst), a maior agência de jornalismo da Alemanha naquela época.
Sua carreira de fotógrafo começou no fim do ano de 1931, ao fotografar Leon Trótski, em meio a diversas dificuldades durante um congresso em Copenhagen. O surgimento do nazismo e a condição judaica de Endre fizeram com que, em 1932 , ele deixasse Berlim, dirigindo-se para Viena e, depois, Paris.
Em 1934 encontrou Gerda Taro e, no ano seguinte, ambos criaram o personagem Robert Capa, repórter mítico de nacionalidade estadounidense. Friedmann passou a viver com Gerda, também fotógrafa e produtora. O pseudônimo Robert Capa logo alcancou notoriedade e, em 1936, Capa e Gerda Taro partiram em reportagem para cobrir a Guerra Civil Espanhola, onde Gerda encontraria a morte no ano seguinte.
Em 1938, Capa foi à China para fotografar o conflito sino-japonês, retornando à Espanha em 1940, logo que a França caiu sob o domínio nazista. Retirou-se em seguida para os Estados Unidos, onde começou a trabalhar para a revista Life. Posteriormente viajou para a Inglaterra e depois para a Argélia.
Em Junho de 1944 participou do desembarque aliado na Normandia, o Dia D, onde tirou as mais famosas fotografias do evento. Depois da guerra, com David Seymour, Henri Cartier-Bresson e George Rodger, fundou a Agência Magnum (constituída oficialmente em 1947). Nos primeiros tempos, ocupou-se na organização da estrutura, partindo em seguida para o "terreno".
Foto de Capa mostrando soldados americanos desembarcando sob fogo na praia de Omaha durante o Dia D
Robert Capa fotografou a Guerra Civil Espanhola, onde tirou a sua foto mais famosa e mais controversa ("A morte do soldado legalista"), a Guerra Sino-Japopnesa e a 2ª Guerra Mundial com lentes normais, o que fez com que ele se tornasse um dos mais importantes fotógrafos europeus do século XX.
Capa morreu em ação, na Guerra da Indochina, em 25 de maio de 1954, ao pisar sobre uma mina terrestre. Seu corpo foi encontrado com as pernas dilaceradas. A câmera permanecia entre suas mãos.
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
DIA DO AVIADOR E DA FORÇA AÉREA BRASILEIRA - 23 DE OUTUBRO
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23 DE OUTUBRO
DIA DO AVIADOR E DA FORÇA AÉREA BRASILEIRA
Aos aviadores de ontem e de hoje, a homenagem do Blog História Militar.
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sábado, 20 de outubro de 2012
IMAGEM DO DIA - 20/10/2012
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Imagem dramática mostrando o instante exato em que o piloto de um Messerschmitt Me-109 alemão salta de paraquedas, após sua aeronave ter sido abatida por um caça da RAF
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sexta-feira, 19 de outubro de 2012
A UM PASSO DO CONFRONTO NUCLEAR
Crise
dos mísseis em Cuba completa 50 anos. EUA e URSS estiveram
perto de se enfrentar, mas testemunhos apontam para blefes de ambos os
lados
Por João Batista Natali
A
crise começou em 14 de outubro de 1962, e o mundo chegou bem perto de
um confronto nuclear. Naquele dia, um avião americano de espionagem U-2
registrou, em Cuba, a construção de uma base de lançamento de mísseis
soviéticos.
O
presidente John Kennedy, em pouco tempo, decretou uma quarentena aérea e
naval da ilha governada por Fidel Castro. Para os americanos, a
prioridade era impedir que chegassem bombas atômicas para os lançadores
em instalação. Kennedy
também exigiu que o líder soviético Nikita Khruschov interrompesse
aquela "ameaça à segurança interna dos Estados Unidos".
A
tensão durou 14 dias. Em 28 de outubro, o secretário-geral da ONU, o
birmanês U Thant, anunciou um acordo pelo qual os russos repatriariam o
armamento. Em troca, e em carta reservada a Khruschov, Kennedy prometeu
retirar da Turquia mísseis nucleares Júpiter, apontados contra a União
Soviética.
Imagens feitas por aviões espiões americanos mostrando a instalação de base de mísseis em Cuba
A
crise dos mísseis não traz mais muitos segredos. Uma dezena de
seminários reuniu, até os anos 90, acadêmicos e protagonistas já
aposentados. O que eles relatam são dimensões factuais que se sobrepõem
umas às outras naquele momento agudo da Guerra Fria. Havia,
em primeiro lugar, as ameaças reais sofridas por Cuba. O regime local,
instalado em janeiro de 1959, declarou-se comunista em 1961. Naquele
mesmo ano, a CIA patrocinou a malograda operação na baía dos Porcos,
invasão de exilados armados para reconquistar o país.
O
problema estava em saber, em 1962, se uma nova investida militar
americana estava a caminho. Robert McNamara, o secretário da Defesa,
afirmou em dois encontros acadêmicos bem posteriores que não era o caso. Foi também o que disse, em 1989, o influente secretário de imprensa da Casa Branca, Pierre Salinger. Mas
tudo indica que Kennedy blefava para manter Moscou sob tensão. É a
explicação que se dá às "diretrizes 314 e 316", nomes de código de uma
nova invasão, que o almirante americano Robert Dennison disse ter
recebido. O Kremlin acreditava que a ameaça era real e tentou alopradamente proteger seu pequeno aliado.
A ameaça: de Cuba, os mísseis soviéticos poderiam atingir, rapidamente, qualquer parte do território americano
As
relações entre as superpotências estavam, àquela altura, bem azedas. Os
americanos reagiam na defensiva depois da crise de Berlim, quando em
1961 os russos bloquearam o abastecimento da cidade e, em seguida,
construíram o muro entre os setores oriental e ocidental.
Em
princípio, seria por aquela região, na divisa entre os dois blocos, que
deveria permanecer confinada a Guerra Fria. Os soviéticos seriam
dissuadidos por resposta nuclear americana se invadissem território
ocidental. E aconteceria o mesmo com os americanos caso invadissem a
Alemanha Oriental ou a Polônia. Pequeno detalhe: um confronto nuclear
acabaria com a humanidade.
Quanto
ao regime cubano, os encontros acadêmicos demonstram de forma patética o
papel de Fidel como coadjuvante, sem nenhum poder de interlocução. Se
os mísseis fossem instalados, os cubanos não teriam acesso aos códigos
de disparo, afirmou anos depois um dos filhos de Khruschov, engenheiro
envolvido na operação.
Assim,
não passou de pura bravata a afirmação de Ernesto Che Guevara ao "Daily
Worker", jornal comunista britânico, de que seu regime, para evitar
nova invasão, pretendia lançar pequenos artefatos nucleares em
território americano. Simples assim: uma guerra atômica preventiva. Pura
insensatez.
Destróier americano intercepta um cargueiro soviético que transporta mísseis durante o bloqueio marítimo a Cuba
Há,
por fim, dois blefes soviéticos nessa história. Eles deixaram vazar
para os EUA que instalariam em Cuba 42 bombas atômicas. Os americanos
acreditaram que era uma parcela pequena do arsenal inimigo em potencial. Mas, com o fim da URSS, ficou patente que as 42 bombas eram quase tudo o que Moscou possuía.
Por
fim, a CIA foi informada de que 10 mil soldados soviéticos estavam em
Cuba, somando-se aos 270 mil das forças locais. Era mentira: os
soviéticos eram em verdade 47 mil. Ou seja, uma suposta nova invasão
envolveria diretamente bem mais gente do Exército Vermelho, com
consequências inimagináveis.
Fonte: Folha de São Paulo
terça-feira, 16 de outubro de 2012
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
DIA DO PROFESSOR - PARABÉNS A TODOS OS COLEGAS
Caros colegas que dedicam suas vidas aos tablados de todo o Brasil, a minha homenagem. Não é fácil, mas estamos construindo um Brasil melhor.
Ser professor é professar a fé e a certeza de
que tudo terá valido a pena se o aluno sentir-se feliz
pelo que aprendeu com você e pelo que ele lhe ensinou...
Ser professor é consumir horas e horas pensando
em cada detalhe daquela aula que, mesmo ocorrendo
todos os dias, a cada dia é única e original...
Ser professor é entrar cansado numa sala de aula e,
diante da reação da turma, transformar o cansaço
numa aventura maravilhosa de ensinar e aprender...
Ser professor é importar-se com o outro numa
dimensão de quem cultiva uma planta muito rara que
necessita de atenção, amor e cuidado.
Ser professor é ter a capacidade de "sair de cena,
sem sair do espetáculo".
Ser professor é importar-se com o outro numa
dimensão de quem cultiva uma planta muito rara que
necessita de atenção, amor e cuidado.
Ser professor é ter a capacidade de "sair de cena,
sem sair do espetáculo".
Ser professor é apontar caminhos, mas deixar que
o aluno caminhe com seus próprios pés...
Feliz dia dos Professores!
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domingo, 14 de outubro de 2012
CORPOS DE AVIADORES BRITÂNICOS DA 2ª GUERRA MUNDIAL SÃO ACHADOS NA ALEMANHA
Um grupo
de voluntários e historiadores alemães achou os restos mortais de um grupo de
aviadores desaparecido, há 69 anos, durante o período da 2ª Guerra Mundial.
Os corpos
estavam em destroços de um bombardeiro Lancaster, que caiu nos subúrbios de
Frankfurt após ser abatido, segundo matéria do jornal “Telegraph”
Muitos
moradores não entenderam a razão pela qual o grupo de alemães insistiu em achar
os estrangeiros que haviam bombardeado o território alemão.
No
entanto, o líder da missão, Uwe Benkel, disse que sentia o dever de encontrar
os militares e trazer conforto a familiares que nunca souberam como seus entes
queridos morreram.
- "Muitas pessoas não entenderam o
que nós estávamos fazendo e disseram coisas como ‘por que eles estão à procura
de pessoas que bombardearam nossas cidades e mataram nossas pessoas?’. No nosso
ponto de vista, isso é passado e história. Aconteceu há 70 anos. Nós estamos em
outra geração. Nós estamos fazendo buscas de homens que desapareceram, que
ainda se encontram no solo" - defendeu Benkel, de 51 anos, em entrevista ao "Telegraph”.
Eles
morreram em abril de 1943, quando voltavam para uma base na Inglaterra, depois
de terem participado de um ataque a uma fábrica de armamentos Skoda, em Pilsen,
na Checoslováquia.
Bombardeiro Avro Lancaster da RAF sobre a Alemanha
Peter
Menges, de 83 anos, foi a testemunha que guiou os historiadores britânicos e
disse que viu o Lancaster ED427 cair no vilarejo de Laumersheim, próximo a
Frankfurt. Dos 327 aviões britânicos que participaram do ataque à fábrica da
Skoda, 36 foram abatidos.
Na época,
os alemães chegaram a fazer buscas e encontraram e enterraram dois corpos dos
sete membros da tripulação do Lancaster: os atiradores Cope e Watt. Os outros
foram registrados como desaparecidos.
Depois da
guerra, a Força Aérea britânica tentou encontrar os destroços do avião, mas não
obteve sucesso. Foi dito então que a aeronave havia caído no mar e o nome dos
desaparecidos foi colocado em um memorial a 20 mil mortos da guerra que não
foram enterrados.
O piloto Alex Boone e o engenheiro de voo Norman Foster
O atirador Ronald Cope e o navegador Cyril Yelland
O atirador Bruce
Watt e o operador Raymond White
Benkel,
que trabalha como funcionário do seguro de saúde alemão, começou a pesquisar
por aviões desaparecidos há 25 anos, e agora lidera um grupo de voluntários que
já examinou mais de 400 aeronaves e recuperou 38 corpos de militares.
Para
encontrar o Lancaster britânico, o time de Benkel teve que cavar mais de 5
metros de profundidade em uma área de 100 metros quadrados.
A escavação em busca do Lancaster e da tripulação, setenta anos depois de sua queda
Além dos
restos mortais, eles recuperaram a cabine de fuselagem, o trem de aterragem, um
pneu, um paraquedas queimado, ferramentas e munições. Hazel Snedker, que tinha
três anos quanto o pai Norman Foster morreu no acidente, disse que a família
ficou muito grata com a descoberta.
- "É um grande alívio saber o qua aconteceu com ele e aonde ele está. Pelo menos agora ele terá uma sepultura com uma placa em sua memória. Meu pai tinha duas irmãs que ainda estão vivas. Sei que a minha tia Joan está muito grata. Ela queria saber o que aconteceu com seu irmão".
Fonte: O Globo Online
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quarta-feira, 10 de outubro de 2012
O ESQUELETO QUE SORRI - ARTIGO DE OPINIÃO
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Por Demétrio Magnoli
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No seu "Era dos Extremos",
Eric Hobsbawm, tão lido no Brasil, falsifica a história para absolver Stálin.
Sua versão da 2ª Guerra foi aquela fabricada em Moscou
"Eu
entendi isso, Edward. Esse esqueleto nunca sorrirá novamente." Leszek
Kolakowski, filósofo polonês exilado, concluiu com essas palavras sua réplica
ao historiador Edward P. Thompson, que o acusara de trair os ideais
socialistas.
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O ano era
1974, seis depois da invasão da Tchecoslováquia pelas Forças do Pacto de Varsóvia. Thompson rasgara sua carteirinha do
Partido Comunista britânico em 1956, na hora da invasão soviética da Hungria,
mas interpretava o stalinismo como apenas um deplorável desvio no curso da
história rumo ao radioso futuro comunista. Kolakowski, porém, sabia mais -e
tinha um norte moral melhor.
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Eric
Hobsbawm nunca renunciou à sua carteirinha do partido.
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Aos 23 anos,
ele assinou com Raymond Williams um panfleto de apoio ao pacto Molotov-Ribbentrop,
entre a URSS de Stálin e a Alemanha de Hitler. Na maturidade, atravessou
impávido as fogueiras da Hungria e da Tchecoslováquia.
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Em 1994, aos
77 anos, pouco depois da queda do Muro de Berlim, publicou "Era dos
Extremos", uma interpretação do século 20 consagrada a desenhar um sorriso
no esqueleto já enterrado do stalinismo.
Hobsbawm,
notável narrador do século 19, autor da trilogia das "eras" que
desvendou para o grande público a trama da história contemporânea, entregou-se
então à falsificação deliberada para restaurar o argumento imoral de Thompson.
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A "era
dos extremos" é uma tese paradoxal, cuja síntese emerge na sua introdução:
"A vitória da URSS sobre Hitler foi uma realização do regime lá instalado
pela Revolução de Outubro. Sem isso, o mundo hoje (com exceção dos EUA)
provavelmente seria um conjunto de variações sobre temas autoritários e
fascistas, mais que de variações sobre temas parlamentares liberais."
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O
totalitarismo stalinista, assegura-nos o historiador, podia ter seus defeitos,
mas representava o socialismo e, sem ele, a humanidade teria sido tragada, em
definitivo, pelo vórtice do fascismo.
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O tribunal
final da História, constituído por um único juiz, o próprio Hobsbawm, oferece
um veredicto de absolvição dos processos de Moscou, do gulag, da supressão
absoluta da liberdade. A matéria pútrida do "socialismo real"
salvou-nos, a todos, de um destino pior, que era tecido pelo capitalismo em
crise.
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A narrativa
inteira se organiza persuasivamente ao redor da tese, investindo na aposta
segura de que o leitor médio carece das informações indispensáveis para
refutá-la.
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O regime de
Stálin destroçou o comando das Forças
Armadas soviéticas nos expurgos
dos anos 30, aumentando a vulnerabilidade do país à invasão alemã. A URSS não
triunfaria sobre Hitler sem a vasta ajuda militar americana.
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No primeiro
e crucial ano do conflito, a aliança firmada pelo pacto Molotov-Ribbentrop
converteu a URSS em fornecedora principal de matérias-primas e combustíveis
para a máquina de guerra nazista.
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A história
de cartolina de Hobsbawm é uma contrafação da história da Segunda Guerra,
inspirada diretamente pelas narrativas oficiais fabricada por Moscou no
imediato pós-guerra. O esqueleto precisa antes mentir, para depois sorrir.
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A trilogia
das "eras", narrativas eruditas escritas em linguagem cristalina, foi
a porta de entrada de centenas de milhares de leitores para as delícias da
história. "Era dos Extremos" singrou no oceano de autoridade das
obras precedentes.
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No Brasil,
país onde Hobsbawm tem mais leitores do que na Grã-Bretanha, o livro
beneficiou-se de uma recepção laudatória, patrocinada por intelectuais
inconformados com as marteladas críticas dos berlinenses daquele 9 de novembro
de 1989.
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Fora daqui,
porém, nem todos aceitaram sorrir junto com o esqueleto de uma mentira.
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Num ensaio
de 2003, o historiador Tony Judt escreveu o epitáfio incontornável:
"Hobsbawm recusa-se a encarar o mal face a face e chamá-lo pelo seu nome;
nunca enfrenta a herança moral e política de Stalin e de seus feitos. Se ele
pretende seriamente passar o bastão radical às futuras gerações, essa não é a
maneira de proceder".
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DEMÉTRIO
MAGNOLI, 53, é sociólogo e doutor em geografia humana
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Fonte: Folha de São Paulo