quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

MENSAGEM DE FIM DE ANO

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Mais uma etapa concluída, mais um ano que passou, que você tenha conseguido aproveitar tudo de bom que Deus lhe ofereceu.

O BLOG HISTÓRIA MILITAR deseja, na paz de Deus, que você possa sempre encontrar o seu caminho e que este caminho seja trilhado com muita fé, para que, cada vez mais, você possa acreditar nesse sentimento capaz de transpor obstáculos e ser feliz.

Coragem para assumir e enfrentar as dificuldades, perseverança para que jamais desista ou desanime dos seus sonhos, esperança para que a cada novo dia possa ver novos horizontes.

Que as mãos de Deus guiem sua vida para a harmonia, paz, saúde e alegria, enfim, é tudo o que lhe desejamos neste ano que está começando.

Você, amigo do nosso Blog, é especial.   Feliz ano novo e que Deus o abençoe !

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sábado, 17 de dezembro de 2011

A BATALHA DA PONTE MÍLVIO (312)

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De acordo com o sistema da tetrarquia, Diocleciano, imperador romano de 284 a 305, quis prevenir as crises causadas pelo problema da sucessão imperial. O poder imperial pertence a dois titulares, iguais em autoridade e dignidade, “augustos”, que designam cada um seu sucessor potencial, os “césares”. Cada um tem sua área geográfica de governo: Oriente para Diocleciano e a Ilíria para seu sucessor designado, Galério; Ocidente para Maximiano e Gália e Bretanha para seu sucessor, Constâncio.

A tetrarquia desmorona a partir da abdicação de seus fundadores. Com a morte de Constâncio em 306, Galério quer reconstruir em proveito próprio a unidade do império. Constantino e Maxêncio, filhos legítimos de Constâncio e Maximiano, recusam-se a acatar o sistema e se fazem proclamar “augustos” por suas legiões. É o retorno ao prinípio de sucessão hereditária que Diocleciano pretendia abolir.

No dia 28 de outubro de 312, o imperador Constantino sai vencedor contra seu rival Maxêncio na batalha da ponte Mílvio, às margens do rio Tibre. Essa vitória lhe permitiu reunificar o império do Ocidente e assinar, no ano seguinte, o edito de Milão, que reconheceu aos cristãos o direito de praticar sua religião, contanto que não perturbassem a ordem pública e que orassem ao seu Deus pela prosperidade do império.

A Batalha da Ponte Mílvio é apenas a última etapa da luta comandada por Constantino para eliminar os outros pretendentes ao império. Atribuindo sua vitória à proteção do Deus dos cristãos, Constantino legitima, de fato, o cristianismo.


A conquista da Itália

O fracasso do sistema da tetrarquia provoca, a partir de 306, uma grande confusão na distribuição dos poderes no Império Romano. No Ocidente, contudo, a eliminação de Maximiano e de Galérico deixa em destaque apenas Constantino, proclamado “augusto” com a morte de seu pai, Constâncio, e Maxêncio, filho de Maximiano, proclamado igualmente “augusto”. Enquanto Maxêncio reside em Roma, Constantino, que fez aliança com Licínio, imperador do Oriente, está na Gália.

Em 312, apesar das reservas de seus conselheiros e de seus generais, utiliza como pretexto maus tratos infligidos por Maxêncio a seus súditos para chefiar uma expedição destinada a “libertar” a Itália. A decisão é ousada: Constantino está à frente de 25 mil homens, enquanto que seu oponente dispõe de pelo menos 100 mil soldados, divididos entre as cidades do norte da Itália e Roma.

O exército de Constantino transpõe rapidamente os Alpes, ultrapassando o desfiladeiro de Montgenèvre. Apodera-se da cidade de Susa, a qual incendeia, abrindo o caminho para Turim. Ali ocorre o combate mais violento: o exército dos generais de Maxêncio, muito superior em número e temível por seus clibanários – guerreiros cobertos por uma couraça de ferro e montados em cavalos protegidos por uma cota de malha – está disposto de modo a envolver o inimigo. Constantino, contudo, repetindo a tática de Cipião, o Africano, na batalha de Zama, alterna em sua frente de batalha intervalos por onde se precipitam os clibanários, que são massacrados. Essa vitória permite a Constantino fazer uma entrada triunfal em Milão.

Constantino I retratado em um mosaico bizantino


O último combate, na Transpadana, ocorre nas cercanias de Verona, defendida pelo prefeito do pretório Ruricius Pompeianus. Com uma manobra ousada, Constantino ordena a suas tropas atravessar o rio Ádige a montante da cidade, cercando-a. A batalha se desenrola à noite e Constantino sai vitorioso, o que acarreta a capitulação espontânea de outras cidades do norte da Itália. Constantino pode então marchar sobre Roma.


A ponte Mílvio

Maxêncio, que permaneceu em Roma, não se empenha na defesa da planície do rio Pó e da cordilheira dos Apeninos e, desse modo, Constantino pode descer tranquilamente até o rio Tibre. Do imperador Maxêncio, que os autores antigos apresentam como uma espécie de monstro cruel e pervertido, sabe-se pouca coisa, mas sua reação diante da agressão de Constantino prova que, pelo menos, ao contrário deste último, é desprovido de qualquer competência militar.

Extremamente supersticioso, Maxêncio é, de fato, atormentado por sonhos aterrorizantes e maus presságios que o impedem de marchar contra seu rival. Por influência dos magos de sua corte, decide assim mesmo enfrentar o adversário ao norte de Roma, no dia de seu aniversário, 28 de outubro.

O augusto de Roma conduz, então, suas tropas para perto da ponte Mílvio, que cruza o Tibre nas proximidades da via Flamínia, pela qual se desloca o exército de Constantino. Dispõe seus regimentos do exército na margem direita do Tibre, mas de maneira tão desastrada que estes ficam com o rio precisamente atrás deles, correndo o risco de cair na água ao menor movimento de recuo. Isso não preocupa Maxêncio que, por astúcia ou ingenuidade, deposita sua confiança em uma ponte de barcos que manda montar a alguma distância, a montante da ponte de pedra. De seu lado, na véspera da batalha, Constantino manda pintar nos escudos de seus soldados um emblema mágico que deve dar-lhes a vitória.

Legionários de Maxêncio e Constantino se batem junto à ponte Mílvio

No dia 28 de outubro, Constantino toma a iniciativa do combate. O ataque que lança desorganiza rapidamente o exército de Maxêncio, e seus soldados ocupam a ponte Mílvio. Parte dos homens de Maxêncio é precipitada no Tibre; outra se refugia em cima da ponte de barcos que, sob seu peso, se rompe. O tibre carrega então montes de cadáveres, o próprio Maxêncio morre afogado ao tentar atravessá-lo a cavalo.

Na Lenda Dourada, de Giacomo da Voragine, é relatada uma versão na qual a ponte de barcos construída por Maxêncio sobre o Tibre seria uma armadilha, que teria montado para enganar Constantino, na qual ele próprio caiu.

A vitória de Constantino é completa e ele é acolhido em Roma como um libertador. Seus soldados, que encontraram o cadáver de Max~encio, seguem o cortejo do triunfador, levando a cabeça do imperador defunto espetada na ponta de uma lança, sob os aplausos dos romanos. Com essa vitória Constantino domina sozinho o Império Romano do Ocidente.


Um sinal mágico?

Os panegíricos compostos depois da batalha da ponte Mílvio afirmam que a vitória de Constantino se deve a uma inspiração divina, sem outros detalhes sobre o deus (ou os deuses) que teria(m) intervindo. Mas fontes indicam que, em 310, num santuário gaulês de Apolo, Constantino viu aparecer um deus que lhe prometeu um longo reino vitorioso. A partir dessa data, dedica, aliás, um culto ao Sol: pode-se, pois, presumir que a ponte Mílvio é provavelmente um sinal mágico de natureza solar que o augusto mandou pintar nos escudos de seus soldados.

Desde 315, no entanto, os escritores cristãos Eusébio e Lactâncio afirmam que Cristo se manifestou ao imperador, quer na Gália, quer na véspera da batalha da ponte Mílvio. A lenda toma forma definitivamente no final do século IV: Jesus aparece em sonho a Constantino e lhe apresenta um emblema dizendo “Por este sinal, vencerás”. Esse famoso sinal é descrito: seria composto de duas letras gregas, o X atravessado pelo P, ou seja, o início da palavra Cristo. De fato, o lábaro ou estandarte imperial de Constantino traz esse sinal a partir do ano 320. Pode-se concluir que um sinal solar se transformou, posteriormente, em símbolo cristão.

Se Constantino, em 312, acreditou vencer em nome do sol, sua política em favor do cristianismo, a partir de 313, deu crédito à lenda maravilhosa da aparição na ponte Mílvio.
 
 
Fonte: Adaptado de As grandes batalhas da história, v.1.  São Paulo: Larousse do Brasil, 2009
 
 
 
 
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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

70 ANOS DO ATAQUE A PEARL HARBOR

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Há 70 anos, em 7 de dezembro de 1941, aviões japoneses atacaram a principal base americana no Havaí sem aviso ofial prévio, levando os EUA à 2ª Guerra Mundial.  A esquadra americana é gravemente danificada, mas, por um golpe de sorte, seus porta-aviões não estavam ancorados naquele dia e saíram ilesos do ataque.





Ao final da 1ª Guerra Mundial, o Japão esperava ser favorecido pelos acordos de paz que retiraram colônias da Alemanha em benefício dos Aliados vitoriosos. Tais aspirações, no entanto, não foram concretizadas, o que provocou indignação no país, particularmente entre as forças armadas extremamente nacionalistas.  As forças armadas detinham grande influência no poder político japonês – o que era assegurado pela constituição do país - , e, em 1931, o Exército Imperial invadiu e conquistou a província chinesa da Manchúria, sem consultar o governo de Tóquio.

A ação provocou o repúdio internacional, mas o Japão respondeu às críticas abandonando a Liga das Nações e ampliando seu programa de rearmamento.  A tensão entre o Japão e a China aumentou e levou ao início da guerra entre os dois países, em 1937.  Os japoneses contabilizaram diversas vitórias e, diante da queda da França para os alemães, voltaram suas atenções para a Indochina, pressionando as autoridades locais para impedir que abastecimentos chegassem à China.  O governo colonial francês se recusou a aceitar o pedido, o que levou o Japão a partir para a ocupação militar da Indochina, em setembro de 1940.  Em resposta, a Grã-Bretanha, os EUA e a Holanda impuseram sanções econômicas contra o Japão, o que afetou cerca de três quartos do comércio japonês e 90% do fornecimento de petróleo para o país.

Restavam ao Japão duas opções: buscar acordos para a suspensão das sanções ou ir à guerra antes que seus recursos acabassem.  Com o governo militar e nacionalista liderado pelo General Tojo no poder, a primeira hipótese sequer foi considerada.



Os Japoneses Planejam

Durante o planejamento para a guerra, ficou claro que a maior ameaça para o Japão era a Esquadra do Pacífico norte-americana baseada no Havaí.  Por isso, foi decidido que o primeiro passo seria um ataque aéreo, partindo de porta-aviões, contra a base americana em Pearl Harbor.

Almirante Isoruku Yamamoto, o arquiteto do plano de ataque a Pearl Harbor


Os japoneses, bastante influenciados pela Marinha Real britânica, tinham investido bastante nas forças aeronavais.  O espetacular sucesso do ataque dos porta-aviões britânicos contra a esquadra italiana em Taranto convenceu os japoneses de que uma ação semelhante contra os norte-americanos poderia dar certo, acabando com a possibilidade de retaliação do inimigo. 

O Almirante Isoruku Yamamoto realizou um cuidadoso planejamento durante todo o ano de 1941, até chegar ao formato final da operação.  Seis porta-aviões seriam utilizados no ataque, conduzindo cerca de 400 aeronaves.  Depois de um treinamento intensivo, a força de ataque se reuniu em um ancoradouro isolado nas Ilhas Kurilas em 22 de novembro de 1941.  Após quatro dias de preparação, a frota japonesa, sob o comando do Vice-Almirante Chuichi Nagumo, zarpou, seguindo uma rota sinuosa e em regime de silêncio rádio para evitar sua detecção.  Diversos submarinos japoneses partiram para o Havaí, navegando isoladamente, com o objetivo de fornecer dados de inteligência e, se possível, atacar alvos de oportunidade.


O Ataque

A ação contra pearl Harbor foi cuidadosamente coordenada, com as diferentes ondas de ataque se aproximando de altitudes e direções variadas, para confundir as defesas da ilha.  O ataque começou com a decolagem de uma primeira onda de aeronaves, às 06:00h do dia 7 de dezembro de 1941, domingo.  Por volta das 07:55h, as primeiras aeronaves chegaram a Pearl Harbor, surpreendendo completamente a esquadra norte-americana.  Os aviões japoneses se dividiram em formações separadas, algumas seguindo para as bases aéreas, para impedir a decolagem de aviões norte-americanos, e outras se dirigiram para bombardear os navios atracados.

Rotas de aproximação dos aviões atacantes sobre Pearl Harbor


Os ataques aéreos foram um sucesso completo: quase 200 aeronaves foram destruídas no solo e outras 160 danificadas.  Apenas uns poucos aviões ficaram intactos, e a ameaça de interferência na ação japonesa foi praticamente extinta.

As aeronaves destinadas ao ataque contra os navios encontraram alvos tentadores.  No centro da enseada de Pearl Harbor ficava a Ilha Ford, ao lado da qual os encouraçados estavam atracados dois a dois em linha.  O primeiro ataque foi realizado por bombardeiros de alto nível, ao qual se seguiram os ataques de baixo nível com aviões torpedeiros, que se aproximaram da direção oposta.  Com navios tão grandes ancorados tão próximos uns dos outros, não foi difícil para os aviadores japoneses atingirem diversos alvos.

Encouraçados sob ataque aéreo ao lado da Ilha Ford


Depois de dez minutos do início do ataque, o encouraçado USS Arizona foi atingido por uma bomba e um torpedo.  A bomba penetrou pelo casco e explodiu em um paiol de munições, reduzindo o navio a pedaços.  Depois foi o USS Oklahoma e, às 08:00h veio a ordem para abandonar o navio.  Dentro dos vinte e cinco minutos seguintes foram destruídos ou seriamente danificados os cinco encouraçados restantes: os USS California, Maryland, Pennsylvania, Tenessee e West Virginia, além de outros navios menores.  Somente o USS Nevada conseguiu sair do lugar, mas também foi atingido e muito danificado, sendo forçado a encalhar em águas rasas para não afundar.

Fotografia tirada de um avião atacante mostrando os encouraçados sob bombardeio


Em trinta minutos os japoneses tinham levado a cabo sua missão mais importante – neutralizar a esquadra norte-americana no Pacífico – e causado sérios danos às unidades aéreas.

Contrastando com a total surpresa causada pela primeira onda de ataque, os aviões japoneses da segunda onda encontraram as defesas americanas totalmente alertas, tornando o ataque muito mais difícil.  Por esse motivo, o Almirante Nagumo decidiu não lançar o planejado terceiro ataque e o último avião japonês foi recuperado por seu porta-aviões por volta do maio-dia.  Nagumo, então, retiro a frota de ataque para o Japão a toda velocidade.
 

Contabilizando resultados

O ataque a Pearl Harbor foi devastador, mas não beneficiou o Japão tanto quanto o esperado.  Apesar do sucesso em afundar vários navios de grande porte, nenhum dos porta-aviões americanos estava na base no momento do ataque, e esse seria um detalhe que se mostraria decisivo.

Os encouraçados americanos em chamas após a retirada dos aviões japoneses


Além disso, ao se concentrar em afundar os navios em vez de destruir as instalações da base naval, os japoneses perderam a oportunidade de impossibilitar as operações navais  americanas no Pacífico por meses.  Quando as tarefas de rescaldo e recuperação terminaram, os norte-americanos conseguiram trazer Pearl Harbor de volta ao estado operacional rapidamente.

A principal consequência do ataque, contudo, foi a entrada dos EUA na 2ª Guerra Mundial, desequilibrando, em favor dos aliados, a balança de forças.  Como o Almirante Yamamoto temia, em vez de dar um golpe certeiro nos americanos, Pearl Harbor serviu apenas para incitá-los e colocou o Japão no caminho de uma derrota arrasadora.



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sábado, 3 de dezembro de 2011

ENCONTRADO SUBMARINO HOLANDÊS AFUNDADO NA 2ª GUERRA MUNDIAL

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Submarino holandês afundado em 1941, durante a campanha militar japonesa na Ásia, foi encontrado no Mar do Sul da China, perto de Borneu.



O K XVI afundou com 36 tripulantes a bordo após ser atingido por um torpedo japonês, em 25 de dezembro de 1941. Os destroços foram encontrados após dicas de um pescador local.

Mergulhadores australianos e de Cingapura estabeleceram a identidade da embarcação com base nas características singulares dos submarinos holandeses. A localização exata dos destroços está sendo mantida em segredo por respeito aos restos mortais dos 36 tripulantes que lá jazem. O próximo mês de dezembro marcará os exatos 70 anos do afundamento do submarino.


Destroços do K XVI  fotografados no fundo do Mar do Sul da China


No total, sete submarinos holandeses foram destruídos durante a 2ª Guerra Mundial. Seis foram atacados em patrulha e um foi atingido durante um bombardeio no porto de Surabaya, na Indonésia.

Seis dos destroços já foram encontrados. Somente um submarino, o O 13, que afundou no Mar do Norte em junho de 1940, permanece perdido.


Fonte: Radio Netherland Worlwdwide
 
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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

IMAGEM DO DIA - 25/11/2011

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Infantaria polonesa formando uma linha de tiro durante a Batalha de Leipzig (1813)


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CENTENÁRIO DO PRIMEIRO ATAQUE AÉREO DA HISTÓRIA

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Há cem anos, piloto italiano inaugurava a era do avião como arma de guerra com o primeiro ataque aéreo.




A estranha máquina voadora deixou incrédulos os soldados do Exército Turco acampados no pequeno oásis de Ain Zara, a leste de Trípoli, na manhã de 1º de novembro de 1911. Zumbindo a uma velocodade de 100 km/h, sobrevoou duas vezes o acampamento antes de iniciar sua verdadeira missão. Nos controles do primitivo aparelho feito de madeira e lona, a 180 metros de altitude, o tenente italiano Giulio Gavotti, com 29 anos de idade, iria escrever seu nome nas páginas da história.

O aviador italiano Tenente Guilio Gavotti

 
Em sua terceira passagem, pegou uma granada de 1,5 kg, tirou o grampo de segurança com os dentes, e deixou cair sobre os inimigos, realizando o primeiro ataque aéreo da história.

Por uma dessas estranhas coincidências do destino, exatamente um século depois, pilotos italianos, voando sob o comando da OTAN, novamente bombardearam do céu da Líbia. E, como em 1911, quando o ataque significou o encerramento de séculos de domínio otomano no então território da Tripolitânias, a interevnção internacional da qual a Itália fez parte em 2011 marcou o fim de décadas da ditadura de Muamar Kadafi. Se no primeiro caso o emprego do poder aéreo ainda engatinhava, no segundo representou o principal trunfo da Aliança Atlântica.

No próprio dia 1º de novembro de 1911, o tenente Gavotti escreveu a seu pai dizendo que iria tentar lançar bombas do avião, no primeiro experimento de se fazer algo do gênero, e que, se tivesse sucesso, ficaria feliz de ser o pioneiro.

Integrantes do Batalhão de Aviadores italiano no deserto da Líbia

 
Nascido em 1882, Giulio Gavotti estudou engenharia e obtece seu brevê de aviador em 1910. Quando começou a Guerra Ítalo-turca no ano seguinte, foi enviado ao norte da África como um dos onze pilotos do Batalhão de Aviadores. No comando de uma das aeronaves que compunham o poderio aéreo da expedição militar italiana, Gavotti ficaria surpreso se soubesse que, cem anos depois, mais de 250 aviões seriam enviados contra as forças do ditador líbio. E mais ainda se pudesse imaginar que as quatro granadas lançadas em seu ataque aéreo inaugural – uma delas tirada do bolso de sua jaqueta de voo – pareceriam inofensivos se comparadas aos 110 mísseis Tomahawk que caíram sobre os alvos líbios apenas no primeiro dia da ofensiva da OTAN contra Kadafi.

O Taube de Gavotti atacando o acampamento turco em Ain Zara


Em 1911, o avião era rudimentar e muito perigoso para quem voava, o que provocava desconfiança a respeito da utilidade da aviação no campo de batalha. Tal desconfiança era de se esperar: apenas oito anos haviam se passado do pioneiro voo dos irmãos Wright, nos estados Unidos, e cinco do de Santos Dumont, na França. De fato, mais do que uma arma de combate, pensava-se no avião, naqueles primeiros dias da aviação, como instrumento de reconhecimento em profundidade nas linhas inimigas, um substituto para os balões de observação.

Coube a outro membro do Batalhão de Aviadores, o capitão Carlo Piazza, a primazia de fazer o voo inédito para bisbilhotar as posições adversárias, apenas nove dias antes da estreia do taube de Gavotti como arma de guerra. E de novo ao jovem genovês, em 4 de março de 1912, a ousadia de cumprir a primeira missão aérea noturna.


Fonte: O Globo (adaptado)
 
 
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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

SUICÍDIO SUBMARINO - VERGONHA OU HONRA ?

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Destróier G-101 alemão afundado por sua própria tripulação em 1919


De acordo com os termos do armistício de 1918, que pôs fim à 1ª Guerra Mundial, a Esquadra de Alto-Mar alemã foi obrigada a navegar até a base naval britânica de Scapa Flow, nas ilhas Orcadas ao norte da Escócia, e lá aguardar até que os Aliados decidissem seu destino. Marinheiros e oficiais alemães haviam aceitado a humilhante entrega dos navios, mas, passados alguns meses, manifestaram descontentamento com a situação.

Ciente de que sua esquadra seria repartida entre as nações vencedoras, tão logo as negociações de paz fossem concluídas, o Almirante Ludwig von Reuter decidiu levar a cabo o “suicídio” da frota alemã. Na manhã de 21 de junho de 1919, Von Reuter hasteou no mastro de sua neve capitânea a mensagem em código “Parágrafo II”, que significava preparar-se para ir a pique. Uma hora depois, hasteou a mensagem “Condição Z”, determinando o afundamento dos próprios navios.


O Almirante Ludwig von Reuter ordenou o autoafundamento da Marinha Alemã em Scapa Flow


O autoafundamento foi recebido com sarcasmo pelos almirantes aliados, mas, na Alemanha, foi visto como um grande gesto de coragem e desafio. Nos anos seguintes, o “sacrifício em Scapa Flow” foi assimilado pelos novos oficiais e marinheiros da Kriegsmarine como a encarnação do espírito de luta da Marinha Alemã.

Em maio de 1945, com o fim da 2ª Guerra Mundial, por iniciativa própria, os comandantes da maioria dos submarinos alemães – os U-boats – seguiram o exemplo da geração anterior. Após a transmissão da mensagem em código “Regenbogen” (arco-íris), aproximadamente 220 submarinos alemães espalhados pelos mares do Norte e Báltico foram afundados por suas tripulações. Mais uma vez, boa parte da elite da Kriegsmarine não cairia nas mãos dos Aliados.


Mapa mostrando a localização onde os comandantes alemães afundaram seus U-boats em 1945 após a derrota da Alemanha.  Os números representam a quantidade de submarinos afundados em cada local.
 
 
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PENSAMENTO MILITAR



“Aquele que faz bem a guerra, ganha o direito de começar a fazer bem a paz."


Robert Browning, pensador inglês

terça-feira, 15 de novembro de 2011

IMAGEM DO DIA - 15/11/2011

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No final da Batalha de Poitiers (1356), durante a Guerra dos Cem Anos, o derrotado rei João da França entrega-se aos ingleses.


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PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR – MARECHAL TURENNE

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* 11/09/1611 – Sedan, França

+ 27/09/1675 – Salzbach, Palatinado

Henri de La Tour d’Auvergne nasceu em Sedan, em 11 de setembro de 1611, e recebeu uma educação Huguenote e a formação usual de um jovem nobre da época, mas uma enfermidade física e, particularmente, um impedimento da fala (que ele nunca perdeu), prejudicaram seu progresso, embora mostrasse um pendor destacado para a história e geografia, em especial a admiração das façanhas de Alexandre, o Grande, e César. Após a morte de seu pai em 1623, dedicou-se aos exercícios físicos e de uma certa forma superou sua fraqueza natural.
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Na idade de quatorze anos, Henri foi aprender a arte da guerra no campo de seu tio, Maurício de Nassau, Regente da Holanda e Príncipe de Orange, e começou sua carreira militar, como soldado na guarda do príncipe, durante a revolta holandesa.
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.Henri de La Tour d’Auvergne, mais tarde nomeado Visconde de Turenne e Marechal da França, aprendeu e praticou a arte militar com os seus dois tios Nassau (Maurício e Frederico-Henrique) e o sucessor militar de Gustavo Adolfo, Bernardo de Saxe-Weimar, que lhe transmitiu o melhor dos conhecimentos do célebre rei sueco. Foi também, na Idade Moderna, um dos poucos franceses que inspiraram Napoleão. Sobre ele, Napoleão disse: “De todos os generais que me precederam e talvez me seguirão, o maior de todos é Turenne.”

A arte da guerra no tempo de Turenne
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Para melhor compreendê-lo, é necessário recordar as condições em que se combatia então na Europa Ocidental, durante a Guerra dos Trinta Anos, quando Turenne iniciava sua carreira militar.
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.A arma principal no campo de batalha ainda era a cavalaria, aliás, desorganizada e pouco disciplinada, enquadrada por uma nobreza tão turbulenta quanto intrépida. A infantaria já se achava mais organizada; mas sua arma de fogo – o mosquete – demorava tanto para ser carregado, que precisava ser protegida pelos piqueiros, o que a tornava pesada e pouco manobrável. Os progressos que experimentou sob Nassau e Gustavo Adolfo consistiram, em resumo, na diminuição desses aspectos negativos e não na sua supressão. A artilharia estava ainda longe de assumir sua feição de arma e a engenharia somente apareceria no final do século XVII.
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Não se travava batalha senão quando se era obrigado a fazê-lo, pois o atacante raramente tinha vontade de se arriscar e preferia investir contra uma praça forte a ali ganhar os louros de um sítio vitorioso.
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No que diz respeito à logística, a subsistência das tropas influía na conduta das operações, pois elas viviam literalmente dos recursos locais, o que levava os generais a ocuparem, no fim de uma campanha, uma área que ainda dispunha de recursos para refazer seus exércitos.
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.De tudo isso, resultaram guerras longas, cujo desfecho era obtido por meio de uma lenta usura do adversário - aliada à habilidade militar e diplomática – e tenacidade; e não por um ato violento e decisivo – a batalha – tal como a encara a doutrina contemporânea.

O comandante militar
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Desde cedo Turenne revelou diversas virtudes militares. Na retirada que os franceses foram obrigados a fazer em 1635, do Reno para o oeste, Turenne, então um coronel comandante de regimento, partilhava com seus soldados os víveres que conseguia obter, esvaziava seus próprios trens para transportar os estropiados e cedia a um soldado esgotado pela marcha sua própria montaria, prosseguindo a pé. Com cerca de trinta anos de idade e dez de intensa vida profissional, já conquistara títulos de bravura e a reputação de “pai dos seus soldados”.
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Em 1643, o Governo deu-lhe o comando do Exército da Alemanha, o qual reorganizou com sacrifícios pessoais e disciplina. Em 1646, informado de que as tropas do Imperador e da Baviera, reunidas, marchavam contra os suecos, aliados dos franceses, Turenne, agindo por sua própria iniciativa, decidiu transpor o Reno em Wesel, a oitenta léguas do ponto que se achava, o que fez após marcha de 14 dias. Acompanhou o Reno para o sul, pela margem direita, e fez junção com os suecos.
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.Diante de forças inimigas mais numerosas, Turenne transpôs novamente o Reno, avançou em direção ao Danúbio, o qual também cruzou, e atingiu Augsburgo, na retaguarda dos austríacos, forçando-os a se retirar apressadamente para a Áustria. Os bávaros, abandonados por seus aliados austríacos, foram obrigados a aceitar a paz.

Selo francês homenagenado o Marechal Turenne

Em 1648, o marechal, unindo suas forças com as suecas, depois de transpor o Reno, repeliu os imperiais para o sul do Danúbio, atingiu e bateu sua retaguarda, comandada por outro general famoso de então – Montecuccoli -, perseguiu tenazmente a força adversária, caiu de surpresa sobre a passagem do rio Iser e atingiu o rio Inn, traçando, assim, a rota de Napoleão antes da batalha de Austerlitz.
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.Em suas operações em trono de Arras e de Dunquerque, revelou-se como o chefe que não deixava coisa alguma ao acaso; não só aquilo que se ligava ao fator material, mas, também, e em maior medida, ao aspecto moral.

Reorganização e novas campanhas
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No período que precedeu a Guerra da Devolução (1667-1668), Turenne empenhou-se na reorganização da cavalaria, procurando dela afastar os nobres que buscavam bater-se pela glória, mas que não se associavam à tropa em tempo de paz, substituindo-os por oficiais mais modestos que, em compensação, pudessem ganhar mais experiência e ser mais assíduos no cumprimento de seus deveres. E, para resolver de uma vez por todas os perniciosos efeitos de um oficial sem experiência assumir o comando de dois regimentos de cavalaria atuando juntos, tornou consagrada a instituição dos brigadeiros, reforma que, em breve, se estenderia à infantaria.
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Durante a Guerra da Holanda (1672-1678), realizou sua obra prima: a campanha da Alsácia. Acorrendo de Landau, apesar de se encontrar em grande inferioridade numérica, atacou os imperiais em Etzheim (1674), detendo a invasão alemã da Alsácia. Aparentando desistir da luta nessa província, fez com que suas forças atravessassem os Vosgues na região de Saverne, como se fossem invernar na Lorena. Não se detém aí e, já com a neve caindo pelos caminhos lamacentos dos Vosgues, entrou na Alsácia, surpreendeu os alemães e os derrotou, assim como o exército do Eleitor de Brandemburgo, reunido em Turkeim (5 de janeiro de 1675). Tal como prometera, liberou a Alsácia em uma campanha fulminante de dezesseis dias, sob condições adversas. Turenne tinha, então, 64 anos de idade.

A morte de Turenne, durante um reconhecimento no Palatinado

O legado de Turenne
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.Pouco depois da vitória na Alsácia, em seguida a uma nova transposição do Reno, Turenne foi morto durante um reconhecimento perto de Salzbach, no Palatinado .
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As campanhas de Turenne, quando projetadas sobre a paisagem geralmente monótona das operações dos dois últimos séculos da Idade Moderna, já o credenciariam como grande capitão. Suas idéias, no entanto, o credenciaram ainda mais como grande homem de guerra. Estudando o valor relativo dos teatros da Flandres e da Alsácia, alertou a Luís XIV sobre a maior importância do último, aconselhou-o sobre o melhor emprego a fazer de suas reservas e indicou Châlons como ponto mais recomendável para seu estacionamento. Uma vez mais desaconselhou a guerra de sítio e lançou a idéia mestra da defesa da França pela ofensiva além do Reno e pelo eixo do Danúbio.
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Turenne personificou bem o equilíbrio entre o talento e o caráter, equilíbrio que, no dizer de Napoleão, faz os grandes generais.

Fonte: Texto adaptado da obra A Arte da Guerra, de Francisco Ruas Santos.

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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

MUSEU AEROESPACIAL RECEBE AVIÃO PRESIDENCIAL

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Aeronave VC-96, que voou 34 anos na Força Aérea Brasileira e serviu a sete Presidentes da República, ficará exposta no  Rio de Janeiro



Depois de 34 anos de serviço ao país, a aeronave VC-96 (Boeing 737) realiza na segunda-feira (7/11) sua última missão. O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que apoiou o transporte de sete Presidentes da República, no período de 1976 a 2010, será levado de Brasília para o Rio de Janeiro e incorporado ao acervo do Museu Aeroespacial (MUSAL).

Em 1976, a FAB adquiriu dois aviões Boeing 737, batizados de VC-96, matrículas 2115 e 2116, para a substituição do antigo VC-92 (BAC-111), o primeiro jato do Grupo de Transporte Especial (GTE) e que estava em operação desde 1968 para o transporte presidencial. “A aeronave foi utilizada por 34 anos, transportou sete presidentes e permitiu que o Brasil se fizesse presente no exterior e nos quatro cantos do país”, afirma o Tenente Coronel Aviador Emilio Carlos Ambrogi, Comandante do GTE.

Da chegada desses aviões ao Brasil, em agosto de 1976, até a sua desativação, em 16 de abril do ano passado, os Boeing 737 da Força Aérea totalizaram mais de 50 mil horas de voo – o equivalente a mais de cinco anos ininterruptos de voo. Ao longo do período de operação, a aeronave passou por processos de modernização, como em 1989, quando teve a parte interna reconfigurada para um melhor cumprimento da missão.

Durante quase 10 anos, os VC-96 dividiram espaço nos hangares do GTE, em Brasília, e a honra de transportar presidentes com outra aeronave que já faz parte do acervo do MUSAL: o Vickers Viscount 789D (VC-90), que foi desativado na gestão do presidente João Figueiredo. O avião recebido pelo MUSAL, matrícula 2115, realizou mais de 20 mil pousos em missões de transporte presidencial.

Em 1980, o Boeing 737 da FAB realizou uma de suas missões mais lembradas: o VC-96 prefixo FAB 2116 percorreu 11 Estados transportando o Papa João Paulo II.

Os dois VC-96 (Boeing 737) foram substituídos no ano passado por modernas aeronaves VC-2 EMBRAER 190.


Ficha Técnica:

Comprimento: 30,48 m
Envergadura: 28,35 m
Altura: 11,28 m
Velocidade Máxima: 747 km/h


SAIBA MAIS – Museu Aeroespacial ( www.musal.aer.mil.br )



Fonte: Portal da Força Aérea Brasileira
 
 
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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

BATALHA DE RAMILLIES (1706)






Na manhã de 23 de maio de 1706, o Exército francês do Marechal Villeroi entrou em posição a oeste do alinhamento Ramillies – Autre-Église.  John Churchill – o Duque de Marlborough – que precedera o grosso de seu exército, reconhecendo o terreno, descobriu que, na região de Ramillies, havia elevações do terreno que permitiam a realização de movimentos sem que os franceses pudessem perceber.  Por outro lado, verificou que a posição inimiga se estendia de Autre-Église a Taviers, apoiando-se nessas localidades e nas de Offus e Ramillies, numa extensão de 5 km. O terreno era lamacento e os caminhos estavam em péssimo estado; logo o Exército Francês não teria condições de se reunir, ou seja, os elementos de uma ala não poderiam socorre a outra.



Tomada de dispositivo

Conforme a praxe da tática linear, os franceses não dispunham de unidades em reserva.  Embora não pudesse estar certo disto, Churchill concluiu que Vileroi ia desenvolver suas forças em linha côncava, voltada para os ingleses.  Avaliando a situação, Churchill concluiu que teria toda a vantagem na adoção de um dispositivo inicial convexo voltado para os franceses.  Assim, poderia deslocar, eventualmente, unidades de uma ala para outra, pela corda do arco, enquanto o adversário deveria percorrer o próprio arco.

Todavia, o deslocamento de unidades de uma para outra ala devia ser feito com velocidade e a coberto das vistas do inimigo.  O meio para isto era a depressão, com cerca de 2 km, existente no campo inglês.  Churchill estimou que, ao perceber o movimento, percorridos esses dois quilômetros, os franceses não mais teriam tempo para fazer-lhe frente.  De resto, as fintas e o combate frontal e fixador que Churchill pretendia realizar no setor norte e no centro impediriam o inimigo de assim reagir.

Marechal Villeroi, comandante francês em Ramillies


Villeroi, aproveitando lições aprendidas na Batalha de Blenheim, colocou no centro de seu dispositivo a cavalaria.  Infelizmente, não foi possível identificar a existência da depressão do terreno, cuja utilização seria decisiva para a manobra de Churchill.

A partir das 11:00 h, devido principalmente aos reconhecimentos procedidos pelos chefes, o Exército Britânico – 60 mil homens e cem canhões – entrou em posição.  Na direita do dispositivo, encontrava-se parte da melhor infantaria aliada, notadamente contingentes ingleses, cujo valor combativo era conhecido pelo adversário, o que o induziu a crer que o esforço principal dos aliados seria ao norte; atrás dessa infantaria, havia 39 esquadrões de cavalaria.  No centro, expressivos efetivos de infantaria e, na esquerda, efetivos de cavalaria de valor semelhante aos que lhes faziam frente, além de quatro batalhões holandeses próximos a Traviers.


A batalha e suas fases

A idéia de manobra dos britânicos era a seguinte:  atacar para fixar o inimigo ao centro, realizar um ataque diversionário ao norte, deslocar os esquadrões de cavalaria do norte para o sul e, com o máximo efetivo, esmagar a ala sul dos franceses.  A batalha de Ramillies transcorreu em quatro fases:

Na 1ª fase, entre 13:30h e 14:10h, a artilharia britânica abriu fogo no centro e abriu um corredor por onde ocorreria o movimento da cavalaria do norte para o sul.  Os aliados atacaram a linha francesa em Autre-Église, Offus, Ramillies e Taviers.

Na fase seguinte, sob a cortina dos ataques do norte e do centro, os 39 esquadrões de cavalaria mudaram rapidamente de ala, o que permitiu a Churchill apresentar, uma hora e meia após o início da batalha, sua ala esquerda  nitidamente superior ã ala direita francesa – 108 esquadrões contra 68.  No momento em que a cavalaria aliada atingiu a ala sul, Villeroi, desejando retomar Taviers, ocupada pelos holandeses, contra-atacou, engajando prematuramente sua segunda linha.  Seguiu-se uma confusão até a chegada da cavalaria que veio do norte e, em seguida, a ala direita francesa foi esmagada.  Dezoito esquadrões aliados iniciaram a penetração do dispositivo francês a cerca de 2 km a sudoeste de Ramillies, eanquanto Villeroi tentava reforçar sua ala esquerda com a cavalaria da direita, mas já era tarde: as retaguardas imediatas das linhas de frente estavam cheias de trens que haviam avançado muito, pois os franceses não haviam previsto a batalha nessa posição e nessa jornada.

Mapa mostrando a ruptura das linhas francesas pela cavalaria de Churchill

Em uma terceira fase, iniciada às 18:00h, Churchill, em perfeita ordem, depois de esmagar a flor da cavalaria francesa (da Maison Du Roi), fez uma conversão da direita.  O adversário apresentava-se em duas linhas: a primeira de infantaria e a segunda que começava a constituir com cavalaria, ambas em esquadro.

Na fase final da batalha, a infantaria francesa do braço norte do esquadro, ameaçada de ser tomada de revés, entrou em pânico e os aliados avançaram sobre suas posições, fazendo grande número de prisioneiros e tomando todos os canhões franceses.  A cavalaria britânica perseguiu os fugitivos por longa distância.

Combate corpo-a-corpo em Ramillies


Consequências

A batalha durara cinco horas, tempo excepcionalmente longo para os padrões da época.  Churchill entrou em Bruxelas e em Gand e só não obteve maiores êxitos porque se viu tolhido pelas intervenções inoportunas do governo holandês.


Fonte: Adaptado de A Arte da Guerra, de Francisco Ruas Santos




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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

IMAGEM DO DIA - 26/10/2011

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Cruzador D. Carlos, da Marinha Portuguesa, em 1899

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ARMAS – GLÁDIO


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Por mais de 250 anos, os legionários romanos entraram em combate armados com três elementos: o pilum (lança), o scutum (escudo) e o gladius (espada).  Essas três armas, combinadas com formidável disciplina, treinamento e rusticidade dos homens que as empunhavam, foram em grande parte responsáveis pela criação de um dos maiores impérios até então vistos.
O gladius, ou simplesmente gládio, consistia na perfeita arma de infantaria de emprego geral do mundo antigo, provada em batalha desde as florestas da Europa até as arenas de gladiadores de Roma.  Muito mais do que um tipo de espada, o gládio era uma arma revolucionária que mudou a configuração do combate durante os grandes dias da República e do Império romanos.

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Tipos de gládio
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A arma surgiu com o nome de gladius Hispaniensis, ou espada espanhola, durante o século II a.C.  Seu nome faz referência à origem espanhola.  De um modo geral, o gládio possuía uma lâmina de dois gumes, de comprimento entre 64 e 94 cm, com uma ponta afilada.  Os fios da lâmina corriam paralelos, distando de 4 a 5,5 cm.  Na extremidade oposta da ponta, havia o punho, acabado com um pomo que servia como contrapeso.
O gladius Hispaniensis era uma verdadeira arma de infantaria, perfeitamente equilibrada e empregada tanto para cortar como para perfurar.  A ponta afilada indica que a intenção inicial era utilizá-la para perfurar o oponente, pois era ideal para trespassar as finas armaduras da época.

Oficiais romanos com seus gládios embainhados

A partir do período dos Augustos (27 a.C. – 14 d.C.), no entanto, a espada espanhola foi substituída por outra variante mais compacta, com lâmina de comprimento 50-60 cm e largura 5-6 cm.  A nova arma - conhecida por Mainz/Fulham, uma referência a locais de escavação arqueológica onde foram encontradas - permitia maior mobilidade e era mais eficiente no combate aproximado.

O gladius Hispaniensis é descrito como “a espada que conquistou o mundo”, enquanto o Mainz/Fulham continuou a expansão durante o período dos Augustos.  Em meados do século I, ambos os tipos deram lugar a uma nova, chamada tipo Pompéia, como referência a exemplares encontrados nas ruínas daquela cidade.  O gládio Pompéia possuía as dimensões da lâmina reduzidas – comprimento 42-55 cm e peso em torno de 1 kg – e era uma arma leve; acredita-se que seu uso foi mais difundido entre os gladiadores nas arenas de Roma antiga.  O gládio Pompéia serviu aos romanos até meados do século II, quando foi finalmente substituído pela spatha, mais longa e pesada.


Centúria romana no ataque.  É possível ver os legionários das primeiras fileiras armados com os gládios


Em serviço
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Todos os tipos de gládio eram excelentes armas de combate, particularmente quando utilizados pelos legionários em conjunto com o pilum e o escudo.  Nas formações de combate, o gládio era empunhado pelo legionário com a mão direita; o escudo era levado com a esquerda.  A formação compacta de legionários permitia o lançamento do pilum e levar vantagem no combate aproximado.  Com seu dorso protegido pelo escudo, o legionário podia golpear, cortar ou perfurar o inimigo que se aventurasse diante das legiões.


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